Sonhos de Mariel

By Yume_murakami

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Tudo o que Mariel queria era ser invisível, mas ser filha de um médico famoso e uma modelo conhecida internac... More

Sinopse
Capitulo 1 - Primeiro dia de aula? Não, de hospital!
Capitulo 2 - Primeiro dia de aula Oficial!
Capitulo 3 - Clube forçado escolar.
Capitulo 4 - Transtorno dissociativo de identidade
Capitulo 5 - Transtorno dissociativo de identidade parte 2
Capitulo 6 - Dose Dupla
Capitulo 8 - Namorado de aluguel
Capitulo 9 - Ciúmes
Capitulo 10 - Estudos sobre tudo
Capitulo 11 - Fogos de artificio
Capitulo 12 - Farinha com ovo
Capitulo 13 - Hospital, novo lar?
Capitulo 14 - Abelhas te convidam
Capitulo 15 - Tudo junto e misturado
Aviso! Feliz!
Capitulo 16 - Baixos e Altos
Capitulo 17 - Festa sem os convidados
Capitulo 18 - Salvação
Capitulo 19 - Intimação?
Capitulo 20 - Jantar estranho
Capitulo 21 - A procura & biscoitos doces
Capitulo 22 - Aquecimento
Capitulo 23 - A Brilhante Yasmin
Capitulo 24 - a boa e a má noticia
Capitulo 25 - Olhos fechados, coração aberto
Capitulo 26 - Quando tudo da errado
Capitulo 27 - Pode me escutar dai de cima?
Capitulo 28 - Mariel, a espiã
Capítulo 29 - Número 15
Capitulo 30 - Mais que um "não"
Capitulo 31 - Olá correspondente
Capitulo 32 - Dias dificeis
FIM Capitulo 33 - Aos olhos do Leo

Capitulo 7 - Tão iguais e tão diferentes

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By Yume_murakami

Capitulo 7 - Tão iguais e tão diferentes

Olho para Leo, esperando a resposta, não que eu realmente queira entrar, foi divertido, mas foi terrivelmente assustador, eu queria sumir, colocar a cabeça dentro de um vaso com flores, quem sabe eu me esconda, não é?

-- Você parece ser o suficiente. - Ele me olha de cima a baixo, olha só, quem ele pensa que é? O pior que não é nem um olhar de desgosto, ou um olhar como o de Lex, parece que está apenas me conhecendo.

-- Aeeewww, bem vinda! - O garoto de cabelos pretos sorri e vem na minha direção, me abraçando, e fica do meu lado, ainda com o braço apoiado. -- Eu sou Gabriel.

-- Jake. - O garoto de óculos sorri, coloca a mão na testa e acena, como se fosse um soldado do exército.

-- Cris. - O outro garoto meio ruivo responde.

-- Isso merece uma comemoração! Vamos beber! - Gabriel levanta as mãos, empolgado.

-- Quê?! N-não podemos! - Eu digo olhando para ele, Gabriel dá risada, me aperta mais perto dele.

-- Você é engraçada, Mariel.

-- Marielll!!! -- Vejo Fernanda correr na minha direção, Gabriel me solta e eu viro para ela, ela abre os braços me abraçando, acho engraçado que ela se apega muito fácil, já me considerando uma amiga e já gostando também da Nina. Fê me solta, e segura nos meus ombros. -- Você nem avisou que ia se apresentar e Woau! Foi um show!

-- Nem eu sabia que ia. - Dou risada.

-- Pra quem não queria, você foi muito bem. - Julu sorri chegando do lado de Fernanda.

-- Vamos logo comemorar, já estou entediado! - Gabriel comenta, ele gira suas baquetas e bate na cabeça de Jake que espanta ele com as mãos, Gabriel vai indo para a cabeça de Cris, Cris faz a mesma coisa espantando Gabriel, empurrando ele e faz um final na cabeça de Leo, como se os pratos da bateria fosse a cabeça de Leo. Mas Leo só olha, sem mexer a cabeça.

-- Tem certeza que quer comemorar sem as mãos? - Leo comenta, fazendo Jake e Cris rir, olho para Fernanda e depois para Julu, ué cadê a Nina? Vejo ela conversando mais longe com Lex, ele está com as mãos na parede e ela na frente dele.

-- Vamos também, Mariel. - Olho para os meninos, Cris fala, guardando seu teclado em um case preto.

-- Você agora faz parte da banda. - Jake me mostra um sorriso, acho engraçado que ele parece ser um garoto do tipo estiloso, mas ele usa um óculos enorme que não combina com ele. -- Agora você é uma formiga.

-- Tem vaga pra mim também? - Fernanda sorri, olhando para todos.

-- Você canta, Fê? - Jake pergunta, franzindo a testa.

-- Não canto e nem toco, mas sei de uma coisa que vocês não sabem. - Ela coloca uma mão na cintura e a outra aponta para eles, que não entendem. -- Figurino! Credo vocês sempre tocam com essas camisetas, nossa, vamos ser criativos! Que tal uma estilista no grupo?

Ela sorri, colocando agora a outra mão na cintura também, olho para eles e eles olham para Leo. Leo é o líder da banda e do clube de música, tudo pelo jeito passa por ele primeiro.

-- Cada membro da banda tem um assistente, se Mariel concordar que você seja sua assistente você estará no clube. - Leo está segurando uns papeis mas nem olha para cá, ele está com uma garota do lado, os cabelos dela são cacheados, ela usa brincos grandes em formato de estrela, um sorriso bonito, ela segura outros papeis, e olha para Fernanda.

-- E então? - Fernanda me olha.

-- Eu concordo! - Dou um sorriso, ela me abraça sorrindo.

-- Tá melhorando esse clube. - Gabriel olha para Fernanda dando um sorriso insinuante, eu quase fico roxa de vergonha pela Fernanda. Ela anda até ele e coloca a mão aberta no rosto dele.

-- Vá sonhando. - Ela empurra a cabeça dele para trás.

Ajudo eles a arrumarem suas coisas, para comemorar, enquanto eles decidem onde vão, só a bateria que fica na escola, já que Gabriel não sai por ai com a bateria toda vez.

-- Lex! Ô Lex! Vamos! - Jake grita, colocado a mão na boca, para tentar que o som saia mais alto.

-- Para de apanhar e vamos logo! -- Gabriel também grita pra ele, viro a cabeça olhando e Lex, Nina jogou uma água de garrafa no peito dele, se virou e saiu andando, vou para perto de Leo, quem melhor que ele para conhecer o irmão. Ele está ouvindo a menina falando sobre o panfleto. Olho para Lex, ele abaixa a cabeça olhando para a garrafa, se agacha pegando ela e coloca em cima da mesa com outras garrafinhas, vejo ele pegar a guitarra do ombro e tirar, guardando no case dele.

-- Tivemos muitos acessos no… - Ouço a garota que usa os brincos de estrelas se interromper, olho para ela, que me mostra um sorriso, abaixo a cabeça sem graça.

-- D-desculpe, não queria atrapalhar, quando terminarem eu…

-- Oh, não se preocupe, já terminei. - Ela olha para Leo, entregando o resto dos papeis. -- Foram estas, até agora. Vou para o Old Place depois. Parabéns Mariel. - Ela pisca me olhando, se vira saindo dali.

Leo observa os papeis, eu vou na frente dele e olho para Lex, uma garota baixinha e bem magrinha, de cabelos curtos e bagunçados com gel está falando com ele, ela parece tão frágil, tem as sobrancelhas pintadas de lápis. Seu uniforme parece folgado demais em seu corpo miúdo. Ela usa meia arrastão com o nosso uniforme, usa maquiagem preta nos olhos com delineado e a boca marcada com um vermelho, ela é tão pálida que a boca marca bastante.

Olho para Leo, ele também está olhando para eles, ele pisca e quando abre me olha, ele faz muito isso, parece uma revirada de olhar, sabe? Mas do jeito que ele faz não parece com raiva, ele faz como algo normal. Levanta as sobrancelhas, acho que ele está esperando eu dizer algo, mas seus olhos me prendem, sinto um choque nas pernas estranho…

-- V-você a-acha que tu-tudo bem… que tudo bem o Lex ficar perto da Nina? - Leo espera eu terminar de falar, olha para os papeis na mão dele e respira fundo.

-- Ele não vai fazer mal a ela. - Leo passa algumas folhas para o lado e se vira indo até sua guitarra, que ele deixou encostada, eu vou atrás dele.

-- Tem certeza? Ela disse que ele algemou ela, já passou a mão nela e até já tentou beijá-la. - Falo, não que eu não goste do Lex, mas isso parece estranho, ele segue ela por ai, é perigoso, não é? Leo pega a guitarra e me dá uma olhada, solta o ar dos pulmões e coloca sua guitarra na sua case, dentro é forrada com veludo vermelho.

-- Tenho certeza. - Ele fecha a case que é dura parecendo uma mala. -- Ele deve gostar demais dela, para ficar seguindo, Lex é inofensivo. - Vejo Leo colocar a alça passando pelo pescoço e fica na transversal, ele me olha novamente e parece perceber que ainda tenho minhas dúvidas. -- Ele não vai fazer mal a ela, Mariel.

Outro choque nas pernas, minha barriga está doendo, acho que é fome, mostro um sorriso para Leo e vou até Fernanda, que estranho, eu não estava com fome antes, na verdade não estou, mas minha barriga está estranha.

-- Tudo bem? - Fernanda franzi a testa, balanço a cabeça fazendo que sim. -- Você está tão vermelha, tá com febre?

-- Acho que é a adrenalina do palco. - Mostro um sorriso, uma folha preenche minha visão, está bem na frente de mim e de Fernanda, olho para o lado e é Leo, segurando a folha, com as letras para Fernanda.

-- Sua inscrição, me entrega segunda. - Ele espera ela pegar a folha, quando ela pega Leo começa a andar, os três meninos seguem ele, gritando e brincando um com os outros.

***

-- A escola tem mesa de bilhar, sinuca, lanchonetes, porque viemos aqui? -- Julu comenta, enquanto estamos esperando um lugar para sentar, estamos na parte onde tem um barzinho, o ambiente é meio escuro, meio alaranjado, despojado e moderno, mas ao mesmo tempo velho, lembra coisas de faroeste, o balcão, as cadeiras, as mesas e as paredes são de madeiras.

-- Porque o Old Place é o OLD PLACE. - Gabriel diz como se a pergunta de Julu fosse a coisa mais absurda da face da terra.

Observo que a garçonete leva um grupo para dentro do restaurante, tem uma portinha que parece aquelas portas de velho oeste, que balança pros dois lados, tem uma música acústica tocando. Cris está sentado de costas para o balcão, olhando para nós, Jake está do lado dele, abraçado com a namorada, Isadora, ela é morena, cabelos lisos e grossos, tem uma pinta preta na boca e usa batom vermelho, é muito bonita.

Leo está sentado na poltrona de madeira que tem almofada confortáveis, ele parece ser de outro mundo, nem parece pertencer a uma banda, ele é todo certinho, calado no canto dele, mesmo com Luisa, a menina pálida que é assistente do Lex e que descobri ser a amiga de Nina, que queria tanto entrar no clube de música, ela conseguiu, Uhu. Enquanto Lex está conversando com Gabriel e Fernanda, a conversa parece animada, mas Lex não parece tão feliz, ele tem uma energia que contagia, nos faz ter vontade de conversar, mas ele está meio pra baixo, deve ser coisa com a Nina, Julu comenta algumas coisas absurdas que os três falam, e é quase uma discussão séria sobre algo que não tem haver, estou sentada no banco alto do balcão, do lado de Cris, Estamos quase em um círculo, há outras pessoas na fila para entrar no restaurante, mas nenhuma parece ser do tipo família, que vem com mãe, pai, avós, são todos jovens, e muitos da escola.

-- Di Rienzo. - Escutamos a voz da mocinha que está marcando os nomes das pessoas para aguardar a fila, Leo se levanta e vai até a garota.

-- Então você entrou para a banda? Desde quando estavam recrutando uma garota, Jake? - Isadora pergunta olhando para mim, levantando um pouco um lado do nariz, ela olha da cabeça aos pés.

-- Não estávamos. - Jake balança os ombros.

-- A diretora colocou ela. - Cris comenta, olhando de canto para Isadora, ele me olha e mostra um sorriso.

-- Agora temos três garotas a mais, tá melhorando, não? - Gabriel sorri e abraça Fernanda pelo pescoço.

-- Você não muda esse disco, não é? - Fernanda dá uma cotovelada nele.

-- Há controversas nisso aí. - Lex comenta, damos risadas.

-- Apesar dela gostar de garotas, ela não deixa de ser uma. - Cris pontua o obvio.

-- Ah, muito obrigada por repararem nisso. - Fernanda faz um gesto como se estivesse cumprimentando eles com a cabeça e a mão, como se fosse um cumprimento de antigamente, que os homens tiravam os chapéus e se curvavam.

-- A mesa está pronta. - Leo volta, anunciando, seguimos ele, quando eu me levanto percebo Isadora segurar Jake, não quero encrenca, e não estou nem um pouco interessada em Jake.

Andamos até uma mesa quadrada enorme, que não era desse tamanho, claro, eles juntaram duas mesas. Lex senta do meu lado e Fernanda do meu outro lado, Leo senta em uma ponta da mesa, parece até aqueles chefões, será que ele vai pagar a conta de todos? Haha.

Fazemos o pedido, e a comida chega, chega a dar brilho nos olhos dos meninos, ninguém bebe algo alcoólico, a maioria tem refrigerante, Fernanda bebe um suco com copo de vidro enorme e Isadora uma água com gás. Eles conversam sobre o clube de música, e o que pretendem fazer, Fernanda também expõe suas ideias para as roupas, pergunta se eles têm algo contra enfeites, ou coisa do tipo, e como são garotos, já logo falam que não quer nada rosa e com purpurina. Quando terminamos de comer dividimos a conta, como as meninas mal comeram, nós pagamos bem menos do valor, vejo que Lex paga a conta de Jake e da namorada, eles conversam animados sobre qualquer coisa que não consigo ouvir, vejo que Leo olha para os três, revira os olhos e sai do restaurante, ele foi um dos primeiros a pagar.

Estamos fora do restaurante, Lex sai abraçado com Gabriel, os dois seguram uma latinha de Coca-Cola, eles andam de um lado pro outro, fazendo ziguezague.

-- SAIBA QUE O MEU GRANDE AMOOOOOR HOJE VAI SE CASAAAAAAR​ - Lex fica cantando, enquanto Gabriel ajuda no repertório.

-- Mandou uma carta pra me avisaaaarrr - Gabriel completa, parece dois bêbados, mas nenhum deles beberam.

-- Deixou em pedaaaços o meu coraçãaaaaaoooooo. - Os dois caem no chão rindo.

-- Tem certeza que era Coca-Cola? - Olho para Cris, Jake e depois para Leo. Porque nunca vi alguém bêbado com Coca-Cola.

-- Não temos certeza de nada. - Cris fala olhando enviesado para eles.

-- E pra matar a tristezaaaa, só mesa de baaaarrr. - Lex aponta para o restaurante.

-- Vamos logo, Lex. - Leo comenta, andando na frente, ele para na frente de um carro prata estacionado, vira olhando para gente. -- Até segunda.

-- Até. - Os meninos cumprimentam ele, com um aperto de mão, eu e Fernanda acenamos de longe.

Olho para trás e Luisa chama Lex para se levantar, eles se despedem e Lex vai até o carro, com Leo já lá dentro, Lex acena, entrando no carro, ele fecha a porta abrindo a janela ainda acenando. Nos despedimos de todos, Luisa vai de Taxi, Jake e Isadora vão andando a pé, porque eles vão no shopping aqui do lado, Gabriel diz que vai de ônibus, é meio estranho, já que a escola é de pessoas ricas, e acho que Gabriel não é bolsista, mas ele logo diz: “Andar de ônibus é uma aventura”, não sei onde ele tirou isso, mas eu acho cansativo demais, os ônibus devem ter um perfume sei lá de sono, porque você entra e já fica morrendo de sono.

Ligo para minha mãe me buscar, Fernanda e Julu também ligam e esperam minha mãe chegar, já que o pai de Fernanda vai levar ela e Julu. Minha mãe demora um pouco para dirigir, então eu digo que não tem problema eles irem, já que o pai de Fernanda já tinha chego a um tempinho, se eu tivesse ligado para meu pai, já estaria em casa.

Em casa tenho que contar sobre o dia de hoje, minha mãe ficou super emocionada que eu entrei no clube de música, ela nem sabia que eu cantava, bom, nem eu sabia direito, eu só gostava de cantar no Karaokê quando estava no Japão, é engraçado.

O fim de semana inteiro fiquei no hospital, na sala do meu pai, com o meu livro de inglês, mas eu via Nichollas poucas vezes, acenei para ele a primeira vez, ele até viu, mas depois parece que esqueceu que eu estava ali, esse amor platônico não vai dar certo, preciso dizer a ele que o amo, para ele saber meus sentimentos.

Cheguei o mais cedo que eu pude na escola, e corri para a enfermaria, perguntei para a recepcionista sobre Nichollas, mas ela disse que ele só chega a partir da segunda aula, meu corpo murcha todo, o fim de semana não foi o bastante para matar a saudades. Arrumo minha mochila vermelha nas costas e vou até meu armário, quando entro no corredor da numeração do armário vejo alguém sentado no chão, com um pé reto e outro dobrado, quando vou chegando perto, percebo os cabelos bagunçados, ele está de fone de ouvido, com um braço apoiado na perna dobrada e a cabeça em cima do braço, seus olhos estão fechados e a música explode nos ouvidos dele, olho ao redor, não sei ao certo se é Leo ou Lex, já que o armário da Nina fica do lado do nosso, me agacho na frente dele, colocando a saia presa na minha perna, abraço meus joelhos e cutuco sua mão, na mesma hora ele segura meu pulso, que rápido!

Ele levanta a cabeça devagar e abre os olhos me olhando, e tenho a certeza que é Leo, olho para minha mão e ele solta, tira um dos fones de ouvido, coça os olhos, olhando agora, vejo suas roupas meio frouxas no pescoço, o colar brilhando dentro da camiseta.

-- B-bom dia. - Mostro um sorriso para ele, mas ele não responde, olha para cima, para o armário da Nina. Volta a virar a cabeça na minha direção.

-- Quer usar o armário?

-- Ah! Não, não, ainda vai demorar para começar a aula, posso sentar aqui com você? - Teoricamente estou sentada aqui, mas só para saber se tudo bem eu ficar com ele. -- Você quer falar com a Nina?

-- Hum? - Ele junta as sobrancelhas grossas e bem desenhadas, ainda me olhando.

-- Ah, achei que estava esperando por ela.

-- Estou. - Ele coloca o dedo indicador na minha testa e me empurra para trás, me fazendo desequilibrar e sentar.

-- Ainda não tive a oportunidade de me desculpar. - Ajeito minha saia, e me arrasto até o lado dele, encostando minhas costas no armário do lado.

-- É pelo armário de novo? - Ele encosta a cabeça no armário e vira um pouco para me olhar.

-- Não. - Dou risada. -- Prometo não pedir mais desculpas por isso, eu sei que você não queria que eu entrasse na banda… - Suspiro e olho para frente, tem janelas enormes, que faz o sol iluminar todo o corredor.

-- Não, não queria. - Olho para ele e ele também estava olhando para fora. -- As vezes temos apenas que aceitar.

-- Bom, você é o líder da banda, poderia ter dito não a diretora. - Balanço os ombros, tiro minha mochila das costas e coloco no colo.

-- Podia. - Ele me olha de canto, sem mexer a cabeça. -- Mas em 1 anos a diretora nunca veio falar algo sobre alguém, e de repente já coloca você no clube, sem testes. - Vejo ele levantar a sobrancelha, volto a olhar para fora também. -- E meu irmão me fez acreditar em você.

-- Devo agradecer a ele. Gostei de cantar, apesar de ser bem pavoroso, sinistro, e ao mesmo tempo divertido. - Dou um sorriso.

-- Quando criamos o clube também me senti assim, mas eu sabia o que queria. - Ele levanta novamente a sobrancelha.

-- Vocês eram do clube de música clássica, não eram? - Leo me olha, balança a cabeça uma vez, fazendo sim.

-- Digamos que música clássica não é nosso forte.

-- E nem pop.

-- Com certeza, nem pop. - Vejo ele mexer a boca, como se mordesse a parte de dentro da boca.

-- Você gosta mesmo da banda e de tocar. - Primeiro que ele virou líder de uma banda famosa no colégio, ele respeita seus companheiros, mesmo com um irmão maluco e um baterista doido, tudo na mesma banda.

-- Sempre. O Lex sempre foi diferente, gostava de qualquer coisa, um simples brinquedo já satisfazia ele. - Leo comenta, olhando para fora. -- Eu já preferia um violão de brinquedo, e não ficava feliz com bonecos de ação.

-- Se você tivesse me contado que tinha um irmão gêmeo no começo, ia me ajudar demais. - Ele me olha de canto, mexe a boca de novo, mas agora como se quisesse sorrir, mas ele não faz.

-- Lex gosta de enganar as pessoas, e as vezes ele finge que sou eu. - Ele mexe a perna, fazendo as duas ficarem dobradas.

-- Não parece muito justo com uma novata. - Faço bico, me deixou super confusa, e pensando agora, até que Leo é legal, ele não é do jeito que pensei, talvez ele se solte aos poucos.

-- Não é justo com ninguém, as pessoas não conseguem nos diferenciar. - Ele levanta um pouco dos ombros.

-- Bom, talvez se vocês ficarem parados, e só piscar, eu não consiga diferenciar. Mas se falarem, se mexerem ou algo assim, dá pra saber sim. - Vejo ele me olhar e mostro um sorriso. - Fisicamente vocês são iguais. Mas mentalmente, o Lex foi derrubado do berço. - Levanto os ombros, Leo esboça um pequeno sorriso.

-- Já falaram isso. - Olhamos para fora, pela janela novamente, o vento gelado do corredor bate em nossos rostos. -- Não se preocupe com a banda, todos gostaram de você.

Bato a mão com as palmas abertas, sorrindo.

-- Sério? Eu nunca fui muito boa em alguma coisa. - Balanço os ombros. -- Meu pai é médico e minha mãe modelo. E eu a ovelha negra que não gosta de nada disso. Também nunca me interessei por música, para entrar em uma banda. - Vejo ele me olhar de lado. -- Ah, n-não que eu esteja desfazendo da Formiga Atômica! - Balanço as mãos na minha frente.

-- Devo pensar melhor quem entra na banda. - Agora ele tomba um pouco a cabeça, me olhando de lado levantando a sobrancelha.

-- Não! Eu gostei, desculpe. - Coloco as mãos nas minhas bochechas. -- Acho que nunca vi você falar com a Nina. Aconteceu algo com ela? Por isso você está aqui?

-- O Lex quase não dormiu o fim de semana, esperando uma mensagem dela. - Ele suspira cansado, coloca a mão na gravata, afrouxando mais ainda ela. -- Ele está sempre pedindo atenção, querendo que a pessoa fale com ele. Mas nem todo mundo aguenta.

-- Isso parece triste.

-- Triste? - Ele vira a cabeça pra mim e tomba a cabeça para o outro lado.

-- O Lex está apaixonado, e a Nina não está, é triste você gostar de alguém que não gosta de você. - Junto minhas pernas e abraço ela, fazendo a saia cobrir minhas pernas.

-- O Lex pode ser estranho, mas é o jeito dele, ele faz de tudo pelas pessoas, coisas que até irrita porque não deveriam ser feitas. E bom… - Leo se mexe para se levantar. -- Essa é a primeira vez que vejo ele gostar de alguém de verdade. Ele não sabe como se comportar e extrapola, isso me deixa preocupado. - Ele encosta as costas no armário, apoiando um pé. -- Não só com o Lex, mas com a Nina.

Me levanto também e encosto meus ombros no armário, olhando para ele, coloco uma mão na cintura.

-- Com a Nina, pelo o que o Lex pode fazer com ela?

-- O Lex não sabe medir seus sentimentos, mas minha maior preocupação é dele se magoar. - Ele cruza os braços e me olha. -- Ele é sentimentalista demais e instável, se mete em brigas desnecessárias. Queria pedir ajuda dela.

-- Como Nina poderia ajudar um garoto com problemas, que gosta dela, mas ela morre de medo dele?

-- Fazendo ele se afastar, antes que ele se machuque. - Ele comenta, mas não tenho certeza se só o Lex se machucaria nessa história, não que ele fosse, sei lá, matar a Nina, mas pelo jeito ela anda aturando coisas que não gosta por causa dele.

-- Isso parece difícil. - Coloco a mão no queixo, pensando. A Nina é uma garota legal, e o Lex também parece ser legal, eu sei o que é querer ficar perto de alguém que gostamos.

-- Difícil não, desafiador. - Ele me olha, parece confiante, acho legal a forma que ele se preocupa com o irmão, não parece, se você não conversa com ele, que ele se importa com alguém, mas dá pra perceber que os dois trocam olhares para conversarem entre si, e se entendem bem.

-- Isso é muito legal... - Ele me olha sem entender, juntando as sobrancelhas. -- Por isso você é um bom líder, os meninos da banda admiram você. Você se importar com os outros a ponto de ir atrás de alguém que você nem conversa.

-- Faço o que eu posso. - Ele olha para os lados e faço a mesma coisa, ele abaixa um pouco o corpo, ficando com a cabeça do meu tamanho. -- Estou à procura de uma gravadora, mas não conte a ninguém. Eles estragariam tudo.

Wow, isso é muito legal, mostro um sorriso para ele, Leo é mesmo dedicado, mesmo que agora eu esteja na banda e essa ideia me assusta, o fato dele ir atrás de algo para a banda é mesmo muito legal.

-- Você deveria me ajudar. - Ele diz, me olhando de canto.

-- Com a Nina?

-- Não. - Olho para atrás de Leo, Nina está ali atrás.

-- Falando na Nina, ela chegou. - Comento ainda olhando para ela.

-- Com a gravadora. Você deveria me ajudar com a gravadora. - Ele se vira, olhando Nina e caminha na direção dela.

Eu ajudar na gravadora? Como assim? Como ele fala uma coisa dessa e sai assim?

(Obs: Na foto é a Nina)

Continua no próximo capitulo!

Leia também “Vagalumes e outros Efeitos Colaterais”, um crossover com a escritora Mariana Sgambato!

 

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