Principal escolha: A ruína ♤...

By AneriLyri

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-Você só tinha uma escolha, Joshua. Apenas arque com as consequências dela. Escolhas e consequências. A melho... More

♤Trailer♤
♤ Cast ♤
♤ Prólogo ♤
♤ Prólogo - parte 2♤
1°|♤| O passado não foi enterrado
2°|♤| A ferida mais dolorosa
3°|♤| Volte para sua Lena
4°|♤| Agora, volte pra sua família
♤ Cast - Parte 2♤
5°|♤| Irmãos May
6°|♤| Eu não te devo desculpas
7°|♤| A sorte? Acaba.
8°|♤| Seria uma boa mãe
9°|♤| Minha metade
10°|♤| Vadias traidoras
11°|♤| Um irmão
12°|♤| Quanto tempo, rainha.
13°|♤| Tudo isso é por Joshua ?
15°|♤| Testamento conturbado
16°|♤| Oi, amor.
17° - Parte 01|♤| Rei & Rainha.
17° - parte 02|♤| Rei & rainha.
18°|♤| Sobrevivência.
19°|♤| Lealdade, amor.
20°|♤|Possível traidor.
21°|♤| Traição digna de um rei.
22•|♤| A morte como fuga.
23°|♤| Por te amar.
|♤| Especial de Natal |♤|
24°|♤|Estratégia precede a ruína.
25°|♤|Não diga isso, dói.
26°|♤| Karmas entrelaçados.
27°|♤|Serei seu pior pesadelo.
28°|♤| Apenas rebole, amor.

14°|♤| Isso não é um adeus

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By AneriLyri

Oi razões do meu viver, avisos antes do cap:

♤ Indico que vocês passem no cast 2, para não ficarem perdidos na hora que aparecer alguns personagens.
♤ É um cap emocionante, então, aguente firme.
♤ Comentem bastante, amo ver a reações de vocês!!
Se o capítulo bugar, me avisem por favor.

Amo vocês, bom surtos!!

♤_____________________________________♤

24 de novembro, 2019 - 10:21 da manhã
Nova York - Estados Unidos

Luxuriance

Os dois seguiram o chinês e entraram na enorme boate que já estava reformada por dentro. As paredes em preto, roxo e prateado dava um ar sensual ao local, os bares centralizados, lugares para as dançarinas, o teto feito de espelho, as luzes colocadas em lugares estratégicos, deixando o local com uma iluminação fraca, mas instigante.

A boate fazia jus ao nome.

Os três andavam em silêcio até o centro da boate, o silêncio era desconcertante e sufocante, a funcionária que -mesmo confusa- seguia os três que andavam a sua frente, percebia isso.

Os ombros relaxados, olhos firmes e frios, andado confiante e sensual, o toque de girar o anel do dedo anelar, eram as características da brasileira. Que olhava tudo atentamente, captando os detalhes, mas com uma expressão neutra, não demonstrando o que achava ou o que sentia.

O americano por sua vez, estava nitidamente tenso, mas o brilho em seus olhos e o sorriso pequeno mostrava que gostava do que via.

Já o dono da boate, andava na frente de todos, imponderado e firme, demonstrando que era o dono da incrível boate. Porém, por mais que Krystian Wang fosse confiante e decidido, a visita dos dois assassinos o atordoava de certa forma, e o favor que a brasileira havia pedido, havia o deixado mais curioso do que ele já era.

O chinês parou no centro da boate e se virou, tendo a visão do americano analisando tudo ao seu redor, a brasileira estava parada no penúltimo degrau da escada que descia para o centro da boate e o encarava com uma expressão neutra.

Uma verdadeira incógnita.

- Por que reformou agora ?- perguntou o americano, voltando sua atenção para o chinês.- Pretende ficar de vez em Nova York ?- questionou, com curiosidade.

- Boate combina mais comigo.- deu de ombros e piscou para a brasileira, que assentiu com um sorriso leve no rosto.- Provavelmente não, não há nada que me prenda aqui.- deu de ombros novamente.

- Assim você me magoa, amor.- brincou o americano, fazendo com que o chinês revirasse os olhos e adotasse uma expressão debochada.- Por onde esteve esses anos ?

- Não que eu devesse te responder, mas hoje eu estou em um bom dia, então vou te dar o prazer da minha simpatia.- abriu um sorriso ladino, e o americano revirou os olhos.- Barcelona, Espanha.- deu de ombros.

O americano tentou esconder a expressão de surpresa, mas falhou miseravelmente. Krystian Wang era literalmente fanático e apaixonado por sua cultura, pais e principalmente seu continente, isso não era mistério para ninguém, o chinês sempre deixava claro seu amor, não só declarando verbalmente, mas também artisticamente, já que suas costas era totalmente fechada por tatuagens sobre seu país natal. Saber que durante todos esses anos, o melhor hacker da máfia havia abdicado de suas origens, e ido morar em um país com costumes e culturas diferentes, foi um choque para o americano.

- É, eu sei. Nem eu sei como fui parar lá, e nem sei como aguentei.- deu uma risada sem humor.- Consequências do passado, afinal. A China estava fora de cogitação, eu tentei o Japão, já que se me pegassem não iriam me extraditar, mas algum filha da puta ferrou com meus planos.- suspirou profundamente, e encarou a brasileira, que permanecia em silêncio, apenas olhando os dois homens conversaram.

- Gabrielly, começa a falar, mulher. Seu silêncio é sinônimo de merda vindo, e eu estou muito bem em paz.- a cacheada abriu um sorriso.- Afinal, por onde esteve ?-questionou.- De todos, você foi a única que eu não consegui localizar.- franziu o cenho.

A brasileira desceu os últimos degraus, ainda com um sorriso divertido no rosto.

- Não me achou ? Está ficando ruim, gênio Wang ?- debochou.- E a idade chegando, dá pra ver as rugas daqui.- brincou, e se aproximou do chinês. - Já começou a usar a viagra ?!- abriu um sorriso malicioso.

- Continua a mesma desgraçada de sempre.- abriu um sorriso divertido ao ouvir o murmúrio do americano "Pior do que antes, até".

O chinês puxou a brasileira para um abraço apertado, que foi aceitado de imediato pela mesma.

- Senti sua falta, Gaby.- falou baixinho, para apenas a morena ouvir.- Espero que a dor tenha ficado menos intensa.- deu um sorriso reconfortante para a mesma.

- Não, mas eu tento.- respondeu de maneira simples.- Fico feliz que esteja vivo.- brincou, tirando uma risada leve do chinês.

- Realeza não morre fácil, querida. Ainda mais quando se é vaso ruim.- deu de ombros, e olhou para a brasileira e o americano.- Mas, então. O que traz vocês dois aqui ? Ainda mais juntos, eu pensei que se odiavam.- franziu o cenho.- Mais que o normal, já que é impossível não odiar o Urrea.- debochou.

- Está tendo olheiros por perto ?- perguntou a brasileira, arqueando a sobrancelha ao chinês assentir.

- Pelo menos dois estão rondando a boate, temos pouco tempo até desconfiarem do que vocês vieram fazer aqui.- disse o chinês despreocupado, tirando uma pluma do ombro da brasileira. - To doido pra arrumar uma briga com aquela equipe de merda, anos de calmaria só me irritaram mais.- a cacheada deu uma risada alta ao ouvir a fala do chinês.

Olheiros era a denominação que os mafiosos davam aos informantes de outro; os mesmos seguiam a pessoa que era designada a eles e vigiavam seus passos á todo momento, caso houvesse alguma atitude suspeita, alertavam rapidamente o chefe para quem trabalhavam. E Diego Donatello era esperto suficiente e colocou um olheiro para cada membro da equipe, ele precisava ter a segurança de que o contrato não estava sendo quebrado, e o principal: que eles não estavam voltando para a máfia.

E assim que os olheiros vissem que Krystian Wang, Any Gabrielly e Noah Urrea estão juntos, seria um prato cheio para contar ao chefe e sua equipe.

- Temos que ser breves, então.- falou o americano olhando para a brasileira, e depois levou seu olhar até o chinês.- Podemos conversar em um lugar mais discreto ?- apontou para o ouvido, com um sinal claro de que ninguém poderia escutar sobre o que falariam. O chinês assentiu.

- Claro.- abriu um sorriso divertido, e se virou para a funcionária que estava mais ao longe.- Filhote de da Vinci.- a brasileira deu uma risada alta e o americano prendeu o riso.- Leve três bebidas bem forte pro meu escritório, e nem pense em colocar veneno.- alertou, e a mulher arregalou os olhos assustada. O chinês se virou e chamou os dois assassinos para o seguirem.

- Você é um filha da puta mesmo.- disse Noah com um sorriso divertido ao entrar no elevador, junto dos dois.

- Convivemos muito tempo com os piores, Cabra.- o americano revirou os olhos e a brasileira deu uma risada baixa.- Aprendemos algumas coisinhas.- a porta do elevador se abriu, dando a visão do belo escritório em tons de branco que o chinês possuía.- Senta em qualquer lugar nessa porra e comecem a falar, tô ficando angustiado já.- se jogou em um sofá enorme que tinha no centro do escritório, Any e Noah sentaram nas poltronas, ficando de frente para o chinês, que os olhava com um misto de curiosidade e ansiedade.

O americano encarou a brasileira fixamente, fazendo com que o chinês ficasse confuso.

- Preciso que invada um sistema de alta segurança, preciso ver todos os dados de um processo judicial que corre em segredo de justiça, preciso também de ter acesso ao arquivo secreto de uma prisão.- disse a brasilera de forma simples, e os dois homens lhe encararam surpresos e confusos.- E todos eles estão sendo supervisionados por agências de inteligência.

- Pensei que só iriamos ver o processo, nada mais.- falou o americano, estranhando tantos pedidos da morena.

- Você quer sua comprovação, vai ter.- deu de ombros.- Os outros arquivos é de interesse meu.- virou o olhar para o chinês.- Pode fazer isso ?-perguntou.

- Depende, você sabe.- cruzou os braços e olhou debochadamente para a brasileira.- Depende de qual agência estamos falando, e da qual pessoa também, quem é ?- abriu um sorriso zombeteiro, e a morena trincou o maxilar.

Ele sabia quem era.

- Joshua Kyle Beauchamp.- respondeu, o tom de voz exalando desgosto, e isso fez com que o sorriso do chinês abrisse mais ainda.- Sobre as agências, eu não sei ao certo, mas até as nações unidas está envolvida.- o sorriso do chinês se fechou, e seus olhos se abriram em um leve choque.

- Nações Unidas ?- exclamou, perplexo.- Eu não sei se fico perplexo por dizer que sim, eu consigo, ou por saber que Josh foi pego pelos tiras. Qual é? O cara era um filha da puta, mas um filha da puta inteligente pra caramba.

- Tráfico de pessoas.- respondeu o americano.- É o que sabemos, ele morreu no presídio por causa de um incêndio, tem probabilidade de ter sido um acerto de contas - o chinês assentiu -, mas também pode não ter sido. Eu quero ver as fotos do corpo, já que ninguém viu, eu tenho minhas desconfianças.- meneou a cabeça.

- Como conseguiram essas informações ?- perguntou - Não me digam que foram atrás de algum informante ou mafioso, porque ai terei que ir em mais dois enterros, já que o contrato proíbe isso.- intercalou o olhar entre a brasileira e o americano.

- Eu irei voltar, ela não.- disse o moreno com uma voz rouca.- É antes que fale algo, eu não estou aberto a opiniões.- abriu um sorriso forçado e o chinês revirou os olhos.

- Eu não iria falar nada, cada um sabe o que faz com a cabeça que tem.- deu de ombros, fazendo pouco caso, e encarou a brasileira com os olhos cerrados.- Só vai voltar você ?- o americano assentiu, mas o chinês permanecia olhando para brasileira que estava a sua frente.- Claro, só você...- sussurrou e deu uma risada de escárnio, o americano franziu o cenho.

- Pois bem.- o chinês se levantou e se sentou atrás de sua mesa, e começou a estralar os dedos.- Eu estou meio enferrujado sobre quebrar sistemas codificados de segurança mundial, mas- abriu um sorriso debochado.- vocês vão ter tudo o que querem em uma hora, no máximo.- começou a digitar.

- Isso é porque ele está enferrujado.- debochou o americano sobre a fala do chinês, Any abriu um sorriso com isso.- O contrato não te impede de fazer isso ?- perguntou, estranhando.- Porque se a resposta for sim, deixe isso para lá, não vale a pena.- disse seriamente.

Por mais que tentasse negar, era nítido nos pequenos detalhes o quanto o americano se importava com todos a sua volta.

Quando o assunto eram os ex companheiros de equipe, o passado era apenas um mero detalhe.

-Ai que fofinho, ele se importa.- debochou o chinês fazendo biquinho e mandando um beijo para o assassino.- Pede pra cachinhos ao seu lado te explicar, porque agora preciso me concentrar.- deu um sorriso sem dentes para o americano e voltou sua atenção para a tela do computador, digitando rapidamente.

A brasileira revirou os olhos ao ouvir o apelido, mas continuo com um sorriso pequeno e leve no rosto. Se virou para o americano, que a olhava, esperando pela explicação.

- Quem escreveu o contrato foi o Krystian.- começou a explicação.- Ele seguiu tudo o que os Donatello queriam, mas Joshua pediu para que uma cláusula fosse quebrada referente ao chinês ali.- Krystian deu um tchauzinho com a mão esquerda, digitando rapidamente com a direta.- Ele ainda pode hacker e trabalhar com isso, desde que não seja com a máfia, assim como vocês. Ele também pode ter um contato ali, outro aqui, mas nada que deixe ele diretamente dentro da máfia. Mas se houver qualquer suspeita que ele mexeu com algo, ou o sistema de alguém- traçou um linha imaginária no pescoço com o dedo, deixando nítido o que aconteceria.-, morre.

- Mas e se esse arquivo que você abrir, ter alguma ligação com um mafioso. Ai é morte na certa.- a tensão e temor do americano estava visível.

- Eu sei usar uma arma, Urrea.- falou com um tom óbvio.- Mas você sempre pode me proteger, gracinha.- disse sarcástico.- Isso se você souber usar uma arma ainda, e olha que eu nem estou falando da pistola de baixo, essa deve estar ruim a muito tempo.- a brasileira deu uma gargalhada alta, e o americano fechou a cara.- Sabe atirar ainda, Cabrinha ?- cantarolou, sem nem olhar para o americano, focando apenas em digitar.

O americano puxou a pistola que estava na sua cintura e destravou, e ainda encarando o chinês, atirou no vaso que estava ao longe, acertando, sem ao menos olhar.

A brasileira abriu um sorriso orgulhoso sem ao menos perceber que fazia tal ato.

O chinês parou de digitar por um momento e levantou o olhar para o americano, que tinha um sorriso debochado no rosto e depois para o vaso que estava espatifado no chão.

- Ok, você vai me pagar esse caralho.- voltou a digitar rapidamente, o americano deu uma risada baixa e colocou a pistola na mesa de centro, que estava a sua frente.

- Quem te disse sobre o funeral de Josh ?- perguntou o americano para Krystian, que parecia extremamente entretido com o que fazia.

- Eu soube por alto que ele tinha morrido, achei que era mentira.- o olhar do chinês estremeceu por breves segundos.- Mas eu tive a confirmação quando Heyoon me procurou e me disse a onde seria o funeral.- suspirou fundo.

A coreana era uma parte boa e dolorosa do passado de Krystian Wang, o chinês não sentia mais nada pela mulher, mas o rancor que guardava da mesma sempre se fazia presente quando Heyoon Jeong era citada.

- Heyoon ?- perguntou a brasileira com as sobrancelhas arqueadas e o chinês assentiu.- Milagre você não ter matado ela.- debochou, e o chinês meneou a cabeça, como se tivesse ponderado a escolha.- Você me disse que tinha achado todos, por onde ela esteve, então ?-perguntou.

- Ela se mudou duas vezes por ano, ficava pouco tempo em algum país ou estado, o último país que eu tive registro dela, foi na Alemanha.- franziu o cenho, olhando para o computador.- Acho que de todos nós, ela foi a que mais se mudou. A não ser, que, você se mudou mais- abriu um sorriso fofo -, por onde esteve ?- perguntou novamente.

- Fiquei um ano no Brasil, e depois fui para Mônaco.- Noah levantou o olhar e abriu a boca perplexo, Wang parou de digitar e encarou a brasileira de uma mesma forma.

- Mônaco, Gabrielly ? Puta que me pariu, você é louca ?- exclamou o chinês, elevando o tom de voz. A brasileira arqueou as sobrancelhas e deu uma risada baixa.

- Elena Garcia mora lá, Any.- disse o americano, citando o óbvio.- Você matou o marido e os dois filhos dela, sua cabeça é o sonho de consumo dela.- negou com a cabeça, não entendendo os motivos da brasileira.- E pelo o que eu sei, ela é uma das melhores assassinas atuais da máfia. Por que diabos foi para perto de uma, das milhares de pessoas, que te querem morta ?- perguntou confuso, e o chinês parou de digitar para prestar atenção na resposta da brasileira.- Esta querendo passar dessa pra melhor ?- levantou as sobrancelhas..

A morena revirou os olhos e bufou. - Eu tenho inimigos por todo o mundo, não tem como fugir. Eu fui para Mônaco e consegui me reestabelecer, o que foi um verdadeiro milagre. Ninguém nem ao menos sabe da minha existência lá, eu sei me esconder e sei muito bem me defender, sem alarde.- a brasilera estava impaciente. - Também não é como se eu tivesse muitas opções, se eu ficasse morreria, como corro o risco de morrer estando aqui, todos devem estar doidos para decepar minha cabeça e colocar em uma bandeja.- suspirou fundo e massageou as têmporas, já sentindo as pontadas na cabeça que havia sentido desde que chegou em Nova York.

Falar de Mônaco não era um assunto agradável para a brasileira, já que ela não estava lá por que queria e muito menos por que gostava, estava por necessidade, sobrevivência, já que era um dos pouquíssimos lugares do qual ela poderia se reestabelecer após a saída da máfia.

-Não te entendo, Any. - diz Noah.- Na verdade ninguém entende, a não ser o...- foi interrompido pela cacheada.

- Cala a boca, Noah.- disse impaciente.- Apenas, cale a boca.- suspirou fundo e se virou para o chinês que olhava atentamente aos dois assassinos.- Falta muito ?- perguntou.

- Já consegui dois arquivos, falta decodificar alguns códigos de segurança extras, é rápido, mas tem alguns que estão escritos em outro idioma, ai é com você para traduzir e decifrar.- a brasileira assentiu.

Após a fala do chinês, o silêncio permaneceu na sala, e só não era total devido ao som que emitia do teclado do chinês, que digitava rapidamente.

Por fora o silêncio desconfortável e tenso que estava, mas por dentro da cabeça de cada um ali, estava os mais diversos tipos de pensamentos. Quando encontravam uma resposta plausível, surgia outro questionamento.

Era como um infinito, não havia começo ou fim. E era isso que os atordoava mais ainda, por que não ter um fim ? Por que não ter um começo ? E por que todos esses questionamentos surgir logo depois da morte de alguém ?

Questionamentos que precisavam de respostas, respostas que trariam consequências para quem tivesse feito suas escolhas.

- Deveria ficar.- disse o americano após alguns minutos de silêncio, encarando o chinês, que levantou o olhar, confuso.- Aqui, em Nova York.- especificou, e agora o chinês olhava com atenção e curiosidade, assim como a mulher que encarava a enorme janela de vidro do escritório.

- Por que ?- perguntou.

- Você ama esse lugar, Krystian.- disse com sinceridade.- É nítido para mim, para ela - pontou para Any.-, para qualquer um. Você é inteligente, sabe se virar, não há nada que te impede de ficar aqui. Tem a sua boate, que provavelmente fará um sucesso do caralho. Você deveria ficar, se isso te faz feliz e você pode fazer, não hesite.- abriu um sorriso sem graça ao ver que o chinês o encarava com um sorriso pequeno, que era simpático e sincero, algo raro vindo do chinês.

- Obrigado, cara.- disse com sinceridade.- Irei pensar nisso. - o americano assentiu, contente pela resposta.

- Por que não segue seu próprio conselho ?- perguntou a brasileira, chamando a atenção dos dois homens para si, Any virou o rosto e encarou o americano. - Começando por relacionamentos, que tal ?- abriu um sorriso de lado, que fez com que o americano a olhasse com ódio.

- Como assim ?- perguntou o chinês confuso, olhando a brasileira com total atenção.- Estou perdido, faça o favor de esclarecer, Gaby.- pediu. Any continuava encarando o americano, e o sorriso da mesma so se intensificava conforme via que o americano estava se irritando.

- Chegou a ver uma loira com ele, no funeral ?- perguntou e o chinês assentiu. - Zoe, vadiazinha do nosso americano aqui.- a voz exalando sarcasmo. O chinês virou com tudo e encarou o americano, desacreditado.

- Ela não é vadia, ao contrário de certas pessoas.- respondeu Noah, com a voz irritada e debochada.

- Não ?- franziu o cenho, fingindo estar confusa.- Isso até ela te deixar, certo ?- perguntou divertida, irritando o americano mais ainda. - Qual é, Noah, já vivemos essa história e sabemos como termina. Ela não sabe a missa parte do seu passado e quando descobrir, meu querido - deu uma risada baixa.-, tudo cai por terra. Você vai voltar para a máfia, e ai ? Ela vai ter que saber, já que ela será seu ponto fraco. Você ao menos já pensou nisso ?

- Ela tem razão.- concordou o chinês.- Não que eu me importe com sua namorada, pelo contrário, ela tem cara de sem graça e me encarou feio durante o funeral - fez cara de nojo -, você decaiu no meu conceito de "namoradas gostosas", Urrea.

- Minha vida parece ser de extrema importância para vocês não é mesmo ?! Ainda mais na máfia.- disse nervoso.- Eu sei o que faço ou deixo de fazer, isso não é diz respei...- foi interrompido pela voz dura e fria da brasileira.

- É diz respeito sim, porque assim que você entrar, tem um alvo no meio da sua cabeça. Se eles acharam alguns de nós e usarem contra você, ai tá fudido você e mais alguém.- falou, irritada pela ingenuidade e falta de pensamento sobre consequências do americano.- Éramos uma equipe, eles sabem que tínhamos laços, éramos pontos fracos um dos outros. Não ache que só porque tem vontade de se vingar, não afetará os outros, porque pode acontecer. Não seja um menino perdido e destemido que acha que pode tudo, foi destruído uma vez e pode ser outra.- finalizou. O clima do escritório estava mais tenso ainda, Any e Noah estavam exaltados e se encaravam com ódio. O chinês apenas encarava os dois, sabendo que viria uma briga feia logo mais.

Any e Noah sempre viviam na base das provocações, era raro quando se desentendiam de fato, mas quando isso aconteceria, não era algo bonito de se ver e muito menos de se ouvir.

A brasileira sabia as consequências de que seus atos podiam trazer para si e para as pessoas ao seu redor. E sabia que ao americano entrar na máfia, todos poderiam correr risco, e era exatamente isso que a irritava e incomodava sobre a decisão do americano. Ele não media suas consequências e muito menos quem as afetaria. Any já havia sido imprudente como o americano, e sentiu na pele o resultado de sua imprudência, por isso, tentava fazer o americano abrir o olho.

Por mais que negasse, a ex-rainha da máfia também se importava com as pessoas do passado, com a equipe o qual fazia parte. Afinal, a ruína quebrou os laços, mas não apagou as lembranças.

- Você falou certo, éramos.- exaltou a voz.- Não tenho mais pontos fracos referentes a vocês, já que é cada um por si, que seja.- os olhos do americano brilhavam em ódio, e os da morena não era diferente. - E sobre minha namorada - deu ênfase no "minha"-, não se preocupe, eu sei me cuidar, nem todos tem relacionamentos fracassados igual ao seu. Se não fosse o namoro de merda de vocês, não tínhamos sido arruinados, não teria acidente, fim de amizade e relacionamento, a morte de Linsey, do filho da Shivani, de Laurel. Você nunca se importou conosco, Any, você nem ao menos morreria por quem dizia amar, não finja que se preocupa logo agora.

O chinês arregalou os olhos ao ouvir o que o americano disse.

Assim como o americano falou rapidamente, as coisas a seguir também aconteceram rapidamente;

- Ok.- disse entre dentes, surpreendendo Wang e até mesmo Noah.- Só quero te dizer duas coisas, e é bom que você preste muita atenção nelas.- a voz da brasileira estava absurdamente calma, e isso fez com Noah estremecesse por breves segundos, coisa boa não seria.

- Não toque no nome da minha filha para me atingir, hoje eu me segurei, mas se houver próxima vez, a sua morte por uma bala do meu revólver é uma certeza incontestável.- disse entre dentes.- E se por acaso você for pego e eu souber que outro alguém da equipe sofreu as consequências pelos seus atos, eu mesma te mato.- fechou a mão em punho. - Não tente me culpar, sendo que não sabe de tudo, eu errei, mas ao contrário de você, eu sei o que fiz e as consequências que isso trouxe.

- Por que não se mata, então ? Você tem culpa na ruína, e isso nos afetou.- respondeu, nervoso.

As coisas já estavam indo por caminhos diferentes, da qual a volta não seria possível. O passado estava sendo remexido, e somado a ignorância de alguns sobre determinados assuntos, ficava pior ainda.

-Chega, Urrea!- o chinês falou alto e irritado.- Larga de ser criança mimada, ela e Josh acabou com o império e conosco ? Sim, mas quem não faria isso por família ?- perguntou retoricamente.- Você faria por Linsey, então quem está sendo hipócrita aqui é você, que julga, mas no fim faria o mesmo.- o americano engoliu seco ao ouvir as palavras sinceras e irritadas do chinês.- Josh e Any pelo menos se sacrificaram e assinaram o contrato de merda, que nos possibilita de viver ao menos. E sim, eu sinto ódio por tudo e por eles - se virou para Any -, vocês foram burros. Pra mim, vocês foram peças do jogo de alguém, com a inteligência de vocês, eu pensei que nunca iriam se arruinar assim.- respirou fundo.- Mas eu também entendo os dois, Dave conseguiu colocar vocês um contra o outro. E por mais que isso nos afeta, é passado, porra!

- Agora, Urrea - se virou para o americano.- Você não é tão diferente, eles não mediram as consequências, mas você
sim, e ainda quer rebater de que não está nem ai ?! - perguntou, desacreditado.- Você fica de quatro por Sabina, tomaria um tiro por Lamar.- esbravejou irritado.- Não tente ser quem não é, porque você está falando com pessoas que te conhece a anos.

O chinês estava exaltado, e parecia descarregar as verdades que guardava para si a anos.

- Todos nós fomos uns fudidos de merda, essa é a verdade.- continuou, com a voz revelando todo o desgosto e remorso que tinha.- Eu sabia que o sistema tinhas brechas, que as coisas estavam dando errado por algum motivo. Você - apontou para Noah -, sabia que sua irmã não morreu por acaso, o quase acidente de Sabina, aquilo não era um acidente qualquer. E você - apontou para Any-, eu fiquei do seu lado, mas você e Josh foram os filhas da putas mais egoístas que eu já vi. Antes de pensarem nas vidas das vadias de suas irmãs, deveriam ter pensado em nós, doze vidas contra duas, para mim era claro como a água que escolheriam a nós.- deu uma risada sem humor.- Mas, não foi isso que aconteceu. Todos nós erramos em algo, temos parcelas de culpa, tínhamos que ter noção que independente de estar ou não no topo, éramos suscetíveis a uma queda. O que Josh e Any fizeram foi apenas um ponto final para algo que já estava fadado ao fracasso.

Wang respirou fundo e passou as mãos no cabelo. A expressão que a todo momento era de puro sarcamo, agora demonstrava o quão cansado estava por relembrar tudo, mas ao mesmo tempo angustiado, por falar tudo que pensava.

- O que eu quero dizer, é que todos nós temos culpa, alguns mais que os outros, mas todos erramos em algum momento, e esse erro contribuiu para a ruína.- encarou os ex companheiros de equipe, que o encaravam, com uma expressão indecifrável.- Dave conseguiu muito mais que o império para os filhos, conseguiu nos destruir por inteiro, olha só para nós - deu uma risada sem humor -, estamos a uma hora juntos e já estamos brigando, tudo por causa do passado. É por isso que estávamos separados, porque juntos não conseguimos conviver. Damos exatamente o que eles queriam, a discórdia.- bufou e se sentou novamente.- Está pronto esse caralho, vamos ver logo.- conectou a tela do computador, em uma tv.

Noah encarou a brasileira e desviou o olhar, permanecendo em silêncio, virando para o rumo da onde a tv estava.

- O que querem ver primeiro ?- perguntou o chinês, passando por diversos arquivos.- Esses arquivos são referentes ao processo que segue em segredo de justiça, tem fotos da necropsia, do local, depoimentos, aquelas baboseiras que os carinhas da lei falam e blá blá blá.- debochou, fazendo pouco caso.- Os outros que você me pediu - olhou para a brasileira -, estão sendo decodificados ainda, tem mais barreiras para quebrar.- a brasileira assentiu.

- Vamos pelo começo, o depoimento do flagrante.- disse Noah, o chinês assentiu e clicou no vídeo, que mostrava a primeira gravação que os federais fizeram com o ex chefe da máfia.

gravação 01•

O canadense estava sentado e com as duas mãos algemadas na mesa. Sua aparência era das piores possíveis. O rosto estava todo machucado, o cabelo desgrenhado, as mãos estavam cortadas e as unhas em puro sangue, devido a blusa de manga longa, não era possível ver se havia mais machucados pela extensão do braço.

O loiro parecia calmo, batucava os dedos na mesa e assobiava uma canção desconhecida, parecendo totalmente despreocupado. Hora olhava pra frente, hora olhava para a câmera de segurança e abria um sorriso de lado, enquanto dava um tchau meio desengonçado, já que estava com as mãos algemadas.

A sala pequena e cinza utilizada para depoimentos, estaria em silêncio se não fosse o batucar de dedos do canadense. O loiro encarava o espelho com um sorriso debochado, sabendo que havia vários federais atrás da mesma o analisando.

A porta foi aberta e um homem de estatura alta, ruivo, forte e de terno, passou por ela. A expressão carrancuda e imponente, não teve nenhum efeito sobre o loiro, que permanecia calmo.

- Joshua Kyle Beauchamp.- disse o ruivo com desdém, esboçando um sorriso de escárnio.

- Em carne, osso, tatuagem e muita beleza.- forçou as vistas para conseguir ler o nome do homem.- Jonas Niolly. - deu uma risadinha baixa.

O ruivo andou lentamente até a mesa, e jogou várias pastas de arquivo na mesma. Esparramado diversos papéis. Josh baixou o olhar para os diversos papéis, e depois levantou o olhar curioso para o ruivo.

- Sabe o problema de mafiosos, Joshua ?- perguntou retoricamente.- Eles acham que nunca vão ser pegos, que vão permanecer no poder para sempre, acham que são intocáveis, acham que não tem pontos fracos ou que são indestrutíveis.-- suspirou forçadamente, e o canadense abriu um sorriso de lado.- Você é a prova disso.- puxou a cadeira, e se sentou de frente para o loiro.

- Ele estava blefando.- falou Noah, enquanto via a gravação do depoimento.- Queriam que ele falasse sobre a máfia, e não pelo tráfico do aeroporto.- Any e Krystian acabaram minimamente, concordando.

- Todos esses papéis - apontou para os papéis esparramados.-, são investigações ou provas que levava a você, sua equipe de merda, e claro, a rainha da máfia. Temos tantas coisas, que a eutanásia seria um brinde a vocês.- o federal abriu um sorriso maldoso.- Vocês deixaram tantas brechas soltas, devo dizer que não foi fácil, mas só de te ver aqui, eu vejo que valeu a pena.

- Uau.- o canadense abriu um sorriso divertido.- Quem te ensinou a blefar, amigo ? Te aconselho a meter a porrada nessa pessoa, porque você é uma merda fazendo isso.- deu uma risada.- Se você tivesse algum caralho que "provasse" - fez aspas com as mãos.-, que eu ou sei lá quem, fosse da máfia, eu não seria o único que estaria aqui. E a princípio, se não me engano, eu estou sendo acusado de tráfico de pessoas, não de outra coisa.- deu de ombros e fingiu olhar as unhas.- Se quiser falar da minha acusação, ok. Agora se quiser falar das suas mentirinhas sem fundamento, me poupe.- deu de ombros.

- Se acha muito esperto, não é ?- falou o ruivo, parecendo estar estressado.

- Eu não preciso achar, eu sou.- piscou para o a gente.

- Você tem tudo para ser o melhor, Beauchamp, mas pontos fracos são uma merda né ?- abriu um sorriso travesso, e o canadense o olhou seriamente.- Joalin Loukamaa, uma traficante . Shivani Paliwal, já matou várias pessoas através de veneno. Noah Urrea, seu irmãozinho que gosta de armas.- debochou.- Sabe o que todas essas pessoas têm em comum ? Além do laço de amizade, em comum. - pegou uma das pastas, e abriu, retirando 3 fotos.

A primeira foto, Joalin Loukamaa arrumando um carregamento de drogas. Na segunda, Shivani Paliwal entregando um frasco para uma mulher, e ao lado, a foto de um corpo masculino, possivelmente a vítima. Terceira e última foto, Noah Urrea, apontando uma arma para uma mulher que estava deitada no chão, e na segunda foto, a mulher já baleada e o americano passando ao lado, limpando a arma.

- Todas eles podem ser presos assim que eu quiser. Eu tenho provas concretas para mandar cada um deles para um presídio de segurança máxima.- cruzou os braços, e abriu um sorriso vitorioso.- Poxa, Joshua. Você realmente quer ver seus amiguinhos indo para a cadeia ? E sabe o que é pior ?- perguntou, e o canadense permaneceu calado, olhando atentamente as fotos.- Os três tem inimigos por toda a parte, assim que eles caírem, a cabeça deles estarão a prêmio, e você não poderá fazer nada.

- O que quer ?- perguntou o loiro seriamente, enquanto analisava alguns papéis da mesa.- Não me mostrou e nem falou esse discurso pensado a toa, quer algo de mim, não é ?- levantou o olhar ao agente, que tinha uma postura confiante e um sorriso vitorioso.

- Você sabe como funciona, uma troca e todos saem ganhando. Esses três são peixes grandes, mas eu quero dois tubarões, você é um deles.- deu de ombros.- Não temos provas suficientes contra você e nem contra Any Gabrielly.- o canadense arqueou as sobrancelhas, adotando uma expressão sarcástica.- Precisamos de tempo para isso, então a minha proposta é a seguinte.

Abriu seu paletó e retirou um papel, mostrando para o loiro.

- Você provavelmente vai ser extraditado para o Canadá, para ser julgado lá. E eu sei, que por mais que você não esteja mais no topo, sua influência no Canadá é forte, assim que você fosse para lá, iria ser julgado rapidamente e muito provavelmente, pegaria poucos anos de prisão. E não é isso que eu quero.- abriu os braços, debochadamente.- Você aceita ser julgado em Nova York, e denúncia a rainha da máfia, com isso, os três saem totalmente ilesos, eu nem mesmo corro atrás dos outros.- piscou para o canadense, que agora o olhava com ódio.- Duas vida por treze, é uma ótima proposta.

- Como posso denunciar alguém, sendo que nem sei o que essa pessoa fez ou deixou de fazer ?- perguntou Josh, fingindo estar confuso.- Eu disse que não tenho ligação com a máfia, o senhor está querendo me incriminar por algo que não fiz ?- perguntou exasperado, fazendo com que o agente revirasse os olhos devido ao fingimento.

- Não tente jogar comigo, Beauchamp. Temos denúncias e provas contra você e eles, fora os outros que temos provas leves, eles ficariam presos por uma semana, mas seria o suficiente para serem mortos dentro da cadeia.- entrelaçou as mãos e as apoiou em cima da mesa.- Pelo o que meus informantes disseram, todos se sacrificaram por vocês. Seu ponto fraco é família, e eles eram sua família, vai mesmo deixar eles serem presos ?- perguntou.

- Você está blefando, isso não rola comigo.- disse o canadense sério.

- Estou é ? Se fosse a algum tempo atrás, você teria razão.- meneou a cabeça, como se ponderasse.- Mas você e a Soares despertou o ódio de muita gente, a inveja. No final, alguém nos ajudou e com essa ajuda, eu vou definhar sua equipe.- disse entre dentes.- Eu estou foda-se para os outros, eu quero você e Any Gabrielly, se você ceder, todos ficará livres.

- Você não tem é porra nenhuma, federais como você são iguais a cachorro de beco, só latem.- debochou, e o agente o olhou com ódio.

O agente se levantou e pegou um controle que estava na mesa, ligou a tv e abriu um sorriso vitorioso.- Eu imaginei que você falaria isso, aqui estão todas as provas. Pense bem, Josh.

O canadense trincou o maxilar e tinha o olhar mais frio possível, enquanto via na tv, vídeos, fotos e documentos relacionados a todos da equipe. As irmãs, os amigos e amiga, e até mesmo Any.

- Como esses caralhos conseguiram esses arquivos ? O sistema era indestrutível. - murmurou o chinês chocado, enquanto via a filmagem. Noah olhava desacreditado, Any tinha o maxilar trincado e o olhar brilhando em ódio.

O ruivo analisava a expressão do mafioso, que parecia querer explodir de ódio e nervosismo.

- Eu não vou denunciar ninguém.- falou entre dentes.- Eu aceito ser julgado em Nova York, confesso o crime de tráfico de pessoas e te ajudo a conseguir provas contra mim. Você vai me destruir, mas todos, sem exceção, vão ficar livres.- disse seriamente.

- Quero Any Gabrielly, também.- retrucou o agente, se aproximando do loiro, e se inclinando na mesa, ficando face a face com o canadense.- Quero ela, talvez eu até me divirta um pouquinho com ela.- debochou.

O canadense tomado pelo ódio, se levantou da cadeira e mesmo com as mãos algemadas, deu uma cabeçada no ruivo, que foi para atrás devido ao baque.

- Esse é o acordo, e eu aconselho que aceite. Se não, eu dou um jeito de avisar ela, e ai meu querido agente- deu uma risada sem humor -, um nariz quebrado será o seu menor problema, vai por mim, ela sabe exatamente a onde atingir.- deu uma olhada sugestiva para a enorme aliança, que o homem usava.

Fim da gravação.•

- É, ele aceitou.- disse o chinês, ao abrir um documento que mostrava a confissão de Josh e algumas provas contra ele, de outros crimes.

- Ele se sacrificou.- disse o americano, engolindo o bule que havia se instalado em sua garganta. - Porra...- se sentou novamente, parecendo estar arrasado.

- Você, pode...- pigarreou a brasileira, parecendo estar abatida pela primeira vez.- Pode colocar as fotos da autópsia ?- perguntou, e o chinês olhou para Noah, que assentiu em concordância. O chinês passou um arquivo e abriu o da autópsia.

As lágrimas do americano caíram rapidamente, ao ver o corpo do amigo.

- Puta que pariu.- falou baixinho, e com a voz falhada devido ao choro, que caia continuamente.

Em cima da maca de metal do necrotério, estava o corpo do ex chefe da máfia. Grande parte estava irreconhecível devido as queimaduras, consequente do incêndio. As tatuagens peculiares da mão e do pescoço ainda dava para reconhecer, o rosto estava metade queimado, mas os traços da outra metade faziam com que o americano reconhecesse o amigo. A baixo do umbigo, havia um grande corte, que provavelmente era o que teria tirado a vida do canadense.

- Eu sinto muito, cara.- disse Krystian sincero, tentando lutar contra as lágrimas que descia por sua face.

- Eu preciso de...- tentou engolir o choro.-De uma bebida.- Krystian acenou triste, e viu o americano passar como um furacão pela porta do escritório.

O chinês se virou, e viu a brasileira com uma expressão diferente. Any Gabrielly não chorava, mas pela primeira vez, parecia estar abatida, como se a foto do cadáver do homem que amava há tivesse machucado em escalas inimagináveis.

- Não fale nada.- disse com a voz falhada e o chinês assentiu.

A brasileira suspirou fundo e continuava encarando a foto do corpo. Os pensamentos e sentimentos confusos a devastava por dentro. Sabia que Josh já estava morto, mas ver o corpo do ex amado, fez com que sentimentos guardados a sete chaves se soltassem e fizesse presente.

E após a gravação que mostrava Joshua se sacrificando por ela e pela equipe, as coisas tomaram rumos diferentes. Muitos questionamentos atordoava a cabeça da brasileira, pela primeira vez em muito tempo, Any Gabrielly estava perdida, não sabia o que fazer ou qual atitude tomar.

Quatro anos se passaram e as feridas de todos ainda eram dolorosas, nem ao menos se cicatrizaram. Não era do feitio de nenhum deles deixar assuntos inacabados ou alguém que os fez mal impune, mas foi exatamente isso que havia acontecido após a equipe acabar e cada um ir seguir uma nova vida.

- Não tem problema ficar abalada por isso, Any.- começou o chinês, cauteloso.- Ele fez parte do nosso passado, principalmente do seu. Vocês construíram um império, tiveram uma relação incrível e iriam ter uma filha. Independente das coisas não terem acabado bem, isso não anula os sentimentos e lembranças boas que tiveram.- disse simples.

- Você o perdoou ?- perguntou a brasileira.- Me perdoou ?

- Ele me contou a verdade na carta.- a brasileira o olhou surpresa.- Eu não imaginava que vocês dois tinham feito aquilo pra me proteger, e eu agradeço por isso. Perdão é uma palavra muito forte, Any, ele tem que vim com sinceridade, coisa que nós nem ao menos temos muito.- revirou os olhos, e a brasileira abriu um sorriso triste com isso.- De primeira eu não o perdoei, mas não há um minuto desde então que eu não pense sobre isso, vendo agora o que ele fez no depoimento e vendo o... você sabe.- apontou para a tv desligada, se referindo ao corpo do canadense.- Eu o perdoo, Any.- disse com sinceridade.- Como também perdoo você.

- Ainda fico puto da vida por vocês não terem percebido os detalhes e as coisas que aconteciam, isso evitaria muita coisa.- respirou fundo.- Mas eu não sou ninguém para julgar, porque nem eu mesmo sei como tudo começou ou como terminou.- deu de ombros.- A máfia é nossa casa, mas nós não podemos voltar, então está mais do que na hora de procurarmos um novo lar.

- Em quatro anos, você conseguiu achar um lar ? Ou algo próximo disso ?- perguntou a brasileira, que ainda tinha uma expressão afetada.

- Honestamente ? Não. Mas o que eu posso fazer ? Nada. Essa boate me parece um bom recomeço, ela provavelmente vai ser a segunda melhor de Nova York - abriu um sorriso animado-, eu só tenho que dar um jeito de quebrar a primeira, para eu ficar no topo.- fez uma expressão debochada, e Any deu uma risada baixa.

- Por que não pede ajuda pra Joalin ?- expôs uma ideia.- Com as drogas dela, então ? Isso daqui vai se tornar a melhor balada da América.- abriu um sorriso pequeno, ao ver o chinês animado.

- Uau, isso é perfeito.- bateu palmas animados.- Vou ver se é uma boa ideia ficar aqui.- deu de ombros, diminuindo o sorriso.- Dependendo da resposta, eu procuro ela.- abriu um sorriso pequeno, igual ao da mulher a sua frente.

Any encarou mais uma vez a tela que antes tinha os arquivos do canadense, e suspirou fundo. - Você tem algum notebook modificado ?- perguntou, e o chinês franziu o cenho.- Queria pesquisar algumas coisas, mas só vai dar certo se for um sistema bom para hackeamento.- explicou.

- Eu posso fazer isso para você, por que quer um ?- perguntou desconfiado.

- Tenho alguns inimigos em Mônaco, preciso pesquisar mais deles. Se eu for atrás de um informante, Diego vai saber e não vai ser nada legal.- piscou para o chinês e fez uma expressão sarcástica.

- Entendi.- assentiu e foi até sua mesa, abrindo a última gaveta.- Eu tenho esse - retirou um Notebook preto e colocou em cima da mesa.-, ele entra em tudo o que quiser e ninguém vai descobrir, a menos que queira invadir o sistema do bostinha italiano, ai eles vão saber, fora isso, não.- deu de ombros.

- Pode passar todos esses arquivos sobre o Beauchamp para ele ? Verei em casa.- se aproximou da mesa de Krystian.

- Posso.- respondeu simples e pegou um cabo, conectando os dois computadores, e começando a digitar.- Se eu te perguntar o porque de querer esses arquivos, vai me responder ?- perguntou curioso.

- Não.- diz Any, com um sorriso zombeteiro, fazendo o chinês bufar.

- Sabe que isso não vai mudar em nada, né ? Remexer no passado só irá trazer mais morte e intriga para todos nós.- a brasileira assentiu, e ficou em silêncio.- Vai querer mais alguma coisa disso ?- a brasileira negou com a cabeça, continuando em silêncio e presa em seus pensamentos.

Após um tempo, o chinês fechou o notebook, se levantou e foi para perto da poltrona da brasileira, com o aparelho em mãos.

- Aqui, já está configurado e com os arquivos que me pediu.- estendeu o aparelho para a brasileira, que se levantou e pegou o notebook, o analisando.

- Obrigado.- disse sincera, e o chinês assentiu com um sorriso calmo.- Qual é o seu preço, pequeno Einsten ?- perguntou, arqueando as sobrancelhas em divertimento.

- O preço é você não sumir.- Any arregalou os olhos levemente surpresa.- Você era minha melhor amiga, Any, e te quero por perto novamente. Sei que provavelmente vai embora, mas quero que nos vejamos de novo.

- Quando vai ser a inauguração da boate?- perguntou, e o chinês abriu um sorriso animado.

Era evidente pra qualquer um que independente dos últimos acontecidos, o chinês estava feliz por estar em Nova York, e animado com o novo empreendimento.

- Estou pensando ainda, mas em três ou quatro dias.- ponderou, gesticulando com as mãos, e a brasileira abriu um sorriso sincero.

- Fique.- disse simples e o chinês parou.- Noah está certo, aqui é sua casa. Eu sei que você está ponderando a ideia por medo. Não se preocupe com a máfia, Diego e a ralé dele não virá atrás de você.- disse convicta.

- Ninguém garante iss...- foi interrompido por Any.

- Eu garanto.- falou séria.- Fique e seja feliz na medida que for possível, se algo acontecer, eu mesma acabo com a raça deles. Isso não é apenas palavras, Krys, é uma promessa.

O chinês assentiu sério, encarando a brasileira firmemente.

Muitas promessas foram quebradas no passado, mas as coisas agora era de outro patamar. Mexer com inimigos e seus pontos fracos era uma convocação pra guerra, e Gabrielly sabia que independente de ter saído ou não, ninguém mexeria com sua família.

Não mais.

- Obrigada.- agradeceu novamente.- Mas essa é a minha deixa - abriu um sorriso pequeno.-, eu venho para pagar minha dívida, mais cedo ou mais tarde.- apertou a mão do chinês em sinal de conforto.- Eu sempre serei grata a você e tudo o que fez, por isso, me desculpe.- pediu sincera.

- Não há o que pedir desculpas, Any.- a puxou para um abraço apertado.- Eu nunca vou esquecer do que você e Josh fez por mim, as consequências doeu, mas não anulou o que já fizeram. Posso te fazer uma pergunta ?- a brasileira assentiu em concordância, ainda abraçada com o chinês.

- Quais foram as últimas palavras dela ?- a brasileira riu alto, se desvencilhando do abraço. Ela sabia exatamente de quem o chinês falava.

Eliza, a ex namorada. Assim que Josh descobriu que a mesma usava o chinês, para no final o trair, mandou Any a matar. E a brasileira não hesitou em momento algum.

- Que todos nós iriamos cair.- deu de ombros, com um sorriso divertido.

- Como matou ela ?- perguntou sério.

- Era pra ser com um tiro, mas após ela falar isso, eu finquei uma adaga no peito dela.- fingiu tirar uma pluma do casaco do chinês, fazendo pouco caso.

- É por isso que eu te perdoei, você não erra.- brincou, fazendo os dois darem uma risada.- Obrigada por terem me protegido, eu não sabia, mas agora que sei é diferente, é mais uma coisa por qual eu tenho que agradecer.- disse sincero.

- Só ele que merece os créditos, Krystian.- disse séria e com a voz meio cansada, fazendo com que o chinês a olhasse com um sorriso triste.- Ele que soube, eu apenas fiz o trabalho final. Se não fosse ele, a vadia teria te traído.

- Você ainda o ama.- concluiu o chinês, fazendo com que a expressão da brasileira mudasse completamente. Any se afastou do homem, com uma expressão irritada, totalmente diferente de alguns segundos atrás.

Era inusitado o poder que uma simples frase tinha sobre a mulher.

- Você está ficando louco, porra ?!- exclamou irritada.

O chinês deu uma risada divertida e encarou a brasileira. - Se não é verdade, por que está tão irritada ?- perguntou.- Sabe, eu apenas tinha isso como suposição, mas depois de você ter falado que os créditos eram dele e ter essa reação - apontou para a cacheada.-, pra mim ficou bem claro. Qual é, Gaby ? Por que ajudar Noah ? Por que querer impedir de fazer ele entrar na máfia ? Por que ficar tão irritada com uma suposição? Responda. Se você responder eu irei esquecer essa conversa e vamos viver nossas vidas banhadas no ouro e na bebida.- debochou.

- Qual a diferença ? Não foi você mesmo que disse que o passado não pode ser mudado ?- perguntou retoricamente.- Não fode, Wang!- exclamou, transtornada.

- Fugindo do assunto ? Que errado, Gaby.- debochou.- A gente foge do que tem medo, Any, e é exatamente isso que está fazendo isso.- disse frio.- Você perdeu tudo, então eu não sei da onde vem esse orgulho maldito, mas saiba que as pessoas gostam de saber que são queridas, que tem pessoas que se importam com elas. Você sempre fingiu ser indestrutível, que não se importa com ninguém, que não se abala e não se preocupa com ninguém a não ser você mesma.- foi para perto da mulher.- Até quando vai levar essa farsa ? Porque eu presumo que no primeiro problema você volta e protege quem for.

Any tinha a respiração pesada e encarava o homem com o maxilar cerrado.

- Ajudei o Noah por culpa, quero o impedir de entrar na máfia porque isso trará problemas e eu estou farta deles.- disse fria.- Fiquei irritada, porque quando o nome dele é citado, eu só consigo sentir o ódio e a ruína que ficou.- trincou o maxilar.

- E eu acreditaria em tudo isso, sabia ?!- encarou o rosto da morena, que estava extremamente próximo do dele.- Mas nós dois sabemos em como você é uma filha da puta para mentir. Dizem que o diabo está nos detalhes, Any, e você é o próprio diabo! Pega os detalhes de cada um e coloca contra eles, por isso vocês eram os melhores. Você ajudou Noah porque adora ele, você não quer deixar ele entrar na máfia porque sabe o risco que ele corre, você se irrita porque sabe que rever tudo e todos mexeu com você. - aproximou sua boca do ouvido da brasileira.

- Você se odeia por sentir, Any.- a brasileira se arrepiou.- Mas seu segredo sujo está guardado comigo, só saiba que se não falar a verdade, vai perder todos de vez como consequência. Solidão é devastadora.

Any aproximou sua boca perto do ouvido do chinês.- Eu não me importo, Krystian. Consequências é algo da qual eu estou acostumada. E a solidão é minha companheira a 4 anos.- deu uma risada baixa e o chinês estremeceu.- Agora sobre segredos sujos, eu talvez não seja a única.- traçou uma linha imaginária no braço do chinês, e o mesmo se arrepiou.- Você também sente demais.- concluiu.

Krystian se desvencilhou da brasileira, parecendo estar atordoado. O clima do local era extremamente denso e agonizante para o chinês, que engoliu em seco ao encarar a brasileira novamente.

Na hora que o chinês ia falar algo, um barulho de tiro foi escutado pelos dois, e parecia vim do primeiro andar da boate. Vozes altas também eram ouvidas, mas não dava para identificar o que falava e nem quem as falava.

- Porra, Noah!- exclamou a brasileira, olhando para a mesa e vendo que o mesmo tinha esquecido sua arma.- O desgraçado ainda esqueceu a arma.- pegou a arma do americano.

Krystian pegou uma arma na gaveta da escrivaninha e começou a colocar as balas.- Olheiros filha da puta, eu refiz a decoração dessa porra ontem.- falou irritado. - Vem, por aqui.- guiou a brasileira por uma saída de emergência que havia no escritório.

- Cada corredor dá por uma saída diferente da boate.- disse o chinês, ao chegar em uma saída que havia dois corredores diferentes.- Vai pela direita, e tenta não destruir a porra dessa boate também.

- Eu já estou cansada desses filhas da puta.- disse com ódio, indo pelo corredor direito.

- Alguém estará muito fudido.- murmurou o chinês ao ver o estado da amiga.

Andar

O americano estava sentado em uma das banquetas do bar, bebendo o drink que a empregada havia feito para ele. O moreno não sabia a quanto tempo estava no andar de baixo da boate, não sabia quanto tempo havia passado, seus pensamentos eram tomados pela dor, e as lágrimas em seus olhos só comprovavam isso.

A porta da boate foi aberta, mas o moreno nem ao menos olhou. Ouviu passos se aproximando, mas devido ao turbilhão de sentimentos que o atingia, nem dava a devida importância.

- Olha só para ele, Berliv.- disse o homem, debochando do americano que levantou o olhar no mesmo momento.- O coitadinho está chorando, estou até com pena.- abriu um sorriso debochado.

- Bonito, mas é só mais um mafioso arruinado. Com aquela equipe de merda, quem não seria, não é mesmo ?- disse a mulher, se aproximando do americano.- Pensei que era alguém importante, mas parece só mais um arruinado pra mim, e pra você, Harvey ?- perguntou zombeteira, e o australiano assentiu.

Noah levantou da banqueta que estava sentado. O olhar do americano era o mais irritado possível, e ao passar a mão pelo cós da calça e ver que sua arma não estava lá, praguejou mentalmente.

- Nossa, eu diria que fiquei muito ofendido. - disse o americano, tentando ganhar tempo.- Mas uma criança de 5 anos, passou aqui e disse xingamentos bem mais pesados.- debochou.- Afinal, quem são vocês mesmo ? Parecem me conhecer, mas eu nem lembro da existência de alguns de vocês.- disse, fazendo pouco caso.

- Harvey Petito - apontou para o homem, que estava apoiado na bancada do bar e tinha um sorriso divertido.-, e eu sou Katerina Berliv.- abriu um sorriso para o americano.- Alguém nós disse que certos mafiosos estavam se encontrando aqui, e que eu saiba o contrato não permite isso.- falou, fingindo estar decepcionada.

- Olheiros.- concluiu Noah, apertando o maxilar fortemente.

- Eu adoro eles.- disse a russa, olhando as unhas.- Eles adoram falar e fuder as pessoas por dinheiro, e isso evita que certos idiotas tentem quebrar contratos ou tentem nós passar para trás.

- Querida, só de trabalhar com Diego já é deprimente. - disse o americano sarcástico.- Inclusive, vocês são o que mesmo ? Cachorrinhos dele ? Pedem para ele comprar pinscher, dão mais medo que vocês.- debochou, irritando os dois assassinos mais ainda.

- Nós somos pistoleiros, Urrea.- disse o australiano, pegando sua arma e fingindo limpar.- Não que isso te coloque medo ou algo do tipo. - deu de ombros.- Mas nosso chefe, odeia vocês por alguns motivos e odeia mais ainda quem quebra contrato. - levantou o olhar.- Mas eu, particularmente, tenho um ódio genuíno por todos vocês.- se desencostou do bar e foi para perto da russa, ficando de frente para Noah.- Você matou minha irmã a anos atrás, e eu adoro as voltas que o mundo dá, porque a oportunidade de vingar ela, chegou.- destravou a arma e atirou no pé do americano, que caiu devido a dor.

Noah mordeu a boca, reprimindo o grito de dor. O americano se escorou em uma banqueta, e se levantou, usando o banco como apoio.

- Seu desgraçado, eu não quebrei o contrato!- disse com ódio. O americano pensava rapidamente no que fazer para sair vivo da situação, já que tinha esquecido a arma.

- Não foi isso que me contaram.- disse a russa.- Qual é, Noah ? Você e Krystian Wang se encontrando, após você ter ido até Simon Fuller. É nítido que você está procurando algo e quer voltar a máfia. Você é uma ameaça, e nós acabamos com ameaças antes que elas tenham algum efeito.- disse calma, com um sorriso de lado.

- Entenda sua vadia.- disse o americano irritado.- Eu me reencontrei com amigos, e estou levando tiros por isso ? Você não pede por esperar, desgraçada.- disse entre dentes.

- Está me ameaçando, Noahzinho ?- perguntou, fingindo estar chocada.- Você nem ao menos vai ter tempo para isso.- o australiano levantou a arma novamente, mirando-a na cabeça do americano.- Cortamos o mal pela raiz, querido.- comentou, debochada.

Um barulho de arma se destravando, fez com que a russa trincasse o maxilar e Noah abrisse um sorriso sarcástico. - Eu também corto o mal pela raiz, puta.- disse o chinês, com o maxilar trincado.- E ai, como vai ser ? Eu e seu amiguinho ali vamos ir no enterro de nossos amigos, ou nós 4 vamos abaixar as armas e nos acalmar ?- perguntou, com um tom de voz calmo, enquanto mirava a arma na cabeça de Katerina.

A porta da boate foi aberta novamente, e por ela passou uma negra, armada com uma metralhadora: Madison Liet.

Noah e Krystian ficaram tensos na mesma hora. Estavam em menor número no momento, e apenas Krystian estava armado, enquanto havia três assassinos armados com os melhores armamentos de Nova York, pronto para os matar.

- Elemento surpresa, Wang.- disse a russa com um sorriso vitorioso.- Posso até morrer, mas você vai junto.

- Eu até diria que é um prazer conhecer vocês pessoalmente, mas eu estaria mentindo.- disse Madison, mirando a metralhadora no chinês.- Que tal abaixar a arma e ir para o lado do seu amiguinho ?- o chinês permaneceu imóvel.- Pensa bem, gatinho.- Wang trincou o maxilar e abaixou a arma, deixando-a no chão e indo para o lado de Noah. - Boa escolha.

Noah e Krystian ficaram lado a lado. E os três assassinos da equipe de Diego abriram sorrisos vitoriosos, ao verem os dois indefesos.

- E pensar que um dia foram os melhores da máfia.- debochou o australiano.

- E pensar que hoje em dia são vocês, a máfia realmente decaiu muito.- debochou o chinês.- Posso saber o que a ralé faz na minha boate ? - arqueou as sobrancelhas.

- Viemos matar dois idiotas que quebraram o contrato.- disse Katerina, despreocupadamente.- Vou adorar saber que matei vocês, é o meu desejo a tantos anos e o contrato impedia isso. E vocês mesmos vão realizar, nem precisei fazer alguma coisa.- abriu um sorriso.

- Tão bonita, mas fala tanta bosta.- debochou Noah e Krystian deu uma risada, fazendo com que a russa fechasse o sorriso.

- Calem a boca, porra!- Madison mandou, mostrando já estar sem paciência.

- Ou o que ?- retrucou o chinês.- Há amor, você é apenas uma garotinha que está com uma arma e se acha a toda poderosa. Você entra na minha boate, estragando a porra da minha decoração e atirando no pé do coleguinha do lado, que feio.- debochou.- Pensei que os Donatello ensinavam a fazer mais impacto, vocês falam tanto que eu já estou planejando dormir.

- Acho que você não conhece o estrago de uma metralhadora, Wang.- debochou.- Inclusive, Eliza não terminou o trabalho, te deixou vivo, esse foi o pior erro dela.- o chinês franziu o cenho.- Eu não cometerei o mesmo erro.- destravou a metralhadora.- Posso ?- perguntou sarcástica, para os dois assassinos ao seu lado, que assentiram em concordância.

- Eu não faria isso se fosse você.- falou Any, aparecendo atrás dos assassinos, enquanto segurava uma pistola na mão esquerda e a mão direita estava dentro do bolso de seu casaco. - Toque em um fio de cabelo deles, e eu mesma torturo e mato vocês.- disse fria.

- E quem seria você ?- perguntou a russa debochadamente, apontando uma arma para a brasileira.- Fez a conta errada, linda. Você vai junto com eles. Eu diria que sinto muito, mas não sinto.

Madison e Harvey se entreolharam e trincaram o maxilar ao ver o sorriso de lado da brasileira. Eles não tinham certeza, mas tinham uma ideia de quem possivelmente seria a mulher, ao contrário de Katerina, que não tinha nenhuma suposição.

- Eu tenho muitos nomes, muitos sinônimos também.- disse debochada, descendo o degrau da pequena escada.- Prazer, Any Gabrielly.- os três estremecem por breves segundos, mas ainda continuaram em suas posições.- Agora, abaixam a porra das armas, se não teremos um grande problema aqui.

Harvey deu uma risada de escárnio.- A é ? Vai fazer o que com uma arma ? Antes de você atirar, um dos seus brinquedinhos morre, e você é a próxima. Você perdeu mais uma vez.- debochou.

- Você está falando disso ?- apontou para a arma.- A amor, eu não preciso dela.- jogou a pistola para longe, deixando todos surpresos e curiosos com o que viria após, até mesmo Noah e Krystian. - Sabe porque eu não preciso dela ?- perguntou ccalmamente, e se aproximou mais dos cinco.- Porque assim que um de vocês atirar, eu destravo essa porra.- tirou duas pequenas bombas do bolso com a mão direita, e as posicionou, de forma que cada uma ficasse em uma mão.- Pequenas, mas fazem um estrago tremendo.- debochou.- Eu mato todos nós sem problema algum, eu não tenho absolutamente nada a perder, agora e vocês ? Larguem as armas no chão e as chutem para longe, recomendo fazer isso rápido, se não, vamos todos nos encontrar no inferno em alguns milésimos de segundos.- ameaçou seriamente.

Madison, Harvey e Karina se entreolharam rapidamente, tenso.

- Larguem as armas, agora!- diz um homem, entrando na boate, com vários seguranças ao seu lado.

Diego Donatello, o chefe da máfia.

Os três assassinos, largaram as armas ainda a contragosto, e encararam o chefe, que encarava a brasileira com o maxilar trincado.

- Você os adestrou bem.- falou Any, colocando as bombas novamente no casaco e se virando para o italiano.- Mas ainda falta muito para serem os melhores.- disse sarcástica.

- Você tentou matar meus homens ? É isso mesmo, Soares ?- perguntou destemido, dando alguns passos e ficando cara a cara com a mulher. Any era poucos centímetros mais baixa que o italiano, mas não deixava o mesmo se sobressair, o encarava na mesma intensidade. - Pensei que tinha deixado claro as regras do contrato.- disse entre dentes.

- Teus mascotes tentaram nós matar primeiro, eu só dei a reação das ações deles.- deu de ombros, visivelmente irritada.- Querer nós matar por estarmos tomando uma tequila ? Me explica qual é o seu objetivo, Diego. Nós podemos resolver ele rapidamente, seu filha da puta.- se aproximou mais ainda do italiano.

- Tá pensando que é quem, vadia ?- apertou o braço da brasileira.

Noah tomou impulso para ir até os dois, mas foi impedido por Krystian, que negava com a cabeça. Eles não poderiam fazer nada, estavam em menor número.

Any deu uma risada alta, fazendo todos a encararem confusos, exceto Diego e Noah. Diego a encarava com mais ódio ainda, e Noah encarava divertidamente a cena que via, a brasileira havia perdido o império e sua coroa, mas nunca seu talento e pose.

- Você sabe a resposta, Diego.- cessou as risadas e abriu um sorriso sarcástico.- Eu não quebrei o contrato, apenas viemos fazer uma visita ao Krystian.- o chinês assentiu.- Não tem nenhuma cláusula que nos impeça de fazer isso.- deu de ombros.- Agora, se tentar matar algum deles novamente, eu mesma acabo com você.- disse séria, perdendo todo resquício de divertimento que tinha até então.

- Pra fora, agora!- ordenou o italiano, ainda encarando os olhos escuros da morena.

Madison e Katerina saíram sem ao menos olhar para trás. Harvey olhou para o americano com ódio, e Noah deu um tchauzinho com a mão direita.

- Uma hora ou outra, eu te mato.- disse o australiano, ameaçando. Noah abriu um sorriso calmo e deu de ombros.

- Tenta, vou te esperar com uma tequila em mãos.- disse calmo, e piscou para o australiano.

- Tem que perguntar se a mamãe dele deixa, caso contrário é suquinho de laranja.- debochou o chinês, fazendo biquinho.

Harvey trincou o maxilar com a provocação, mas devido a ordem de seu chefe, se virou e saiu da boate.

Agora, Krystian amparava Noah, que estava tentando estancar o sangramento do pé. Diego e Any se encaravam fervorosamente, como se a qualquer momento fossem matar um ao outro. E isso não era impossível, ambos tinham um passado de ódio e ambos eram bons o suficiente para destruir tudo e todos.

- Quatro anos de paz, eu deveria imaginar que ao voltar você faria suas intriguinhas de vadia.- disse o italiano.- Sabe qual é o problema, Soares ? Você não tem mais poder algum, chega á ser deprimente sua situação. - a brasileira trincou o maxilar.- Abaixe sua bola, de todos, você é a única que eu posso matar sem problemas algum, você não tem proteção alguma.- comentou, Krystian e Noah franziram o cenho ao mesmo momento. Diego abriu um sorriso divertido ao ver a reação dos dois homens.- Eles não sabem ? Poxa, Soares! Segredos destroem mais que consequências, sabia ?- abriu um sorriso sarcástico, e soltou o braço da brasileira.

- Eu vou deixar passar essa, porque eu sei que vocês não mexeram com a máfia ou algo relacionado a ela. Eu sei de tudo, Any.- encarou a brasileira firmemente.- Absolutamente tudo. Se eu sonhar que algum de vocês - olhou para Noah e Krystian.-, ou qualquer que seja, voltou para a máfia, aí vocês estarão fudidos.- abriu um sorriso frio.- Não me testa, Any! Eu sempre estarei um passo a sua frente e de quem quer que seja. A máfia é minha, e qualquer ameaça a minha casa, eu destruo.- disse friamente.

- Seu filha da pu...- começou a brasileira, mas foi interrompida pelo italiano.

- Lena Sylla, Alice Maline, Hinata Yoshihara.- falou baixo, para que apenas a brasileira escutasse. Any franziu o cenho ao ouvir os nomes.- Crianças adoráveis, sabia ? Elas não estão no contrato, então nada me impede de mata-las, a não ser você.- deu de ombros, Any trincou o maxilar.- Mais um showzinho seu, e eu vou no ponto fraco de cada um daqueles que era da sua equipe. Você sabe como é a dor de perder uma criança, quer isso para eles ?- a brasileira permaneceu em silêncio.- Muito bem, Soares. E há, tem vinte e quatro horas para ir embora definitivamente, se não, Lena Sylla irá receber uma visita.- disse frio.

- Isso não ficará assim.- disse a brasileira em voz baixa.

- Claro que vai, se não elas morrerão.- abriu um sorriso presunçoso.- Você não está mais no poder, Any, quanto mais cedo aceitar, mais trabalho me poupará, e poupará a vida de várias garotinhas.- disse debochado.- Acabou. Eu sempre me perguntei qual era o ponto fraco de você e de Joshua, mal sabia eu, que era sua equipe. Vocês diziam não se importarem, e foi exatamente isso que fodeu vocês naquela vez, e é exatamente isso que vai te foder agora.- se afastou da brasileira, com um sorriso vitorioso no rosto.

- Estão avisados. Vou deixar vocês conversarem e matarem a saudade, afinal, Gabrielly não ficará por muito tempo.- deu uma piscada de olho para a brasileira, e foi rumo a saída da boate.

Any permaneceu imóvel, olhando para o chão, sem esboçar expressão alguma. Noah e Krystian a encaravam abismados e curiosos, ninguém nunca tinha deixado a brasileira assim, e eles nem ao menos sabiam o motivo, já que o italiano falou baixo, os impossibilitando de escutar a conversa.

- O que ele quis dizer com "não tem proteção", e com esse " Gabrielly não ficará muito tempo" ?- Krystian perguntou, curioso e atordoado a mesmo tempo.- O que diabos esse italiano de merda te falou para te deixar nesse estado ?- se exaltou.

Any levantou o olhar e encarou o asiático, que se surpreendeu ao ver a expressão enraivecida e abatida da mulher.

- Nada com que se deva preocupar.- tentou passar segurança.- Eu vou levar ele no hospital, depois conversamos.- foi para perto do americano, o apoiando de um lado. Krystian o apoio do outro lado, e os dois carregavam o americano até o carro da brasileira.

O chinês iria contestar se fosse em outra situação, mas ao olhar a situação do pé do moreno, viu que não era uma boa ideia. Noah estava perdendo sangue rapidamente, e embora não parecesse aos olhos dos três assassinos, poderia ser extremamente perigoso.

- Você está fugindo do assunto.- Diz Noah, com dificuldade, enquanto era carregado.

- E você perdeu muito sangue. Vamos resolver uma coisa por vez, garoto.- respondeu a brasileira brevemente. Krystian negou com a cabeça, preso em seus próprios pensamentos, mas não debateu.

Assim que os três chegaram no carro, Krystian colocou Noah no banco de passageiro. Antes de Any entrar no carro, Krystian a barrou e falou pausadamente, totalmente sério, algo que era extremamente raro de acontecer:

- Eu te disse o meu preço. Se você sumir, Any, eu nunca irei te perdoar.- a brasileira engoliu em seco e assentiu, entrando no carro rapidamente.

Krystian se afastou do carro, e viu a brasileira saindo com o carro em alta velocidade.

Algo tinha acontecido na boate, e o chinês sabia disso, seja lá o que Diego tivesse falado, teve um forte efeito sobre a assassina de elite.

O jogo continuava, novas peças eram postas. Ganhava quem fosse o melhor.

Porém, mentiras afundam qualquer pessoa, e com eles não seriam diferentes.

- Me leva para minha mansão.- disse Noah, com a voz entrecortada. A brasileira o olhou confusa, e antes de rebater, foi interrompida pela voz do americano.- Zoe é enfermeira, vai conseguir resolver. Ir em um hospital irá levantar muito assunto, é o que menos preciso agora. Vamos logo, ela dá conta do recado.- disse com firmeza.

Any mesmo contrariada, aceitou a ideia de Noah e começou a seguir para a mansão do mesmo com ele a guiando.

11:47 da manhã

Mansão Urrea

A brasileira apertava a campainha repetidamente, já irritada pela demora. Any segurava o americano, que parecia ficar cada vez mais pálido.

- Por que diabos essa mulher está demorando tanto ?- perguntou Noah, tentando manter seu peso, sem forçar o braço da brasileira.

- Deve estar te traindo, já estou vendo os chifres aparecerem.- Noah revirou os olhos, e ia rebater, mas foi interrompido pela porta sendo aberta e a voz assustada de sua namorada.

- Meu Deus! O que aconteceu ?- exclamou Zoe, assustada.

- Ele levou bala, lindinha.- disse a brasileira debochada, recebendo um olhar incrédulo e um olhar raivoso como resposta.

- E você fala isso nessa calma ?!- exclamou a loira. Any deu de ombros, parecendo indiferente a reação de espanto da mulher.

- Foi só um tiro no pé, Zoe.- disse o americano, tentando passar calma através de sua fala.- Preciso que cuide um pouco de mim, gata.- falou, com um sorriso simples no rosto.

Zoe assentiu com a cabeça, parecendo estar em pânico total. Com isso, Any ajudou a levar o americano até o quarto do casal, onde Zoe começou a ajudar, enquanto a brasileira a auxiliava.

12:21 da tarde

A brasileira tinha um copo de whisky na mão, e analisava o jardim da mansão pela enorme janela que havia na sala. Seus pensamentos estavam a mil por hora, resultado da conversa que teve com o italiano.

A ameaça estava nítida, e com isso, ela teria que fazer uma escolha.

Após a loira começar a costurar o ferimento de Noah, a brasileira se retirou do quarto, sabendo que eles precisavam conversar e o americano seria o único que poderia amenizar o pânico que assolava sua namorada.

- Eu já terminei.- disse a loira meio avoada, enquanto descia as escadas.- Eu dei um remédio para dor, ele está um pouco sonolento.- Any assentiu, ainda com seus olhos presos na vista do jardim.

- Pode me dizer por favor, o que aconteceu ?- perguntou para Any, parecendo angustiada com as hipóteses que passava pela sua cabeça.- Eu nem sei seu nome!- exclamou.

- Any Gabrielly.- disse a brasileira simples.

- Você pode por favor olhar pra mim ?!- exclamou.- Eu estou surtando, eu só quero saber o porquê dele estar baleado.

A brasileira se virou, e encarou a loira, que analisava todos os detalhes da cacheada rapidamente. Os olhos de Zoe parou por alguns segundos a mais na tatuagem do pescoço, não dava para ver totalmente, mas ela sabia que já tinha visto essa tatuagem em outro lugar.

- Noah tem uma tatuagem igual a essa.- apontou, confusa. Era muitas informações para a loira, e ela não sabia o que estava acontecendo, isso aumentava o seu medo e pensamentos confusos.

- É, ele tem.- afirmou a brasileira.- Estávamos em um bar, digamos que nós dois temos imã para brigas.- um sorriso pequeno no rosto, e a mentira fluía facilmente pela voz da brasileira.

Persuasão era um dos seus melhores tributos.

- Bebemos uma tequila para relembrar os velhos tempos, um cara nós irritou, ele foi para cima do cara e eu também, foi tudo tão rápido.- fez uma expressão confusa e arrependida.- Quando eu vi, o cara havia sacado a arma e atirado nele.

- Ai meu Deus! Me desculpe, eu pensei tantas coisas.- Zoe passou a mão nos cabelos.- Fico feliz que você esteja bem, e agora ele está também.- respirou fundo.- Por que não foram pro hospital e por que não chamaram a polícia ?- perguntou.

- Se a policia fosse até nós, estaríamos presos também, acredite.- uma meia verdade.- Sobre o hospital, eu queria, mas ele quis você.- disse calma, e Zoe assentiu.

A loira foi até um sofá dourado que havia perto da brasileira, e se sentou. Segurando a cabeça com as mãos, e os cotovelos apoiados no joelho, a americana respirava fundo, não entendendo o comportamento do americano. Zoe levantou a cabeça e encarou a cacheada, que parecia calma e distante.

- Eu não te vi no velório.- começou temerosa.- Eu sou loira, não burra. Você é alguém muito próxima a ele, isso ficou nítido, ele não parou de perguntar sobre você lá em cima. Quem é realmente você ?- perguntou.

- Alguém do passado dele.- disse simples.- E antes que pense coisas impossíveis, não, eu não tive uma relação amorosa com ele.- bebeu mais um gole do whisky.- Eu fui no final do velório, você não estava lá.- explicou.

- Estou a poucos dias em Nova York, e eu sinto como se nunca tivesse o conhecido. - falou, parecendo estar presa em seus próprios pensamentos.- Ele é totalmente indiferente aqui.- deu uma risada sem humor.- Eu realmente não o conheço.- disse para si mesma, mas Any ouviu.

- Eu não sou ele, então não posso te falar algo que não cabe a mim.- disse, e colocou o copo de Whisky na mesa central da sala.- Nova York tem uma história, ele perdeu o melhor amigo e hoje levou mais uma rasteira. Ele me disse sobre você hoje, e talvez eu começa entenda o porque dele gostar de você.

- Como eu posso ajudar ele ? Eu nem ao menos sei os problemas do passado dele, o que o atormenta. Tem horas que ele parece estar no lugar certo, outras é como se odiasse onde está e com quem está, como se não pertencesse a esse lugar.- desabafou.- Estamos juntos há dois anos - a brasileira tentou esconder a surpresa.-, e Noah Urrea ainda é uma incógnita pra mim.

- Você não precisa saber do problema para ser a solução dele.- falou cortante, e a loira ficou perdida por breves segundos. O que a brasileira falou, havia sido um verdadeiro tapa para Zoe.

- Eu posso ir ver ele ?- perguntou a brasileira.

- Claro, claro.- respondeu a loira, meio desconcertada.- Acho que ele vai estar dormindo, mas pode ir. Você sabe o caminho.- Any assentiu.

A brasileira começou a subir as escadas, rumo ao quarto. Deixando para trás uma mulher que estava em um dos maiores dilemas da sua vida.

O desconhecido assustava as pessoas, e com Zoe não era diferente. Mal sabia a americana, que estava lutando por um lugar que já era preenchido a muito tempo, por uma outra mulher.

13:50 da tarde

Noah abriu os olhos vagarosamente, fechando devido aos raios de sol que passava pela cortina. O americano tentava assimilar a onde estava, e quando tentou se levantar da cama, deu um gemido de dor devido ao pé machucado.

- Não mexe a patinha, ela tá machucada.- disse uma voz ao lado, e o americano olhou e se deparou com Any sentada confortavelmente em uma poltrona, enquanto bebericava alguma bebida.

- Eu dormi faz quanto tempo ?- perguntou o americano com a voz rouca, se arrumando na cama e encostando sua costa na cabeceira. - Eu me desacostumei com a dor de levar um tiro.- reclamou e Any deu uma risada.

- Uma hora e meia.- disse. Noah arregalou levemente os olhos.- E a princípio, você continua falando em quanto dorme.- debochou.- Está melhor ?

- Uau, Any Gabrielly se importa.- brincou e a brasileira revirou os olhos.- Sim, não está doendo tanto, pronto pra outra.- abriu um sorriso zombeteiro.

Any assentiu, com a expressão calma. A brasileira olhava hora pro americano, hora pro seu copo de bebida. E isso fazia com que Noah tivesse uma ideia, não era a primeira vez que via a mulher assim.

-Zoe perguntou alguma coisa ?- a brasileira assentiu.- Me diga que você foi amigável com ela, Gaby.- meneou a cabeça, parecendo temeroso.

- Na medida do possível.- abriu um sorriso sarcástico.- Sabe, eu entendi o porque de você gostar dela.- Noah a olhou surpreso.

- A é ? Por que então?- perguntou.

- Porque ela é totalmente diferente de nós. Ela é uma boa pessoa, e você sabe que nós não somos, pelo menos não o suficiente.- disse sarcástica.- Eu esperava mais, sinceramente, mas quem está mentindo para si mesmo é você.- Noah revirou os olhos.

- De novo esse assunto ?- falou cansado.

- Não vou tocar mais nele. Mas você sabe o quão doloroso consequências podem ser, ela é uma boa pessoa que talvez mereça ser feliz. Você poderia ser a pessoa certa, mas sabemos que não é.- disse divertida e Noah concordou com um sorriso leve.

O silêncio havia se instalado no quarto, e até então era um silêncio confortável, mas que foi quebrado pela voz do americano:

- Obrigada, Any.- disse sincero.- Hoje foi um dia de merda e eu realmente estou mal.- abriu um sorriso triste.- Mas ter você ao meu lado, independente das farpas e das brigas, foi incrível. Eu me esqueci como era bom ter alguém parecido por perto, eu senti falta de um melhor amigo e talvez seja por isso que eu me apeguei a ideia de que Josh estivesse vivo. Vocês sempre foram os melhores, e talvez eu apenas sentisse falta disso.- negou com a cabeça e com os olhos marejados.- Eu senti sua falta, Any, e eu nunca poderei descrever o quão grato eu sou por você sempre ter estado lá nos momentos mais fodas. Eu sei lá o porque de eu estar falando isso agora, mas eu acho que é necessário.- limpou as lágrimas que caiu.

Any deixou o copo na mesa de apoio, e se levantou, indo até o americano e sentando na cama, próximo ao mesmo.

- Eu sempre me perguntei como você conseguia expressar os sentimentos tão facilmente.- abriu um sorriso pequeno.- Eu admiro isso em você, Noah. Você é uma pessoa incrível e muito boa trabalhando. Joshua sempre te amou pra caralho, e eu te falo isso com plena convicção, ele sempre quis o melhor para você e para os outros da equipe, e eu também! Nós nunca nos expressamos bem em relação aos sentimentos, você sabe.- Noah assentiu.- Mas vocês sempre foram nossa família, e perder vocês, garoto -deu uma risada sem humor-, machucou em níveis catastróficos.

- Eu não posso mudar o passado, e muito menos te falar exatamente a onde erramos, eu honestamente não sei ao certo.- suspirou fundo.- Mas ficar longe de vocês, é necessário. Todos nós pagamos um preço pelas nossas escolhas, e eu pago o meu, não espero que você entenda e apoie, eu nunca te pediria isso. - disse sincera.- Você é foda, Noah. E te rever hoje, foi incrível. Eu sou grata por você ter ficado ao meu lado depois de Laurel, você seria um tio e muito provavelmente um pai incrível.- Noah abriu um sorriso emocionado.- Você foi um irmão mais novo para mim e um melhor amigo também, mas eu não posso voltar com isso, você sabe.

- Por que está me falando isso?- perguntou o americano.

- Porque eu me importo, sempre me importei. E precisei que um desgraçado me lembrasse disso, me lembrasse da importância que vocês sempre tiveram para mim.- Noah arregalou os olhos levemente.- Você me perguntou mais cedo o porque de eu não me vingar, e a verdade é que eu me vingaria se a consequência não fosse perder vocês. Eu não suportaria perder algum de vocês, Noah. E é por isso que eu te peço, não entre na máfia novamente.

- Como é que é ?- exclamou o americano indignado.- Você sabe a importância disso para mim, como você pode dizer que se importa e depois pedir isso pra mim ?!- se alterou.

- Eu não te pediria se não fosse por um motivo maior, porra.- falou tensa.- Acha que eu também não quero me vingar ?! Ou que não sinto falta ?! Olha para mim, Noah. Eu perdi minha filha, família, e o único lugar em que eu me sentia bem, me destruíram por completo.- falou indignada.- Eu te ajudei hoje, Noah, eu nunca me oporia a uma vontade sua por qualquer motivo que seja, mas agora é diferente.

- Diferente o que ? Porque se eu bem me lembro, no bar você até iria me ajudar. O espírito benevolente foi embora ?- debochou, mas parou por um momento, assimilando tudo.- Foi Diego, não foi ? - falou, parecendo entender tudo.- Ele te falou algo, te colocou contra a parede. O que ele tem, porra ?!- perguntou transtornado.

- Ele encontrou brechas no contrato. Eu ainda não sei ao certo, mas parece que alguns de nós tem familiares próximos.- disse cansada. Os ombros da brasileira estavam tensos e seu tom de voz denunciava que estava abalada.- Crianças, Noah.- especificou e Noah trincou o maxilar.- Eu não vou afetar ninguém, pelo menos não mais, e preciso que você também pense bem, são famílias, Noah.

- Se ele souber que algum de nós entrou na máfia, ele mata ?- perguntou e Any assentiu.- Desgraçado! O filha da puta sempre acha um jeito de nos fuder.- esbravejou.- É por isso que ficou daquele jeito na boate ?

- Eu não posso fazer nada, a não ser o que ele pede.- disse simples, e Noah franziu o cenho.

- Vai se render as vontades dele ?- perguntou desacreditado. Any levantou da cama tensa, mexendo nos cabelos, tentando aliviar a tensão.

- É isso ou alguém vai perder uma filha. E adivinha, Noah ? Eu não vou fazer isso com alguém, principalmente com quem eu quero proteger.- esbravejou. - Eu não posso fazer nada, e eu sinto muito por isso. Sinto por você que não pode vingar sua família, por Joalin que se afunda nas drogas, por Krystian que não viveu apenas sobreviveu, por Shivani que perdeu o filho, por cada um, porra!- gritou.- O passado é uma merda, Noah, e eu sinto isso na pele todos os dias. Ele se sacrificou, eu me sacrifiquei e isso não é algo que eu pediria a qualquer um de vocês sem o caralho de um motivo.

- Não foi só isso que ele pediu, não é ?- perguntou, Noah.- Você não esbravejaria tudo isso sem motivo, você é uma incógnita, Any. Saber o que você pensa e sente é impossível a menos que você queira. Me diga, o que mais ele pediu.- falou, engolindo em seco.

- Vinte e quatro horas para ir embora.- falou friamente.- Definitivamente.

- Filha da puta!- gritou o americano, batendo no colchão com força.- Ele sabe que você aqui é uma ameaça.

- Não vou ser mais então.- debochou.- Eu irei assim que sair daqui.- Noah a olhou desacreditado.

- Mais uma vez vai embora ?!- falou desacreditado.- É exatamente isso que ele quer, Any. Caralho, fica! Aqui é sua casa, mais uma vez ele vai destruir você e você vai deixar.- disse contrariado.

- Noah.- o chamou calma e o americano a olhou com os olhos marejados.- Isso não é por mim, você sabe.- disse cansada.- É doloroso, mas é necessário. E você pode me xingar do que quiser, mas eu vou embora.- disse simples e se aproximou do americano.- Isso não quer dizer que eu vou desistir.- disse baixo, e Noah a olhou confuso.

- O que quer dizer com isso ?- perguntou, com cenho franzido.- Não estou entendendo.

Any retirou uma corrente que estava escondida por dentro de sua blusa. Era uma corrente de ouro, com um pingente em formato de cruz, contendo um rubi lapidado no centro dela. A brasileira colocou a corrente na mão do americano, que franziu o cenho mais ainda.

- Só existe duas correntes como essa, e aposto que você sabe de quem é a outra.- revirou os olhos divertidamente e Noah a olhou surpreso.- Quero que fique com ela, e cuide dela.

- Por que ?- perguntou baixo, com a voz falhada.

A corrente era de Josh e Any, os dois haviam feito como símbolo de união, amor e poder. O valor material era extremamente caro, mas o valor sentimental era incalculável.

- Porque isso não é um adeus, é um até logo.- piscou para o americano e foi até a porta.- Eu volto para pegar, Noah.

♤_____________________________________♤

Espero que o capítulo tenha ficado bom, e espero mais ainda que vocês tenham gostado!!

Não me matem.

Se você gostou, não esquece de comentar e votar na estrelinha, e me seguir para spoiller dos próximos cap.

Não desistam da fic porque algo aparentemente não saiu do jeito que vocês querem. Há muito mais, e essa é uma fic que tem muitas surpresas. O famoso "Nem tudo que parece ser, é", se aplica á ela. Dei muito spoiler já.

Outro ponto que eu quero ressaltar: Eu crio personagens complexos, e sempre deixei claro que tudo tem um motivo e logo mais uma explicação. Any é uma incógnita para todos, como puderam perceber. Ao longo da fic, sempre ficou claro com quem ela é tão parecida e quem realmente a compreendia, ela é uma assassina de elite que perdeu muita coisa, não esperem que ela ou qualquer outro sejam boas pessoas.
Eles são mafiosos, e antes disso, assassinos!

Donatello está no topo, não subestime ele e sua equipe. Como viram nesse cap, eles são bons no que fazem, e aparentemente tem Any nas suas mãos.

A amizade de Any e Noah é regada a provocações e muitas brigas devido ao passado, mas aparentemente eles se entendem.

Eu deixei pontas soltas no cap e nas notas finais. Surtem e tentem achar, rs.

Teorias ?

Demorei, tive semanas complicadas. Estou tentando me organizar ao máximo. E estou trabalhando em um novo projeto para comemorar as visualizações aqui da fic. (Por isso não fiz textinho, mas sou extremamente grata a todos vocês, espero que saibam disso.)

Amo vocês, e até breve!!

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