Ellen...
Estou jogada no sofá vendo uma série nova que saiu sobre uma ordem de freiras guerreiras que lutam contra forças do mal, a série é boa, divertida e instigante e a personagem principal é incrível, já estou no terceiro episódio seguido e não tenho intenção de parar de ver tão cedo. Pedi comida já que estou sozinha em casa e ainda estou vestindo meu pijama azul com nuvens brancas, mesmo não tendo chegado tarde do desfile estava cansada e dormi até depois das nove. A comida chegou, recebi e almocei direto da embalagem, sentada no sofá ainda vendo a série.
Estava só esperando o episódio que estou vendo acabar para eu ir tomar um banho e voltar a ver a série claro, alguém bateu na porta e eu fui abrir curiosa, Natalie tinha ido para o ateliê, Carol estava viajando com Beatriz, John também não estava na cidade. Quando abri me deparei com Meg, seus cabelos ruivos estavam um pouco desalinhados caídos ao lado do rosto, ela vestia calça jeans e camisa preta e tinha uma bolsa no ombro e uma sacola mão.
- Aconteceu alguma coisa? – Perguntei preocupada por causa da sua expressão estranha e dei um passo para o lado para que ela entrasse.
- Eu... eu... Estou nervosa. – Se atrapalhou com as palavras.
- O que foi? – Fui até ela peguei suas mãos e a conduzi até o sofá para nos sentarmos juntas.
- Eu tenho tido enjoos e vontades de comer coisas. – Ela me olhou. - Também tenho andado um pouco sonolenta.
- Você está grávida? – Minha voz saiu animada.
- Eu não sei, não tive coragem de fazer o teste. – Dava pra ouvir a angústia em sua voz. – Acabei de comprar, mas não consegui voltar pra casa. – Levantou a mão mostrando a sacola que carregava ali.
- Por que você não fez ainda? - Estudei seu rosto.
- Eu senti enjoos daquela vez e não era. – Me olhou nos olhos. - Estou com medo.
- Você não fez outros exames desde então? – Ela balançou negativamente a cabeça.
Alguns meses atrás, assim que começaram a tentar engravidar, Meg achou que tinham conseguido, ficou enjoada, teve tonturas e tudo, mas quando fez o exame não deu nada, os dois apesar de falarem que estava tudo bem, ficaram arrasados.
- Não quero me decepcionar e decepcionar o Henry de novo. - Sua voz soou triste.
- Minha amiga, se acalme. – A abracei apertado. – Vai da tudo certo, se você não estiver vai estar em breve, não adianta se preocupar.
- Eu sei. – Ela fungou em meu ombro. – A médica disse que se eu ficar nervosa criando expectativa pode dificultar, mas eu não consigo evitar.
- Olha pra mim. – Quando ela o fez sequei suas lágrimas com minhas mãos. – Vamos lá no banheiro, você faz os testes e aí a gente lida com o resultado depois que tal? - Sorri lhe encorajando. - Estou com você.
- Tudo bem. – Ela me olhou por alguns segundos. – Você podia fazer também assim a gente sabe que não é um falso positivo caso saia positivo. – Ela começou a falar rápido. – Eu comprei quatro testes, posso fazer dois e você dois, aí a gente ver.
- Meg eu... – Comecei, mas ela não deixou eu continuar.
- Por favor, faz comigo, não quero fazer sozinha. – Me olhou parecendo assustada.
- Tudo bem. – Forcei um sorriso.
- Obrigada.
Nos levantamos e fomos até o meu quarto, ela levou os testes para o banheiro e foi fazer primeiro, quando saiu eu entrei vendo os dois exames sobre a bancada. Peguei os outros dois, li as instruções da caixa e fiz o teste conforme elas instruiam. Coloquei os testes do outro lado da pia, lavei minha mãos e voltei para o quarto, Meg andava de um lado para o outro nervosa ela passava as mãos nos cabelos ocasionalmente. Me sentei na cama esperando os minutos necessários para o resultado, sabia que se tentasse falar com ela no momento ficaria ainda mais nervosa.
- Deu o tempo, vamos olhar. – Falei me levantando.
- Vamos. - Sua voz parecia tremer.
Praticamente correu para o banheiro Meg olhou seus testes dando um gritinho de felicidade e eu sabia que tinha dado positivo, mas nesse momento eu estava parada, estática, olhando para os dois testes de gravidez a minha frente, no visor estava escrito:
“Grávida
2-3"
Pisquei várias vezes como se aquilo pudesse fazer o exame mudar para “não grávida”, eu não conseguia pensar em nada ou falar, eu sempre quis ter filho e obviamente seria com o John já que ele é o homem da minha vida, mas eu esperava engravidar em um ou dois anos, quando tudo estivesse mais estabilizado, e fosse planejado, eu nem sei se estou saudável agora.
- Viu agora a gente pode ver que o... – Ela parou de falar vendo o teste na minha frente. – PUTA MERDA. - Quase gritou.
- Eu sei.
- Você desconfiava? – Ela estava curiosa.
- Não tinha ideia, deve ser um falso positivo né? – Olhei para ela com expectativa.
- Eu não sei Ellen. – Estava pensativa. – Tem alguma possibilidade? – Me perguntou. – Digo, vocês usam algo pra impedir né?
- Sim, usamos camisinha, eu parei com a pílula antes de ir pra Índia e não voltei. – Falei lembrando.
- E nunca fizeram sem preservativo?
Comecei a traçar em minha cabeça todas as vezes que fizemos amor, tentando lembrar em quantas delas nós não nos prevenimos.
- Bem, fizemos sim, na maioria das vezes ele fez fora. – Me senti envergonhada ao falar. – Mas, quando fizemos eu nem estava no meu período fértil.
- Mesmo assim pode ser.
- Mas deve ser engano né? – A olhei com expectativa.
- Você sentiu alguma coisa estranha?
- Fiquei tonta ontem, mas eu levantei rápido demais. – Tentei lembrar de mais alguma coisa. – Acho que é só.
- Certo vem. – Falou pegando os testes que fez e eu vi que estava escrito “Grávida 3+”
- Eu nem lhe parabenizei. – A abracei. – Parabéns amiga. - Me voz ainda saia estranha pelo choque.
- Obrigada. – Retribuiu meu abraço. – Agora vem. – Pegou minha mão me puxando para o closet.
- O que foi? – Perguntei confusa.
- Troca de roupa e vamos fazer um exame de sangue, assim saberemos direito.
- Tudo bem. – Era melhor assim pelo menos minha preocupação passava.
- Vou ligar pra minha médica. – Saiu do closet.
Respirei fundo e voltei para o banheiro, prendi meus cabelos, olhei para os teste enquanto escovava os dentes, tirei minha roupa e entrei embaixo do chuveiro, a água parece que passou por mim como se clareasse a minha mente e eu comecei a sentir uma sensação de felicidade, passei uma mão pelo meu ventre abrindo um sorriso.
“Pode parar com isso, talvez nem seja nada.” Uma voz gritou em minha cabeça.
Voltei a tomar banho não me permitindo criar esperanças, pois talvez não seja nada. Terminei o banho me sequei rapidamente e me vesti com uma calça jeans e uma camisa branca com um unicórnio, peguei minha bolsa e sai para a sala.
- O que você acha de chamar a Natalie para nos fazer companhia? – Meg falou se levantando.
- Eu acho ótimo, ela meio que vai surtar, mas tudo bem. – Sorri.
- Ótimo ligo do caminho. – Disse se dirigindo a porta. – Estou com August lá embaixo, é até melhor que você não dirija.
Assenti devolvendo a chave do carro para o aparador e descemos. Minha mente ainda estava em um turbilhão de sensações.
**
Ellen...
Em pouco tempo chegamos ao hospital e fomos dirigidas diretamente para a sala da obstetra da Meg, Dr. Úrsula Montgomery. Quando entramos na sala uma mulher de cabelos castanhos avermelhados e aparência elegante nos recebeu.
- Boa tarde. – Falou simpática.
- Boa tarde. – Falamos a mesmo tempo.
- Doutora Montgomery essa é minha amiga Ellen. - Meg nos apresentou.
- É um prazer. – Ela falou e eu murmurei uma resposta. – Mas, me digam o que as trazem aqui as pressas?
- Então, eu estava nervosa por que ia fazer o teste de gravidez. – Meg começou. – Estava com medo de dar negativo novamente, então pedi pra Ellen fazer comigo.
- Aí o teste das duas deu positivo. – A médica concluiu.
- Exatamente, deve ter algum erro não é? – Falei nervosa.
- Bom, talvez não seja erro, mas para saber vamos fazer um exame de sangue.
Se levantou e nos conduziu até a sala de exames a medida que nos aproximávamos frio percorreu a minha coluna, nunca gostei de agulhas, a verdade é que elas me dão medo, muito medo. Nos sentaram em cadeiras uma ao lado da outra e um enfermeiro entrou para coletar o sangue.
- Vai ficar tudo bem. – Meg segurou minhas mãos enquanto ele preparava o outro braço. – Eu estou aqui. - E eu que comecei essa conversa apoiando ela, agora precisava de amparo.
- A senhorita tem medo de agulhas? – O homem me olhou com um sorriso simpático nos lábios.
- Sim senhor, um pouco. – Minha voz saiu fraca.
- Lhe prometo que não vai doer, vai ser rápido. – Pousou uma mão em meu ombro.
- Tudo bem.
- Então, senhorita Williams. – Falou olhando para a ficha na mesa ao lado. – Me conte qual a sua profissão. - Puxou assunto para me distrair.
- Eu sou fotógrafa, tenho um estúdio com um amigo. – Falei fazendo uma careta ao sentir a agulha entrando em minha pele.
- Fotógrafa uma bela profissão, quando o bebê nascer vai poder você mesma fazer o ensaio. – Falou de forma simpática.
- Verdade. - Sorri ao pensar nisso.
- Isso é ótimo, você já pensou em nomes?
- Ainda não, é tudo muito recente.
- Eu entendo. Acho que Jordan é um belo nome para um menino. – Não pude deixar de sorrir, pois esse era o nome estampado em seu crachá. – Terminando. – Tirou o elástico que ataca meu braço.
- Já? - Falei surpresa.
- Sim eu falei que era rápido.
- Obrigada.
Ele sorriu e se dirigiu a Meg, fazendo o mesmo processo, depois de retirada e etiquetadas as amostras foram levadas, saímos da sala de exames para a sala de espera, somente em meia hora os exames ficariam pontos. Natalie esperava por nós na sala de espera, assim que nos viu ela veio nos abraçar.
- Aí meu Deus, vocês duas. – Falou se afastando.
- Eu sei, ainda não acredito. – Disse indo me sentar.
Conversamos um pouco, falando dos exames e de como estávamos nos sentindo, eu ainda me sentia um pouco em estado de choque, Natalie também estava. Estávamos sentadas conversando quando a porta de um quarto ali perto se abriu e Nathan passou por ela, ele nos avistou e nos olhou com estranheza enquanto caminhava em nossa direção.
- Boa tarde. – Falou ao se aproximar.
- Boa tarde. – Respondemos.
- Está tudo bem? – Perguntou preocupado e então seus olhos pousaram sobre Meg. – Aí meu Deus, você conseguiu. - Ele sorriu parecendo realmente feliz por ela.
- Acho que sim. – Ela falou se levantando.
- Parabéns. – Disse abraçando.
- Obrigada.
- A Ellen também, não é loucura as duas de uma vez? – Natalie começou a falar.
- Pelo amor de Deus Natalie fecha a boca. – Meg falou rindo.
- Você também? – Me levantei. – Não sabia que estava tentando.
- Não estava. - Sorri sem graça.
- Entendo, mas você está feliz? – Me olhou nos olhos.
- Estou sim, não é o momento que eu queria, mas é perfeito. – Falei com sinceridade, a sua pergunta me fez olhar o lado bom da coisa.
- Então parabéns. – Me abraçou.
- Obrigada.
- Nathan. – Meg lhe tocou o braço. – Ninguém sabe, acabamos de descobrir e ainda estamos esperando o resultado do exame de sangue.
- Tudo bem, não vou contar pra ninguém. - Ele nos assegurou.
- Obrigada. – Falamos juntas.
Antes que falássemos mais fomos chamadas de volta ao consultório, nos despedimos dele e entramos no lugar, agora eu reparei melhor, era todo branco e sóbrio, com duas portas, uma dava para um banheiro e a outra para uma sala de exames, ambas identificadas por placas, a médica estava sentada nos olhando.
- Mais uma com suspeita? – Olhou para Natalie sorrindo.
- Não, não, estou fora dessa de bebês. - Falou nos fazendo rir. - Eu estou apenas acompanhando minhas amigas. – Natalie lhe estendeu uma mão. – Natalie Lawrence, prazer.
- Úrsula Montgomery. – Apertaram a mãos. – Prazer, vamos aos resultados.
Confirmamos e nos sentamos ela disse que começaria pela Meg, pegou o envelope, retirou exame, analisou rindo e levantou a cabeça.
- Parabéns, você está grávida de 6 semanas. – Falou olhando para minha amiga e nós começamos a fazer festa, rindo e parabenizando.
- E está tudo bem? – Ela perguntou receosa.
- Está sim, ambos estão saudáveis.
Fiquei muito feliz por saber que Meg conseguiu engravidar era muito importante para ela. Secretamente rezei para correr tudo bem com a sua gravidez.
- Como você está com 6 semanas já podemos marcar a ultrassom. – Meg assentiu.
A médica pegou o segundo envelope e repetiu o mesmo processo que fez com o primeiro.
- Parabéns Ellen, você também está grávida de 3 semanas.
A olhei perplexa absorvendo a informação, as meninas me parabenizaram, assim como a médica e eu só sabia sorrir, apavorada e feliz ao mesmo tempo. Conversamos por mais alguns minutos com a médica, marcamos o início do acompanhamento pré-natal, ela nos deu algumas instruções, uma dieta básica e vitaminas, bem como a guia de vários exames que devemos trazer na próxima consulta.
Enquanto saíamos com Meg e Natalie tagarelando sobre a gravidez, Natalie já animada com as roupas de gestantes, a realidade em atingiu e pela primeira vez desde que o teste deu positivo eu pensei na reação de John ao saber do bebê, ele quer ter filho, mas não agora, embora eu saiba que ele vai ficar feliz, mas também vai ser um choque.
Queria contar pra ele ainda hoje, mas está viajando e eu não vou da uma notícia dessas por telefone, por isso vou ter de esperar até amanhã a noite para contar. Meg deu a ideia de comprarmos alguma coisa para usar na hora de contar.
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Olha só engravidaram ao mesmo tempo. 😍
Como será que os meninos vão reagir? Será que vão chorar? Bem o Henry é provável né. Kakakakak
Até sexta. 😘🥰
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