A PROPOSTA - TRISTAN - Série...

Από Laniqueiroz

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Série Turbulência 2/3 Tristan Maxwell não é apenas um excepcional piloto, mas um dos herdeiros do conglomerad... Περισσότερα

Prólogo
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Quatorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e um
Capítulo Vinte e dois
Capítulo Vinte e três
Capítulo Vinte e quatro
Capítulo Vinte e cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e sete
Capítulo Vinte e oito
Capítulo Vinte e nove
Capítulo Trinta
Capítulo Trinta e um
Capítulo Trinta e Dois
Capítulo Trinta e três
Capítulo Trinta e quatro
Epílogo

Capítulo Três

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Από Laniqueiroz

Olá, meus amores! Desculpem o atraso da postagem. Mamis está atolada de trabalho no doutorado desde a semana passada. 

AVISO: já passamos das 3 milhões de leituras na amazon! Uhuuuuuuuuuu! Muito obrigada a cada um q já comprou e está indicando para os amigos <3 mamis ama vcs <3 Não esqueçam de deixar sua avaliação por lá, amores. Isso ajuda muito o livro e o autor.

Bora conhecer mais um cadinho de piloto safado e sua tigresa do Norte? Boraaaaaaa!

Boa leitura!

Lani


Mas por agora, ficamos tão longe. Até que nossos membros solitários colidam, eu não posso mantê-lo nesses braços. Então, eu vou mantê-lo em minha mente...

(You And I – PVRIS)

Duas semanas depois...

Tristan

— Então, me fale um pouco mais sobre essa moça nortense, como é mesmo o nome dela? — Dona Magnólia vira para mim no banco traseiro do Bentley. Passei em sua casa para levá-la ao jantar de Natal na casa de H. Minha avó pensa que me engana com esse tom aparentemente desinteressado.

— Pietra, vovó. Pare de tentar pescar informações. — Rio, pegando sua mão e depositando um beijo carinhoso. Yuri está com sua família hoje, então, Augusto, meu motorista, assumiu. Sentei-me com minha avó aqui atrás para paparicá-la um pouco. As janelas estão abertas. Essa é única maneira de eu andar em carros que não são conversíveis. — E pare de imaginar coisas que não existem. Eu não vou sossegar tão cedo, talvez nunca.

Seu rosto bem maquiado cai um pouco a empolgação. Ela ainda é uma das mulheres mais bonitas para mim. Uma grande dama da sociedade paulistana. Me recordo dela sempre bem arrumada e maquiada. Os cabelos antes escuros agora estão cinza e ela usa um corte renta à nuca, prático e refinado.

— Ah, querido. Não diga isso — repreende. — Não vê seu irmão? Ele está feliz com Sofia.

— Sim, eles parecem felizes — concordo. Embora tenha a sensação de que meu irmão vai fazer merda antes de aceitar que está apaixonado pela esposa. Espero que não foda tudo com a bonitinha. Eu realmente gosto dela. Começou errado, mas eles se dão bem agora, então, por que não seguir em frente?

— Eles estão felizes. Essa sua mania de colocar dúvida em tudo, menino... Você precisa encontrar uma boa mulher e...

— Jesus, pare, dona Magnólia! Estou muito bem da forma que estou — digo com convicção e ela estreita os olhos castanhos e experientes para mim.

— Algo me diz que essa moça tocantinense lhe causou uma boa impressão — retoma como um disco arranhado. — Do contrário sequer lembraria seu nome, filho, conheço muito bem meus meninos — se gaba quando estreito meus olhos de volta.

— Assim a senhora me insulta, vovó — reclamo.

— Sim? Me fale pelo menos dois nomes das outras comissárias da rota de Palmas, filho — ela me encurrala.

Minha avó quando cisma é pior que do Sherlock Holmes. Não desiste até desvendar o caso. Eu franzo a testa, tentando lembrar um nome, apenas um maldito nome, mas não me lembro. Ela abre um sorriso triunfante, testemunhando meu esforço vão. Foda-se, ela é boa! Rio, meneando a cabeça.

— Não me recordo — admito e seu riso amplia.

— Conheço meus meninos — torna a se gabar. — Agora pare de enrolar e me fale sobre a moça.

Gemo. Ela não vai mesmo sossegar enquanto não lhe der algo.

— Está bem, a senhora venceu — expiro e me ponho a falar sobre a tigresa. Quanto mais falo, mais a sensação esquisita cresce em meu peito. Porra, sinto falta dela. Me acostumei a vê-la com frequência.

Já tem duas semanas que nos despedimos. Pensei em ligar muitas vezes, enviar uma mensagem, porém, desisto antes. Ainda não é o momento de falar com a garota. Estou organizando tudo para lhe lançar uma proposta... Só estou esperando passar as festas de fim de ano para fazer a minha jogada. Dessa vez a cachorra linda não vai dizer não, tenho certeza. Quer ser pilota, no entanto, está muito restrita a seu estado e isso não irá acontecer se continuar se escondendo em Tocantins. Ela precisa vir para cá, de preferência para o programa de pilotos da HTL, o qual vou voltar a comandar em janeiro. Irei prepará-la, transformá-la na melhor pilota da porra do Brasil. Em troca ela só tem que me dar o que eu quero... Um arranjo simples e claro. Sei o que estão pensando. É imoral uma proposta nesses termos. Claro que é, estou ciente disso, mas não me importo. Com esse pensamento, franzo o cenho, percebendo que estou recorrendo a um subterfugio escuso para ter uma mulher, tal qual H ao obrigar Sofia a se casar com ele. Caralho, deve estar no DNA sermos uns bastardos totais. Ironizo.

— Parece uma moça inteligente e esforçada — minha avó pondera quando encerro o relato.

— Ela é. Apenas um pouco medrosa ainda, mas vamos resolver isso em brev... — me corto abruptamente e o sorriso de minha avó é amplo nesse momento. Me pegou no pulo como quando era criança e fazia uma travessura nas férias escolares que passávamos em sua casa. — Vovó... — advirto-a.

— Não vou mais esticar o assunto, prometo. — Sua expressão está alegre outra vez.

Pensa que vou sossegar porque me encantei por Pietra. Não nego, a morena me fascina. Quero fodê-la por um tempo, degradá-la, usar do jeito que eu quiser, entretanto, não vai além disso. Eu não tenho relacionamentos, apenas fodo. É assim desde sempre, não sei por que minha avó está usando óculos cor-de-rosa agora. De fato, ela não toca mais no assunto e lhe falo sobre o meu retorno das rotas intercontinentais. O carro corta o jardim de H e logo estamos na garagem, me fazendo interromper o relato. A ajudo a descer e coloco sua mão na curva do meu braço, conduzindo-a pela escadaria frontal.

— A senhora será a mulher mais linda da festa, dona Magnólia. — Dou-lhe uma piscada galanteadora. Ela dá uma risada gostosa.

— Meu menino levado. Obrigada por tanto carinho com essa velha senhora — murmura com os olhos brilhantes de amor. Me inclino e beijo sua têmpora antes de seguirmos para dentro da casa.

A enorme árvore de Natal no canto da sala, faz uma coisa estranha vibrar em meu peito. Não temos o costume de comemorar o Natal. Nunca me importei muito com essa data e H tampouco. Mas Sofia se importa e nos fez escolher essa coisa gigante e ainda por cima decorar. A bonitinha e minha avó se uniram para dominar o mundo. Rio levianamente. Certo, apenas os pobres homens Maxwell. Olhando em volta, vejo que meu irmão e sua jovem esposa ainda não desceram. Tenho percebido uma leveza em H nunca vista antes. Somos dois solitários, cada um à sua maneira. Ele é mais duro, frio. Eu uso meu sorriso exatamente para manter as pessoas afastadas. Eu sei que é fodido demais para alguém entender. Então, não tentem. Prometi naquele carro, que se eu conseguisse sair vivo, jamais confiaria em ninguém outra vez, especialmente no sexo feminino. Apenas minha avó e meu irmão têm o meu amor e confiança incondicionais. Sofia é uma forte concorrente a ganhar um espaço em meu coração também. Gostei da garota desde que H cometeu a sandice de se casar com ela para saldar uma dívida.

No entanto, meu irmão e a bonitinha parecem estar se entendendo bem agora. Não há mais aquela tensão vibrando entre eles. Meu irmão está até sorrindo, coisa que não me lembro de vê-lo fazendo. Eu deixo minha avó na sala, namorando a árvore de Natal e ando pelo corredor até a cozinha, para cumprimentar Rosa, a governanta da casa. Ela é muito gentil comigo, inclusive cozinha meus pratos preferidos sempre que visito meu irmão. Quando volto alguns minutos depois, Sofia está conversando com vovó e Luciana no sofá e H está perto do bar, tomando uma bebida com Alberto, seu amigo de infância. Bem, nosso amigo, porém, sua relação é mais próxima com H. Ele está namorando a secretária de meu irmão. Me aproximo deles, aproveitando para zoar meu irmão mais velho.

— Fizemos um belo trabalho, hein, H? — Empurro seu ombro com o meu, indicando a árvore à nossa esquerda. Ele meio que grunhe antes de responder:

— Sim, nós fizemos, mano — concorda. — Como foi voltar às suas preciosas rotas intercontinentais? — pergunta e faço careta. Estou me sentindo estranho pra caralho. Tudo foi resolvido com a louca que queria ferrar a companhia e ela retirou a acusação. Em outras palavras: pagamos uma quantia para a garota ficar de bico calado. A vadia, deu, gozou e ainda vem me processar? É o fim do mundo, porra! Enfim, retomei minhas rotas de elite, era para eu estar muito satisfeito. Mas não estou. Me pego constantemente pensando em Pietra. Em nossos voos simples para o interior. Patético pra caralho, eu sei. — O que há, T? Pensei que estaria soltando rojões por seu castigo ter acabado. — Meu irmão enruga a testa, percebendo minha reação.

— Estou animado por voltar ao meu lugar, mano, claro — digo e decido abrir o jogo com meu irmão, não segurando um sorriso lascivo: — É que deixei algo inacabado em Tocantins, se é que me entende... — Mexo as sobrancelhas sugestivamente. — Sei que você me proibiu de ir para as comissárias de bordo. Mas nada me foi dito sobre pilotos...

— Tristan, cara, você está indo para os pilotos agora? Não sabia que tinha mudado de time... — Alberto decide dar uma de engraçadinho.

Bufo, encarando o advogado metido a esperto.

— Rá, rá, rá. Desista de tentar fazer piadas, Albie. — Uso o apelido que detesta para irritá-lo. Rio satisfeito e adiciono indolente: — Você não tem o menor talento para isso, cara.

— Um rabo de saia — H comenta, o tom reprovador. — Deve ser especial para ainda estar se lembrando dela, mano — ironiza meu comportamento livre.

Rolo os olhos, mas acabo rindo porque ele tem razão.

— Eu não peguei essa, mano. Aí reside o problema — admito, frustrado. — As mulheres não resistem a mim, nunca. — H e Alberto bufam com a minha presunção. — Mas essa me escapou nas muitas tentativas que fiz. É tão irritante, dona de si. Quero bater em sua bunda e, em seguida, transar com ela até que não tenha forças para me afrontar mais — ranjo e meu irmão idiota ri, claramente gostando de me ver às voltas com uma garota.

— Bem, Dom Juan de Marco, porque essa resistiu, você está com o ego abalado, é isso? — pergunta jocoso.

— Sim. É meu ego falando? Claro — não nego. — Mas há também o tesão louco que essa tigresa me fez sentir.

— Novidade. Você vive com tesão — ele alfineta.

— Estou falando sério, H. Essa é uma coisa... — gemo, recordando daquela cachorra linda. — É uma morena deliciosa. Linda, geniosa. Só vou sossegar quando a tiver embaixo de mim... — Rio, antecipando esse momento. — Ou por cima, vocês sabem, sou totalmente a favor dessa onda de empoderamento feminino... — Eu pisco, rindo mais ao lembrar de uma conversa com esse mesmo teor com a minha tigresa.

Meu irmão ri alto. Alberto faz um som zombador.

— Cara, esse não é o verdadeiro sentido do empoderamento feminino — protesta.

— Vamos, Albie, você é um advogado, sabe que as coisas estão aí para serem interpretadas do modo que melhor nos convém... — Dou de ombros, lhe oferecendo uma piscada também.

O advogado resmunga, mas se cala, aceitando meu argumento.

— Voltando ao assunto... — limpo a garganta —, vou retomar as palestras na nossa escola de pilotos a partir da próxima semana.

H está surpreso, novamente vincando a testa.

— Você não saiu porque queria se dedicar exclusivamente às rotas intercontinentais? — aponta.

Sim, foi isso. Mas gosto do trabalho de preparar novos pilotos. E agora há uma aluna em especial que terei prazer em orientar. Muito prazer... Um riso sacana brinca em minha boca.

— Hum, sobre isso, estou disposto a ceder algumas das minhas rotas para Cristiano Rangel. Ele é um palhaço completo, mas é um bom piloto — informo rolando os olhos. O cara é um imbecil e meu maior concorrente na HTL.

Quando comecei a assumir voos na companhia, o idiota chegou no mesmo período e contestava minha capacidade profissional, insinuando que era privilegiado por ser um dos donos. Filho da puta! Pois é, não pensem que foi fácil meu começo. O fato de ser um dos herdeiros fez minha vida com os colegas, complicada. Tive que trabalhar dobrado para ganhar o respeito de todos. Mas ganhei, e já tem muito tempo que ninguém me aponta o dedo a não ser para elogiar minha capacidade e dedicação na profissão que escolhi por paixão.

— Irmão, agora você tem a minha atenção — H está estupefato. — Por que está cedendo para o Cristiano? E o mais importante, por que quer retomar sua participação na escola preparatória de pilotos? — Semicerra os olhos azul-gelo. Ele é esperto, sabe que jamais cederia assim para o fodido do Cristiano se não houvesse um ganho maior da minha parte. E, nesse caso, haverá grande, enorme ganho: Pietra na minha cama.

— A minha tigresa tocantinense é uma pilota e está apenas esperando uma oportunidade para alçar voos mais altos. É aí que entro, irmão. Vou lhe fazer uma proposta irrecusável... — revelo com um sorriso presunçoso. — Vou trazê-la para São Paulo. Você sabe, tirá-la da sua zona de conforto. Vamos ver se consegue resistir a mim em meu território.

— Uau! Ela parece uma garota inteligente. — Alberto assobia.

— Por que é uma pilota? — pergunto, encarando-o.

— Não, porque não caiu no seu bico doce — o espertalhão zomba e lhe atiro um olhar feio.

— As coisas estão tão ruins assim, irmãozinho? Desde quando precisa ter tanto trabalho para transar? — H alfineta também. Eu bufo.

— Fala o homem que tomou uma menina inocente como pagamento de uma dívida — devolvo na mesma moeda e ele fecha a cara. Sorrio satisfeito.

Alberto avisa que está indo embora. Ele e Luciana vão passar a ceia na casa de seus pais. Desejamo-nos Feliz Natal e ele chama a namorada, que se levanta vindo com Sofia e vovó até nós.

— Já estamos de saída, querida. Se despeça — Alberto murmura em tom meloso pra caralho, puxando a negra bonita pela cintura.

Desvio meu olhar para H e vejo Sofia indo para ele, entrando em seu abraço. Meu irmão a fita com uma cara de pateta apaixonado. Tenho certeza de que ele nem percebe o quanto está encantado pela bonitinha.

— Foi um prazer vê-lo essa noite, senhor Maxwell — Luciana diz estendendo a mão para o patrão. H a pega e meneia a cabeça.

— Apenas Heitor, Luciana. Não faz mais sentido tal formalidade se vamos frequentar os mesmos círculos.

— Está certo... Heitor — diz sem jeito nos fazendo rir. — Obrigada. — Olha-nos e se despede também: — Tristan, senhora Magnólia e Sofia, Feliz Natal!

— Feliz Natal! — devolvemos em uníssono.

Eles saem em seguida e me viro para minha avó, dando-lhe uma de minhas piscadas brincalhonas. Ela se derrete e a abraço, depositando um beijo suave em seus cabelos. Seu olhar amoroso levanta para o meu e é a minha vez de derreter, vendo seu amor por mim estampado nas feições bonitas. Sorri e leva o olhar para Sofia.

— Obrigada por juntar meus meninos hoje, querida — murmura com voz emocionada. — Eles andaram me negligenciando nos Natais dos últimos anos. — Porra. H e eu nos entreolhamos nos sentindo uns merdas. Como mencionei, essa data nunca teve importância para nós. Nunca houve essa coisa da família reunida, uma árvore, uma ceia cheia de amor e felicidade. Não, nunca houve sequer uma porra de Feliz Natal direcionado a nós, não da parte dos fodidos Logan e Fernanda Maxwell. Decido que farei um esforço para estar com minha avó nessa data a partir de agora.

— Desculpe, vovó. Vamos celebrar todos os anos a partir de agora — H verbaliza meus pensamentos e dona Magnólia arregala os olhos, surpresa. — Aqui em casa, na de T, ou na sua. A senhora pode escolher.

Meu irmão completa me surpreendendo também. Vovó respira fundo, a emoção em seu rosto, lágrimas enchendo seus olhos. Se desvencilha de mim, indo para meu irmão, e me surpreendendo ainda mais, H a abraça amorosamente, como nunca havia visto antes. Aquela emoção estranha que senti ao entrar no começo da noite e ver a árvore, o clima gostoso de Natal, vai se espalhando em meu peito. Eu acho que é assim que as verdadeiras famílias comemoram essa data.

— Ah, querido... — vovó diz embargada para H, lágrimas descendo em suas faces bem maquiadas. — Eu gostaria muito disso.

— Então, temos um acordo, dona Magnólia — ele diz numa voz terna e nossa avó o beija na bochecha.

— Eu rezo para que no próximo ano estejamos todos juntos. — Ela o encara, certamente receosa de que o bastardo frio de seu neto mais velho faça alguma merda para afastar Sofia. — E que Deus nos conceda uma criança para alegrar essa casa.

H e Sofia se entreolham. A bonitinha abre um sorriso um tanto tenso, me deixando intrigado. Eles estão bem, não estão? Pergunto-me, observando um e outro.

— Eu acho que a senhora anda apressada demais, dona Magnólia — rio, intervindo antes que a conversa fique mais assustadora. Puxo minha cunhada pelos ombros e a beijo na bochecha. — Talvez seja melhor Sofia opinar sobre isso, não é, bonitinha? — Ela lança outro sorriso sem graça para H.

— Vamos deixar a vida seguir seu curso, T — murmura e me olha, tentando esconder qualquer que seja seu desconforto. Então, mais uma vez querendo salvar a bendita ceia de Natal, eu rio charmoso antes de murmurar:

— Alguém já disse como está maravilhosa hoje, bonitinha? — Observo meu irmão de canto de olho. H bufa, rolando os olhos para meu flerte com sua mulher. Sofia abre um sorriso verdadeiro agora. Pronto. Tensão expulsa.

— Sim. Eu disse — H resmunga, me fazendo rir com vontade.

— Você é impossível — Sofia diz ainda com o sorriso bonito em seu rosto pueril.

Os fogos estourando no céu de São Paulo, leva nossa atenção para fora das paredes de vidros da sala.

— Abram um champanhe, queridos! Rápido! — nossa avó exclama, felicidade estampada em seu rosto.

Sigo H para a mesa de frios e bebidas. Ele estoura um champanhe, servindo quatro taças. Pego duas e ele também. Voltamos para vovó e Sofia, que estão nas portas duplas da sacada, soltando exclamações eufóricas com os estampidos dos fogos voando e explodindo num show de luzes multicoloridas no céu escuro. O lago reflete tudo, tornando a cena realmente bonita, admito. Elas recebem suas taças e fazemos um brinde em conjunto. H abraça as costas de Sofia contra o peito e tenho a impressão de ver meu irmão duro e frio, suspirar apreciando o espetáculo no céu. Um pequeno sorriso repuxa minha boca enquanto os observo, depois a minha avó. Então, isso é o Natal. Me sinto feliz, meu coração leve, apreciando estarmos juntos nessa noite. Puxo minha avó para perto de mim e beijo o topo de sua cabeça cinza.

Eram quase duas da madrugada quando chegamos à casa de minha avó. Decidi dormir com ela esta noite, estou ainda sob o efeito da tão falada magia do Natal, acredito. Acompanho-a até a porta de seu quarto e ela sorri para mim, os olhos castanhos cheios de amor e algo mais que não consigo decifrar. Sua mão levanta para o meu rosto e me sinto um menininho da vovó, apreciando seu toque suave.

— Você tem um coração tão bonito quanto esse rosto, meu menino levado. — Também está claramente tocada por essa noite, ter seus netos com ela. — Algum dia uma mulher especial virá e o fará completamente feliz, meu filho.

Franzo o cenho com sua última sentença. Minha avó nunca esqueceu o que me aconteceu naquele carro. Ela sabe que aquilo me fodeu, deixou sequelas permanentes. Por isso, foi sempre tão compreensiva e de certa forma, permissiva, aceitando e encobrindo minhas travessuras desde então. Rio, meneando a cabeça e digo para chocá-la:

— Eu prefiro várias mulheres especiais... — Balanço as sobrancelhas com safadeza.

— Não fale essas coisas para a sua avó! — Faz uma carranca. — Você me respeite, Tristan Maxwell.

Eu gargalho e não demora muito ela se junta a mim. Beijo-a na têmpora, deslizando os dedos pela face já mostrando os sinais do tempo, mas tão amada por mim.

— Feliz Natal, vovó! — murmuro. — Boa noite.

— Feliz Natal, meu menino! — murmura de volta. — Boa noite.

Sigo pelo corredor até o meu quarto antigo. Sinto-me verdadeiramente em casa aqui. Não há outro lugar no mundo em que me sinta tão em paz e acho que protegido. Nem na minha própria casa. Deve ser o amor que vovó sempre demonstrou por mim e H. Retiro a jaqueta de couro, jogando-a sobre um dos sofás da sala de estar. Através das portas de vidro da sacada posso ver os raios cortando o céu. Trovões ressoam em seguida e quase imediatamente os pingos grossos caem sobre o telhado. Sirvo-me de uma dose de Bourbon e sigo até o limiar das portas, olhando a chuva torrencial caindo sobre São Paulo. Tomo um gole, encostando om ombro ao batente. Não estou com sono, embora o sentimento bom de estar aqui nessa casa esteja me cercando, há algo que está me impedindo de relaxar completamente. Ou alguém. Suspiro, a imagem de Pietra surgindo em minha mente. Pego meu celular no bolso do jeans escuro e fico como um adolescente tolo olhando-o, louco para enviar uma mensagem para ela.

Desbloqueio a tela e vou em arquivos, encontrando uma foto dela. Porra, como é linda! Pode parecer ridículo, mas tenho várias. No bar, com os cabelos rebeldes do jeito que me deixa duro, nos voos, com os coques bem comportados de comissária-chefe. Sou impulsivo, não costumo me privar de nada que desejo. Mas preciso ter calma com a tigresa, essa é diferente das outras. Já decidi que irei até ela depois das festas de ano novo. Porém, a velha impulsividade está borbulhando dentro de mim. Seleciono seu contato e abro para enviar uma mensagem. Fico uns instantes, ponderando se devo. Que diabos está havendo comigo? É Natal, não é? As pessoas enviam felicitações e essas merdas nessa data sem correr o risco de parecerem umas completas idiotas. Com essa desculpa, digito uma simples e quase impessoal:

T: Feliz Natal, tigresa!

Depois que envio, uma risada autodepreciativa irrompe em minha garganta.

— Porra, cara, apenas isso? Vocês não se falam há duas semanas. Você está tão cheio de merda — resmungo para mim mesmo. Tomo mais um gole, apreciando a chuva e poucos minutos depois, o som de mensagem chegando me faz olhar a tela do celular. E a porra do meu coração salta ao ver o nome dela. Abro-a imediatamente.

Tigresa: Olha só, ele ainda tem meu número... Isso deve ser o seu recorde... Feliz Natal, riquinho!

Sua mensagem sarcástica faz um riso idiota escancarar em meu rosto. Ah, porra, essa garota mexe demais comigo. Sua mensagem inflama meu corpo, é como se estivesse vendo a exata expressão atrevida em seu rosto bonito me dizendo isso. Linda demais. Começo a responder, mas paro no meio, a impulsividade ganhando a batalha contra a ponderação. Foda-se, eu sempre pego o que o quero. Então, por que diabos estou aqui enquanto a garota que eu quero, está no fodido Tocantins? Com nova resolução, fecho seu contato e procuro outro, o de Aidan e digito a mensagem. Ele me responde em alguns instantes e com um sorriso mordendo as orelhas, começo a colocar meu plano em prática... Foda-se a moralidade! Foda-se o bom senso! Essa garota será minha!

Corrigindo: Pietra já é minha.


Gostaram? Não saim daí q tem mais um! 

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