A nome da rua dos Pessegueiros Vemelhos era alto explicativo. As flores dali tinham um tom de mais intenso, sob as luzes da rua movimentada, cada flor adquiria um tom rubro vivo. Em cada esquina havia uma árvore frondosa que não parecia ser afetada pelo inverno, seus galhos estavam cheios de flores vividas, como se fosse primavera.
— O que está procurando exatamente? — Xue Bai perguntou enquanto trotava pela rua. Ele olhava de um lado para o outro, um tanto confuso e perdido.
Shen Yu não respondeu. Não era prudente dialogar com uma fera em público, não quando as pessoas os encaravam com tanta curiosidade. Mesmo em Nanjing, um cidade bastante movimentada, não era comum ver alguém suando uma fera como montaria. Mas mais do isso, não nunca viram alguém como Shen Yu.
Para pessoas comuns, ele era como um imortal distante que poucos tinham a oportunidade de ver, ficavam maravilhadas naturalmente, mas não ousavam se aproximar. Para os cultivadores, apenas um jovem mestre arrogante exibindo sua fortuna e poder. Era difícil não olhar para o rosto perfeito sem pensar como o mundo era injusto.
Shen nunca se importou com questões de aparência ou se preocupou em como as pessoas o viam. Se soubesse, provavelmente riria em escárnio. Tudo o que possuía lhe foi dado por outras pessoas, e mesmo em seu bolso não havia uma única moeda, apenas um cristal de vida emprestado por sua prima.
Shen Yu puxou o pelo de Xue Bai levemente quando avistou uma loja de ferramentas.
—Na esquina do outro lado da rua. Finalmente achei. — ele respondeu indiretamente a pergunta de Xue Bai. O lobo atravessou a rua e parou em frente a loja.
O estabelecimento dava a impressão de ser pequeno do lado de fora, mas na verdade atravessava para rua de trás. A loja Da Xia vendia equipamento espiritual diversificado e atendia todo o tipo de cliente, do rico ao pobre. Nas vitrines estavam estavam expostas espadas com lâminas grandes e curtas, sabres grandes e pesados. Havia instrumentos musicais, leques com pinturas delicadas, acessórios complexos e... anéis de transporte. Para cada setor havia vendedores especializados, todos com o mesmo sorriso simpático congelado no rosto.
— Um momento, Jovem Mestre, feras mágicas não são permitidas aqui dentro. — avisou delicadamente um jovem atendente. Ele tinha uma aparência comun, rosto facilmente inesquecível, mas as roupas eram de um tecido caro e a postura bastante altiva. — Os outros clientes podem se sentir intimidados.
— Entendo, regras da casa. — concordou Shen Yu, sorrindo. Ele olhou para Xue Bai e acenou com a cabeça em direção a saída. — Espere lá fora.
O homem respirou aliviado. Não era incomum um cliente encrenqueiro aparecer, este parecia bastante compreensivo, felizmente.
— Você teve sorte de ter nascido com a aparência humana. — Xue Bai bufou friamente antes de sair. —Eles deviam estar mais preocupados com a possibilidade de você intimidar alguém, do que eu.
Era verdade, Shen Yu lembrou da última vez em que foi à uma loja fazer negócios, fez os clientes acreditaram que o dono tinha a peste. Não tinha como refutar Xue Bai.
O vendedor abriu um sorriso simpático novamente e Shen Yu não relutou em retribuir o favor com um sorriso largo, mas sem mostrar os dentes.
— Se está procurando uma espada, temos as melhores de Shenyang, feitas pelo próprio mestre Shen, há várias que combinam com seu porte digno. — disse o vendedor. — Jovem Mestre...
O homem deixou a pergunta no ar.
— Por favor, me chame de Chao Ju. Não precisa ser tão formal. — Shen Yu disse o primeiro nome que lhe veio a mente, que acabou por ser o apelido de mal gosto do próprio pai. Para pechinchar, ele deveria parecer um jovem modesto e humilde, para cativavar e ganhar simpatia rapidamente. O homem havia mencionado seu avô, ele provavelmente fazia negócios com o dono da loja. Como poderia o neto daquele importante mestre entrar ali para trocar produtos? Quem acreditaria? E se acreditassem, não estaria manchando o nome da família afortunada? Sem saber, usando um nome falso, acabou por se livrar de um problema ainda maior. Como esteve o tempo todo dentro dos limites da propriedade e não se importou com as fofocas do lado de fora ele não tinha como saber que, assim que a notícia de que o mestre Shen havia descoberto um neto legítimo se espalhou, vários aproveitadores fingiram se passar por ele para aplicar golpes na cidade. Dizer que era "Shen Yu" tinha se tornado um truque barato na última semana. — Desejo apenas fazer uma troca.
O homem piscou, aturdido.
— O Jovem Mestre Chao adquiriu um produto defeituoso? Posso encaminhá-lo para o gerente, se preferir.
— Oh, não. — Shen Yu retirou o pequeno cristal de vida do anel de armazenamento, ele brilhava mais do que qualquer coisa ali, chamando a atenção dos que passavam por perto. — Quero trocar este cristal de vida de vida por um anel de transporte de baixa qualidade.
A expressão do vendedor revelou um leve traço de desdém.
— Não fazemos este tipo de negócio aqui, deve ter nos confundido com a lojinha no fim da rua. — ainda sim, o homem não tirava os olhos do cristal, como que enfeitiçado pela luz. Todo o cultivo das feras ficava armazenado em cristais, quanto mais poderoso o cultivo, mais intenso era o brilho. E quanto mais exótica a cor, mais raro a fera era. Ele nunca tinha visto um que brilhasse como uma pequeno sol ardente.
Shen Yu sequer sabia de que fera aquilo tinha sido arrancado, nem percebeu que quando Shen AnLi o segurou, o cristal tinha um brilho diferente.
— Desculpe o engano. — Shen Yu devolveu o cristal de volta ao anel de armazenamento. Tinha conseguido o que queria, a atenção do homem. — Vou agora mesmo à lojinha do fim da rua.
— Espere, não é que não queira fazer o negócio. — O homem se aproximou e colocou a mãos ao lado da boca para sussurrar: — O dono do estabelecimento é muito rigoroso e nada escapa de seus olhos, todas as regras tem que ser seguidas e qualquer comportamento inadequado pode acabar em demissão. Não fazemos trocas, só aceitamos dinheiro. Jovem Mestre Chao, não posso ajudá-lo. Mas se esperar até meu turno acabar, aí poderei fazer alguma coisa.
— Desculpe, não posso esperar. — dessa vez quem lamentou foi Shen Yu. O rosto do homem revelou um sinal de palidez e seus olhos o choque de uma oportunidade perdida depois que colocou o cristal no anel de armazenamento. — Tenho que deixar Shenyang o mais rápido possível.
De repente, o homem colocou as mãos em conchas, como se tentasse recuperar a compostura mas falhando, ele gaguejou.
— M-mestre... o jovem Chão Ju já estava de saída. Ele veio ao lugar errado para fazer negócios, evidentemente. — ele soltou um riso amarelo no final.
— Não, esse foi o lugar exato.— disse uma voz firme e marcante. Um arrepio se espalhou na pela nuca de Shen Yu antes mesmo dele se virar e ficar frente a frente com Shen Yuam, que o encarava sombriamente. — Shen Yu, da próxima vez que tentar fugir, pelo menos use outro nome. Até seu pai conseguia ser mais criativo.
Shen Yuam pretendia repreendê-lo quando chegassem em casa, mas ele não conseguiu evitar dizer. Não fazia nem uma hora que estavam rindo e conversando e Shen Yu, na primeira oportunidade, tentou escapar pela porta dos fundos. Shen Yuam estava fazendo o possível para manter a calma, no entanto quanto mais olhava para Shen Yu, mais sentia raiva e mágoa borbulhar em seu peito. Ele ia embora sem nem mesmo dizer uma palavra!
O atendente altermou o olhar entre um e outro, chocado. Vendo que seu chefe não parecia se importar com sua existência, ele se afastou discretamente. O cliente aparentemente elegante e refinado, era o mai apto a causar problemas, fazendo os outros se sentirem infelizes.
— Vamos embora — continuou Shen Yuan, enfatizando a última palavra. Shen Yu o seguiu para fora em silêncio.
A carruagem os esperava com a porta aberta, revelando o interior escuro. Os cavalos bufavam pelo esforço de correr até ali o mais rápido que podiam, batiam as patas no chão prontos para serem guiados de volta à propriedade da família Shen.
— Como me encontrou? — Shen Yu inquiriu.
— Os guardas me avisaram depois quando saiu e seu lobo está aqui em frente.
Era difícil dizer quão sombrio era o sentimento que inundou coração de Shen Yu como uma enchente. A carruagem elegante não era feita de ferro, mas não parecia diferente de uma jaula, era só mais bonita e cara. Ele não era burro. Se entrasse, não ia sair tão cedo de Shenyang.
— Me dê seu anel. — Shen Yuan pediu o cristal levantando a mão e balançando os dedos. Ele só queria o cristal que estava dentro, mas não sabia o que mais Shen Yu poderia ter de valor que serviria para ajudá-lo a tentar fugir outra vez. — Agora.
A resposta veio tão dura quanto o pedido.
— Não.
Shen Yuan abriu a porta a carruagem um pouco mais, a porta estalou.
— Entre.
— Não.
Como se lesse seu humor, Xue Bai rornou, mostrando fileiras de dentes afiados, eriçando os pelos. As pessoas que passavam por perto saíram correndo.
— Quieto! — ambos, neto e avô falaram ao mesmo tempo. Os dois estavam em um empasse. Shen Yu não tinha nenhuma intenção de aceitar o comando passivamente, e Shen Yuam não ia deixá-lo sair. Os dois poderiam ficar ali até o inverno acabar se não fosse um barulho estridente fazer com que desviassem o olhar. Na direção da plataforma do lado de fora, uma imensa nuvem de fumaça começou a subir.
Vovô Shen coitado, pegou trauma das aventuras do filho e parece que o neto vai ser pior.
Para comemorarmos esse capítulo, tenho mais uma arte pra vocês.
Shen Shen seduzindo!
Essa foi mais ou menos a visão que o princepe teve do Shen Shen tomando banho.