Entre Livros e Morangos • Pjm...

By sanggukfairy

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⌈Concluída! ִ ִ ִ⌋ Park Jimin estava a procura de um emprego, algo que pagasse bem e que fosse de meio perío... More

Cast +Avisos [📷]
Trailer 🎞
Playlist𝅘𝅥𝅮
(0) Prologo
(1) As Ultimas Linhas, Jimin❢
(2) Cabelo de sol ❂
(3) Hyung Bonito🗣️
(4) Borboleta na bochecha e tortinhas de morango🦋
( 5 )Docinhos no mercado 🍬🏤
(6) Descobertas e filmes para assitir 📽
( 7 ) Pizzas e romance gay 🍕 👨‍❤‍💋‍👨
( 8 )Ligações 📞
(9) Abraços
( 10 ) Aproximações : Pt1
( 11 ) Aproximações: Pt2
(12) Cativado.
(13) Apelidos e um anel💍
(14) Sentimentos confusos
(15) Aceitando Sentimetos ♡
(16) Confusões quase resolvidas - JK
(17) Viagem e um novo passo 🚙
(18) Confie e sinta ♡
(19) O passado que assusta.
(20) Finalmente livre
Especial de 100K + Ano novo 🎇
(21) Talvez
( 22 ) bobinho apaixonado 💞
(23) Brega, cafona, boiola
(24) Namoradinhos oficialmente namorados 💍👬
(25) Revelações e bitoquinhas íntimas 👨‍❤‍💋‍👨‼️
(26) Uma mãe, varias histórias 👩🏻‍🍼‼️
(27) Novas descobertas e declarações 🤯💌❤️‍🩹
( 28 ) Comemorações e conversas importentes 🥳🎂
(29) Era bom...
( 30 ) Mudanças e "O QUE?!" 🤯
( 31 ) De volta ao passado em um futuro proximo👻
( 32 ) Delegacias e Coisas inesperadas
( 33 ) Situações (in)desejadas 😳😰
( 34 ) Contra o Tempo 🕰
(35) O fim da liberdade ⏳
(36) Promessas e amor íntimo🤞🏻❤️‍🩹
(37) Surpresas e momentos bons🖌💝
( 38 ) Brincadeira no gelo e dia do fim❄🚫
( 39 ) Lembranças a noite de uma tal noite💭🎇
( 40 ) Fadas e Borboletas 🧚‍♂️🦋
( 00 ) - Epílogo: fadas e Aurora boreal 🧚‍♂️🌌
Agradecimentos e avisos! 🧚‍♂️❤️‍🩹
Bonus : Um dia qualquer

Especial de 40K - JK

6.8K 1.1K 809
By sanggukfairy

Oi😁

Capítulo narrado pelo nosso coelhinho apaixonado por fadinhas e flores! 🧚🏻‍♂️🌷

Esse especial é só um modo de conhecer um pouquinho mais o Jungkook, mesmo que não tenha taaanta coisa aqui, já que ainda tem alguns capítulos para as coisas realmente começarem a fazer sentindo

Esse especial é meio curtinho, só um especial em agradecimento pelos 40K de Views na bebê 😞 obrigado, novamente.

#FadasNoCoração


Boa leitura 🐰

J U N G K O O K


Faz seis meses que mamãe havia virado um ponto de luz brilhante no céu. Papai costumava chamar de estrela quando nós dois saímos para o quintal de casa olhar as estrelas.

Era a estrelinha que subiu de repente.

Eu fiquei triste. Mamãe era a mulher mais bonita que eu havia conhecido desde que nasci, sentia falta de seus abraços quando ia dormir, e dos copos de água que ela me dava para que eu não ficasse desidratado, era o que ela sempre disse.

Mas não sentia falta de suas aulas, nem das músicas altas ou do vestido amarelo que usava para me ensinar. Eu sei que não sou um filho normal, que estou longe disso… Mas eu não tenho culpa, não escolhi nascer assim.

Não entendo o porquê de todas as ofensas ou da maneira que me tratava, eu só queria aprender, mesmo que não estivesse em uma escola.

E então, aquilo aconteceu. Ele aconteceu.

[📚🧚🏻‍♂️🍓]

— Jungkookie, meu amor. — Papai apareceu na porta  quarto. Sorrindo e se sentando ao meu lado. — Eu recebi uma proposta de emprego irrecusável, lá na capital.

— S-seul? — O olhei confuso, como assim pro… Proposta de emprego? Ele já trabalhava!

— Sim, sim! — Ele sorriu animado, me deixando ainda mais confuso. — As… as coisas aqui estão meio complicadas, filho. Depois que sua mãe se foi, ficar em Busan está sendo muito complicado.

É, eu sabia que sim. Sempre que podia, eu tentava fazer papai se animar um pouquinho. Mas ele estava muito ocupado no hospital salvando vidas! O trabalho dele é incrível, tenho muita felicidade de papai ser o homem tão especial que é.

Eu gostaria de dar orgulho ao meu pai também, mas  às vezes não consigo fazer tarefas simples, imagina ser um médico? E eu não tenho vocação nenhuma para isso.

Minha mãe dizia que seu sonho era ter um filho medico, igual ao papai. Mas que eu não poderia realizar esse sonho.

Eu não pude fazer muita coisa, não pude ajudar papai com o embrulho das nossas coisas, lá da antiga casa em Busan, porque minha doença do nariz me fazia espirrar muito sempre que mexia com algo muito empoeirado. Era fru...Frustrante. Mas vovô o ajudou muito.

Meu avô é um homem muito… como diz o papai, atrasado demais para sua idade? As vezes ele é muito mais elétrico que eu! coisa que não é muito difícil, já que eu sou um menino reservado — Palavras de vovô.

E quando chegamos em Seul, eu senti vontade de voltar para Busan. A capital é muito barulhenta, músicas e sons altos para todos os lugares, e a noite a cidade brilha mais que as estrelas no céu,  e isso incomodava meus olhos.

Mas o que me deixou feliz, foi saber que morariamos em uma livraria. Uma livraria! É…É muito legal!

Sou apaixonado por livros, eles me ajudam melhorar ainda mais na minha fala, mesmo que não saia da minha cabeça. E também a sair um pouco da realidade que eu vivia, e me ajudava a ter mais inspi… Inspiração! Eles me ajudavam a ter mais inspiração para desenhar minhas fadinhas.

Pode parecer bobo, mas fadas são minhas criaturas favoritas! Ler sobre elas é maravilhoso! Eu sou muito… como se diz mesmo? Fas…fascinado por coisas pequenas e fofinhas.

— Jungkookie, você precisa ir ao hospital, meu amor. — Papai disse depois de um tempo que a gente tava na capital, eu estava deitado na minha cama enquanto desenhava um grande passarinho com asas amarelas.

Não gosto muito de amarelo, é uma cor muito brilhante _ e também traumatizante— mas aquele passarinho tinha cara de amarelo enquanto eu desenhava ele. Então pintei de amarelo.

— M-mas… — Eu tentei dizer, mas as palavras sumiam de minha boca sempre que eu tentava pronunciar elas muito rápido.

Esse era um problema um pouco assustador, eu sabia falar, na minha cabeça. Mas as palavras não saiam como eu pensava e isso me deixava triste, queria falar normalmente como todo mundo, mesmo que eu não fosse normal.

O quão incompetente eu era por nem conseguir falar direito? Minha mãe dizia que o básico do ser humano é falar, se não conseguir, não tem o porquê de estar vivo.

— Você mal está comendo, filho. Esta tão fraco e magrinho. — Ele se sentou em minha cama, tocando em minhas costas legal. — Eu sei que o sabor da minha comida não é igual o da sua mãe, mas você não pode deixar essas coisas te abalarem, meu bem… — Juntei as sobrancelhas confuso, me sentando. Papai acha que sua comida é ruim?

Eu gosto da comida dele, mas ultimamente eu não tenho sentido fome de nada, mamãe sempre falou que eu estava gordinho e precisava ser pelo menos um menino bonito e magro. Queria dar pelo menos esse orgulho a ela.

E confesso também que o sabor do tempero de mamãe é muito mais forte que o de papai.  O dele é suave e delicioso, o dela era forte e também delicioso, mas muito picante.

— Seu avô me contou que você mal toca na comida, não pode ficar sem se alimentar, filho.

Não pode. Mas às vezes eu não consigo obedecer essa sua ordem. A vontade de comer só some de mim, não desce mais nada.

Eu fui com ele ao hospital, e quando descobri que íamos ao nu… nutri… Quando descobri que íamos ao médico de alimentos, eu chorei.

Quando as emoções carregadas demais se formam aqui dentro de mim, eu começo a passar mal. É tudo tão dolorido. De repente tudo começa a doer, minha cabeça, meus ouvidos, meus olhos, meu corpo. Então eu sempre tento achar um jeitinho de parar a dor, mesmo que acabe me machucando sem perceber.

Naquele dia eu gritei com papai, mas não foi porque eu quis, sequer conseguia ouvir sua voz. A voz de outras pessoas se a juntando encima de mim me incomodava. Porque não podem ficar longe?

Mas, no fundo, eu ouvia a voz de mamãe me mandando calar a boca.

Às vezes eu não entendo do porque de ter nascido doente.

Não queria ter nascido assim. Como pude ter apenas uma chance para nascer e, no fim de tudo, ser doente?

— Kook! — Papai disse, me abraçando e tentando fazer tudo aquilo parar.

Eu dormi em seu colo naquele dia, é acordei  com um moço me encarando enquanto eu ainda estava no carro de papai.

— Oi. — Ele sorriu, me deixando meio assustado. — Seu pai me falou que você estava dormindo e então vim te ver. Já melhorou, Jungkook?

Era Yoongi hyung, ele foi muito gentil comigo e me ajudou a entender que nem sempre é bom ficar sem comer. E que eu não deveria me preocupar, porque não estava doente.

Ele foi um dos primeiros que não me tratou… Diferente? É, eu acho que é isso. Ele foi um dos primeiros que não me tratou de uma forma tão formal, foi o primeiro “estranho” que me fez sentir que eu não era completamente estranho.

Mas uns dias depois, teve uma coisa que ele fez que me deixou muito chateado. Ele me tirou os doces! Como alguém pode ficar feliz sem poder comer docinhos? E como eu ficaria feliz com isso?

Papai não me deixava mais comer doces, porque Yoonie Hyung disse que eu ficava muito elétrico e não conseguia dormir direito. Que mentira!

Na verdade, eu sei que é porque estava comendo mais doces do que comida que sustenta e não da doença, então eu tive que parar, se não, além de anêmico, eu também seria diabético.

— Jungkookie? — Vovô apareceu na porta do meu quarto, uns diazinhos depois que Yoon me proibiu de comer doces.

Nunca vou conseguir perdoar.

— Vovô?

— Sim, Goo. — Ele sorriu, entrando.

Não gostava muito quando ele me chamava assim. Meu nome é Jungkook! Não Jungoo! Vovô me chama assim porque eu não conseguia pronunciar meu próprio nome direito quando era menor, mas agora eu diz e mesmo assim ele não para!

Que velhinho mais teimoso.

Não é que eu me... Me chateie de verdade, ele não faz isso para brincar com minha cara, eu sei.

— Sabe, os clientes da livraria estão aumentando muito! — Vovô disse feliz, me fazendo soltar um sorriso pequeno. Era bom ver vovô, ele é muito animado e tenta me deixar animado sempre que tem oportunidade. — Vovô não consegue atender todos aqueles clientes de uma vez só, já sou velho.

Soltei um riso pequeno, concordando. Mas não entendendo o que ele queria dizer com aquilo.

Será que ele quer que eu ajude? E se eu passar mal no meio de todo mundo, ele vai brigar também?

— Eu estava pensando com contratar alguém para me ajudar, o que acha?

Outra pessoa? Não vai ser eu? Devo ficar aliviado ou preocupado? Que indecisão!

— A-aqui? — Perguntei, tentando entender porque ele queria minha opinião.

— Sim! Vovô esta muito cansado de atender todas essas pessoas, são muitas! Amo meus clientes, mas as vezes eles me deixam pirando de tantos "Senhor, me ajude!" — Soltei mais uma risadinha, concordando.

Eu já tentei ajudar vovô na livraria, mas  as pessoas são muito barulhentas e minha cabeça dói. E também não fico muito bem quando elas perguntam " o que ele tem? ", " ele está doente?"

Ser ruim em me comunicar as vezes é horrível.

—Po… Porque está p-perguntando, vovô? — Perguntei então, balançando meu corpo.

Os movimentos repetitivos ajudam a acalmar meu corpo, isso me ajuda a ficar tranquilo muitas das vezes.

— Porque não quero que você fiquei desconfortável com a presença de qualquer um. Se você gostar da pessoa, ela será contratada, não importa quanta experiência ela tenha e o quão bom o currículo dela seja. Se você aprovar, ela será contratada.

Minha cabeça começou a girar com tantas palavras ditas ao mesmo tempo. Então eu sorri, isso significava que vovô gostava de mim e que minhas poucas palavras eram importantes, eu fiquei feliz.

Alguns dias depois daquela conversa, vovô apareceu dizendo que havia espalhado panfletos e anúncios por aí. Eu fiquei nervoso, esperava que as pessoas que vinhessem fossem legais e não interagessem tanto comigo. Interagir às vezes é um obstáculo para mim, já que  naquela época, falar não é minha melhor ab… Agilidade? Não… Habilidade

Eu não era o maior falador, então interagir  era difícil. E eu me envergonhava por falar meu próprio nome as vezes, quando estava nervoso. Fala sério, é vergonhoso sim.

O telefone do meu pai tocou. E eu atendi, gageijando nervoso e suspirando quando a pessoa atrás do telefone me perguntou realmente confuso com quem estava falando.

Era ele.

Eu não sabia direito naquele momento, mas até sua voz me acalmou sem que eu sequer o conhecesse.

Entreguei o celular para o meu pai e ele entregou para vovô, e eu fui para meu quarto, pintar uma fada de cabelos amarelos. Eu já disse que não gosto muito de amarelo? Mas ultimamente venho usando muito essa cor.

À tarde, ouvi a campainha ser tocada, coisa que não é muito comum. Moro numa livraria, as pessoas que entram aqui jamais tocam a campainha já que é um local "público" bem, foi o que papai me disse.

Eu estava em meu quarto quando vovô apareceu com meu lanche da tarde. Não gostava muito de comer nesse horário, mas Yoonie Hyung falou que eu precisava para ficar forte e melhorar rapidinho.

Mas ele estava com vovô, eu fiquei confuso porque vovô nunca trás estranho para casa, imagina para meu quarto?

Mas, naquele momento, eu não sabia que ele não seria apenas um estranho.

Vovô disse que tinha trago minha comida, disse que  estava acompanhado pelo menino que tinha me falado mais cedo e eu quis olhá-lo, mas fiquei incerto de fazer ou não. No fim, apenas sorri para meu avô e continuei a desenhar minha fadinha amarela.

Dei o sinal que vovô estava esperando. Espero que não tenha sido muito rápido, já que ele foi o primeiro que apareceu...

E no final, sem ao menos saber, eu estava certo em ter escolhido ele para trabalhar aqui.

O sinal era só balançar a cabeça duas vezes. Não sei como vovô confiou isso logo para mim, já que eu não tinha quase que nenhuma utilidade na livraria

Eles saíram, e eu pude respirar fundo novamente. Interagir com pessoas novas é muito difícil mesmo, eu tento, mas sinto que minha cabeça dói só de pensar em algo assim. Yoonie hyung falou que é algo da minha cabeça, algo psi… Psicológico, que eu sou muito legal e que as pessoas gostariam de falar comigo, mesmo que eu ache o contrário.

Já me chamaram de chato e que minha per… Personalidade era muito estranha, isso não me deixou feliz. Porque eu era estranho? Poxa, não tenho culpa.

Repetindo mais uma vez: eu não quis nascer assim, não é culpa minha.

Pouco tempo depois, quando eu já estava satisfeito de comer, já que não como tudo, a porta do meu quarto foi aberta e a voz dele se fez presente.

Sem motivo algum, fiquei nervoso. Ele era legal, parecia ser legal e eu não sei agir tão bem quando estou ao lado de pessoas legais.

Na verdade, não sei agir de maneira nenhuma quando estou ao lado de qualquer pessoa.

— Com licença! — Entrou no meu quarto, mordi o lábio inferior.

Ele se aproximou  com cuidado, quase prendi a respiração quando ele se aproximou mais ainda de onde eu estava.  Era como se ele tivesse medo de mim ou algo parecido…

Suspirei. Como eu posso fazer alguém ter medo? Não consigo nem  falar direito, poxa.

— Vim pegar a bandeja que seu avô deixou aqui… — Ele disse, e sua voz era boa de se ouvir. Ele parecia que tinha medo de me assustar, já que dizia tudo bem baixinho. Isso me deixou mais tranquilo, juro, juro.

Mas notei quando sua mão foi tocar em meus lápis espalhados na minha mesinha e isso me deixou chateado. Não gosto que toquem em minhas coisas.

— M-meu! — Foi a única coisa que consegui dizer, voltando minha atenção para meu desenho.

Na minha cabecinha estava tudo formulado "Não toque, por favor. É meu." mas para minha falta de sorte, naquela época eu conseguia dizer coisas pequenas.

Não consegui nem falar uma frase completa, isso é tão… chateante? Não sei, mas me deixa muito chateado.

Isso também me incomodava. Porque não conseguia falar normalmente como as pessoas? Mamãe sempre tentou ensinar a falar direito, mas a forma que ela fazia isso me deixava tão cansado que as emoções carregadas surgiam sempre.

Eu não entendo, sei que sou autista, mas sou autista verbal! Minha fala foi se desenvolvendo conforme papai me ajudava, quando  tinha um tempinho livre, mas depois que eu cresci mais um pouco e mamãe começou a me dar aulas juntos com aquele Park amigo dela, não consegui progredir quase nada.

Home School é legal, mas às vezes eu tinha vontade de frequentar uma escola de verdade. Papai dizia que era perigoso, mas mamãe insistia em dizer que eu já era um homenzinho crescido e que já podia interagir com as pessoas normais.

Me distraí, acabei fugindo um pouco do assunto de antes. Sempre acontece.

— Desculpe. — O moço disse, deixando eu ainda mais chateado comigo mesmo.

Tentei pensar em algo que deveria dizer, mas nada veio  minha mente. Falar com pessoas novas não deve ser tão difícil para pessoas normais.

— Você desenha sempre? — Ele perguntou, me deixando confuso. Ele queria conversar?

Não posso ficar nervoso, é só falar normalmente as frases que pensar. Isso, isso.

Pensei, pensei. Mas nada veio na minha cabeça… que difícil falar com gente normal!

— Foi você quem fez todos esses que estão na parede? — O moço perguntou novamente, me deixando um pouco mais nervoso. Ele vai achar que sou grosso por não estar respondendo ele!

Cadê o vovô? Eu não sei falar direito, ele vai me achar muito bobo!

— Você desenha muito bem! — Ele voltou a falar, sorri com isso e balancei a cabeça concordando.

Desenhar é uma das únicas coisas que eu sei fazer direito! Saber que ele gostou de algo que eu fiz, sem nem mostrar por completo, me deixou menos nervoso.

Mamãe dizia que eu seria um bom artista quando fosse um homenzinho adulto, eu me comunicava com mamãe com as mãos antes de começar a falar! Mamãe dizia que meus desenhos, mesmo quando ainda era um homenzinho bebê, já eram muito mais avançados do que os das crianças normais. Pelo menos isso é bom.

— Uma fada? — Ele perguntou, me senti um pouquinho incentivado com a sua confusão e me virei para olhar seu rosto, e me surpreendi!

Ele tinha o cabelo de sol! Amarelinho com as raízes um pouco mais escuras. Como se fossem raios de sol saindo de sua cabeça.

Era tão… Bonito.

— Um-ma fada. — Respondi, respirando fundo e começando a balançar minha perna.

Estou nervoso de novo.

— O... O...— Tentei dizer, mas as palavras não saiam da minha boca!

É só falar… É só falar, poxa.

Não deveria ser tão difícil fazer uma coisa que o ser humano faz com tanta naturalidade, porque eu nasci com isso?

— O Hyung acre-credita? — Disse, suspirando feliz por conseguir falar.

— Acredito em quê? — Ele perguntou, me deixando confuso de novo.

Ele é meio bobão.

— Fadas... — Disse, voltando a desenhar.

Mesmo que eu não conseguisse demonstrar direito, já que estava muito eufórico com a ideia de alguém além de papai e vovô achar meus desenhos bonitos, eu estava feliz! E ele também estava sendo muito legal comigo, sem piadinhas sobre minha forma de falar e muito menos riu quando entrou aqui e viu várias fadinhas e outros seres místicos na minha parede! 

Foi tão legal.

— Qual o nome da sua fada? — Ele perguntou, me deixando confuso de novo.

Nome da fada? Eu não tinha pensado nisso…

— Você gosta muito de fadinhas, não é mesmo? — Perguntou novamente, mas a sua ação seguinte me assustou. Ele tocou meu ombro com a mão, me afastei de seu toque e comecei a respirar rapidamente.

Eu quis pedir desculpas por assustar ele, mas seu toque acabou me assustando mesmo. Tanto que acabei derrubando meus lápis que estavam enfileirados na minha mesinha. Não tenho culpa se seu ato repentino causou isso em mim, foi inevitável não me afastar de sua mão…

Eu não gosto que me toquem. E, infelizmente, as pessoas aqui na capital gostam muito de não respeitar o espaço pessoal das outras pessoas. Não gosto disso, ele vai entender, não é?

— Desculpe... Não foi intencional. — O hyung disse, parecendo chateado comigo. Poxa vida.

Ele se abaixou e pegou todos os meus lápis coloridos, colocando enfileirados novamente em minha mesinha— Mesmo que não fosse das cores claras até as cores escuras, mas deixei isso de lado.

— Sinto muito mesmo, não me entenda mal, ok? Desculpe. — Disse, fazendo meu estômago se revirar de um jeito que eu ainda não conhecia.

Achei até que estava com dor de barriga e vomitaria toda aquela comida que vovô me deu.

As pessoas normalmente não pedem desculpas por fazerem algo que é normal para elas, mas não para mim.

— Gosta! G-gosto muito de fadas. — Disse, apertando minhas mãos. — Gosta muito.

Ouvi quando ele parou de andar, suspirei feliz. Interagir às vezes é ruim, mas é só dizer aquilo que vem a cabeça e tomar cuidado pra não fazer nada de errado como sempre faço, foi o que me disseram.

E eu estava gostando de conversar com ele. Não tinha julgamentos, olhares estranhos ou maneira diferente de se portar em minha frente, ele só… Só estava conversando e perguntando coisas para mim, sem demonstrar desinteresse.

— Hyung... H-hyung gostar?— Disse, balançando a perna— D-digo, gosta?— Corrigi, me sentindo feliz por perceber meu errinho.

— Bem... — Começou em um sussurro — Gosto sim!

Sorri, agradecendo a vovô na minha cabecinha por encontrar alguém legal para trabalhar aqui.

Quando o moço saiu, vovô veio um tempinho depois me ver, sorridente e até meio barulhento. Como sempre.

— O que achou de Jimin, Goo?— Sentando ao meu lado, ele perguntou. Sorri um pouquinho ao lembrar do hyung que veio mais cedo.

—L-legal, vovô. —Mordi meu lábio inferior, balançando minha perna. — Ele… e-ele falou que me desenhar bem.

— "Eu desenho bem" — Vovô me corrigiu, suspirei e virei o rosto para o lado. Foi exatamente o que eu disse!

— Isso. — Concordei, terminando a última parte que faltava da minha fadinha bonita.

— Eu o contratei. — Vovô disse. Meu estômago se remexeu novamente, e sorri tão rápido que até me assustei.

Então o hyung ia trabalhar aqui?

E de repente, fiquei nervoso.

— Espero que ele seja legal com você como foi hoje. Você ficou à vontade com ele? — Vovô perguntou, sorri.

— Sim, vovô. —  Minha perna foi parando de se mexer devagarinho. E em minha boca se formou um sorriso um pouco maior. — E-ele… ele é legal.

Ele era legal. Mas se tornou muito, muito legal.

O hyung sempre sorria e me tratava bem quando eu ia na livraria do vovô e ele estava lá. Comecei a dar bom dia e boa tarde, palavras que não eram tão difíceis de se falar e o sorriso que ele me dava sempre, fazia eu entender que estava finalmente tendo um amigo.

Um amigo. Um amigo!

Nunca tive um amigo, além de Yoongi hyung, é claro. Mas ele é meu médico, às vezes acho que ele só fala comigo por isso. Mas ainda sim, agora eu poderia ter dois amigos!

Jimin hyung era diferente, sempre foi diferente.

Jimin hyung falava comigo mesmo quando eu não conseguia pensar em algo legal para responder. De vez em quando eu ficava chateado demais comigo mesmo por não ser inteligente o suficiente e fazer minha boca se mexer da forma que eu imaginava e fazer as palavras saírem como eu pensava.

Mas ele não parecia se importar, sempre procurando por coisas que eu gostava para conversar comigo.

Então, minhas aulas começaram. E eu fiquei nervoso de novo.

Aquele dia as emoções carregadas demais apareceram e eu acabei machucando minha testa e meu braço. No momento não dói, mas depois que tudo fica calmo, dói muito mesmo.

O hyung quem ia me buscar na escola. Fiquei nervoso novamente e fiquei com dor de barriga. O professor legal disse que eu poderia esperar meurespeito… respo… responsável! Ele disse que eu poderia esperar meu responsável no pátio.

E o hyung chegou.

— Jungkook! — Ouvi ele me chamar e vir até onde estava.

Minha perna começou a se movimentar de novo. O hyung era tão legal, porque eu ficava nervoso quando o via?

Ele foi buscar minha mochila dentro da sala, acabei esquecendo de pegar antes de sair. Estranhei sua demora, mas logo ele apareceu com um sorriso na boca e minha mochila nas mãos.

Ele começou a me buscar na escola todos os dias. E eu até gosto quando o hyung me espera do lado de fora, mas teve um dia que o hyung me deixou ainda mais animado.

Ele me trouxe uma surpresa! Uma tortinha de morango! Eu estava proibido de comer doces e ele trouxe um para mim, na minha cabeça, era como aqueles personagens de livros de aventura que vão contra tudo e todos para fazer a vontade dos necessitados.

Como Robin Hood, que roubava da nobreza e dava aos necessitados.

Nesse caso, eu era o necessitado e ele foi meu herói.

Ok, ele não roubou ( eu acho) mas fiquei tão feliz que não consegui segurar minhas emoções e quase chorei. O que eu não entendi, não estava triste e muito menos irritado para chorar e sempre choro quando estou triste ou irritado.

Mas ele trouxe minha tortinha, a minha favorita!

Então, todas as quartas, ele começava a trazer docinhos da fruta vermelha. Toda quarta mesmo!

Yoongi hyung não podia saber, eu não podia comer doces então se ele soubesse, falaria para papai e papai brigaria com o hyung!

Mas às vezes um docinho não faz mal, né? E também to me esforçando muito, muito para comer comidas que não gosto! Tomete é sem gosto e erbilha pior ainda! Mas ainda sim eu como, porque ta na minha dieta.

E o hyung deve ter percebido isso, já que todas as quartas ele me trazia meu docinho, fico tão feliz… Ele me deixa assim. O que também me deixa confuso, não consigo olhar uma pessoas por muito tempo nos olhos, é algo que os autistas tem. Mas com o hyung, eu quero sempre ta olhando nos olhinhos pequenininhos dele, porque são tão bonitos, e ficam tão fofinhos que ele sorri!

— Jungkookie? — Professor Kim chamou, balançando as mãos em frente aos meus olhos.

Ele e a moça bonita que ajuda a turminha fazem isso comigo, para chamar minha atenção.

— S-sim, professor?

— O garoto chegou. — Foi a única coisa que disse, sorrindo para mim e indo ajudar um coleguinha meu que estava com dificuldades em alguns números.

Números são fáceis, depois que Jimin hyung começou a me ajudar mas atividades de casa, ficou mais fácil fazer continhas e resolver outras coisas. Ele diz que não é muito bom com números, mas sempre consegue me ajudar!

O hyung é um bobinho.

— Venha, docinho. — Dahyun nona chamou, sorri um pouco envergonhado para ela e me levantei, guardando meus materiais na mochila.

Dahyun nona é muito legal também, ela sempre faz desenhos fofinhos nas bochechas dos alunos! Ela fez uma borboletinha linda na minha alguns dias atrás.

Eu não fiz nenhum amigo, todos  da minha turma era igual ou melhor que eu, mas mesmo assim, não consegui fazer amigos.

Mas tinha a Kazuha noona, ela me ajuda as vezes em algumas matérias.

E sobre a borboleta, Jimin hyung também achou muito bonita, fiquei quase o dia todinho com ela no rosto.

[📚🧚🏻‍♂️🍓]

Hoje o hyung parecia entristecido, mas quando me viu, sorriu daquele jeitinho que seus olhos somem e viram duas asinhas pequenas de fadas.

Parando para pensar agora, o hyung é como uma fadinha… Ele não é tão irritadinho como as fadas da mitologia, na verdade, acho que ele é como a Tinker Bell. Ou o Terence? Não sei, mas ele me lembra os dois!

Ou um silfo? Silfo são fadinhas da mitologia também, tipo… Tipo seres do vento! Que agitam tudo por onde passam. Para mim, o hyung chegou para agitar a vida que eu tinha.

Sempre tão legal e gentil, me fazendo acreditar que eu posso sim ser quem eu sou, quando estou com ele também.

— Jungkook! — Ele chamou, sorri também.

Nesse dia, o hyung me surpreendeu mais uma vez!

A gente foi ao mercadinho que ficava quase perto de casa. E ele não ficou com vergonha de andar comigo! Ele ajudou quando um homem que parecia estar bravo comigo apareceu e ainda pareceu preocupado com eu! Juro, juro.

Foi a primeira vez que alguém além de papai me defendeu. Foi a primeira vez que senti uma coisa que provavelmente nunca tinha sentido por ninguém além do meu pai e do meu avô. Senti que estava seguro.

Teve uma vez que eu saí com papai, mas eu queria  sorvete e papai foi comprar, me deixando sozinho na pracinha que tinha perto da minha casa, lá em Busan. Uma moça se sentou ao meu lado, e eu não havia notado porque estava tão ansioso para comer o sorvete que papai iria trazer!

Ela apareceu ter ficado irritada, mas poxa… Não tive culpa! Não precisava me balançar daquele jeito e me assustar, ainda por cima falou que fui ignorante e mal educado! Não gosto de lembrar disso, porque as emoções carregadas se acumularam em mim e eu chorei no meio da pracinha.

Mamãe disse que nunca mais sairia comigo. Eu tentei acreditar que era porque era perigoso para mim, mas no fundo sabia que era porque mamãe não gostava de sair com alguém como eu.

Agora eu percebo, mesmo depois de acreditar por tanto tempo que ela só queria me proteger de todo mundo. Eu acho... Eu acho que ela só queria me esconder e não ser vista comigo. Dói pensar isso.

Mas o hyung não se importou. Nem me conhecia direito naquele dia e já me protegeu daquele moço ruim!

— Como foi hoje, meu bem? — Vovô perguntou assim que chegou no meu quarto, se sentando ao meu lado enquanto eu tentava dormir.

Depois que mamãe se foi, dormir está sendo muito difícil! Ela sempre me colocava para dormir e me dava um copinho com água antes de me deitar.

Vovô também dá, mas a água de vovô não consegue me fazer dormir tão facilmente!

— F-foi bom, vovô!

— Jimin me contou do que aconteceu no mercado, eu sinto muito…

— T-tudo bem! — Me sentei na cama, sorrindo para vovô — E-Eu fiquei nervoso quando o moço ruim se aproximou. Mas o h-hyung foi tão legal, ajudou eu e defendeu…

— Eu fico feliz que alguém tão legal quanto Jimin tenha aparecido nas nossas vidas! Acho que nenhuma outra pessoa aceitaria fazer tudo que Jimin faz, ele meio que virou um faz tudo aqui na livraria. — Sorri com a fala do vovô, concordando. — Eu confio nele para ficar com você, ele se mostrou alguém muito responsável e que nunca te faria mal algum. — Segurou em minha mão, acariciando. — Ninguém vai te fazer mal enquanto eu estiver aqui, está bem? Tudo o que sua mãe fez, não vai mais se repetir.

Fiquei confuso, minha mãe nunca fez nada de ruim para mim, não que eu me lembre. Ela era um pouquinho só estressada e muito calada, mas ela sempre me colocava para dormir com um beijo na bochecha e fazia carinho para comer quando eu acordava naquele quarto meio escuro. E… Eu não consigo me lembrar direito.

Eu não consigo me lembrar direito…

— Eu, seu pai, Yoongi e Jimin vamos cuidar para você melhorar rápido, meu pequeno Goo. — Segurou em minha mão e, por alguns minutos, eu achei que vovô iria chorar, mas logo ele abriu um sorriso e beijou minha cabeça. — Durma bem! Vou falar com Jimin antes dele ir embora, aquele menino fez um milagre na livraria! — Sorriu, se afastando. — Te amo, Jungkookie.

Acho que minha vida também não seria nadinha do que é hoje sem o hyung. Acabei perdendo um pouco da minha timidez perto dele, o que me deixa melhor perto de outras pessoas que o Hyung conhece também! 

E também o sorriso dele é delicado como as florzinhas que eu tenho, o hyung é todo misturado… Me deixa meio coisadinho.

Pelo hyung aprendi a gostar de música, são bem diferentes das que mamãe ouvia, aquelas machucavam meus ouvidos. As que hyung escuta com Jungkookie, deixa o coração calmo e bem tranquilo.

O hyung me ensinou várias coisas, e continua ensinando. Sempre me ajudando e não julgando.

Hyung é como uma fadinha, porque acalma o meu coração com as músicas e é uma florzinha porque me faz querer olhar para ele o tempo todo. É uma comparação meio boba, mas foi a única coisa que pensei!

E eu amo fadas e flores. E o Jimin hyung… O Jimin hyung está me deixando confuso, porque tem tudo o que eu gosto misturado nele.

O hyung é mesmo tudo misturado.

A fadinha de flor que me acalma mesmo sem perceber.

🧚‍♂️🌞🌈

#FadasNoCoração

Não esqueça de votar! E me digam o que acharam? 😞👎🏼

Possivelmente eu vou trazer mais capítulos narrados pelo Jun! E por mais e mais detalhes também!

Espero que tenham gostado:( até amanhã!

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