Laços de Gelo e Sangue

By Deniserod33

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Fantasia/Romance Por séculos bruxas e humanos viveram em paz, compartilhando de um mundo como iguais, graças... More

Dedicatória
Notas da autora
Mapa
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Book trailer
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23

Capítulo 13

112 19 2
By Deniserod33

A visão da ponte aqueceu meu coração, ao mesmo tempo que o fez disparar. O barulho dos cascos dos cavalos na madeira seguiam ao mesmo ritmo que meus batimentos acelerados, minha respiração se condensava no ar à minha frente, e os sorrisos de meus companheiros iluminavam a manhã cinzenta e fria.

Estávamos em casa... Estávamos no nosso deserto de neve.

Os muros que rodeavam nossa aldeia continuavam intactos, e me perguntei se eles seriam capazes de resistir a fúria do exército das bruxas Yeborath. O portão negro de ferro e aço foi aberto, revelando a visão mais acolhedora em dias tempestuosos.

Aquela era a minha casa. Minha fria e gelada casa.

Fui a primeira a adentrar em nosso vilarejo, e sorrisos calorosos estavam estampados no olhar de cada cidadão de nossa vila. As crianças corriam para acenar para os guerreiros que retornavam em segurança, os adultos comemoravam e quase batiam palmas de alegria.

Éramos um povo unido. E quando um Drak partia para a batalha a aldeia se entristecia, da mesma forma que se alegravam quando eles retornavam. Agora, eu deveria protege-los, pois o perigo viria até nós, era meu dever mantê-los seguros.

Bert e Howard seguiam ao meu lado a medida que guiávamos os cavalos na direção da casa forte, já a os demais, fora concedida a permissão de seguirem para suas casas. Queria que todos aproveitassem um pouco de paz, pois em poucos dias teríamos uma guerra.

A barulhenta recepção fora deixada para trás, a construção antiga e gigante que me esperava a poucos metros prometia estragar o meu dia. A Casa do Líder continuava igual. Desci de meu cavalo assim que chegamos no pátio da entrada. O garoto ruivo ainda permanecia em seu cargo, pois fora ele quem veio levar os cavalos para os estábulos.

Esperava uma recepção de minha mãe, várias perguntas, e principalmente um sorriso vitorioso ao ver que meu pai não retornara conosco. Olhei para o meu lado esquerdo, onde Bert e Howard aguardavam pacientes se eu entraria em casa ou permaneceria do lado de fora, onde a neve começava a cair.

Por breves segundos me lembrei dos dias quentes e ensolarados que tivemos.

Respirei fundo e entrei em minha casa, minhas pegadas permaneciam sobre a neve que cobria o chão do pátio.

Cruzei a porta da entrada, e como uma serpente traiçoeira ela estava na sala, ao pé da escada que levava ao segundo andar da casa. Um vestido azul escuro cobria seu corpo, seus cabelos negros estavam presos em um coque simples no alto da cabeça, em seus olhos escuros se encontrava um olhar morto.

Por breves segundos nos olhamos em silêncio, no entanto, seu olhar se direcionou para algo além de mim, para o que se encontrava atrás de Bert, Howard e eu, para o nada. Foi quando meu coração doeu, um sorriso triste e melancólico surgiu em seus lábios, e mesmo estando longe pude ver uma lagrima solitária rolar em sua bochecha e atingir o assoalho de madeira.

— Eu estava certa, não estava?! — em sua voz não havia sarcasmo ou triunfo.

— Sim. A senhora estava certa — disse por fim.

Ela limpou às lágrimas que ameaçavam surgir, ergueu o rosto, endireitou a postura... De repente a imagem da viúva desolada desaparecera, ela era uma comandante novamente, uma guerreira.

— E para o que devemos nos preparar agora? — sua voz saiu firme.

— Melina vem atrás do Pylar — respondi.

Toda a postura segura de minha mãe se desfez em segundos.

— Ela o quê? — sua voz foi apenas um sussurro em meio ao silêncio.

                      ★★★

Reunir o conselho foi fácil e rápido. Ettore foi o primeiro a chegar, e diferente do dia da visita do rei, ele estava com a roupa amassada os cabelos castanhos despenteados e um olhar que indicara que havia passado a noite bebendo. Ariost estava em suas vestimentas simples como sempre e um olhar astuto no rosto. Vasti estava sentada ao lado do pai, seu olhar ás vezes era direcionado a Ettore com um grande desprezo evidente.

Minha mãe fingia não estar triste, fingia que também não teve um pouco de esperança em abraçar o marido. Sei que ela o amava, e a julgar pelo olhar que ás vezes se tornava distante, ainda o amava, mesmo morto. Porém, sua criação não permitia que colocasse os sentimentos acima de seus deveres, e nesse momento seu dever era me tirar do comando dos Drak.

Já eu permanecia agarrada ao meu novo propósito: ser a líder que meu povo precisava; ser a líder que meu pai acreditava que eu seria. O cordão que sempre o acompanhava, o cordão que o rei de Morningh trouxera como prova de que meu pai estava vivo, agora estava em meu pescoço, e o pequeno dragão entalhado na madeira parecia uma brasa quente contra meu peito.

— Ela é uma criança — minha mãe repetiu as palavras pela milésima vez.

Desde que nos reunimos na sala, tudo que foi discutido era que eu era uma irresponsável que fora enganada por um jovem rei ardiloso. Ninguém me deixou falar, nem ao menos explicar o que aconteceu, muito menos o que descobri.

Dispensei Bert e Howard para suas casas, sei que Bert ansiava rever a esposa e os filhos. Já Howard, provavelmente voltaria para o quarto que ele aluga em uma das pensões da vila, já que sua família mora na vila do sul.

— A culpa não é dela — Vasti interveio. — O rei apresentou uma prova de que suas palavras eram verdadeiras. O conselho votou, e ela obteve a permissão para ir.

— A essa hora ela poderia estar morta — minha mãe continuou. — E teria sacrificado duzentos homens inocentes por um capricho.

Minha garganta secou. Um capricho? Ir atrás de meu pai não era um capricho.

— Já basta — gritei fazendo-os se calarem. — Enquanto discutimos aqui Meliha prepara seu exército para invadir o Desert.

Todos se calaram, seus olhares denunciavam que haviam compreendido a gravidade do assunto.

— Meliha virá em nosso lar — continuei tentando manter a calma. — Irá trazer um exército para invadir nosso templo e levar o Pylar, e ao invés de estarmos nos preparando, estamos aqui perdendo tempo com discussões inúteis.

— Atali tem razão — Ariost disse pacientemente. — Precisamos saber o que está acontecendo e nos preparar.

— Mas e aquele garoto que nos enganou? — Ettore perguntou com desdém na voz.

— Aquele garoto — retruquei — é o rei de Morningh, e só tentou nos avisar sobre os planos de Meliha.

— Ele mentiu — minha mãe sibilou. — Não tente defende-lo — ela fez uma pausa arqueando a sobrancelha. — Ou será que aconteceu algo nessa sua visita a Morningh, que a fez mudar de ideia quanto a sua aversão pelos Rein? — a insinuação em sua voz ficou claramente evidente.

Usei meus poderes para evitar que o rubor tomasse conta de minhas bochechas. Cerrei os punhos por baixo da mesa, para controlar as palavras inapropriadas que surgiram em minha mente, para se dizer a uma mãe.

— Sim aconteceu — obriguei-me a responder firmemente. — Enfrentei uma Colchi na Floresta Cinza — o olhar de todos pareceu ficar mais firmes sobre mim. — Uma Colchi que andava na companhia de um dos irmãos demônios. Um Dain feito de escuridão...

— Bobagem — Ettore disse com sarcasmo. — Se você tivesse encontrado um Dain não estaria viva.

— O rei o matou — quase sorri quando a expressão de todos se petrificou.

— Como assim? — Vasti quase gaguejou.

— Ele domina o fogo — respondi como se fosse a coisa mais obvia do mundo. — Ele matou um dos irmãos demônios.

— Mentira — minha mãe gritou. — Faz séculos que nenhum Rein possui magia. Eles foram amaldiçoados pelos deuses.

— Pensava o mesmo, até vê-lo derreter uma estaca de gelo que tentei atravessar em seu coração.

Eles ainda me olhavam com incredulidade. Um silêncio duradouro se instalou na sala, tudo que ouvíamos era os sons de vozes distantes na aldeia.

— Na floresta — retomei a palavra —, quando confrontei a bruxa, ela revelou que Meliha roubou o Pylar que estava na posse delas — fiz uma pausa dando tempo para eles assimilarem a informação. — O rei de Morningh capturou a imediata de Meliha, ela confirmou que Meliha quer os Pylares — disse por fim.

— Co... Como? — Vasti perguntou incrédula.

— Ela estava espionando o reino, tentando descobrir onde estava o Pylar, e pelas informações que conseguimos, havia espiões aqui também.

— O que Meliha pretende tirar do submundo? — minha mãe perguntou parecendo estar começando a se preocupar.

— A bruxa não revelou nem sob tortura. Kian... O rei pretende mantê-la em cativeiro, talvez Meliha a queira de volta e isso pode ser útil — respondi.

— Improvável — Ariost falou convicto. — Não existe lealdade quando uma bruxa é capturada.

— O que faremos agora? — Vasti olhou em minha direção.

— Simples — minha mãe se levantou de seu assento, seu olhar era de superioridade. — Precisamos de um verdadeiro líder para nos guiar nessa batalha — ela me olhou com o triunfo que tanto esperei para ver. — E mataremos aquele soldadinho do rei, e mandaremos sua cabeça como um lembrete que não se engana um Balts.

Me levantei tão rápido quanto se é possível. Quando as palavras saíram de minha boca foi possível ver o ar se condensar à minha frente. Não estava conseguindo conter o ódio que se apossou de mim... Senti a ponta da língua gelada contra o céu da boca.

— Ninguém irá matar o soldado de Morningh — sibilei.

— O Conselho decide — sua voz saiu mais baixa que o esperado.

Ali, naquele momento, ela não era minha mãe, ela era alguém que devia respeito a sua superior. Ela era Nulara Riagáin, e não uma Balts, ela não pertencia a família principal da aldeia. Mas eu era uma Balts legítima, eu possuía o sangue dos antigos líderes do Desert, eu era a escolhida, e não abaixaria a cabeça para ninguém.

— Eu sou Atali Balts, e continuarei sendo a líder dos Drak. E quem não me quiser no comando, que me desafie na arena — meu olhar se voltou para meu primo.

— Você não tem capacidade para governar um povo — minha mãe continuou. — Ettore...

— Não haverá outro líder — a interrompi mantendo a voz firme. — Eu sou a líder dos Drak, eu sou a escolhida de Conan Balts, meu pai era o antigo líder dos Drak. Eu fui abençoada pela deusa Atali, eu sou a guardiã do Desert de Neu — a encarei. — Eu carrego o sangue de Lori Balts. Eu possuo nossa única salvação contra Meliha — sorri com triunfo. — Eu te desafio Ettore — olhei para meu primo que se mantinha calado. — Lutaremos na arena pelo título.

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