HATE | yeonbin

By _JenoJam_

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Yeonjun, filho de Kim Taehyung, é um garoto muito amoroso e atencioso com tudo e todos, mas sua personalidade... More

[prologue] - HATE
1. capítulo
2. capítulo
3. capítulo
4. capítulo
5. capítulo
6. capítulo
7. capítulo
8. capítulo
9. capítulo
10. capítulo
11. capítulo
12. capítulo
13. capítulo
14. capítulo
15. capítulo
16. capítulo
17. capítulo
18. capítulo
20. capítulo
21. capítulo
22. capítulo
23. capítulo
24. capítulo
25. capítulo
26. capítulo

19. capítulo

4.8K 413 3.6K
By _JenoJam_

Oi gente!!
50K de views em Hate 🎉🎉
muito obrigada por tudo,
vocês não fazem ideia de como
estamos felizes!!

Estávamos pensando,
o que vocês acham de
fazermos uma one shot
Taegyu em comemoração
a todo esse tempo que
nós, Whizzy, estamos juntas
à vocês? Comentem aqui.

Ah, e infelizmente nossa
proposta não foi cumprida, então postaremos apenas um capítulo,
mas este contém mais de onze mil palavras. Esperamos que gostem!

obs: cap com muitos surtos e gatilhos

-ˋˏ✄┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈

Era sábado.

A semana havia passado tão depressa que nem havia notado por estar focado em um projeto que nossa escola organizou sobre "A natureza e seus mistérios". Fui convencido pelo meu professor de biologia que minha pesquisa sobre as plantas aquáticas era a melhor que ele havia lido.

Certamente que minha nota era a maior de minha turma e Jake não perdeu a oportunidade para me importunar dizendo que eu deveria virar botânico.

Acho eu seria péssimo nessa área, existem muitas pessoas mais qualificadas para fazerem estudos das plantas.

Sempre tive uma fascinação absurda por plantas, lembro de ficar pedindo ao meu pai um cacto de presente. Só que ele não achava uma boa ideia por causa da minha falta de responsabilidade e, provavelmente, esqueceria de cuidar do cacto, deixando essa função para ele. Entendo agora, mas como eu era apenas um garoto que enchia sua cabeça facilmente, papai resolveu comprar. No entanto ele trouxe um cacto de plástico e eu só fui descobrir quando tinha 12 anos que era de mentira. Fiquei decepcionado por ter sido enganado, mas hoje eu dou boas risadas junto com ele por lembrar disso.

Mas tinha outra coisa que rondava minha cabeça essa semana toda.

Esses dias eu consigo fechar os olhos e ver meu rosto tão próximo de Soobin, o jeito em que nos encaramos ficou surreal na minha visão. Agora ele está agindo como se não tivesse acontecido nada e eu também. Não sei o que dizer ou que atitude tomar para abrir aquele assunto com ele, porque foi tão estranho que acabo ficando sem palavras para descrever o quanto ficou confuso para nós. Eu não queria olhar para Soobin essa semana e nem ele para mim. Ainda trocamos poucas palavras, mas é como de fossemos dois desconhecidos morando sob o mesmo teto.

Sem percebermos nossa relação de bons amigos se despencou novamente. Tudo que eu faço para tentar ser mais próximo dele faz com que eu me afaste ainda mais. Esses motivos destroem minhas esperanças em manter uma boa convivência com ele. Simplesmente não sou capaz de saber como me sentir no meio desse turbilhão de sensações diferentes. Posso ter um arco em minhas mãos, só que sem uma flecha não vai adiantar nada. Não vou conseguir usar.

Kim Yeonjun desde quando você se tornou essa pessoa insegura e com medo de seguir uma trilha escura sem uma luz para enxergar nesse breu?

A tela de bloqueio de meu celular indica que estava tarde. Combinamos a um tempo atrás que os meninos viriam aqui em casa para nos arrumarmos, para assim irmos juntos à festa de Lia. A garota sempre foi de dar festas irresistíveis, principalmente após os jogos vitoriosos do New Rules, mas nunca gostei de ir a estas comemorações, apenas Beomgyu participava, já eu, Taehyun e Kai preferíamos sair apenas nós ou simplesmente ficar em casa assistindo um filme legal e comendo um monte de porcaria.

Um ano se passou e agora Lia dava mais uma festa, porém esta não tem nenhum motivo especial para acontecer, o time de basquete da escola nem começou os campeonatos do ano que irá dar início nessa semana. Contudo, isto não a impede de fazer uma enorme comemoração em sua residência. Não era surpresa para ninguém que Lia é uma pessoa com uma ótima situação financeira, por usar as roupas das melhores marcas de grife, e todos que participaram ao menos uma vez de suas festas dizem que ela não mora em uma casa normal em um bairro qualquer. Ela mora numa mansão de uma das mais luxuosas em uma rua muito nobre de Seul. Nunca fui em sua residência, então não faço a mínima ideia do que esperar que possa conter nesta festa, mas estaria mentindo se dissesse que não estou ansioso para ir com os meninos.

Talvez eu e Soobin possamos esquecer o ocorrido da semana passada.

Entretanto, é um inferno eu tentar tirar isso da cabeça o tempo todo. Quando estamos indo para escola, temos que conversar por dormimos no mesmo quarto e ir no mesmo carro até o colégio. É inevitável não pensar em seus olhos amendoados brilhando enquanto a ponta de nossos narizes de tocavam delicadamente criando um beijo de esquimó estranhamente carinhoso. Talvez eu esteja pensando muito e apena foi uma forma de afeto entre amigos.

Isso faz mais sentido.

Deixo um sorriso bobo escapar.

— Está rindo sozinho por quê? Ficou louco de vez? — Saio de meus devaneios e olho para o canto, vendo Soobin me encarar com um sorriso brincando em seus lábios finos.

— Soobin, você me acha louco? — vinco a testa ao questionar de um modo reflexivo.

— Louco! Louquinho! Mas vou te contar um segredo... — Me chama para perto com um aceno de mão, logo sussurrando em meu ouvido: — As melhores pessoas são.

Meu sorriso aumenta.

— Alice no País das Maravilhas.

— Você gosta também?

— É meu filme favorito — comento ainda com um sorriso em meu rosto.

— Precisamos assistir juntos qualquer dia desses. Amo esse filme — ele me fita por uma fração de segundos, desviando quando escutamos o som estridente da campainha em seguida, o fazendo se levantar e ir em direção à porta. — Devem ser os meninos!

Assim que Soobin deu passagem para os três garotos eles já entraram como furacões dentro de casa e se jogaram ao meu lado com suas mochilas.

— As margaridas nem cumprimenta mais os amigos — falo em um tom dramático.

— Como vai, Yeonjun? — Kai pergunta, jogando sua perna no encosto do sofá.

— Nem dão mais licença para se sentarem no sofá da minha casa! — continuo, fazendo Kai dar uma risada e acertar uma almofada na minha cara.

— Vamos sempre ser bem-vindos — o caçula diz, virando para Soobin. — Você concorda, né?

— Mas é claro — Ele afirma com a cabeça.

— Somos da família, Yeonjun que aguente isso — Taehyun fala, me fazendo mostrar a língua para ele.

— Eu nunca disse que vocês não eram seus jumentos do meu coração.

Todos rimos juntos.

— O que é isso tudo aí? — pergunto curioso ao olhar para as mochilas.

— São coisas para nos arrumarmos — Kai responde.

— Tem roupa, sapato e maquiagem. Agora anda, precisamos nos arrumar rápido! — Taehyun complementa e começa a me puxar do sofá.

— Beomgyuuu — chamo meu amigo. —  Me ajuda! — sussurro para o acinzentado, que sorri divertido. O garoto ignora, apenas olhando Kang me arrastar escada acima e Huening levar as três mochilas em seu ombro.

— Soobin, você pode tratar de vir aqui! — O ruivo olha sério para o Jeon, como se tivesse falando com uma criança ao fazer uma travessura. Ele faz um biquinho engraçado para Taehyun, suspirando derrotado ao segui-lo.

No quarto havia tanta coisa que mal sobrava espaço para nós. Huening Kai espalhava diversas roupas pelas camas, Beomgyu separava as maquiagens e Taehyun arrumava os sapatos no chão, enquanto eu e Soobin olhávamos tudo aquilo com um semblante de pânico dominando nossos rostos. Nunca havíamos ido todos juntos em uma festa, não tínhamos noção alguma de como eram esses meninos em preparação para comemoração, mas agora que descobrimos, preferíamos não ter tido a mínima ideia de como seria.

Eles estavam mais agitados que o normal, combinavam roupas sobre a cama para terem uma noção de como ficaria e em seguida as jogavam em outro canto, por não terem gostado do resultado. Parecia mais que estávamos prestes a desfilar em uma passarela invés de ir numa festa para adolescentes. Taehyun já nem se importa mais para os olhares em si, trocava tanto de camiseta que mal havia tempo para reparar; Kai encarava todo aquele alvoroço em busca de uma luz que o fizesse descobrir qual a melhor coisa para se vestir; Beomgyu estava sentado no chão ao meu lado mexendo no celular, e hora ou outra seu olhar caía sobre o corpo do Kang a poucos metros de distância de nós; já Soobin olhava para o nada com um certo desespero assombrando seu rosto, e eu não estava muito diferente.

— Meninos... Minha nossa o que está acontecendo aqui? — Viro a cabeça em direção à porta do cômodo e vejo meu pai apoiado no batente, encarando tudo de olhos arregalados.

— Eles estão tentando se arrumar para a festa de hoje — Soobin o responde.

— Como é bom ser jovem. — o azulado mais velho sorri nostálgico. Acabo dando uma risadinha. — Vocês vão sozinhos, certo? — Todos concordamos com a cabeça e ele continua: — Tomem cuidado viu. O mundo não é o mesmo quando eu tinha a idade de vocês. E misericórdia, arrumem esta bagunça antes de saírem, pelo amor de Deus!

— Sim, senhor! — Respondemos em sintonia prestando continência, logo vendo papai sair dali acenando a cabeça, provavelmente indo em direção ao seu escritório, como sempre fazia.

— Não dá gente, eu desisto — O estadunidense reclama em derrota, se jogando na cama de Soobin.

— Eu também — Tae o imita, logo deitando sobre o corpo do mais novo, que resmunga pelo peso jogado em si.

— Vocês são um desastre! — O Park pestaneja ao meu lado visivelmente irritado, levantando preguiçosamente ele joga seu celular na cama ao lado e começa a separar as vestimentas — Deixem comigo, eu escolho as roupas para vocês.

— Tem certeza que deixar você fazer isso vai ser uma boa ideia? — questiona Kai. — Não confio no seu senso de moda gótica rockeira. Meus olhos são muito lindos para deixar eles pretos, cabeça de pomba.

Taehyun ri do apelido que Kai fala para deixar Beomgyu estressado. Sempre funciona.

— Vou fazer você se arrepender de ter dito isso — O acinzentado rapidamente lhe lança um olhar mortal, voltando ao seu trabalho instantes depois.

No final deu tudo certo, Beomgyu escolhera roupas maravilhosas para nós cinco, todas em tons variantes de preto e branco, com também diversos acessórios combinando entre si, nos dando um ar diferente do normal. Parecíamos carregar uma aura forte, que marcava uma certa presença, diferente da alegre e espontânea comum que tínhamos.

Taehyun e Huening haviam feito um ótimo trabalho com as maquiagens também, conseguindo suavizar nosso olhar e equilibrar perfeitamente com toda nossa vestimenta. Eles realmente tinham um talento com isso. 

— Uau, estamos incríveis! — Soobin exclama boquiaberto nos observando pelo reflexo no grande espelho do quarto. — Eu não sabia que vocês eram bons nisso.

— É nosso talento secreto — Tae brinca.

— Não conta pra ninguém, Soobin — Hyuka pisca, comprimindo a boca.

— Vocês são um pé na bunda — Beomgyu resmunga, rolando os olhos. — Meu gosto para roupas é perfeito, vocês apenas não acreditam porque preferiam ficar em casa assistindo filme de princesa a ir para às festas comigo, seus traidores!

— Eu aposto que os nossos filmes são bem melhores do que um monte de adolescentes bêbados e dançando colados em um só lugar — rebato sua afronta. Sim, afronta, pois falar mal dos meus filmes de princesas é exatamente isso que significa.

— Essa ideiazinha da sua cabeça mudará ainda hoje. Espere e verá meu consagrado — Gyu pisca convencido em minha direção. Nada mais digo, apenas solto um pesado suspiro e o choramingo, começando a arrumar toda a desordem do quarto, sendo seguido pelos outros quatro garotos.

A bagunça que ali antes estava encontrara seu lugar de origem: todas as três mochilas que os garotos trouxeram, e assim que checamos as horas pudemos perceber que gastamos tempo demais arrumando tudo, a festa já deveria ter começado. Mas é como sempre dizem, chegar atrasado em uma festa tem suas vantagens, os olhares das pessoas que já se encontram no local são direcionados para você assim que passar pelo hall de entrada, e com isso muitos cochichos sobre sua aparência preenchem o lugar. Bom, relatos apenas de pessoas que foram em eventos como esse e além dos acontecimentos de filmes clichês adolescentes, não tenho experiência nenhuma nesse quesito.

Mas de uma coisa eu sei. Chamar atenção é comigo mesmo.

Nossa ideia a princípio era chamar um Táxi para nos levar até a casa de Lia, mas estamos em cinco, então certamente o motorista recusaria carregar um passageiro a mais, resultando em termos de pagar mais um automóvel, portanto para não gastar tanto dinheiro desnecessariamente vamos caminhando até nosso destino, que não se residia tão longe de minha casa.

A caminhada durou cerca de vinte minutos, nossos passos eram apressados, todos estavam empolgados por irem para a farra, como diz papai. A conversa fluiu divertidamente durante esse tempo, o que acabou me fazendo ficar desatento ao caminho e isso provavelmente faria com que eu tivesse que usar o GPS para ir embora.

De acordo com Beomgyu, que sabia de cor o caminho para a casa da garota, já estávamos de frente à residência. De fato os boatos que rondavam a escola eram reais, Lia vivia mesmo em uma mansão.

Caralho.

Estamos em um dos bairros mais ricos de Seul, e chegamos em uma das casas mais belas daquela redondeza. Ela era imensa, continha um gigante gramado verdinho com alguns arbustos silvestres em sua frente, onde um caminho feito de pequenas pedras ladeadas com luzes de led que brilhavam e mudavam de cor em sintonia. O casarão continha três andares, com portas de vidro enormes nos lugares de algumas paredes de concreto. Era uma casa moderna, feita toda em tons de cinza e branco, banhada ao luxo. Ao fundo da enorme construção era possível ver a gigantesca piscina com luzes ao fundo, a deixando mais bonita ainda.

Fico boquiaberto com tudo o que vejo.

— Os boatos são reais — Kai comenta tão abismado quanto eu.

— E bem reais — Tae sussurra também desacreditado.

— Eu sabia que a família de Lia tinha uma boa situação financeira, mas não fazia ideia de que era tão boa assim — Soobin estava de queixo caído.

O único que não tinha nem um mísero pingo de surpresa em seu rosto era Beomgyu, na verdade ele parecia mais entediado em ver nossas reações.

— Vamos entrar — diz o Park ríspido, afugentando suas mãos no bolso da calça.

Caminhamos pelas pedrinhas coloridas até chegarmos na enorme porta de madeira da residência, conforme nos aproximávamos era possível ouvir o som retumbante da música elétrica que tocara.

Sem nem precisarmos bater na porta ou abri-la sozinhos, Lia aparece na entrada com um sorriso de orelha à orelha. Ela estava vestida com um elegante vestido preto brilhante, bem colado em seu corpo, realçando suas curvas. Usava também saltos pontiagudos da mesma cor e acessórios com pedras luminosas, provavelmente alguma jóia bem caríssima, suponho até que sejam feitos de diamantes. A roupa poderia parecer simples, mas tinha um toque elegante, e com certeza aquilo tudo valia bem mais que o carro de papai, ou até mesmo nossa casa.

— Olá, garotos! — Ela cumprimenta todos nós com beijo na bochecha menos Beomgyu, que encarava tudo com desgosto.

Ela para seu olhar em mim.

— Yeonjun, você está muito lindo. Na verdade todos estão — elogia e eu retribuo seu sorriso. — Finalmente vocês vieram em uma festa. É bom ver rostos novos — Comenta, estalando a língua.

—  Vamos ver se os boatos eram verdadeiros que sua festa são as melhores — Taehyun disse, fazendo Lia rir.

— Vai saber a resposta quando a festa acabar, aí você me fala. Não posso perder para o Daniel do último ano.

— A última festa dele falaram que foi um desastre — Kai coça a testa.

— Prometo que ninguém aqui vai vomitar nos pés de vocês e a comida é infinita — A garota avisa, fazendo Taehyun e Kai assentirem risonhos. Lembro que foi a piada do mês dos alunos da escola depois que a notícia veio à tona pelas páginas de fofocas. — Estou feliz por ver você, Soobin. Espero que aproveite e extravase nessa festa.

Ele tosse.

— Isso eu não garanto, Lia.

— Mas quero vê-lo se divertindo.

— Vou tentar.

— Já é um avanço você ter vindo, então não irei reclamar! — Ela bate palminhas, sorrindo minimamente.

— Verdade — Concordo e Soobin da um tapa levemente na minha nuca.

— Bom, não vou atrapalhar mais vocês — Lia fala, dando passagem para entrarmos. — Se precisarem de alguma coisa, não hesitem em me procurar.

Quando rumamos para dentro, escuto Beomgyu sussurrar baixinho ao meu lado:

— Até que enfim ela nos deixou entrar, pensava que teria que pular a janela dessa mansão.

Olho ao redor e vislumbro muitas pessoas nos encarando atentamente, talvez pelo efeito do atraso, ou por estarmos simplesmente lindos. Eu sempre fui, não é novidade receber olhares admirados das pessoas. Beomgyu mandou muito bem escolhendo nossas roupas.

Posso notar que a sala de estar havia sido um pouco modificada para a festa, os sofás brancos estavam afastados do centro, lugar este que havia uma enorme pista de dança com faróis de luzes coloridas por toda parte do teto. Mais a esquerda do local é possível ver a mesa do DJ, e o cara que estava lá não me parecia exatamente estranho. Não consigo enxergar seu rosto direito devido a multidão ali ao redor e a luz ofuscante.

— Caramba, vocês vieram! — Uma garota de cabelo rosa e curto se aproxima de nós com um copo na mão. Era Ryujin. Diferente da dona da festa, a Shin usava um cropped azul de magas compridas com detalhes brancos com um short preto curto bem colado em sua cintura, que combinava perfeitamente com suas botas de cano alto também pretas.

— Ryujin, que bom ver você por aqui — sorrio ameno a abraçando com carinho. — Você está linda! — A elogio, afinal, ela estava deslumbrante, e é sempre bom ressaltar a beleza de um amigo.

— Eu que digo isso, vocês todos estão lindos! — profere nos olhando de cima a baixo. — Deixe-me adivinhar, você que vestiu eles, certo? — Questiona meu melhor amigo.

— É tão óbvio assim? — Ele responde com um sorriso de canto.

— Claro! Eu olho estas roupas e elas instantaneamente gritam "Beomgyu!" — ela ri. — Você tem um bom gosto para isso.

— Eu disse isso para eles — comenta indicando nós quatro com o polegar — mas ninguém acredita em mim — joga os ombros pra cima em seguida.

— Vocês deveriam escutar mais o Beomgyu, ele sempre está impecável nas festas — Ela nos repreende, dando um gole em sua bebida. — Como vocês não conhecem a casa, peçam a esse ser de cabelos cinzas para levá-los até o balcão de bebidas. Preciso ir, Yuna e Chaeryeon estão me esperando perto da piscina. Apenas vim pegar um drink, caso precisem de mim já sabem onde vou estar — Ela manda um beijo do ar para nós e se vira para ir embora, mas para abruptamente no meio do caminho. — E Soobin, cuidado para não esbarrar em alguém e derrubar o conteúdo de seu copo na sua blusa de novo — A garota da uma risada abafada pelo som da música, por fim caminhando para longe dali, deixando Soobin tímido com o que ela havia falado.

— Será que ela nunca vai esquecer isso? — Jeon grunhe, tampando a boca para conter um sorriso.

Beomgyu rapidamente nos levou ao bar, sem ao menos hesitar por pensar se ficava realmente naquela direção, ele parecia conhecer tão bem a casa quanto a própria dona dela.

Estávamos em uma sala enorme, que continha centenas de bebidas dos mais variados tipos e cores em prateleiras por todas as paredes, e um grande e luxuoso balcão no canto do cômodo pouco iluminado, com banquetas para sentarmos. Haviam ali dois barmans, eles não pareciam ser muito velhos, no máximo teriam 21 anos, e suas habilidades em fazer drinks eram incríveis. Eles faziam um malabares com os copos e os líquidos, ver aquilo era como assistir a um espetáculo.

Nos aproximamos do local e sentamos nas banquetas, como nós quatro não somos acostumados a beber, preferimos pegar apenas alguns energéticos para tomar, entretanto, o Park ao meu lado pedia ao barman uma mistura de bebidas das quais nunca ouvi falar, que resultaram em um líquido azul cintilante sendo despejado no copo em que meu amigo usava.

— Beom, você é menor de idade, certeza que pode beber isso? Não é muito forte? — Taehyun perguntava, perplexo.

— Relaxa Taehy, estou habituado com bebidas assim — responde descontraído. O ruivo ainda o observa desconfiado com suas palavras em silêncio, fazendo Beomgyu bagunçar levemente os fios vermelhos de Kang.

— Mas Gyu, seus pais deixam você beber? — Kai arqueia uma sombrancelha, a voz inteiramente arrastada de preocupação pelo acinzentado.

— O Jimin não gosta que eu beba, diferente de Yoongi que não se importa muito, ele diz que devo aproveitar minha juventude, contanto que isso não me afete muito. Não bebo a ponto de ficar bêbado, só levemente alterado. Meu fígado tem limites, não se preocupem — Ele sorri terno ao estrangeiro, este que suspira consternado.

Olho para Soobin, que parecia quieto demais, talvez estivesse meio deslocado, ele assim como eu nunca havia ido a uma festa tão grande e cheia de adolescentes, mas o fato dele ser bem tímido pode acabar o deixando desconfortável. Tento perguntar o que está havendo, mas assim que abro a boca para falar ele me olha e diz:

— Vou procurar Yeji, não a vi em lugar nenhum, queria dar um oi — Ele se levanta da banqueta e todos levantamos para o seguir.

— Nós vamos também — Tae diz.

— Não quero incomodar vocês com isso — Ele fala, suspirando. Assim que estava prestes a sair do cômodo a garota na qual ele procurava atravessa a porta. Ela vestia um cropped preto de mangas longas, uma saia de pregas da mesma com pequenos detalhes em azul e um par de coturnos brilhantes nos pés. Em seus cabelos mexas azuis coloriram seus fios soltos — que era algo raro —, e caídos aos ombros, com pequenos coques no topo de sua cabeça, a dando um ar fofo e sútil.

— Soobin! — Ela o abraça timidamente.

— Estava indo te procurar agora mesmo, não havia te visto ainda, e a propósito, você está incrível! — diz empolgado, logo depositando um afago carinhoso no topo da cabeça da Hwang, que agradece e retribui o elogio.

— Você não está nada mal, Soo.

— Deveria deixar seu cabelo mais vezes solto assim, fica lindo! — Soobin diz.

— Quem sabe...

— O que faz no bar? Você bebe? — pergunta, apoiando seu braço no ombro da garota. A amizade deles era maravilhosa.

— Eu não gosto de beber nada alcoólico, vim apenas pegar uma bebida para Lia, prefiro meu suco de laranja — Ela chacoalha levemente o copo em sua mão.

Os três meninos ao meu lado já estavam em uma conversa animada que nem prestavam mais atenção em Soobin, tentei fazer o mesmo que eles mas meu foco não desviava de si e da garota de pequenos olhos à sua frente.

— Aqui tem suco? — questiona olhando rapidamente ao redor, logo tombando a cabeça para o lado por não achar o que procurava. — Não vi nada.

— Tem na cozinha. Lia compra suco apenas para mim, ela sabe que não gosto de bebidas então sempre deixa na geladeira para que eu não fique sem nada para beber — Um pequeno sorriso brotou em seus lábios. — É de laranja, você quer? É bem melhor do que isso aí que está bebendo — Ela faz uma careta ao se referir ao copo de energético nas mãos de Soobin, que ri minimamente.

— Não precisa, até que isso aqui é bom. Você precisa pegar a bebida pra Lia, ela deve estar te esperando. Desculpe se atrapalhei.

— Você nunca me atrapalha, pelo contrário! Se precisar de mim ou apenas quiser conversar, estarei perto da pista de dança — Yeji diz por fim, indo ao bar pedir um drink para sua amiga, deixando o garoto mais alto de fios escuros sorrindo em sua direção.

Assim que Yeji nos cumprimenta cutuco Huening para avisar a ele que iria atrás de Ryujin, ele concorda com a cabeça e decide por vir junto comigo, assim como Beomgyu, Taehyun e Soobin.

Com o Park nos guiando pela casa, chegamos na área dos fundos, onde pude vislumbrar por completo a enorme piscina dali. Suas luzes piscavam calmamente entre tons aroxeados e o azul safira, dando a impressão de que a água fosse colorida. Olho ao redor e noto como aquele espaço era luxuoso por possuir uma parte sendo coberta por uma telha de vidro. Diversas espreguiçadeiras estavam espalhadas alinhadamente pelo local, e algumas embaixo de grandes guarda-sóis feitos de madeira, localizados no centro de algumas mesas, estas muito bem iluminadas pela luz de led do objeto acima. Cerca de uma dúzia de adolescentes se encontravam ali, estes que estavam concentrados em pequenos grupos conversando calmamente. Provavelmente os que vêm aqui não gostam muito do tumulto que fica na parte de dentro.

Corro os olhos pelas poucas pessoas do lugar, encontrando sem dificuldade a garota de cabelos coloridos que eu procurava.

Ryujin estava sentada com duas garotas em pequenos bancos em uma área bem iluminada do local. Caminhamos em passos curtos e calmos até as três, que conversavam animadamente. Elas se encontravam de costas para nós, o que facilitou para eu dar um pequeno susto em Ryujin, esta que, após meu ato, deixou um tapa estalado em meu braço, me causando uma leve ardência no local.

— Não faça isso, Pocoyo! Quase que eu caio do banco — diz esboçando uma expressão indignada com a mão sobre o peito, bem onde se localiza o coração.

— Passou no teste de drama, foi Ryunjin? — provoco, vendo ela mostrar o dedo do meio pra mim.

Chaeryeon solta uma gargalhada.

— Nem me lembrava mais desse apelido do Yeonjun — fala, entre risos.

— Vou chamá-lo assim até quando eu estiver no velório dele — Ryujin me joga um beijo e eu faço cara de nojo, só para provocá-la.

— A amizade de vocês é engraçada — Yuna comenta pela primeira vez, logo após desvia seu olhar para os garotos que estavam junto a mim. — Acho que eu não te conheço ainda, você é…

— Jeon Soobin, filho do namorado do pai dele — diz o garoto apontando para mim.

— Ah, então vocês são praticamente irmãos — A Shin de fios loiros, preso em uma trança caída na lateral de seu pescoço esguio, faz o comentário com seu rosto iluminado, como se houvesse desvendado um grande enigma.

— Pobre coitado, aguentar o Yeonjun como irmão não deve ser pra qualquer um. Aliás, meu nome é Chaeryeon, sou irmã da Chaeyeon do terceiro ano — Chae diz, contornando um sorriso animado.

— Nós duas somos do grupo de líderes de torcida do New Rules — Yuna declara.

— Elas são muito talentosas — Taehyun as elogia e Kai concorda, deixando ambas meninas sorridentes.

— Quanto favoritismo — Ryujin revira os olhos.

— Não se preocupe Ryu, você é minha jogadora favorita — Beomgyu pisca para ela, que dá um leve soco no ombro dele.

Nos juntamos a elas e sentamos nos outros bancos ali restantes, começando a conversar em seguida. A conversa fluía bem, até eu perceber que Soobin estava se sentindo um pouco deslocado, talvez por não ser próximo de todos ali, então sussurro à Ryujin para que ela tente fazer o Jeon se sentir mais a vontade com ela e as meninas, já que a de fios rosa era ótima para se enturmar.

Um tempo depois o desconforto de Soobin pareceu diminuir, dando espaço a alegria e diversas risadas em troca. Entretanto, como tudo o que é bom dura pouco, as pessoas que menos queríamos ver ali deram as caras.

O grupo de Hyunjin estava perto da piscina, quase todos possuíam copos em suas mãos, Jeongin era o único de mãos vazias. Eles conversam e riam em alto som, e vez ou outra algum deles flertava com um grupo de garotas amontoado perto da piscina, principalmente por parte do líder. Alguns deles viram nossa presença e nos olharam com repúdio.

— A presença deles me irrita — Chaeryeon resmunga.

— A existência deles me irrita — Ryujin estala a língua no céu da boca, lançando um olhar enojado aos seis garotos próximos a nós. — Tive uma ideia! Vou colocar lenha na fogueira — Ela sorri maliciosa, como se tivesse um plano impulsivo na mente. Eu conhecendo minha amiga a um tempo, sei que meus instintos nunca mentiam. Ryunjin se levanta e Yuna segura seu pulso rapidamente.

— O que você vai fazer? Ficou louca?

— Vou apenas me divertir, não se preocupe... — Ela se solta da mão da outra Shin, e a seguimos com os olhos focados e ouvidos bem atentos, para notar todos os mínimos detalhes dos acontecimentos a seguir.

A garota seguia em passos lentos e fingia estar distraída com alguma coisa, mas o sorriso travesso que brincava em seus lábios denunciava que ela estava prestes a aprontar. Ao passar por eles, a Shin esbarra com uma certa força no braço de Jisung, que estava parado na borda da piscina, resultando no menino caindo de costas na água.

O barulho do garoto caindo na piscina foi o suficiente para todos com feições estarrecedoras e surpresas. A maioria tiraram fotos, deixando um Jisung furioso ao esfregar os olhos pela ardência repentina do cloro da água.

— Nossa, como eu sou desastrada! — a Shin faz uma voz falsa. — Fiquei  pensando em qual bebida pegaria que nem vi você — comenta olhando toda inocente para Han.

— Sua… — Ele provavelmente a xingaria de diversos palavrões diferentes, mas Hyunjin o corta.

— Saia rápido daí, não perca seu tempo com pessoas desse nível — debocha, olhando presunçoso minha amiga da cabeça aos pés.

— MAS ELA FEZ DE PROPÓSITO, VOCÊ NÃO VIU? — o garoto gritava indignado ainda dentro da água. As pessoas em volta riam.

— E você está irritado por causa de alguém fútil? Faça-me o favor, Han — Hwang suspira irritado, se virando e saindo para dentro da casa, ignorando os resmungos de desaprovação do amigo.

— Hyunjin, espera! — Jeongin apertou o passo para alcançar o garoto.

— Você está parecendo um esquilo molhado — zomba Changbin, o garoto mais baixo do grupo, que sempre vestia preto e tinha uma cara de que mataria alguém a qualquer momento ria da cara de Jisung, que saia da piscina completamente encharcado.

— Me erra seu anão!

— Você é só um centímetro maior que ele, Ji — Minho deu risada.

— Não te perguntei nada. Agora vamos sair logo daqui! — diz com a voz rouca de raiva, andando em passos pesados na mesma direção em que Hyunjin e Jeongin haviam ido.

— Jisung, a água estava gelada? — Ryujin grita devido a distância que o garoto já se encontrava.

— Se manca, garota!

— Desculpa, é que você é tão pequeno que eu nem te vi — Ela continua, cruzando os braços.

— Eu sou maior que você quando está sem esses saltos! — Han rebate, trincando o maxilar de ódio que se estivéssemos em um desenho animado seria possível ver fumaça saindo de seus ouvidos.

— Jura? Nunca reparei, você é muito insignificante para eu me importar — Ryunjin concluiu sorrindo lasciva, como se não tivesse acabado de insultá-lo.

— Escuta aqui, sua...

— Já chega, Jisung, vamos sair daqui — Changbin o empurra e eles saem de lá, deixando a garota de madeixas curtas sorrindo vitoriosa.

Assim que ela volta e se senta conosco a aplaudimos rindo de sua cara de pau.

— Você não tem mais jeito mesmo… — comento em meio as risadas.

— E quando que eu tive? — Ela cai na gargalhada.

Ficamos ali por pouco tempo, por Beomgyu dizer que precisávamos aproveitar a festa direito ao invés de ficar só conversando. Entramos na casa e fomos na multidão até a pista de dança. Soobin, Huening Kai, Taehyun e eu não fazemos a mínima ideia de como dançar em uma festa, mas era incrível como nossos corpos conseguiam se mover em sincronia com a música, fazendo-nos dançar livremente no meio de várias pessoas. 

Um filete de suor escorria por minha testa, parecendo que eu fiquei bêbado apenas pelo o energético em mãos. Meus sentidos estavam uma loucura.

Era divertido ficar ali, aproveitando e dançando remix aleatórios. Bebi vez ou outra o energético, mas tudo só tinha graça porque eu estava com meus amigos. Esses quatro garotos conseguem me trazer uma alegria irrefragável, eles preenchem aquele vazio no meu peito, com eles eu posso ser forte para superar minhas dores. Tanto que posso mostrar minhas fraquezas sem medo. Posso dar um tiro no escuro e acertar o alvo, porque confio neles mais do que em mim mesmo e sei que eles me ajudariam com tudo o que fosse preciso.

Acabo sorrindo absorto nessas divagações do momento, percorro os olhos pelo local procurando cada um dos garotos que estavam perto. Não vejo Jeon em nenhum lugar.

Será que desistiu e foi embora?

Vou até o lado de Taehyun e elevo meu tom de voz no seu ouvido para e escutar.

— Você viu o Soobin? — Ele olha em volta e sacode a cabeça em sinal de negação. — Obrigado. 

Abro passagem entre as pessoas para ir no banheiro. O do primeiro andar estava ocupado, então opto em ir no outro andar, subindo as escadas espirais para ver se o acho. Haviam diversas portas, eu poderia me perder facilmente ali, mas encontro uma que estava entreaberta e deduzo ser a porta que eu procurava, e minha suposição estava certa. Após sair do banheiro, naquele mesmo corredor extenso pelo qual eu entrei a procura do mesmo, vejo três garotos em um lugar mais afastado, estes que não havia reparado antes devida a minha total atenção em achar a bendita porta que eu tanto procurava. 

Eram Soobin, Felix e… Bang Chan? 

O que o moreno estava fazendo com esses dois meninos? Ele com certeza vai se meter em algum problema. Para verificar se eles conversavam sobre algo suspeito, fico ali na porta, com os ouvidos bem atentos na conversa alheia. 

— Chan, certeza que não estamos te incomodando? — Soobin pergunta, receoso.

— Verdade, você precisa tomar conta das músicas — Agora foi a vez de Felix se pronunciar. 

— Não se preocupem meninos, deixei uma playlist com meus remix na ordem para tocar, tenho mais tempinho para ficar aqui com vocês — O australiano-coreano sorri para ambos os garotos preocupados. 

Não consigo ouvir mais de sua conversa, um grupo de amigos chega na ponta do corredor, e um dos garotos parecia extremamente bêbado. Eles entram no banheiro em que eu estava e colocam o menino embaixo do chuveiro, com a água gelada. 

— Eu falei para ele não beber tanto, mas ele me escuta? Dizer algo para esse daí não adianta nada, entra por um ouvido e sai pelo outro! — O mais alto dos três ali resmungava. 

Decido sair dali o quanto antes para não atrapalhar. Aperto os passos para não chamar a atenção de Soobin e os outros dois estrangeiros suspeitos. 

Depois eu perguntaria a ele o que fazia com esses dois. Eles não são confiáveis, podem muito bem estar tentando levar Jeon para o caminho errado por baixo de seu nariz. Chan era do grupo de Hyunjin, e Felix poderia ser um deles, talvez apenas estaria escondendo este fato.

Assim que termino de descer todos os degraus da escada esbarro sem querer em alguém. 

— Desculpa — dizemos uníssono. Assim que nos desculpamos paro para analisar a pessoa.

— Jake! Não sabia que você viria — falo, animado em vê-lo.

— Eu planejava ficar em casa assistindo Bob esponja com o Sunghoon e o Jungwon, mas o Heeseung insistiu em nos apresentar o novo amigo dele hoje — comenta indicando com a cabeça os amigos que estavam no sofá da sala, afastados da pista de dança. — O que faz aqui também? Pelo o que eu me lembre você não curte festanças.

— Todos meus amigos queriam vir, além de Soobin ficar infernizando no meu ouvido sobre isso. Meu pai me mataria se ele fosse sozinho em um lugar desses — explico, exalando o ar entediado.

— Que fofinho você todo preocupadinho com o irmãozinho.

— Para de falar no diminutivo, parece um idiota — Faço cara feia e Jake ri.

— Eu não só pareço como sou também. Agora vamos, vou te apresentar o Jay, ele é super gente boa — Não tenho tempo de negar por Jake me puxar firmemente pelo pulso até seus amigos. 

Chegando lá Sunghoon me cumprimenta e Heeseung apenas grunhe, ele parecia estranho, até mesmo um pouco alterado. Ele havia bebido?

— Jay, este é o Yeonjun — O australiano aponta para mim. — Yeonjun, este é o Jay, ele é estadunidense, veio para cá a alguns anos, e se mudou para a nossa escola este ano e caiu na sala do Heehee. Engraçado, parece que todo estrangeiro vai para nossa escola — Shim refletia.

— É o que eu sempre falo... — assopro.

— Jake, cala a boca… — Heeseung murmura. Resolvo ignorar o jeito estranho do Lee e cumprimentar o novo amigo deles. Jay era da minha altura, tinha cabelos loiros com as pontas roxas e um jeito confiante de si.

— Oi, prazer em conhecê-lo — digo apertando sua mão.

— O prazer é todo meu — ele retribui meu ato e sentamos no sofá em seguida.

— O que aconteceu com o Heeseung? — Indago.

— Ele bebeu um pouco porque está triste. O Niki brigou com ele pelo fato de não aguentar mais ser tratado como um bebê — Sunghoon responde dando de ombros.

— Ele… é o mais novo, precisa ser… tratado como um bebê! — Lee balbuciava enrolado, parecia que iria chorar pela voz embargada. Quase dou uma risada pela cena.

— Hee eu já te disse pra mimar o Sunoo, ele ama ser mimado! — Jake alisa as costas do amigo com sua mão esquerda.

— Mas o Deonu é mais velho que o Niki! — Heeseung continuava a argumentar.

— Você está mais chato que o Sunghoon, onde já se viu uma coisa dessas? — O australiano pensa em voz alta, o que lhe resulta em um tapa dado por seu melhor amigo.

A música alta que tocava para do nada e um barulho estrondoso de batidinhas em um microfone foi-se ouvido. Nos viramos para o local de onde vinha o som e encontramos Lia querendo falar algo.

— Pessoal, que tal fazermos um jogo? — Ela pergunta e várias pessoas vibram em animação. — Ele se chama The King. As regras são simples; é um jogo de cartas, bem parecido com verdade ou desafio, mas este tem apenas desafio. Temos um baralho como estão vendo — Lia mostra uma caixinha de cartas em sua mão — ele é feito especialmente para este jogo, então nele temos cartas numeradas de 1 à 49 e um rei; as cartas serão espalhadas pelo chão e deveremos pegar uma na sorte, quem conseguir o rei precisará escolher um ou mais números para fazer o desafio que ela escolher, mas claro, ela não pode saber quem tirou esses números escolhidos. Veremos para quem a sorte sorrirá — um sorriso desafiador surge em seu rosto. — Quem vai jogar?

Várias pessoas levantam suas mãos animadas e quando menos percebo Jake levanta a minha, mas tem a dele abaixada.

— Mas eu não quero jogar! — reclamo, desesperado.

— Mas vai, este jogo é legal — Ele responde.

— Então por que você não joga?

— Tenho um bêbado para cuidar — Responde indicando Heeseung com a cabeça.

Lia nos organizou em uma roda no chão da sala, próximo aos sofás, e quem não queria jogar tomou a liberdade de ir para o lado de fora, para perto da piscina ou ficar no bar. Dou uma rápida olhada por todos sentados ali junto a mim e vejo pessoas que eu já imaginava que participariam da brincadeira como Minho, Jisung, Ryujin e Beomgyu, mas me surpreendo por não encontrar Cangbin, Hyunjin, Seungmin e Jeongin ali no meio. Levanto meus olhos para a pessoa de frente a mim, do outro lado deste círculo mal feito e posso vislumbrar quem eu menos esperava. Soobin. Ele estava ao lado de Felix, possivelmente o ruivo teria o incentivado a jogar.

Exatas cinco rodadas se passavam, e os desafios foram banais como "número 15, abrace o nume 23", "número 5, beije a bochecha do número 8", e assim por diante. Até que chega na sexta rodada.

As cartas foram espalhadas aleatoriamente pelo chão e a contagem para pegar uma carta em meio às 36 pessoas que jogavam começa.

— 1, 2, e… 3! — Lia diz e todos disputam por uma carta rapidamente.

Pego a minha e olho o que saiu. Era um simples 7, só espero que se eu for escolhido, seja um desafio bobo como os anteriores.

— I'm the King! Ou melhor… the Queen — Ryujin mostra seu rei, jogando os cabelos atrás do ombro.

— Pense bem no que vai dizer, Ryujin — Kangmin ao meu lado diz à garota.

— Pode deixar! — Ela exclama e coloca o dedo nos lábios, um característico sinal de quando ela está pensando em algo — Hmm… número 21, você deverá ficar sentado no colo do número… 6! Sim, durante mais três rodadas — A de madeixas cor-de-rosa sorri malandra. Escapei por pouco desta.

— Obrigada por colocar um pouco de animação aqui, Shin — Hangyul agradece.

— Vamos, quem são? — Ryujin questiona curiosa.

— Eu sou o 6… — Choi San levanta sua carta.

— E eu o 21 — Wooyoung sorri tímido.

Com isso Wooyoung levanta e caminha em direção ao Choi, sentando-se em seu colo. Os dois eram melhores amigos, mas era notável que ambos sentiam algo além disso um pelo outro, mas não falavam nada entre eles. San sorri abraçando a cintura de Jung, logo depositando um beijo na bochecha do loiro.

— Tão fofos — Ryujin manda um beijinho para eles. — Agora próxima rodada!

Jogamos nossas cartas no centro da roda e embaralhamos, ouvindo a contagem mais uma vez. Agora que as coisas haviam saído um pouco do modo fácil, meu nervosismo havia duplicado.

Pego minha carta e a seguro com força em minhas mãos. Número 26.

— I'm the King! — Lia sorri virando sua carta. — Finalmente, estava ansiosa para pegar isso. Deixe-me pensar… — A garota morde levemente seu lábio, olhando para o teto em busca de algum número para dizer. — Números 15 e 20 — ela dá uma pausa, olhando ao redor, logo sorrindo ao focar seus olhos em Felix e Soobin, que aparentavam estar nervosos, logo seu olhar se dirige a mim, e seu sorriso cresce mais ainda, quase rasgando seu rosto — Dêem um selinho durante cinco segundo.

Os garotos à minha frente se encaram, e Jeon engole em seco.

— Vamos, quem são os sortudos? — Lia parecia eufórica.

— 15… — Felix levanta sua carta.

Espero que ele beije um bêbado com bafo de bebida, só para aprender a não invadir a vida dos outros e agir como se já tivesse intimidade a tempos, assim como fez com Soobin!

— 20.

Meu corpo congelou.

Não consigo acreditar no que havia acabado de escutar. Deve ser apenas um delírio da minha cabeça, isso não pode ser possível, o destino não aprontaria uma dessas comigo.

— Felix e Soobin! Vocês ficam tão fofinhos juntos, formariam um belo casal — Lia bate palminhas de felicidade. — Espero que esse desafio seja fácil para vocês.

Soobin encara Felix aflito, mas o menor sorri terno para ele, buscando o acalmar e isso me irrita.

Este provavelmente seria o primeiro beijo de Soobin, e ele perderia o bv em um jogo. Isso não poderia estar acontecendo.

Felix sussurra algo no ouvido de Soobin, que sorri um pouco mais calmo, em seguida inclinando sua cabeça e tendo seus lábios selados pelo garoto de várias sardas no rosto.

Lee tinha a mão na nuca do Jeon, e este pousou sua mão delicadamente sobre o ombro do outro, apertando levemente. Tudo não durou mais do que cinco segundos, pois a contagem que eu ouvia das pessoas à nossa volta me fazia acreditar nisso, mas minha mente me dizia ao contrário. Era como se meu mundo tivesse parado, e era possível ver apenas os dois ali, se beijando, em um tempo infinito.

Assim que a contagem termina e o beijo acaba, os dois sorriem ainda de olhos fechados, Felix abre os olhos e deposita um leve beijo na bochecha direita do moreno, o fazendo abrir os olhos e sorrir envergonhado.

Sinto um zumbido de aplausos das pessoas ao redor depois do espetáculo do desgraçado do Lee. Não consigo raciocinar direito e me levanto apressadamente com o coração batendo depressa. Milhares de coisas invadem minha cabeça e ela começa a latejar de dor.

Beomgyu curva sua sombrancelha.

— Onde vai?

— Estou com sede, vou procurar alguma bebida enquanto esse jogo continua — Não consigo reconhecer minha própria voz, pela a frustração corroendo minha alma.

— Eu vou com você — Beomgyu diz.

— Não precisa, pode continuar aqui. Qualquer coisa já sabe onde me encontrar — Sopro as palavras e saio andando até o balcão de bebidas. Minha visão ficou um borrão de cores ao me sentar em uma das banquetas.

Quero saber o porquê estou assim. E o melhor para pensar era tomar alguma bebida, não me importo mais em ficar mais alterado do já me encontro nessa festa aqui. O barman bonitão se aproxima da onde estou sentado. Ele deve estar me achando ridículo pela forma como eu puxava meus fios azuis com força para controlar essa raiva que surgiu do nada. É simplesmente uma evasão de emoções que não consigo saber o motivo.

— O que deseja? — perguntou simpático.

— A bebida mais forte que tiver, por favor — falo, amparando meu cotovelo no balcão.

— É só aguardar — Ele sai, pegando um copo e atendendo outra pessoa ao meu lado.

Alguns minutos se passam e o barman entrega meu pedido. Cheiro o líquido forte, com meu estômago quase vacilando. Eu não sabia que bebida era, mas pelo cheiro do álcool, isso ajudaria com o que está me perturbando.

Sorvo um gole pequeno, apreciando o gosto da bebida. Era bastante forte como eu havia pensado, e tinha com um toque amargo no final. Peço outra bebida igualmente àquela depois de tomar a primeira rodada. Quando estou no último gole da segunda bebida, sinto alguém pegar bruscamente o conteúdo de minhas mãos.

— Vai ficar bêbado desse jeito! — Taehyun tira o copo, colocando o mais longe possível do meu alcance.

— Pra quê isso? — pergunto, franzindo a boca.

— Eu que te pergunto! Você não bebia até algumas horas atrás, Yeonjun — Kai repreende.

— Não posso experimentar coisas novas? — torço o nariz.

— Claro, mas não encher a cara de álcool! — Taehyun disse gritando. A sorte é que a música era alto o suficiente para alguém perceber além de nós.

— Suas pupilas estão até dilatadas — Escuto a voz de Soobin se aproximar e contive para não revirar meus olhos.

— Estão exagerando, nem estou tão alterado assim, só tomei dois shots.

— Estamos preocupados com você. Para de tentar agir como se fosse inteligente para lidar com isso sozinho — Não tinha notado que Beomgyu  estava do meu lado quando coloca a mão no meu ombro. Às vezes eu tenho medo quando ele está sério, assim como está me encarando agora.

— Certo — Abaixo a cabeça para meu colo e Kai estende uma garrafa d'água.

Eu pego sem hesitar, encostando meus lábios no gargalo da garrafa e a bebendo pela metade. A bebida misturando com a água era horrível, tentei disfarçar a careta pelo gosto descendo na minha garganta.

Kai me obrigou a tomar toda água enquanto fico sentado na banqueta. Toda minha cabeça está doendo. Parecendo o estou numa montanha-russa, deixando minha visão desfocada e giratória. Os meninos ficaram conversando ao meu lado, sem desgrudar seus olhos em mim. Agora estão me supervisionando para eu não pedir outra bebida. Estaria mentindo se dissesse que não estou arrependido de ter bebido essa porcaria. No outro dia ficaria com uma ressaca do caralho, acho que nem vou levantar.

Fico perguntando como Beomgyu aguenta, minha cabeça parece que vai explodir a qualquer momento, e olha que só bebi duas doses. Nunca mais vou subestimar ele. Beber é para corajosos.

Quando parece que tudo está ficando bem, a vida joga pedra em você. Nesse exato segundo, perscruto Hyunjin vindo com aquele sorriso que continha todas as mentiras possíveis de alguém. Ele era a própria denominação de babaca. Dessa vez ele estava sozinho, vindo bem na nossa direção. Como se adivinhasse que eu estivesse numa condição péssima causada pelo o excesso de bebida.

O Hwang para numa distância conservada de nós para eu não correr e socar aquela cara nojenta.

— Quanta honra ver você por aqui, Yeonjun.

— O você quer? — Indago, olhando por cima dos olhos.

— Fiquei impressionado de ver você em uma festa. Normalmente se esconde igual um bebê chorão nas costas do pai gay.

— Cala boca! — Me levanto rapidamente quase derrubando a banqueta.

— Isso é jeito de falar com as pessoas? — Ele cruza os braços, ainda no mesmo lugar.

— Vai embora, Hyunjin — Beomgyu aponta com o queixo o lado de fora do bar.

— Convenceu seus amigos a virem? Que impressionante — falou, se dirigindo a Gyu.

— Seus amiguinhos cansaram de você? — provoco e Soobin segura meu pulso, suplicando para eu parar.

— Eles vão ficar bem sem mim por uns minutos — Hyunjin diz cético, passando seu olhar diabólico para Soobin.

Sorriu malicioso.

— Imagina o que sua mãe irá pensar se souber que o filho dela anda beijando garotos em uma festa? Ela ficaria tão decepcionada.

— Para! — exclamo, minha voz se revestindo de fúria. Hyunjin é um covarde, usando as fraquezas dos outros como alvo para suas provocações maldosas. Quero chutar aquele rosto presunçoso dele sem ligar para consequências.

Olho de canto para Soobin que o encarava em um silêncio desconcertante.

— Minha mãe morreu... — Ele fala, recuando seus olhos para o chão.

— Além de ter um pai gay, ainda é um órfão negligente. Sua mãe deve estar se revirando no caixão — O desgraçado ri com escárnio. Soobin larga meu pulso, semicerrando os olhos em Hyunjin.

Eu vi como se tivesse fogo neles.

— Quanta vergonha — pontua o babaca e observo Kai dar um passo na direção dele.

— Sabe, Hyunjin — começa, parando bem na frente do garoto. — Você que é uma vergonha para todos. Ninguém aqui pediu um conselho sobre orientação sexual ou achamos que você tem alguma dignidade para falar desse assunto. Parece que esquece do seu amigo Jeongin, não é? Se coloca no seu lugar primeiro antes de abrir essa boca repugnante.

— Quem você pensa que é? — Hyunjin vociferou ao cerrar os punhos, fixando o olhar duro para Kai em sua frente.

— Eu sou uma pessoa que não preciso agir como um idiota e importunar os outros para ganhar atenção... — Nunca tinha visto Kai confrontar desse jeito, mas estou gostando. — ou achar que chamar alguém de gay é um tipo de ofensa para usar em brincadeiras. Apenas cresça!

Hyunjin grunhiu irritado, a respiração rarafeita enquanto dá um último olhar para todos ali e anda apressadamente no lado de fora. Saiu igual um redemoinho, esbarrando em algumas pessoas ao atravessar a porta.

Kai tem um sorriso satisfeito brincando em seus lábios depois do Hwang sumir.

— Eu estou alucinando? — Taehyun arregala os olhos para o caçula que vem para perto de nós.

— Quem é você e o que fez com Kai Kamal? — disse Gyu, sorrindo ameno.

— Eu esperava um soco do Yeonjun na cara de Hyunjin, mas recebi um Kai massacrando ele — O ruivo falou.

— Só disse o que aquele asqueroso precisava ouvir — Kai suspirou, pressionando os lábios em seguida.

— Mandou muito bem! — exclamei, sem esconder meu orgulho de ver aquela cena.

— Verdade — Soobin concorda. Todos olhamos para ele que parecia submerso nos seus pensamentos.

— Está bem, Bin? — Kai pergunta, segurando a mão dele.

— Estou melhor ainda depois de presenciar você discutindo com o Hyunjin — Ele sorri contido. Mesmo dizendo isso, era notório seus olhos ficarem profundos, indicando uma certa angústia se afirmar neles. Queria correr atrás daquele idiota só para jogá-lo do terceiro andar dessa mansão para ele quebrar uma perna ou um braço.

Kai o puxa para um abraço rápido.

— Vamos esquecer esse ocorrido. Temos uma festa para aproveitar — Taehyun deu um sorriso confiante para Soobin que apenas assentiu de imediato.

Tudo voltou o normal. Os meninos conversam entre si casualmente. Kai convenceu todos nós para tirar uma selfie juntos e depois enviou a foto para todos compartilharem. E o pior era que não foi apenas uma, ele insistiu para eu tirar várias com ele e os meninos. Uma mais engraçada que a outra. Não pude evitar de rir quando ele tirou uma foto do Beomgyu distraído fazendo uma careta de capivara. A contragosto o acinzentado deixou o caçula postar sua foto, desde que Kai comprasse um pacote de bala gelatina em formato de ursinho.

Ficamos um bom tempo nesse canto próximo ao balcão. Nisso, Kai pedia um energético atrás do outro enquanto Beomgyu dava gole numa bebida doce com gosto de chocolate. Eu pedi pra ele me deixar experimentar, me segurando para não pedir também.

Soobin tinha sentado numa banqueta perto de nós. Trocava algumas palavras com os mais novos, porém pude observar seu entusiasmo ao chegar na festa morrendo depressa conforme as horas se expandem. Uma dúvida incomoda meu peito quando o olho. Ele estava inexpressivo. Quero perguntar se está assim por Hyunjin ou aquele selinho que o idiota do Felix deu naquele jogo infeliz.

Seus dedos batucam na superfície lisa do balcão em sinal de incômodo. Tenho vontade de conversar com ele, mas não vejo alguma relevância que teria. Não posso dar um conselho, sendo que estou na mesma que ele, perdido nessas circunstâncias duvidosas. Soobin deve perceber meu olhar sobre si, que nossos olhos se encontram por alguns míseros segundos. Ele abaixa a cabeça e logo se levanta do assento. Olho de esguelda para ele caminhando para onde Taehyun e Kai estavam.

— Vou no banheiro — diz para os dois.

— Ficaremos nesse mesmo lugar até você voltar — Kai promete, contorcendo um sorriso convicto.

— Podem andar por aí. Qualquer coisa eu mando mensagem perguntando — Soobin deu de ombros.

— Esse lugar é melhor. Vamos ficar aqui se qualquer coisa acontecer — Taehyun interrompe.

— Vocês quem sabem — falou, acenando com a cabeça para os meninos e sumindo em meio a multidão.

Soobin não parecia bem. Mesmo que também seja prudência minha, deixá-lo ir sozinho pode acabar mal. Saio de meus pensamentos quando sinto um cutucão de Beomgyu ao meu lado.

— Yeonjun.

— Sim? — Me viro para ele.

— Você viu a Lia e o Hyunjin conversando em um canto daquela escada? — O acinzentado aponta aquela escada espiral lotada de pessoas.

— Não vi — enrugo a testa. — Mas por quê?

— Esses dois me parecem suspeitos.

— Talvez eles estejam ficando.

— Absolutamente não. Eles pareciam brigar pela forma como um olhava para o outro.

— Então não faço ideia.

— Não é coisa boa. Não vinda desses dois.

— Eu odeio o Hyunjin, mas a Lia fica sem sentido ela aprontar alguma coisa — falo, pensativo. — Bom, se isso envolver daquela vez no fundamental que ela colocou um pó na maquiagem das meninas, apenas para seu rosto ser o único sem manchas de alergia naquele concurso de qual garota tinha a pele mais perfeita da escola só para seu rosto aparecer na capa da revista, com certeza ela faria. Eu assino embaixo. — emendo. Beomgyu solta uma risada alta.

— Esse dia foi memorável! — Seus ombros sacode pelos risos.

— Nunca vou esquecer.

— Mas voltando ao assunto — ele cessa a risada, mordiscando o canto da bochecha. — Vou seguir esses dois mesmo assim. Posso perder minha chance de descobrir se estão tramando.

— Se você diz...

— Vou indo, depois volto para contar se consegui escutar algo importante — Da um tapinha no meu ombro antes de desaparecer do meu campo de visão.

Fico com a costela encostada no balcão, atento a tudo ao meu redor. O restante dos meninos riem juntos das fotos que tiraram. Meu corpo fica estático no lugar, mesmo eu querendo se juntar a eles. Mas minha energias e animação desceram pelo ralo.

Minha cabeça da voltas violentas. Um pouco talvez fosse pela bebida forte, mas no fundo tinha algo a mais. E o pior é que não sei do que pode ser. Toda minha garganta tinha ficado seca e não fazia muito tempo que tomei água. Meu paladar ainda estava com o gosto daquele líquido doce, onde eu havia roubado de Beomgyu alguns goles.

Taehyun e Kai conversam calmamente. Eles não iriam notar se eu pegasse mais uma bebida. Preciso limpar as divagações constantes.

Com esforço, minhas pernas se movem para uma banqueta afastada deles. Quando me sento perto da bancada vejo um brilho da tela de um celular iluminar. Eu não iria mexer, mas a foto de bloqueio do aparelho tinha a imagem de Taehyun, Kai, Beomgyu, minha e a de Soobin que tiramos alguns minutos antes.

Analisando melhor o celular, eu conheço muito bem de quem era o dono. Soobin tinha possivelmente esquecido. Mas ele disse que mandaria mensagem para os meninos se os perdessem. A explicação é que ele deveria estar muito inconsciente para esquecer seu próprio celular jogado aqui. Me sobrou uma opção que restou. Eu precisava encontrá-lo, não é normal isso. Soobin pode estar necessitando de alguém.

Não que eu seja a melhor pessoa para ajudar ele, mas vou tentar achá-lo e entregar seu celular. E se ele deixar, descobrir o que acontecendo.

Coloco seu celular no bolso da calça seguindo conforme ele havia dito para os meninos aonde estaria. Torço para não seja em mentira que eles esteja no banheiro de algum andar. Essa mansão é extensa e no máximo teria que revirar para procurar algum sinal dele. Me afasto silenciosamente dos meninos tagarelando, entrando no meio daquela multidão agitada pela música. O banheiro de baixo com certeza não é um lugar que Soobin estaria. Estava cheio de pessoas e como o conheço, sei que lugares calmos são sua morada.

Subindo aquelas escadas de deixar qualquer um tonto, sigo o corredor com alguns jovens se agarrando em um canto qualquer. Virando em um outro corretor, vislumbro a porta daquele banheiro que não tinha ninguém como o anterior.

Por ter uma sacada com uma porta de vidro, um vento pela noite estrelada, batia no meu corpo como se fossem ondas frias. Respiro fundo quando paro de frente para a porta. Aparentemente, parecia não ter ninguém ali. Empurro a maçaneta e adentro no cômodo com uma luz tremeluzente invadindo meus olhos.

Meu coração falha um compasso eu ter em vista o corpo de Soobin encolhido perto da pia. Fico enrijecido com o que vejo diante de mim. Ele estava com os joelhos tocando seu tórax, abraçando suas pernas; a cabeça baixada para seus pés. Sua aparência era de dor. Cabelos inteiramente desgrenhados, estes que estavam arrumados quando veio na festa. Eu queria abraçá-lo imediatamente ali, mas sei que seria assustador para ele. Não quero causar mais insegurança.

Limpo a garganta.

— Você esqueceu seu celular.

— Nem percebi — respondeu com uma voz fraca e controlada.

— Imaginei — me aproximei e estendo o aparelho para Soobin pegar. Ele ainda não havia erguido sua cabeça o que me deixa preocupado. — Toma seu celular.

— Obrigado — disse o pegando e colocando no chão ao seu lado.

— Por que ainda está aqui? — pergunto não querendo ser evasivo demais. Afundo meus dentes no lábio inferior esperando que ele olhasse para mim.

— Queria ficar sozinho, só isso.

— Então acho melhor eu ir — Giro os calcanhares para ir embora, mas sua voz me impede.

— Pode ficar.

— Tem certeza?

Ele eleva seu olhar sereno na minha direção.

— Sim — Forja um sorriso gentil. Evidentemente, isso bastou para eu descobrir o quanto ele estava mal.

— O que está havendo? — Arqueio uma sombrancelha, concentrado nos olhos amendoados dele.

— O quê?

— Não tente bancar o sonso comigo. Você ficou quieto depois que Hyunjin falou aquela merda sobre sua mãe. Eu posso ver pelo seu comportamento auto defensivo de querer disfarçar sua tristeza.

— Está bem — Um suspiro pesado escapa, como se ele prendesse o ar nos pulmões desde que chegou no banheiro. — Foi exatamente isso que me afetou.

Meio indeciso, me sento no chão gélido para ficar da mesma altura que ele.

— É compreensível e normal se sentir assim pelas pessoas que sentimos saudades — falo, o vendo fechar os olhos. Soobin iria chorar?

— Eu sei, mas faz bastante tempo que ela já se foi. Eu deveria parar de lembrar do seu sorriso amável sabendo que nunca vou poder ver isso outra vez.

Seguro sua mão.

— São boas lembranças que estarão sendo guardadas carinhosamente no seu coração. E onde ela deve estar, com certeza tem orgulho do menino de ouro que você é. Ela te ama, Soobin. De todos os jeitos. Não é uma pessoa cruel que vai mudar isso — pontuo, acariciando seus dedos trêmulos. O calor transmitido de nossas mãos estavam dando sensações diferentes. Algo colhedor e suave.

— Tem razão — Seus olhos brilhantes pairam sobre mim, abrindo um sorriso confiante.

Empertigo meu corpo, fazendo minha coluna encostar na parede de gesso.

— Você nunca me disse sobre sua mãe — falo, depois de alguns segundos em silêncio.

— Nem você da sua.

— Justo. Comece primeiro você falando da sua mãe — Entrelaço meus braços envolta de minha nuca. Soobin ri fraco, olhando para o teto.

— Se importa de eu contar toda a história? Assim fica mais interessante.

— Claro.

Ele engole a seco.

— Meu pai desde pequeno desconfiava em ser gay. Mas ele nunca parou pra analisar sobre o que sentia entre garotos e garotas. Tudo que eu sei até agora, era sobre uma paixão secreta que ele tinha no fundamental por um garoto da sua sala. Só que como era muito novo para entender, ele justificou essa "atração" por achar o garoto inteligente. Meus avós naquela época eram preconceituosos, criticando um tio de papai que tinha meia-idade por ser gay. Até sua adolescência ele ficou escondendo quem era realmente e o pior de tudo era que se sentia culpado por isso. Então ele se casou com minha mãe. Tentou reprimir o desejo por homens, mas depois que ele me teve resolveu admitir para as pessoas e para si mesmo. Ele gostava de homens, não de mulheres.

Soobin da uma pausa, puxando o ar com as narinas.

— Então a partir disso — continuou, brincando com seus dedos — A relação deles mudou drasticamente, e nisso eles perceberam que funcionavam como melhores amigos, não como esposa e marido.

— Eles se divorciaram? — pergunto, confuso.

— Os dois iriam quando eu tivesse crescido para entender melhor. Mas acabou que aos meus 5 anos, minha mãe foi diagnosticada com leucemia. Eu lembro um pouco dela indo todas as manhãs fazer tratamento do câncer. Meu pai sempre ficou ao lado dela. De qualquer forma, minha mãe se tornou especial para ele. E pra mim também. Ela era uma mulher bondosa com todos, além de ter sido a primeira pessoa a apoiar meu pai quando ele confessou sua sexualidade — Seus ombros mucham lentamente e fico sem saber o que dizer para confortá-lo. — Eu vou amá-la por tudo que ela fez por mim e papai, mesmo depois de entregar seus últimos suspiros.

— Ela sempre estará com você — aperto sua mão contra a minha, fazendo seu olhar marejado encontrar os meus. Existia uma mágoa e gratidão neles.

— E sua mãe? — perguntou dessa vez.

— Quase não sei nada sobre ela. Nunca a conheci, papai desde quando eu era criança não gostava de entrar nesse assunto.

Soobin tombou a cabeça.

— Por quê?

— Eu acho que minha mãe era do tipo que estilhaçou o coração do meu pai. Depois que nasci e sai da amamentação materna, ele resolveu ficar com a minha guarda e esquecer ela de uma vez. Acho que deve ser por isso que ele não gosta de falar sobre — Deixo uma risada baixa escapar.

— Ótima teoria — Jeon sussurra, dando um risinho consternado.

— Eu tento.

— Tem vontade de descobrir quem ela é?

— Não mais. Tenho o amor do meu pai, já vale em dobro. — Dou de ombros fazendo a conversa morrer entre nós novamente.

O silêncio prevalece no banheiro. Apenas nossas respirações regulares poderiam ser escutadas. Inspirando e Expirando. Uma sequência parecendo demoradamente infinita. Não posso negar um frio preencher minha barriga. Olho várias vezes para a porta, me convencendo que o melhor era ir embora para dar alguma privacidade para Soobin se recompor depois desabafar tudo que o aflingia. Estou subitamente feliz por ele confiar em mim para isso.

Nossas mãos ainda estão juntas. Unidas como um apoio atravéz do contato carinhoso. Simultaneamente movo meus dedos, entrelaçando com os de Soobin.

Sua atenção volta para meu rosto, buscando uma resposta. A verdade é que não entendo nada que estou fazendo.

Minhas ações são enigmas indecifráveis, um quebra-cabeça irracional feito por algum efeito. Um efeito causado pelos olhos dele. Brilhantes e tão penetrantes. Sou um prisioneiro de seus olhos, não sou capaz de sequer desviar. Nem ele dos meus. De repente sou puxado para o dia em nosso quarto. As mesmas sensações se repetem, meu coração acelera violentamente dentro do meu peito.

Sem percebermos, gradativamente nossos rostos se aproximam. Estavam a poucos centímetros de distâncias, podendo sentir a respiração densa do outro impulsionando meus olhos a descerem para seus lábios finos. Eu deveria correr daqui, mas o chão virou uma areia movediça em meus pés. Vários alertas gritam na minha cabeça para eu se afastar de Soobin, porque eu estaria entrando em um território perigoso que traria consequências impiedosas para ambos. Quero acreditar e arranjar forças para relutar dessa tempestade de sentimentos turbulentos inundando minha cabeça.

Estou fraco. Se tornando impossível escutar qualquer aviso conforme encaro seu rosto delicado. Soobin é generoso. Eu prometi que nunca mais o machucaria e seguir meus instintos parece errado. Mas de um modo certo...

Não! Não! Não!

Me espanto internamente quando vejo ele olhar com a mesma intensidade que olhei em sua boca. Diante dessa simples ato fico encurralado. Em um deslize, minhas mãos que estavam entrelaçadas com a sua, sobem para sua bochecha avermelhada. Seguro gentilmente seu rosto, vendo um lampejo de expectativa transparecer por ali.

Jogo tudo para o alto, selando nossas bocas em um instante.

Seus lábios são quentes e macios. O corpo de Soobin fica pesado com o toque das minhas mãos na lateral de seu rosto. Antes de cogitar em recuar, ele entreabre sua boca buscando mais contato com a minha. Fico surpreendido por ele retribuir, mas me concentro no gosto doce de seus lábios. Ele fica confuso aonde levar suas mãos, passando desajeitado seus dedos nos cabelinhos de minha nuca.

Soobin é inexperiente nisso, então estou sendo o mais cuidadoso para ele não ficar assustado. Minhas mãos descem para sua cintura, o apertando firmemente contra meus braços. O mais novo suspira durante o beijo e não para. Nossas línguas reúnem pela primeira vez, causando um barulho obsceno. Sinto meu cabelo ficar desarrumado por Soobin puxá-los. Não era forte, entretanto, me fazia delirar. Deslizo habilmente as pontas dos meus dedos em seu pescoço, sentindo a pele de Jeon se arrepiar sob meu toque.

O álcool havia nublado minha consciência em um campo minado. Ainda mais extenso de ignorar ao ter seus lábios contra os meus. Era como um vício incessante. Pode ser notado a maneira como estou nervoso. Minha testa suando frio, assim como as mãos de Soobin ficam trêmulas ao agarrar meu cabelo. A qualquer momento sinto que posso explodir enquanto mordo e puxo seu lábio inferior sutilmente. Antes de minha boca escorregar para seu pescoço, abro meus olhos de imediato ao ver o mais novo se distanciar de supetão.

Ele levanta cambaleando.

— Soobin, eu não queria te assustar... — Aperto os olhos com força, buscando o fôlego que perdi no beijo.

— Não podemos continuar. Isso foi um erro, Yeonjun, somos irmãos.

Ele abre a porta apressadamente saindo do banheiro sem olhar para trás. Tento chamá-lo, no entanto, não obtenho sucesso. Esfrego meu rosto frustrado. De novo eu falhei com Soobin.

Eu o perdi outra vez.

-ˋˏ✄┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈
Roi taxistas

Finalmente depois de um
ano escrevendo Hate, o
tão esperado beijo chegou.

Como estão se sentindo?

O que acharam do cap de
hoje?

Surtamos tanto escrevendo
que vocês não fazem nem
ideia!

Enfim, obrigada por
todo o amor e carinho que
vocês nos dão. Até a próxima
att!!!

Beijos das Whizzy 💙💛

Até a próxima!!

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