Área Militar -DEGUSTAÇÃO

By NathanyTeixxeira

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Kimberly Digory vê sua vida se transformar quando sua mãe é morta e seu pai desaparece. Levada a Área Militar... More

Introdução
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Retirada do Wattpad

Capítulo 1

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By NathanyTeixxeira

Amores, Área Militar será repostado até o final aqui no Wattpad!!!

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Kimberly

— Senhora Geórgia, o que estamos aguardando? Tenho um compromisso e não posso adiá-lo. — Senti um frio percorrer meu estômago ao pensar em meu almoço com Marcus.

— Tenha calma, senhorita Digory. Em breve, entenderá. — Ela me olhou por cima de seus óculos meia lua, vendo a inquietação me dominar.

Alguém bateu sutilmente na porta e antes de permitir a entrada, Geórgia passou as mãos pelos curtos cabelos loiros, arrumou o casaco vermelho e endireitou a postura atrás da grande mesa de madeira que a pertencia como diretora. Quem quer que fosse, parecia ser alguém muito especial.

— Por favor, entre.

A porta se abriu lentamente e quando meus olhos alcançaram quem caminhava em minha direção, por um segundo, perdi a respiração. Um homem totalmente vestido de preto, com a postura impecável e fortes braços, adentrou a sala, acompanhado de mais três homens vestidos praticamente da mesma maneira. A diferença era que o primeiro homem estava com um sobretudo preto e longo, que arrastava elegantemente pelo chão rente a seus pés a cada passada que dava. Seus coturnos amarrados até metade da canela ressoavam batuques pesados pelo piso de madeira. Os cabelos claros daquele homem contrastavam com toda aquela escuridão e quando olhei em seus olhos, por mais que não passasse de míseros dois segundos, pude ver que eram de um verde esmeralda magistral.

— Herrera! — Ele passou direto pela cadeira em que eu estava sentada, seguindo até a diretora.

Percebi que ele a chamou pelo segundo nome, sem ter a educação de chamá-la de senhora. Estranhamente, a própria diretora pareceu não se importar, mas meus pais me ensinaram assim e aquilo me incomodou.

— É uma honra, senhor! — Geórgia apertou a sua mão.

Tentei compreender aquela cena. Ele aparentava ter uns vinte e seis anos, e ela uns quarenta, e mesmo assim, Geórgia o chamava de senhor.

— É ela. — A diretora apontou em minha direção e enfim, fui notada por ele.

— O que tem eu? — Cogitei a ideia de me levantar.

— Você vem conosco! — Ele disse rispidamente.

— Não! — Anunciei. — Nem sei quem são vocês. — Levantei-me da cadeira e fui de costas até a janela. Sentia-me como um animal encurralado. Os outros três homens tinham a mesma aparência jovem e se entreolharam, vendo minha resistência.

— Meu nome é Kian Ross e estamos aqui para ajudar. — Um dos homens deu um passo à frente e completou calmamente. — Precisa vir conosco agora, não temos tempo a perder.

Sua voz era bem mais agradável do que a do ignorante dos olhos claros. Ele tinha os cabelos negros e jogados levemente sobre os olhos escuros. Seu charme era notável à distância, mas, para mim, eles eram sequestradores e eu estava disposta a pular pela janela ao invés de sair dali com aqueles malucos de preto.

— Quero falar com meu pai! — Arranquei meu celular do bolso. Eles não sabiam com quem estavam se metendo.

— É por isso que estamos aqui. Seu pai nos autorizou a levá-la conosco se fosse necessário. E acredite, é necessário! — Ele lançou um estranho olhar para o homem dos olhos claros. — Explicaremos no caminho. — Kian estendeu a mão para mim. Os outros dois homens ficaram vigiando a porta.

— Chega disso. Leia e vamos embora. — A educação em pessoa de sobretudo preto me entregou um papel e eu gelei ao reconhecê-lo.

Era um bilhete que meu pai há muitos anos me instruiu como código. Ele dizia que se algo acontecesse, enviaria alguém de sua confiança com aquele bilhete em mãos e eu deveria confiar naquela pessoa. E ali estava a carta, ali estavam as pessoas, mas onde estavam os meus pais?

Um dia antes

— Querida, está preparada para as aulas amanhã? — Minha mãe perguntou quando me viu arrumando a mochila para o primeiro dia na Universidade de Nova York.

— Estou um pouco nervosa. — Falei pegando um caderno que estava jogado em cima da minha cama. Sua capa era rosa e parecia se camuflar com o edredom da mesma cor.

— Eu notei. Já são duas horas da manhã e você ainda está arrumando essa mochila. — Ela sorriu e veio até mim. — O que está acontecendo?

Eu nunca conseguiria esconder nada da minha mãe nem se quisesse. O trabalho dos meus pais era descobrir o que ninguém mais conseguia. Eles trabalhavam para uma organização secreta do governo e isso nunca foi segredo para mim. Meu pai decidiu me contar quando eu tinha quatorze anos e poderia entender melhor o que eles faziam. Ele queria me preparar para tudo, pois aquele tipo de emprego era atribulado e coisas ruins poderiam acontecer a qualquer momento. Não sabia ao certo o que eles faziam ou o que tinham que descobrir, mas entendia quando eles não voltavam para casa certas noites e eu tinha que dormir na casa da minha amiga Olivia. Nunca disse como me sentia a respeito. Acreditava que não seria bom revelar que sempre que eles se afastavam, tinha a sensação de que eles nunca mais voltariam e isso quebrava o meu mundo por instantes até que aquela sensação fosse embora. Então, já que não havia mais nada a fazer, me restava simplesmente esperar que voltassem para mim.

— É o Marcus! — Respondi, me desfazendo desses pensamentos e abandonando minha bolsa no chão.

— O que tem ele? — Meu pai apareceu na porta do quarto, como se estivesse escutando a conversa o tempo todo.

— Pai! — Reclamei alto pela falta de privacidade.

— Paul, nos deixe sozinhas. — Minha mãe rebateu e ele saiu resmungando.

Meu pai nunca gostou do Marcus e quando começamos a namorar, ele o odiou ainda mais. Marcus morava duas ruas da minha casa e era normal nos encontrarmos pelos lugares. Principalmente, na escola. Quando começamos a namorar, ele veio até à minha casa conversar com o meu pai e foi um desastre completo.

Nunca tinha namorado antes e mal sabia como me portar, e além de tudo tinha um pai super protetor. Cinco meses depois, nosso namoro havia acabado. Não tínhamos liberdade nem intimidade o suficiente e quando percebi aquela situação, resolvi terminar. Mesmo gostando dele a ponto de sentir meu coração pular, preferi tomar a iniciativa, caso contrário, ele o faria e eu me sentiria pior. Afinal, quem quer namorar alguém que estaria sempre embaixo dos olhos do pai? O motivo real, eu não sabia. Meu pai sempre me alertava sobre os homens, mas nunca demostrou ser um pai grudento e conservador. Comecei a acreditar que o problema maior não era eu namorar, mas que o escolhido fosse Marcus.

Terminamos no final do último semestre da escola e desde então, eu nunca mais o vi. Agora, porém, começaria a faculdade e Olivia ficou sabendo que a turma de Direito de Marcus ficaria ao lado da nossa, de Computação. Aquilo estava me deixando nervosa, pois eu não sabia o que sentiria ao vê-lo novamente.

— Não ligue para o seu pai. Agora, diga-me. Marcus anda lhe incomodando?

— Não, mãe. De forma alguma. — Pensei em quantas maneiras diferentes meu pai o mataria se pensasse isso. — Eu só estou com medo de encontra-lo e ver que ainda gosto dele, entende?

— Sim, meu amor. Eu entendo. É tudo uma fase. Vocês terminaram recentemente e é normal se sentir estranha por um tempo, mas vai passar. Pode acreditar. — Ela me deu um beijo na testa. — Agora vá dormir que amanhã o dia será cheio para todos nós. E se precisar conversar, estarei aqui. Podemos amordaçar seu pai no quarto ao lado, assim ele não nos atrapalha! — Ela abriu um largo sorriso e eu retribuí enquanto observava minha mãe sair do quarto.

Joguei-me na cama e fiquei encarando o teto branco do meu quarto.

— Um novo começo. — Sussurrei ao vento.

***

— Kimberly Digory, estamos muito atrasadas por sua causa! — Ouvi Olivia reclamar quando meus pais pararam o carro em frente à sua casa.

Ela usava sua calça jeans justa e uma blusinha colada que deixava parte de sua barriga amostra. A jaqueta que dei a Olivia de aniversário completava seu look incrivelmente descolado. Enquanto eu parecia uma aluna de quinze anos, com meus tênis brancos. Deveria ter me arrumado melhor. Estava frio no início de fevereiro, como sempre. Manhattan não poderia ser descrita como "Cidade Calor", desta forma, minha jaqueta preta salvava meu visual.

— Vamos com o meu carro. Sinto muito, senhor e senhora Digory, mas não podemos chegar acompanhadas dos nossos pais na faculdade. — Ela anunciou, entrelaçando as mãos quando olhou para eles.

— Tudo bem, Olivia. Divirtam-se. — Minha mãe falou enquanto eu descia do carro.

— Kim, quero falar com você duas palavrinhas. — Meu pai me chamou até a janela do carro, porém quando me aproximei, seu telefone tocou. — É Jason Stevens! — Ele trocou um olhar estranho com minha mãe.

— O que será que ele quer? — Ela perguntou levantando uma sobrancelha. Meu pai fez um sinal para que eu esperasse e me afastei um pouco para que ele pudesse conversar à vontade com esse tal de Jason.

Aprendi isso com facilidade. Sempre que eles iam falar de trabalho ou algo do tipo, eles se afastavam, pediam licença ou falavam para eu ver se alguém estava batendo na porta. Comecei a me afastar sempre que o telefone tocava e percebi que minha mãe se entristecia com a situação, mas eu entendia que as escolhas que eles fizeram também refletiam em mim, então nunca liguei para esses detalhes.

— Querida, vamos conversar à noite. Agora temos que correr ou chegaremos atrasados no trabalho. — Meu pai me lançou um sorriso fraco. Algo deveria ter acontecido.

— Até mais, então. — Acenei para eles enquanto meu pai arrancava o carro. — Amo vocês. — Gritei e senti aquele aperto no coração que sempre me atacava quando eles saíam.

— Também a amamos, querida. — Ouvi minha mãe bradar quando o carro já estava quase virando à esquina.

— O que eles fazem mesmo? — Olivia perguntou pela vigésima vez em toda a nossa amizade.

— Há quanto tempo somos amigas? — Perguntei sarcasticamente.

— Uns dez anos. — Ela respondeu corretamente.

— Exatamente! — Concordei. — Eles trabalham com Engenharia Civil e por isso, precisam sair a qualquer hora da noite ou do dia se tiverem algum problema nessas obras malucas por aí. Você sabe disso, só deve ter escondido em alguma parte do cérebro.

Essa era a desculpa padrão para qualquer um que perguntasse o que os meus pais faziam. Não me sentia bem mentindo para Olivia, mas era para a segurança dos meus pais, e isso, eu não arriscaria nunca.

— Desculpa. Sabe que não gravo essas chatices. Agora, vamos logo ou perderemos nossa primeira aula. — Entramos no carro azul de duas portas de Olivia.

Ela o ganhou quando completou dezoito anos. Tentei convencer os meus pais a fazerem o mesmo, mas eles disseram que eu tiraria a carteira quando estivesse preparada para isso. E de acordo com eles, eu era meio "desesperada" no volante e uma possível catástrofe ambulante.

— Espero conhecer um cara bem gato nessa faculdade!

— Vamos conhecer vários, inclusive os professores. Esses são os piores, vamos ter que prestar atenção no que eles falam. — Gargalhei.

—Vai ser difícil! — Deu de ombros. — Mas vamos conseguir.

Em dez minutos, estávamos na faculdade e quando entramos, a primeira pessoa que encontramos foi quem eu menos queria ver. Marcus.

— Nossa! Lá está ele, aqui está você! Isso não vai prestar. — Olivia alfinetou enquanto eu subia lentamente as escadas da entrada principal da faculdade.

Marcus estava encostado na parede, como se estivesse esperando alguém e quando me viu, um largo sorriso se formou em seus lábios. Não consegui tirar os olhos dele. Ele vestia uma blusa social azul que estava para fora da calça jeans que ele usava. O tênis claro se destacava de longe e como sempre, os cabelos pretos úmidos que eu tanto amava estavam na mesma posição.

Eu tinha que tirá-lo da minha cabeça, nós nunca daríamos certo.

— Olá. — Marcus cumprimentou quando passei ao seu lado, tentando ignorá-lo.

— Oi. — Respondi sem graça e Olivia saiu andando na minha frente, deixando-me sozinha com ele. Ótima amiga!

— Como você está? — Aproximou-se o suficiente para que eu pudesse sentir o seu perfume.

— Estou ótima! — Não conseguiria falar mais nada nem se quisesse.

— Fico feliz! — Por um momento seu sorriso estremeceu. — Almoça comigo hoje?

— Não sei se é uma boa ideia. — Tentei me desviar de todos os sentimentos estranhos que me atacaram naquele momento.

— Não é nada demais, Kim. — Talvez nada demais para ele, mas para mim seria o fim do mundo. — Encontro você, aqui mesmo, na saída do almoço.

— Quer saber, são só dois amigos almoçando juntos! — Concordei ainda sem saber o motivo. Não teria nada a perder. De qualquer forma, seria divertido.

— Kim, a aula já vai começar. — Ouvi Olivia me chamando. Despedi-me com um breve aceno e segui para a minha sala. — O que aconteceu? — Ela me perguntou quando se sentou atrás de mim.

— Depois nós conversamos. — Disse rápido quando um dos professores entrou na sala.

As horas da parte da manhã resolveram não passar. Cada minuto era angustiante. Arrependi-me umas boas quatrocentas vezes enquanto o relógio se arrastava em direção ao almoço.

 Havia se passado uma hora e meia de aula, e eu não tinha prestado atenção em quase nada.

— Alunos, essa é a diretora Geórgia Herrera. — O professor anunciou quando entrou na sala uma mulher de aparência dura, com óculos meia lua pendurados no pescoço.

Ela acenou para a turma e se aproximou do professor, dizendo algo que ninguém escutou.

— Sim. — O professor percorreu os olhos pela sala. — Kimberly Digory! — Congelei instantaneamente.

— Sim! — Levantei a mão.

— Poderia acompanhar a diretora Geórgia por um minuto? — Sua pergunta era mais uma imposição.

— Claro. — Respondi pegando minha mochila e olhando para Olivia assustada. O que quer que fosse, não podia ser boa coisa. Ninguém parava na sala do diretor no primeiro dia de aula à toa.

Andamos até a sala da diretora que ficava no segundo andar da faculdade. Ela não disse uma palavra enquanto subíamos e eu estava tensa com aquela situação. Entramos em uma sala típica de um diretor. Havia uma grande mesa de madeira com alguns porta-retratos espalhados. Algumas medalhas e troféus enfeitavam o canto direito da sala em um armário de vidro. Uma grande janela, também amadeirada, dava vista para o pátio de recreação da faculdade e todo o ambiente era bem iluminado.

— Está tudo bem? — Perguntei quando me sentei na cadeira em frente à sua mesa. E três horas depois, segurando aquela carta nas mãos e olhando para cada um daqueles homens de preto dentro daquela sala, podia ver que nada estava bem.

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