Sonhos de Mariel

By Yume_murakami

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Tudo o que Mariel queria era ser invisível, mas ser filha de um médico famoso e uma modelo conhecida internac... More

Sinopse
Capitulo 1 - Primeiro dia de aula? Não, de hospital!
Capitulo 2 - Primeiro dia de aula Oficial!
Capitulo 3 - Clube forçado escolar.
Capitulo 4 - Transtorno dissociativo de identidade
Capitulo 5 - Transtorno dissociativo de identidade parte 2
Capitulo 6 - Dose Dupla
Capitulo 7 - Tão iguais e tão diferentes
Capitulo 9 - Ciúmes
Capitulo 10 - Estudos sobre tudo
Capitulo 11 - Fogos de artificio
Capitulo 12 - Farinha com ovo
Capitulo 13 - Hospital, novo lar?
Capitulo 14 - Abelhas te convidam
Capitulo 15 - Tudo junto e misturado
Aviso! Feliz!
Capitulo 16 - Baixos e Altos
Capitulo 17 - Festa sem os convidados
Capitulo 18 - Salvação
Capitulo 19 - Intimação?
Capitulo 20 - Jantar estranho
Capitulo 21 - A procura & biscoitos doces
Capitulo 22 - Aquecimento
Capitulo 23 - A Brilhante Yasmin
Capitulo 24 - a boa e a má noticia
Capitulo 25 - Olhos fechados, coração aberto
Capitulo 26 - Quando tudo da errado
Capitulo 27 - Pode me escutar dai de cima?
Capitulo 28 - Mariel, a espiã
Capítulo 29 - Número 15
Capitulo 30 - Mais que um "não"
Capitulo 31 - Olá correspondente
Capitulo 32 - Dias dificeis
FIM Capitulo 33 - Aos olhos do Leo

Capitulo 8 - Namorado de aluguel

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By Yume_murakami

Capitulo 8 - Namorado de aluguel

No final da terceira aula de segunda feira, quando estávamos mudando de sala, o corredor estava cheio, precisei ir espremida no canto, e acabei não vendo a máquina de refrigerante, pois é, aquelas maquinas que tem mais de 2 metros, eu estava falando com Fernanda, que estava do outro lado do corredor, também espremida, junto com Julu, acabei quase derrubando a máquina, bati meu nariz que fez um pequeno corte na minha narina direita.

Se eu tivesse pensado em fazer isso, para parar na enfermaria, não teria dado certo, já gritei pra Fernanda, feliz da vida que eu ia para a enfermaria e sai correndo descendo as escadas, pulava de 3 em 3 degraus, acabei na última parte falseando meu pé, ele entortou e cai com as mãos no chão, apoiei o joelho e ele acabou ralando.

-- Você está bem? - Ouço um garoto falar, levanto a cabeça e mostro um sorriso.

-- Estou, obrigada! - Saio correndo indo até a enfermaria, ai, o que não fazemos por amor. Entro na sala branca e vou até a recepção.

-- Você de novo. - A recepcionista sorri ao me ver, mas sua voz não parece tão feliz, ela coloca a prancheta em cima do balcão.

Eu pego, olhando a prancheta, ela aponta com a mão para um dos quartos que são só divididos por uma cortina azul clara. Ando até lá, preenchendo a ficha.

-- Você arranja muita confusão, ou já deveria deixar pronto umas fichas da enfermaria. - Nichollas abre a cortina, entrando, deixando ela aberta por ética, se ele fechasse e algum aluno processasse por assédio ele não teria argumento. Dou risada e olho para ele, meus olhos até brilham.

-- Como estão as coisas no hospital? - Termino de assinar e estendo para ele.

-- Vamos nos concentrar em você. - Ele diz, olhando a ficha, parece perfeito pra mim! -- Como conseguiu ralar os joelhos e bater o nariz?

-- Cai da escada, desci correndo. - Aponto para meus joelhos. -- Bati na máquina de refrigerantes. - Aponto para meu nariz.

-- Você parece um imã de problemas. - Ele me olha e sorri, vai até o telefone que está em cima da cômoda, pede ataduras e band-aid. Se ele for um problema eu não ligo não!

-- Aqui Dr.Nichollas. - Uma enfermeira com um vestido longo e branco, com um avental por cima chega, trazendo em uma bandeja prata o que ele pediu, com alguns algodões.

-- Obrigado, Cristina. - Ele pega com uma mão, coloca a prancheta em cima da cômoda, vira pra mim e aponta para a cama, eu me sento. A enfermeira se vira, indo até a recepção. -- Você tem que tomar mais cuidado, Mariel, não sair por ai correndo, principalmente nas escadas.

-- Ah, tudo bem, eu não ligo não, é divertido vir aqui na enfermaria. - Ele me olha franzindo a testa, ops, não deveria ter dito isso, mas agora já foi. -- Digo, é divertido porque… - Vejo ele pegando um liquido, já com as luvas brancas e passa no meu joelho. -- Posso conhecer o colégio, não tinha vindo para esses lados, aqui é um colégio muito grande. - Nichollas pega a atadura, com o algodão, passa um pouco no joelho, junto com o liquido, enrolando a atadura no meu joelho.

-- Não sei como vocês não se perdem para achar as salas. - Ele sorri, e eu faço a mesma coisa, está até doendo minha maça do rosto, de tanto que estou sorrindo.

-- Verdade, mas temos um mapa, explicando como de ir da sala 1 até a sala 800, quase como um gps. - Vejo ele pegando um band-aid redondo, e chega perto de mim, colocando as mãos no meu rosto.

Acho tão bonito o jeito que ele transforma tudo de um modo romântico. A cola do band-aid gruda no meu nariz, e eu solto sem aguentar.

-- Eu te amo, Doutor Nichollas.

-- Mariel…

-- É sério, Doutor, eu te vi semana passada no hospital, eu não conseguia nem respirar, eu fiquei tão feliz que você trabalha no colégio e com meu pai. - Mostro um sorriso, seguro na mão dele, mas ele solta de imediato.

-- É apenas uma fase, você tem que gostar dos seus colegas, pessoas da sua idade e…

-- Amor não tem idade, não tem limites, não é? - Tombo a cabeça para o lado, pelo menos é o que eu sempre lia.

Ele sorri e coloca as mãos no meu rosto, meu coração palpita.

-- Amor não tem, mas você precisa de afinidades, ninguém ama de uma hora para outra, constroem uma história, mesmo que pequena. Você é muito nova ainda um dia vai entender isso, tá? - Ele solta meu rosto e coloca a mão na minha cabeça, bagunçando meus cabelos, como se eu fosse uma garota de 10 anos, me levanto da cama e saiu correndo, meus olhos estão carregados de lagrimas, corro até meu armário, o sinal bate, informando que faltava 5 minutos para a quarta aula, me desespero, não quero que ninguém me veja, abro o armário, entrando na onde tem as coisas de Leo, sento em cima de seus livros, que me faz um pequeno banquinho incomodo, preciso ficar com as costas curvadas, fecho a porta, mas ela não tranca, tenho que ficar segurando e chorando ao mesmo tempo, meu coração dói demais, porque tenho que ser mais nova?

Toda vez que ouço barulhos lá fora eu tento não fungar, eu não sei quanto tempo estou aqui, deixo a porta encostada e abraço minhas pernas, ainda estou chorando, porque ele não pode simplesmente me aceitar? A idade não importa para o amor, as pessoas que são preconceituosas, talvez ele tenha vergonha de dizer que namora uma adolescente, ele me esperaria? Sair do colégio?

-- Leo, seu armário tá aberto. - Ouço uma voz feminina, fico quieta, e abraço mais forte minhas pernas, ouço quando o armário é aberto um pouco, o sol entra pela pequena fresta, e é fechado novamente.

-- Esqueci aberto, pode ir na frente, Erika, vou resolver umas coisas.

-- Ta bem, até mais. - Ouço os passos dela se afastando, depois um monte de passos pra lá e pra cá, o sinal já tocou e eu não consegui nem prestar atenção.

A porta é aberta de novo, o sol deixa minha pele quente, me sinto tão triste, como se tivessem arrancado meu coração.

-- O que você está fazendo? - Ouço Leo, levanto a cabeça, vejo ele abrir os olhos me olhando, seguro na porta e fecho.

-- Não abre! - Seguro a porta, e depois solto, acho que eu gritei, Leo não tem culpa, mas estou triste, ele não sabe o motivo, mas respeite, se alguém está se trancando.

-- Você sabe que o armário também é meu, não é? - Ele abre de novo o armário, levanto a cabeça e vejo ele se abaixar, apoiando um dos joelhos na quina no armário, o outro joelho ele apoia no chão, ele não caberia aqui, estende a mão pegando um livro do meu lado de física e puxa para ele. Leo fecha a porta do armário, mas não tranca, ouço os passos dele indo embora.

Abaixo a cabeça, colocando nos joelhos, limpo minhas lágrimas, o som de algo caindo no chão me assusta, os armários têm umas frestas, e posso ver um livro no chão, bem de frente no armário, como as frestas são para baixo, não consigo ver o lado de cima, mas vejo a sombra de alguém na porta e se senta, a roupa preta tampa toda minha visão.

-- Você sabe que não pode ficar pra sempre ai, né? - Leo suspira.

-- Posso sim. - Falo baixinho, escondo novamente meu rosto nas minhas pernas.

-- Quer ir pra outro lugar? Que você possa se mexer?

-- Não, eu não quero ir pra nenhum lugar, quero ficar aqui e morrer aqui. - Faço drama, ainda sinto meus olhos lagrimejando, minha boca transforma em um U para baixo.

-- Não parece interessante. - A voz calma e suave dele me faz acalmar, mas também me irrita, porque as pessoas têm que estar felizes? Porque os outros podem namorar e se amarem?

-- Parece o bastante para mim. - Digo emburrada.

-- Tudo bem, então. - Leo fica em silencio, e continua sentado, com as costas apoiada no armário, ficamos durante alguns minutos em silêncio.

-- Você não pode ficar sentado ai.

-- Claro que eu posso, eu tenho passe. - Provavelmente porque ele é líder de um clube e da banda, ele pode sair e ficar onde quiser.

-- Você não pode perder aula porque tem uma doida dentro de um armário.

-- Minha vida parece só atrair pessoas assim, vai sair? - Vejo ele se mexer, acho que ele está olhando para o armário.

-- Eu não queria conhecer ninguém. - Coloco a mão na porta e tento abrir, Leo se levanta e consigo abrir a porta, engatinho para fora e me levanta, arrumando minha saia, limpo meu rosto, Leo vem perto de mim e fecha a porta, atrás de mim, trancando.

-- Isso tem a ver com algum garoto? - Ele encosta os ombros no armário, de braços cruzados, me viro olhando melhor para ele. -- É claro que tem, vocês garotas são tão… fora de si.

-- Como assim? - Franzo a testa, ele me olha, revira os olhos e desencosta do armário, pega o livro do chão e se vira. -- Estou falando com você. - Ando até ele, coloco minha mão em seus ombros e puxo ele para trás, ele tenta dar um passo mas volta um, se vira e me olha.

-- Por acaso levou um fora do Doutor? - Ele abaixa a cabeça e o corpo, ficando mais perto de mim, coloca as mãos no bolso da calça social. -- Viu? É essas atitudes que as meninas parecem mais lesmas do que pessoas.

-- Como assim, eu não sou lesma, eu me declarei para ele. - Vejo Leo rir e olhar para o lado, como se fosse um absurdo eu ter me declarado. Ele continua andando e eu vou atrás dele, mas ando do lado dele, parecendo um siri, andando de lado.

-- Ele deve ter uns 30 anos, além de proibido. - Ele me olha de canto.

-- Porque as pessoas têm esse preconceito? Tá vendo? É amor, não tem limites, não tem como não acontecer quando esta predestinado.

-- Você consegue ouvir as besteiras que diz? - Ele olha para frente, balança a cabeça fazendo que não e revirando os olhos. Para de andar e eu paro junto. -- A vida não é um livro, que você vai se declarar e ele vai correr pra você.

Meus olhos enchem de lágrimas, eu não preciso de mais pessoas falando que Nichollas não me quer, só ele doeu demais. Empurro Leo com as duas mãos em seu peito e começo a andar. Que idiota, ele nem me conhece e nem conhece Nichollas, Nichollas ainda não sabe direito que o que eu sinto é verdadeiro, então deve ser por isso que ele me afastou, e o fato de trabalhar na escola, mas quando estivermos juntos eu falo para ele não trabalhar mais aqui. Ele vai trabalhar com meu pai, e tudo estará bem.

***

-- O que aconteceu? Onde você estava? - Fernanda me encontra na cantina, estou debruçada na mesa onde sempre sentamos.

-- Não quero falar. - Falo escondida com os braços em volta da minha cabeça.

-- Que besteira, Mariel. - Sinto suas mãos gelada e fina pegando no meu braço e me levantando, ela me olha e abre bem os olhos, posso ver Julu do seu lado também com os olhos abertos. -- O que aconteceu? - Ela senta do meu lado, colocando seus braços em volta do meu pescoço, enterro minha cabeça em seus ombros.

-- Me declarei para ele, e ele nem me deu bola. - Minhas lagrimas escorrem pelo meu rosto. -- Aposto que é o medo de ser despedido do colégio, mas ele pode trabalhar com meu pai.

-- Do que ela está falando? - Ouço Julu perguntar, limpo meus olhos.

-- Ai, Mariel, porque você não esperou? Não é assim, vamos fazer o seguinte. - Ela faz eu levantar a cabeça e limpa meu rosto com os polegares. -- Vamos dar mais tempo para o doutor, vamos dedicar para que você fique famosa, assim ele vai ver que você é uma aluna dedicada e não só uma adolescente que se preocupa só com seus problemas e sai por ai contando que gosta das pessoas.

-- Vocês vão me ajudar? - Olho para Fernanda e para Julu.

-- Apesar de achar besta, mas vou, né?!

-- Julu! Cala a boca! - Fernanda estende rapidamente o braço, com a mão fechada e acerta a barriga de Julu.

-- Tenta sei lá, fazer ciúmes, as meninas dizem que funcionam. - Julu balança os ombros. -- Vai saber.

Pode até ser uma boa ideia! Coloca a mão no queixo pensando.

-- Toma seu lanche, vê se come algo, você sumiu na quarta aula. - Fernanda pega a sacola em cima da mesa e coloca na minha frente.

Quando terminamos de comer e vamos andar, Julu avisa que ele tem um jogo daqui a cinco minutos, alunos de outra escola vieram treinar com eles, muita gente do colégio vem assistir. Fernanda fica gritando, encorajando Julu a jogar, pegar as bolas certinho e não tomar gol, ela é muito competitiva.

Sinto alguém sentar do meu lado, e olho para Leo, ele continua olhando para frente, viro o rosto olhando para o outro lado.

-- Desculpe. - Viro o rosto para ele, ele me olha de canto e volta a olhar para frente. -- Não queria parecer rude eu só…

-- Tudo bem, eu entendi, não deveria ter te empurrado, só estava triste. - Balanço os ombros e olho para o jogo que está rolando.

-- Se tiver algo que eu possa fazer, para você não ficar triste… - Ele diz com calma, olho para ele e ele nem me olha, continua olhando para frente, vejo ele olhar para o outro canto e depois volta a olhar pra mim.

-- Já sei! Claro, porque não pensei nisso! - Bato a minha mão fechada em cima da minha aberta. -- Claro que você pode me ajudar! Já volto Fê! - Pego no pulso de Leo, me levanto e puxo ele, que desequilibra e cai com as costas na escada da arquibancada, olho para ele abrindo os olhos.

-- Era só me avisar. - Ele se levanta, arrumando suas roupas, batendo as mãos para espantar a sujeira do chão. Eu me afasto dali e vamos para o canto, onde não tem olhares curiosos.

-- Você precisa fingir ser meu namorado!

-- O quê? - Ele levanta as sobrancelhas e me olha de canto, virando a cabeça para um lado. Leo está encostado na parede. -- Tá de brincadeira?

-- Você disse que ia me ajudar. - Cruzo os braços, e faço bico.

-- Sim, e não fingir seu namorado. É uma ideia ridícula, ninguém sente ciúmes por isso. Ainda mais se ele não gosta de você. - Leo desencosta e começa a andar, eu me viro olhando para ele.

-- Primeiro você não confia que eu posso cantar e quebra a cara, agora você diz que vai me ajudar e quando eu dou uma solução você diz que é brincadeira? - Falo alto, ele para de andar e se vira me olhando.

-- Você tem problema, sério. Pare de falar com Lex. - Ele se vira e continua a andar, me deixando ali, algumas meninas que estavam ali perto só ouviram a parte final do Leo, provavelmente achando que eu me declarei para ele. Elas dão risada e cochicham entre si.

Corro até ele e seguro o paletó, bem onde é seu cotovelo, faço ele parar de andar, ele olha para minha mão e depois para mim, eu não to pouco ligando que ele não gosta de ser encostado ou algo do tipo, aponto o dedo indicador para ele.

-- Você vai me ajudar, por sua culpa me deixou triste e me fez sentir pior! - Eu falo olhando para ele, vejo Leo abrir os olhos, ele olha para o lado e volta a me olhar, respira fundo e solta o ar dos pulmões.

-- Tá bem, mas não vou encostar em você. - Ele observa que eu franzo a testa. -- Só vamos dar as mãos no máximo. E que fique claro, acho a ideia ridícula.

-- Por mim você pode achar. Você vai me ajudar, até que ele venha falar comigo. - Solto Leo e estendo a mão direita. -- Trato feito?

-- Ridículo. - Ele estende a mão direita dele e apertamos. Mostro um sorriso e olho para cima. -- Pode me largar?

-- Oh… - Olho para ele e para nossas mãos, solto imediatamente e coloco atrás das costas. Leo me olha de canto e se vira andando, eu me viro também e olho para a quadra, vou até onde estava sentada antes.

-- Você é burro, Julu! Pega essa bola! - Ouço Fernanda gritando antes de me sentar. Ela me olha e mostra um sorriso. -- E ai? O que tá pegando entre você e o gêmeo?

-- Ele vai fingir ser meu namorado. - Falo baixo, chegando mais perto dela. Fernanda vira o rosto pra mim, com os olhos arregalados.

-- Quê? O Leo ou o Lex?

-- Leo.

-- Leo? Tem certeza? O Leo? Leo, Leo? O gêmeo calado? - Ela franzi a testa ainda incrédula.

-- Ele é quieto se ninguém fala com ele. - Como posso entender das coisas de Leo? Mal conheço ele. Mas percebi que na verdade ele até conversa, se a pessoa puxa assunto, mas quando algo é aborrecente ou inútil de se conversar ele sai.

-- Acho que eu nunca vi Leo namorando uma menina do colégio. - Fernanda comenta olhando para cima e pensando.

-- É de mentirinha, Fê, lembra? - Tento lembrar ela disso.

-- Mas e se ele começar a gostar de você? Ou você dele? E esquecer o doutor? - Ela sorri maliciosamente me olhando.

-- Impossível. - Reviro os olhos.

-- Isso sempre acontece nos filmes. - Fernanda balança os ombros.

Filmes são filmes, não é assim que acontece na vida, eu pelo menos nunca ouvi falar, também nunca conheci alguém que tivesse feito ciúmes em um homem para ele gostar de você. Mas só de raiva não vou redar o pé, se eu desistir Leo pode até se achar vitorioso, mas está bem longe disso.

Quando tocou o sinal para a quinta aula, geografia, esperamos Julu se trocar e fomos para a aula. Não sabia se eu dormia ou se morria de tanto tédio, o professor fala demais, mas sabe quando fala coisas desnecessárias? Dei aleluia quando o sinal tocou, Julu se despediu, indo para o clube de futebol, eu e Fernanda íamos para o clube de música, mas parei para comprar um café primeiro nas maquinas.

Quando entramos na sala, alguns dos meninos estavam ali, Cris estava lendo uma revista de música, onde tem poltronas e um sofá grande, ele está quase deitado no sofá, mais no fundo tem um pequeno palco, Gabriel está lá treinando na bateria, Leo estava sentado em uma mesa para computadores, na frente de um digitando alguns e-mails, a mesa fica mais para o canto, com divisória de uma parte da parede, do lado dele a Luiza, ela estava com uma pasta vermelha, cheia de papeis soltos, acho que ela está estudando algo, Lex e nem Jake estavam.

-- Bom dia, meninas! - Gabriel nos cumprimenta e para de tocar bateria.

-- Bom dia. - Mostro um sorriso para ele, olho para Fernanda e depois para Leo, sento em outra poltrona.

-- Leo, andei desenhando algumas roupas. - Fernanda anda até ele, com um livro de desenho com folhas canson nele, eu não sabia que ela desenhava, mas quando vi seus desenhos eu tive certeza, não que eram feios, mas eram simples, ela sabia fazer roupas e nunca fez um curso de desenho, então dei uma chance para ela, no final, os meninos iam ficar muito legais com as roupas que ela desenhou.

Vejo ela estender o caderno para ele, Leo para de escrever e pega o caderno dela, viro o rosto olhando para Gabriel.

-- Achei que era maior a sala. - Comento dando minha opinião, Cris e Gabriel olham para mim e depois um para o outro. -- É que achei que se vocês treinam aqui fazem muito barulho.

-- Não treinamos aqui, reversamos o estúdio de música, um dia somos nós e no outro o clube de música clássica. - Cris fala, voltando sua atenção na revista.

-- Eu não entendo porque eles treinam música clássica é sempre a mesma coisa. -- Gabriel dá umas batidas na bateria, fazendo barulho bem alto.

-- O que se faz nos primeiros dias de Clube? - Olho para Cris, porque não parece que faz muita coisa, sabe?

-- O Leo normalmente faz um calendário da nossa semana de estudos, normalmente segunda é estudos de músicas, terça e quinta treino, quarta feira marketing, sexta é dia de passeio, as vezes nos encontramos de sábado para tocar em algum lugar ou estúdio de verdade. - Cris me explica, olhando para mim, deixando a revista no colo.

-- Marketing? - Tombo a cabeça, achei que era clube de música.

-- É um aglomerado de coisas, por exemplo fazemos sessão de autógrafos, sessão de fotos, entrevistas essas coisas. - Ele mostra um sorriso sem mostrar os dentes. -- Os estudos a mesma coisa, estudamos tipos de músicas, criações, criamos também, aprendemos cifras diferentes, apreciação musical, sabe essas coisas?

-- Parece legal e difícil.

-- E é… - Cris volta a levantar a revista.

-- O Leo não tem dó da gente não. - Gabriel balança a cabeça, fazendo que não, ele bate mais algumas vezes na bateria.

-- Gabriel. - Ouço Leo chamar por ele, Gabriel olha para ele, mas Leo não diz nada, só olha e depois vira de volta pra mesa.

-- Foi mal… - Ele deixa a baqueta em cima da bateria e gira no banquinho, indo até o sofá do lado de Cris, se joga, fazendo o amigo quase cair. -- Uma vez levamos uma bronca dos professores e outros clubes, pela bagunça. - Ele ri.

-- E agora a gente faz o quê? - Cochicho para eles, olhando para Leo, Luiza e Fernanda, que sentou do outro lado de Leo, mostrando as roupas e explicando, não quero atrapalhar eles.

-- Como hoje é dia do clube de música clássica usar o estúdio, e é primeiro dia, então a gente só faz uma reunião. Só o Leo terminar ali de escrever umas coisas e a gente vê. - Cris me olha sorrindo, ele é simpático, tem um sorriso torto, com os dentes para frente, que deixa ele parecendo um ratinho.

-- E anota tudo. - Olho para Gabriel. -- O Leo fala demais.  - Ele segura uma risada, eu dou um sorriso e seguro minha risada também.

-- A gente coloca anotado no quadro, porque como você viu, o Jake é sempre o atrasado.

-- Em falar em atrasado, cadê o Lex? -- Gabriel diz olhando para os lados e depois vira o corpo olhando para os três, resolvendo as coisas ali atrás.

-- Deve ter ido para o clube novo dele. - Cris comenta, como se não se importasse com o fato de Lex ter um novo clube.

-- Novo? Ele saiu do de música? - Fernanda olha para gente, levantando a cabeça.

-- Não, infelizmente. - Cris revira os olhos, encostando a cabeça no sofá e levantando a revista.

-- Não entendi. - Fernanda olha para a folha dela, que Leo está apontando e volta a olhar pra gente. -- Ele entrou em dois clubes? Nossa, que saúde!

-- É difícil estar em dois clubes? - Olho para Gabriel e Cris.

-- Nossa, em um já é difícil, ainda mais se é o Leo como líder. - Gabriel segura a risada, Leo vira a cabeça olhando para ele. -- É brincadeira, amigo… amigo…

Dou risada, vejo Leo revirar os olhos e voltar ao computador, olho para Gabriel e Cris, coloco a mão na boca e os dois também seguram a risada.

Ficamos um tempinho conversando, nem Lex e nem Jake apareceu, onde será que estavam as ajudantes de Cris, Jake, Gabriel e Leo? Também nunca vi.

-- Onde estão as ajudantes de vocês? - Pergunto olhando para Cris e para Gabriel.

-- O Cris prefere fazer as coisas dele sozinho. - Gabriel aponta para Cris. -- E eu não gosto de gente atrás de mim, não. A do Jake é a namorada dele e o Leo tinha a Erika, mas ela saiu porque precisava se concentrar no clube de artes dela, ela fazia os cartazes.

-- Hum... entendi.

-- Vamos começar a reunião. - Leo se levanta, junto com Fernanda, que está segurando um punhado de folhas de sulfite e entrega para ele quando eles sentam, Luiza olha para os lados e também se levanta, quando Cris e Gabriel se levanta eu também faço a mesma coisa.

Andamos até a mesa retangular de madeira que tem ali, as cadeiras cada uma tem um estilo diferente, achei interessante, me sentei perto da parede com a janela, Fernanda do meu lado, Leo estava na ponta da mesa, na outra ponta que era perto de mim estava vazia, pelo jeito era de Lex, na minha frente a Luiza, e do lado dela Gabriel, do lado de Gabriel estava vazio, assim como do lado de Fernanda.

-- Primeiro vamos falar sobre nossos uniformes, Fernanda desenhou uns modelos, separei alguns e mandei escanear e imprimir. - Leo se levanta e passa atrás de nós, deixando mais ou menos 10 folhas para cada um. Ele volta para sua cadeira. Olho para o desenho que eu já vi, todos têm numerações. -- Na última folha tem uma ficha para saber o que vocês gostaram da roupa e o que não gostou.

-- Eu não ligo não, se reclamarem, quero saber o que gostam. Não quero dizer que vocês se vestem mal, mas não dá pra uma banda famosa vestirem uma camiseta preta com uma formiga estranha. - Ela olha para cada um de nós. - Claro que não serão todas iguais, cada um de vocês terá roupas diferentes.

Vejo Fernanda se levantar e ir até o Quadro colocando o primeiro desenho. Ela explica sobre ele, e o que iria no traje, ela vai fazendo isso até no décimo desenho. Explicando cada um, achei até que os meninos iriam reclamar, mas ficaram até empolgados com as roupas, Leo pede para eles preencherem as fichas depois. Quando ele ia começar a explicar sobre as músicas a porta abre, Jake coloca a cabeça pra dentro e sorri, entrando na sala, ele se acomoda com a namorada na frente dele, com cara de pouca amiga, de braços cruzados, Leo deixa as folhas em cima da mesa para eles, mas nem explica nada.

A gente sorteia os dias de arrumar a sala, peguei a próxima quinta-feira, Leo explica o que cada pessoa do clube faz, Lex arruma o palco e afina os instrumentos com a ajuda de Gabriel. Ele só comenta sobre eles, provavelmente Jake e Cris ajudam com limpeza ou qualquer coisa assim.

Leo explica as ideias dele para passeios do Clube, arrecadações para ajudar com as despejas, e também os eventos beneficentes que eles fazem. Leo comenta sobre a música que ele está trabalhando, mas ele não comenta da gravadora, será que ele tem medo de mostrar esses doidos da banda?

Quando a reunião termina, saímos da sala e Lex aparece, cumprimento ele e continuo saindo, foi legal até, não imaginei que um clube fazia tantas coisas.

Meu pai pediu para um motorista me buscar, como eu não sou besta ligo para casa para ter certeza de que era isso mesmo, quando ele confirmou, entrei no carro e o motorista me levou até em casa, estava um barulho que só, ouvi risadas de crianças e entrei correndo.

-- Juliete? Aline? - Gritei, chamando as gêmeas.

-- Mariel! - Ouvi os sapatos correndo, vindo na minha direção, quando as vi, mostrei um sorriso e abracei as duas, elas tinham os olhos do tio Skye, bem azul e eram lindas, com cabelos compridos e meio enrolados, como a tia Iris, Aline tinha um sorriso cativante, e Juliete já era um pouco mais tímida, sempre olhando para baixo, com vergonha de entrar e fazer muita bagunça em casa.

Fui até a sala de star, vendo Tia Iris conversando com a minha mãe, animada e bonita como sempre, ela me cumprimentou me beijando e abraçando, dizendo o quanto eu cresci, não faz nem um mês que ela me viu, dou risada e pergunto pelo tio Skye, parece que ele está com meu pai e uns médicos na sala de reunião, conversando.

Fico brincando por algum tempo com as gêmeas, esperando cumprimentar a todos, gosto quando eles vêm aqui, tia Iris é tão bonita e me ajuda com meu cabelo sem graça, minha mãe diz que eu devo ser como eu vim ao mundo, sem emperiquitar os cabelos, mas falou a mulher que faz coisas estranhas no cabelo para desfilar.

Minha mãe anuncia o jantar, e os médicos, meu tio e meu pai saem do escritório, a mesa estava farta, colorida e bonita, quando cada médico pedia licença para sentar, eis que surge a beldade em pessoa, entrando na sala de jantar, Nichollas estava com uma camiseta branca e um paletó cinza, calça social cinza e uma gravata preta com algumas listras em cinza, até suspirei, eu sei que a maioria dos médicos estavam assim, mas ele era perfeito, sentou-se um pouco na minha frente, as gêmeas sentaram cada uma do meu lado, Aline reclamava que não ia comer em pratos sujos, eu até espiei o prato dela, limpo e brilhante, minha mãe até falou que ela limpou com álcool em gel pra ela, e Juliete comia o que Iris colocava no prato, mas não consegui mais prestar atenção nelas, só o médico ali, lindo e sorridente me interessava.

Porque ele tinha que mexer assim comigo?


Obs: (No multimidia são as vozes de Leo e Mariel, como eu imaginei. =] )

Continua no próximo capitulo!

Leia também “Vagalumes e outros Efeitos Colaterais”, um crossover com a escritora Mariana Sgambato!

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