Os Mártires do Coliseu - A. J...

Od JaianeSantos517

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A história da famosa arena de Roma, onde milhares de cristãos primitivos encontraram um fim cruel e sangrento... Více

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introdução
A Origem e a História Primitiva do Coliseu
Os Entretenimentos e Espetáculos do Coliseu
Os Cristãos
O Primeiro Mártir do Coliseu
Inácio
O General Romano
O Jovem Bispo
O jovem Sardo
Alexander, Bispo e Mártir
A Jovem Martina
O Pequeno Marino
Os Reis Persas
Os Atos de Estêvão
Os Duzentos e Sessenta Soldados
Os Atos de Priscila
Crisanto e Daria

Os Senadores

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Od JaianeSantos517

   O  Senado  era  a  maior  instituição  da  Roma  pagã.  Excetuando-se  a  hierarquia  da  Igreja  Católica,  nunca  houve  uma  assembléia  mais  poderosa,  unida,  e duradoura.  Ele  passou  pelas  guerras,  tempestades  e  vicissitudes  de  vinte  e  cinco séculos,  e  ainda  existe.  Levantando   da   obscuridade,   caminhou imperceptivelmente  para  o  poder,  até  que  governou  o  mundo.  Surgiu  de  um bando  de  fugitivos,  escravos  ociosos,  e  ladrões  de  estrada  –  foi  fundado  por Rômulo,  por  volta  de  750  a.C.  Consistia,  a  princípio,  de  cem  homens  dentre  os mais  velhos  e  mais  respeitáveis  da  pequena  colônia  de  exilados  e  escravos,  que  se estabelecera  entre  as  Sete  Colinas;  daí  o  nome  Senado,  ou  assembléia  dos  idosos e  pais.  Foi  aumentado  para  duzentos,  quando  o  roubo  da  Sabina  promoveu  a união  entre  as  duas  tribos.  Sob  o  comando  de  Tarquin,  o  número  cresceu  para trezentos,  e  sob  o  cetro  dos  imperadores,  chegou  a  mil.  O  poder  foi  posto  em  suas mãos.  O  supremo  magistrado,  embora  ostentasse  o  título  de  rei,  era  antes  o comandante  do  exército,  e  presidia  sobre  a  religião  do  Estado.  Era  o  senado  quem declarava  guerra  ou  paz,  e  tratava  com  os  embaixadores  de  outras  nações.  Os senadores  usavam  vestes  diferentes  das  demais  pessoas;  tinham  um  lugar especialmente  designado  para  eles,  no  Coliseu  e  em  todas  as  funções  públicas. Eram  proibidos  de  negociar  e  se  casar  com  pessoas  de  origem  desprezível.  Entre as  mulheres  proibidas  estavam  a  atrizes,  e as  filhas  e  netas  de  atrizes.
   Um  escritor  antigo  fornece  uma  idéia  detalhada  dos  poderes  reservados  ao senado.  Nos  seus  dias  de  glória,  era  a  única  fonte  e  centro  de  poder  e  grandeza  de Roma.  "Nada",  escreve  Políbio,  "podia  entrar  ou  sair  da  tesouraria  sem  o  seu consentimento.  Ele  era  a  mais  elevada  administração  do  Estado.  Julgava  as diferenças  surgidas  entre  os  cidadãos,  ou  entre  as  províncias  submissas  ao Império;  corrigia-os,  ou  defendia-os,  quando  necessário;  alistava  homens  para  o exército,  e  supria-lhes  o  pagamento;  enviava  seus  cônsules  aos  campos  de batalha,  e  os  chamava  de  volta,  à  vontade,  ou  enviava  outros  generais  para  os substituir;  declarava  o  triunfo  e  mensurava  a  glória  do  conquistador;  nenhum monumento  era  erguido  em  memória  de  alguém,  sem  o  seu  consentimento.  Era, finalmente,  a  grande  corte  de  apelação  para  as  nações  da  terra    –  o  único representante  do  povo  romano".
   Se  adicionarmos  ao  seu  ilimitado  poder  legal  a  ascendência  que  os senadores  de  Roma  devem  ter  naturalmente  obtido  de  sua  riqueza,  de  seus méritos  pessoais,  seu  patriotismo  e  sua  união,  poderemos  entender  facilmente como  eles  influenciavam  o  destino  de  tantas  nações.
   Quando  lemos  os  anais  desta  grande  instituição,  ficamos  perplexos  com  a gravidade  de  seus  debates,  e  com  a  coragem  e  independência  de  seus  atos, sempre  combinados  e  dirigidos  pela  prudência  e  a  previsão.  Nenhuma  autoridade era  reconhecida  entre  eles,  senão  a  razão;  em  vez  de  um  espírito  faccioso, ciumento,  e  partidário,  o  que  presidia  sobre  a  assembléia,  e  guiava-lhes  as  ações, era  um  nobre  sentimento  –  o  do  bem  público.  Este  era  o  segredo  de  seu  triunfo  e poder.

•2•

   A  história  do  início  do  senado  acha-se  entretecida  com  a  história  da  própria Roma,  e  ambas  são  inseparáveis.  Mas  enquanto  acompanhamos  o  desenrolar  dos eventos  naquela  era  de  Roma  –  era  do  resplendor  do  Coliseu  –  devemos  lançar  o olhar  sobre  o  papel  do  senado  durante  os  dias  de  perseguição.
   Após  as  convulsões  políticas  que  abalaram  o  Império,  levaram  Cícero  ao exílio,  e  pôs  César  no  comando  dos  negócios  do  Estado,  o  senado  recebeu  um golpe  do  qual  nunca  se  recuperou.  A  forma  do  governo  romano  foi  completamente mudada;  o  povo,  que  vencera  os  aristocratas,  entregou  todos  os  seus  direitos  ao seu  chefe,  e  todo  o  poder  romano  ficou  concentrado  num  só  homem.  César assumiu  o  título  de  ditador  e  imperador,  e  também  os  direitos  do  Supremo Pontífice,  e  a  autoridade  dos  censores  e  dos  pretores.  Assim  ele  controlava  o tesouro  –  tinha  o  direito  de  declarar  guerra  ou  paz  –  comandava  a  disposição  das províncias  e  a  eleição  dos  magistrados.  Sua  ambição  foi  fatal  ao  poder  do  senado, e  embora  os  senadores  continuassem  a  reunir-se,  e  a  sustentar  o  esplendor  de seu  prestígio  anterior,  não  passavam  de  uma  assembléia  política,  um  grande conselho  de  Estado,  que  desfrutava  unicamente  do  poder  que  o  seu  ambicioso chefe  consentia  em  dar-lhes.
   Entretanto,  não  suponha  o  leitor  que  os  senadores  submeteram-se  a  estas  mudanças  sem  murmurar.  Um  espírito  de  inveja  e  indignação  revelava-se  em suas  ações  públicas  e  privadas;  e  o  primeiro  imperador  era  perspicaz  demais  para não  enxergar  a  vingança  lampejando  de  cem  punhais,  dentro  do  próprio  senado. Uma  política  de  reconciliação  apenas  retardou  o  golpe  fatal.  O  imperador  conhecia o  poder  do  senado  através  das  memórias  do  passado,  e  embora  houvesse triunfado  sobre  ele  como  o  ídolo  da  plebe,  não  podia  se  dar  ao  luxo  de  pisar  a nobreza  e  perder  seu  apoio.
   A  sua  política  consistia  em  neutralizar  a  oposição  dos  herdeiros  do  antigo poder  aristocrata,  acrescentando  ao  senado  os  seus  próprios  seguidores  mais devotos.  Assim  fazendo,  logo  subiu  o  número  dos  senadores  para  novecentos; aumentou  em  proporção  o  número  dos  magistrados,  e  preencheu  alguns  dos postos  mais  importantes  com  os  seus  partidários.  Foi  por  este  meio  que  homens das  províncias  de  Etrúria  e  Lucânia,  e  venezianos,  insubrianos  e  outros,  bárbaros e  iletrados,  foram  introduzidos  para  deteriorar  e  corromper  a  grande  instituição patriarcal  da  Cidade  Imperatriz.
   Isto  suscitou  mais  que  a  indignação  do  partido  aristocrata,  e  até  mesmo  o grande  Cícero  resmungou,  e  a  sua  pena  poderosa  acelerou  a  ruína  que  se aproximava.  Suetônio  conta  que  tudo  o  que  se  ouvia  eram  versos  e  canções ridicularizando  os  novos  senadores;  insinuações  de  que  eram  uma  raça  de bárbaros  conquistada,  e  de  que  César  os  fizera  trocar  as  peles  pelo  laticlavo,  a túnica  com  orla  de  púrpura,  usada  pelos  senadores.  No  Pasquim  daquele  tempo (muito  provavelmente  a  mesma  velha  estátua  desfigurada,  que  ainda  se  vê  num dos  ângulos  do  Palácio  Braschi),  eram  fixados  libelos  do  seguinte  teor:  "Não  deixe ninguém  mostrar  aos  estranhos  o  caminho  do  Fórum".
   A  indignação  dos  velhos  patrícios  continuava  a  crescer.  Embora  roubados  e humilhados,  eram  resolutos  e  cheios  de  determinação.  Seu  descontentamento finalmente   rompeu   em  fúria  passional,  e  guiados  pelo  impetuoso  Brutus, decidiram  a  morte  de  César.  Ele  caiu.  Seu  corpo  ficou  sangrando  na  base  da estátua  de  Pompéia,  no  Fórum,  enquanto  os  quarenta  vilões  que  o  haviam assassinado  correram  pelas  ruas,  levando  nas  mãos  os  punhais  ainda  sujos  com o  sangue  do  ditador,  e  gritando:  "Morte  a  todos  os  tiranos!"  Não  obstante,  o  seu triunfo   foi   temporário.  Aquele  grupo  venerável  não  recuperou  seu  poder  e prestígio  pela  violência  e  pela  matança;  não  o  recuperará  agora;  os  decreto  da Providência  são  contra  ele;  ele  pode  existir,  mas  jamais  governará  o  mundo  outra vez.
   A  revolução  dos  Idos  de  Março,  como  é  chamada,  privou  o  mundo  de  seus maiores  homens.  Brutus  orgulhava-se  de  haver  eliminado  um  tirano,  mas  as províncias  choraram  a  morte  de  César.  O  choro  de  luto  e  o  lamento  público  que  se levantou  em  todo  o  Império  foi  a  condenação  dos  assassinos.  Ficou  evidente  para todos  que  não  foi  o  amor  à  liberdade,  nem  o  zelo  pelo  bem-estar  do  Estado  que causou  a  morte  do  imperador,  mas  o  ciúme  e  a  ambição  de  um  grupo  de  cidadãos facciosos.  "Eles  se  autodenominavam  matadores  de  um  tirano",  escreve  Dion Cássio,  um  senador  que  viveu  cerca  de  um  século  após  esses  acontecimentos, "mas  não  eram  mais  que  assassinos  e  homicidas"  (Nº  XLIV,  I).
   César  era  querido  nas  províncias.  Seus  magistrados,  o  exército,  e  mesmo  a maior   parte  do  senado,  lamentou-lhe  a  queda.  O  mundo  exterior  não  se importava  com  a  supremacia  do  senado.  Que  vantagens  tirariam  das  políticas  e das   agitações   do   Fórum   romano?   Enquanto   desfrutavam   da   liberdade, prosperidade,  e  justiça  oferecida  por  seu  chefe  reconhecido,  porque  haveriam  de esposar   a  causa  do  senado?  Ademais,  a  própria  assembléia  caíra  de  sua  integridade  primitiva.  A  sua  afeminação,  sua  parcialidade,  e  o  afastamento  do rigor  e  do  patriotismo  de  sua  antiga  instituição,  angariaram-lhe  desprezo  em  vez de  submissão  e  admiração.  Bem  antes  da  monarquia  dos  césares,  o  grande Cícero  proferiu  estas  palavras  notáveis,  indicando  a  sua  degeneração  moral,  bem como  a  política:  "É  por  causa  de  nossos  vícios,  e  não  por  um  golpe  do  destino, que,  embora  preservemos  o  nome  de  uma  república, há muito perdemos a realidade". "Nostris,  non  casu  aliquo,  republicam  verbo  retinemus,  reipsa  vero  Jam pridem  amisimus".  —  De  Repub,  v.i.
   O  sangue  de  César  foi  derramado  em  vão.  A  facção  anárquica  do  senado nunca  segurou  as  rédeas  do  governo;  os  punhais  que  o  assassinaram  começaram para  o  senado  o  período  mais  terrível  e  desastroso  de  sua  carreira.  Na  guerra civil,  e  nas  convulsões  que  se  seguiram,  eles  não  apenas  perderam  o  último vestígio  de  seu  poder  anterior,  como  se  tornaram  as  vítimas  do  capricho  ou  da vingança  dos  ambiciosos  aspirantes  ao  poder  supremo  do  Império.
   Augusto  assumiu  o  cetro  de  César.  A  sua  reorganização  do  senado  foi  um dos  mais  esplêndidos  feitos  – porquanto  um  dos  mais  difíceis –   de  seu  reinado bem-sucedido.   Por   influência   dele,   quase   duzentos   membros   do   senado renunciaram  ao  cargo  por  não  se  adequarem,  por  conta  de  seu  nascimento  ou falta  de  talento,  à  sua  alta  posição  e  honra.  Ele  aplacou-lhe  as  suspeitas,  e ocultou  a  própria  ambição,  assumindo  o  modesto  título  de  Príncipe  do  Senado. Todavia,  durante  todo  o  tempo  em  que  se  ocupou  destas  reformas,  nunca apareceu  entre  eles  sem  ter  junto  a  si  nove  ou  dez  de  seus  mais  fiéis  adeptos, secretamente   armados;   e   ele   mesmo   levava   sob   a   toga   um   punhal. Prudentemente,  ele  temia  o  ressentimento  dos  senadores.  Onze  anos  depois,  no ano  18  a.C,  ele  completou  a  organização,  e  reduziu-lhes  o  número  para seiscentos,  começando  assim  o  senado  imperial.
   É  desnecessário  seguir  a  nobre  instituição  em  sua  carreira  posterior  de servilismo  e  degradação,  durante  o  reinado  de  sucessivos  imperadores.
   Após  a  abdicação  de  Deoclécio,  e  o  triunfo  de  Constantino,  o  senado debateu-se  em  sua  existência  hereditária.  Seu  nome  foi  arrancado  do  Capitólio  e dos  estandartes  militares:  em  seu  lugar  foi  posto  o  mais  formidável  e  imperecível símbolo  de  redenção.  A  estátua  e  o  altar  de  Vitória,  que  presidia  como  uma deidade   tutelar   sobre   suas   assembléias,   foram   removidos   por   ordem   de Constance,  postos  de  volta  sob  o  governo  do  apóstata  Juliano,  e  finalmente destruídos  pelo  consentimento  unânime  do  próprio  senado.  Apesar  de  muitos entre  eles  ainda  se  apegarem  aos  velhos  rituais  do  paganismo,  eram  sempre dóceis  ao  comando  dos  imperadores;  a
adoração  dos  deuses  do  Capitólio  foi proscrita  no  tempo  de  Teodósio,  e  o  cristianismo,  declarado  a  religião  do  senado  e do  povo  romano.   "Foi  então",  relata  o  sublime  Prudens,  "que  vimos  aqueles veneráveis  pais,  aquelas  luzes  mais  brilhantes  do  mundo,  o  nobre  conselho  de Catos,  lançar  fora  a  insígnia  do  antigo  sacerdócio,  e  humildemente  vestir-se  com o  manto  branco  dos  catecúmenos".

"Exultare  Patres  cideas, pulcherrima  mundi
Lumina, concilium que senum gestire Catonum, 
Candidiore  toga  niveum  pietatis  amictum
Sumere, et  exuvias  deponere  pontificales."

  Todavia,  não  devemos  nos  esquecer  que,  embora  o  poder  e  a  independência do  senado  houvessem  deixado  de  existir,  ele  ainda  era  o  grupo  mais  elevado  e  influente  do  Império.  Seus  membros  eram  os  nobres  da  terra,  e  possuíam  imensa riqueza.  De  acordo  com  Dion  Cássio,  a  fortuna  de  um  senador  chegava  a  um milhão  de  sestércios,  antiga  moeda  de  cobre  romana.  E  se  acreditamos  em Suetônio,  alguns  deles  tinham  um  retorno  anual  de  dois  milhões  de  sestércios, cerca  de  105.000  libras,  que  devem  ser  multiplicadas  por  dez  para  que  se  tenha uma  idéia  aproximada  do  valor  do  dinheiro  daquele  tempo.  Numa  cidade  de  pelo menos  3.000.000  de  pessoas,  eles  eram  os  principais.  Os  usurpadores  do  trono imperial  os  perseguia  porque  lhes  conheciam  o  poder,  e  o  temiam.

   No  entanto,  quando  os  historiadores  fazem  vastas  asserções  concernentes  à imoralidade  e  efeminação  da  grande  assembléia,  deve  haver  entre  eles  brilhantes exceções.  A  própria  história  registra  nomes  de  honra  e  valor,  que  florescia  no senado  em  seus  piores  dias;  muitos  desses  eram  cristãos,  e  mesmo  mártires,  que derramaram  seu  sangue  no  Coliseu  em  defesa  da  fé.

•3•

   Nosso  próximo  martírio  ocorreu  durante  o  império  de  Cômodo.  Um  tirano mais  indigno  nunca  deve  ter  se  sentado  no  trono  imperial.  Sua  ambição  insana instigou-o  a  apropriar-se  de  honras  divinas.  Não  satisfeito  com  isto,  erigiu  um trono  no  meio  do  senado,  e  vestido  numa  pele  de  leão,  e  empunhando  uma grande  clava,  exigia  que  os  senadores  oferecessem-lhe  sacrifício,  como  se  ele fosse  Hércules,  o  filho  de  Júpiter.  Emitiu  um  decreto  convocando  uma  assembléia geral  do  senado  no  Templo  da  Terra.  Um  pregoeiro  foi  enviado  às  aldeias  e cidades  vizinhas,  anunciando  o  decreto,  a  que  todos  deveriam  atender  sob  pena de  morte.  Ninguém  do  povo,  nem  mesmo  dos  moradores  de  Roma,  sabia  a  causa dessa   assembléia   extraordinária.   Imaginavam   que  uma  terrível  calamidade ameaçava  o  império,  que  estourara  uma  revolução  formidável,  e  que  a  guerra chegara  aos  portões  da  cidade  imperial.  Os  senadores,  acreditando  que  seu parecer  e  conselho  estivessem  sendo  requerido  para  o  bem  público,  apressaram se   para  lá;  em  meio  ao  forte  calor  do  verão,  deixaram  suas  recreações suburbanas,  suas  residências,  fazendas  e  famílias,  e  afluíram  às  centenas  pelas empoeiradas  vias  Tiburtina,  Ápia,  e  Latina.
   Desde  a  época  de  Augusto,  as  atas  ordinárias  do  senado  começavam  com os  sacrifícios  a  Júpiter  ou  a  Vitória,  cujas  estátuas  encontravam-se  em  seus salões.   Por   isto,   como   afirma   Barônio  (ano  192),  nenhum  senador  podia continuar  membro  do  senado  após  tornar-se  cristão;  ele  era  obrigado  a  renunciar o  título,  ou  retirar-se  para  o  exílio  voluntário.
   Os  monstruosos  absurdos  de  Cômodo,  e  o  zelo  dos  cristãos,  levaram muitos  dos  pagãos  ao  redil  da  Igreja.  Encontramos  nos  Atos  de  Eusébio  e  de  seus companheiros,  que  eles  foram  pelas  ruas  atraindo  a  atenção  para  o  ridículo  e  a vergonha  do  povo.  A  sublime  doutrina  e  a  moralidade  do  cristianismo  eram,  em todo  tempo,  mais  belas  e  poderosas  que  a  adoração  ridícula  e  sem  sentido  do paganismo.  Quando  foi  expedida  a  ordem  para  que  adorassem  a  um  patife  da espécie  de  Cômodo,  muitos  abriram  os  olhos  à  loucura  da  idolatria,  renderam-se ao  convite  da  graça,  e  tornaram-se  cristãos.  Dentre  esses,  achavam-se  alguns senadores.  Apolônio  e  Júlio  aparecem  na  lista  dos  destemidos  que  ousaram  negar a  divindade  do  imperador.  A  espada  era  o  único  trovão  que  o  deus  vingativo  podia comandar,  e  ele  a  usou  para  mostrar  sua  fraqueza.
   Apolônio  sofreu  cerca  de  três  anos  antes  de  Júlio.  Seu  martírio  não  se  deu no  Coliseu,  mas  traduziremos  um  parágrafo  interessante  do  Quinto  Livro  de Eusébio,  conforme  citado  por  Barônio  no  ano  189.  Depois  de  falar  da  paz desfrutada  pela  Igreja  antes  desse  período,  ele  acrescenta:
   "Mas  esta  paz  não  agradou  ao  Diabo,  que  se  empenhou  em  perturbar-nos por  meio  de  muitos  estratagemas.  E  ele  logrou  trazer  a  julgamento  Apolônio,  um homem  muito  celebrado  entre  os  fiéis  por  seus  estudos  de  literatura  e  filosofia. Um  de  seus  servos,  um  canalha  pervertido,  foi  induzido  a  trai-lo  (pelo  que  sofreu severamente).  Quando  o  mártir,  amado  de  Deus,  foi  solicitado  pelo  juiz  a  dar  aos companheiros   do   senado,   pais   da   pátria,   a   razão   de  haver   abraçado  o cristianismo,  ele  leu  perante  todos  uma  longa  e  douta  apologia  à  fé  em  Cristo. Eles,  porém,  pronunciaram  contra  Apolônio  uma  sentença,  e  ele  perdeu  a  vida por  um  golpe  de  machado.  Havia  entre  eles  uma  antiga  lei  que  não  permitia inocentar  qualquer  senador  acusado  de  ser  cristão,  e  que  não  mudasse  sua profissão  de  fé".
   Chegara  a  manhã  da  grande  assembléia  do  senado.  A  cidade  fervilhava  de excitação.  Os  veneráveis  líderes  da  comunidade  enchiam-se  da  esperança  de  que dias  melhores  se  aproximavam,  e  de  que  eles  estavam  para  recuperar  seus direitos.  Era  a  primeira  vez,  no  império  de  Cômodo,  que  eles  eram  solenemente convocados  juntos,  e  essas  reuniões  haviam-se  tornado  bem  raras.  Cada  senador, trajando  seu  melhor  laticlavo,  levou  consigo  os  filhos  ao  templo  da  deusa  Terra, que  ficava  à  sombra  dos  altos  arcos  do  anfiteatro.  Ao  longo  da  Via  Sacra,  e  em volta  do  arco  do  triunfo  de  Tito,  pequenos  grupos  de  senadores  de  barba  branca discutiam  a  causa  provável  que  induzira  o  Imperador  a  reinstalar  o  senado.
   Alguns  diziam  que  era  medo,  por  causa  da  morte  de  Perrênio,  chefe  do senado,  e  da  advertência  que  os  deuses  lhe  haviam  feito;  isto  o  tornara  ansioso para  conciliar  o  senado,  restaurando-o  ao  seu  poder  no  Império.
   —  Eu  estava  presente  —  confidenciou  um  cidadão  idoso  a  alguns  de  seus amigos  que  tinham  acabado  de  chegar  de  Tiburtio.  —  Eu  vi  quando,  em  meio  aos entretenimentos  do  teatro,  entrou  de  repente  um  estranho.  Ele  estava  vestido como  um  filósofo,  com  o  cajado  de  peregrino  na  mão,  e  um  saco  no  ombro.  O estranho  aproximou-se   do  trono  do  imperador,  e  pedindo  silêncio  com  a  mão, disse:  "Não  é  tempo,  Cômodo,  de  entregar-te  a  espetáculos  teatrais  e  a  vãs deleites,  pois  a  espada  de  Perrênio  pende  sobre  a  tua  cabeça,  e  se  não  tomas cuidado,  já  estás  perdido.  Ele  já  subornou  teus  inimigos,  e  corrompeu  o  exército na  Ilíria.  Treme,  porque  o  perigo  jaz  à  tua  porta!"
   — De fato,  o  imperador  tremeu  —  continuou  o  velho  senador.  —  E  a  fim  de apaziguá-lo,  todos  gritamos:  "Morte  a  Perrênio!"  Ele  foi  assassinado,  mas  o imperador  nunca  mais  foi  o  mesmo,  desde  aquele  dia.  Tornou-se  mais  cruel,  mais desconfiado  e  insuportável.  Suspeito  que  ele  tem  um  plano  terrível  para  reunir-nos  aqui  hoje.  Vim  com  meu  punhal  de  confiança!  —  rematou  ele,  puxando  das dobras  da  toga  um  belo  punhal  dourado,  e  mostrando-o  ao  companheiro  como um dos  tesouros  herdados  de  seus  antepassados.
   O  homem  que  assim  falava  era  o  mesmo  que,  algum  tempo  depois,  sob  um dos  arcos  do  Coliseu,  puxaria  o  punhal,  e  brandindo-o  diante  da  face  de  Cômodo, exclamaria:  —Veja  o  que  o  senado  preparou  para  ti!
   Outro  achava  que  a  convocação  era  porque  a  praga  que  estourara  na Etrúria  e  na  Gália  Cisalpina  estava  se  estendendo  rapidamente  em  direção  à cidade,  e  espalhando  desolação  em  seu  caminho.  Ele  ouvira  que  o  supremo pontífice  do  Capitólio  sugerira  sacrificar  à  irada  Jove.  Quem  sabe,  imaginava  ele, o  senado  fora  convocado  para  aquele  propósito.
   —  Nada  disso  —  interrompeu  um  senador  alto  e  magro,  vestido  como  um  comandante  militar,  que  parecia  homem  de  grande  importância,  e  falava  com  um sorriso  sarcástico.  —  Nada  disso.  Ele  pensa  mais  nas  meretrizes  dos  seus  banhos e  lupanares  que  em  seus  súditos  sofredores.  O  que  ele  quer  é  dinheiro.  Ouvi  de seu  fiscal  que  ele  não  tem  um  óbolo  para  pagar  a  Caronte  a  travessia  da  barca sobre  o  Estige (Caronte era o barqueiro que, na mitologia grega, levava as almas na travessia do Estige, o rio do inferno).   Sacrificar?!  Para  que?  Só  se  for  para  ele  mesmo,  como  o  deus Hércules  e  filho  de  Júpiter.
   Todos  riram  como  se  essa  fora  uma  boa  piada.  Mas  um  jovem,  que permanecera   em   silencioso   e   pensativo   durante   a   conversa,   sentiu   um estremecimento   percorrer-lhe   o   corpo   enquanto   Vitélio,   o   comandante   da infantaria,  falava  aquelas  coisas.  Ele  ocultou  sua  indignação,  e  o  grupo  seguiu junto  para  o  templo  da  deusa  planetária.
   Certa  vez,  num  hospício  da  Inglaterra,  uma  cena  curiosa  aconteceu.  Um louco  disse  aos  seus  companheiros,  não  tão  loucos  quanto  ele,  que  ele  era  Deus. Por  sua  natureza  violenta,  amedrontou  a  todos,  e  eles  consentiram  em  chamá-lo de  Deus.  Um  dia,  quando  o  número  de  assistentes  na  sala  era  insuficiente,  o louco  subiu  numa  cadeira,  e  ordenou  que  todos  os  demais  o  adorassem.  Por medo,  ou  galhofa,  eles  reuniram-se  à  sua  volta,  e  fingiram  adorá-lo.  Alguns beijaram  o  chão,  outros,  os  seus  pés;  um  afirmou  ser  o  arcanjo  Miguel,  e  que trazia  a  homenagem  de  todos  os  anjos;  outro  disse  ser  o  rei  da  terra,  e  trazia  o reconhecimento   de  todas  as  criaturas.  A  farsa  continuou,  até  que  outros assistentes  chegaram,  e  removeram  o  homem  iludido  para  uma  cela  escura  e solitária.
   Foi  quase  que  precisamente  esta  a  cena  testemunhada  em  Roma,  no  ano 192.  Não  entre  loucos,  mas  entre  os  mais  educados,  ricos,  e  poderosos  membros do  grande  império,  o  Templo  da  Terra  achava-se  revestido  de  sempre-vivas  e outras  flores;  nas  paredes,  viam-se  as  pinturas  representando  os  fabulosos  feitos de  Hércules.  Uma  imensa  pilha  de  madeira  preciosa  ardia  numa  fogueira,  no centro  do  templo.  Os  sacerdotes  envergavam  mantos  amarelos  e  dourados,  e  o sumo  pontífice  segurava  na  mão  direita  um  tripé  de  ouro.  Tudo  estava  preparado para  o  sacrifício.  Mas  quem  era  o  deus  que  usurpara  o  trono  do  generoso planeta?  Era  o  Hércules  vivo,  vestido  numa  pele  de  leão,  e  segurando  na  mão uma  clave  maciça:  Cômodo.
   Os  senadores  entraram  um  a  um.  O  medo  e  a  surpresa  os  atingiram. Alguns  tiveram  um  assomo  de  riso,  como  se  a  coisa  toda  não  passasse  de  uma brincadeira,   e   posteriormente   pagaram   por   isto   um   alto   preço.   Outros empalideceram  de  consternação,  pois  havia  lictores  armados  espalhados  por  todo o  templo,  e  a  expressão  severa  do  tirano,  tentando  assumir  a  majestade  de Hércules,  lançava  uma  sombra  fúnebre  sobre  os  procedimentos.  Sua  figura diminuta,  suas  feições  inchadas  e  mal-constituídas,  e  sobretudo  a  sua  vida vergonhosa  e  infame,  faziam  um  triste  contraste  com  Hércules,  o  esplêndido  e gigantesco  herói  das  fábulas  mitológicas.
   O  orgulhoso  patife  dirigiu-se  aos  pais  da  pátria.  Declarou-lhes  que  os  havia convocado  para  anunciar  que,  dali  em  diante,  ele  seria  adorado  como  o  filho  de Júpiter.  Nenhum  historiador  nos  deixou  por  escrito  as  palavras  que  ele  usou. Quem  poderia  registrar  tal  impiedade  e  contrasenso?  Mas  o  senado,  o  fraco  e decaído   senado,   prosseguiu   com   a   farsa   blasfema,   oferecendo   incenso   e adulações,  como  fariam  a  um  deus.  Cenas  semelhantes  a  esta  eram  freqüentes na  grande  Babilônia  da  Roma  pagã,  e  mostravam  quão  fundo  o  homem  descera na  escuridão  da  idolatria  e  da  infidelidade.
   Pode  parecer  estranho,  mas  o  cristianismo  teve  um  longo  e  terrível  combate com  o  poder  das  trevas.  Dezoito  séculos  se  passaram,  e  ele  ainda  está  no  campo de  batalha    pelas  provações,  tribulações,  e  sofrimento  de  toda  espécie,  ele  vai, devagar,  porém  seguramente,  abrindo  caminho  sob  o  estandarte  da  cruz.  O  seu triunfo  completo  será  comemorado  após  o  dia  final,  no  céu.  Entretanto,  no segundo  século  da  Igreja,  de  quando  recordamos  estes  eventos,  o  ódio  era  tão intenso  que,  não  obstante  a  força  da  razão  que  o  sustinha,  e  os  incontestáveis milagres  que  lhe  confirmavam  a  origem  divina,  o  senado,  degradado  e  acovardado,  preferiu  adorar  o  orgulhoso  e  lascivo  Cômodo,  a  expor-se  ao  perigo.  Que infelicidade!   Houve,   porém,   uma   exceção:   Júlio.   Mais   de   setenta   anciãos prestaram-se  à  tola  zombaria.  Somente  Júlio  teve  a  coragem  de  expressar  seu desprezo,  e  recusou  dobrar  os  joelhos.
   Quando  disseram  a  Cômodo  que  Júlio  não  viera  oferecer  incenso  à  sua divindade,  ele  mandou  que  fosse  trazido  pelos  lictores.  Todos  os  olhares  estavam fixos  no  senador,  quando  ele,  caminhando  entre  os  lictores,  dirigiu-se  à  tribuna do  templo,  onde  estava  o  trono  do  imperador.  Cessou  o  zumbido  das  conversas,  e aqueles  que,  secretamente,  ridicularizavam  e  desprezavam  o  governador  demente, silenciaram  avidamente  para  assistir  o  destino  de  Júlio.
   —  Como  te  tomaste  tão  louco  a  ponto  de  não  sacrificar  a  Júpiter  e  a  seu filho  Hércules?  —  indagou  Cômodo.  (Citação  dos  Atos  escritos  pelos  Bolandistas.)
   Por  um  instante,  Júlio  pareceu  demasiadamente  indignado  para  responder, mas  olhando  desdenhosamente  para  o  orgulhoso  tirano,  declarou:
   —  Tu  perecerás  como  eles,  porque  mentes  da  mesma  forma  que  eles.
   Foi  o  suficiente.  O  tirano  chamou  Vitélio,  o  comandante  da  infantaria,  e ordenou-lhe,  com  gritos  enraivecidos,  que  lhe  tirasse  das  vistas  o  insolente senador:  —  Confisca-lhe  os  bens,  até  o  último  centavo,  e  açoita-o  até  que  resolva sacrificar  à  nossa  divindade.
   Os  julgamentos  de  Deus  são  diferentes  dos  julgamentos  dos  homens.  Se  o nosso  Pai  amoroso  e  misericordioso  fosse  capaz  de  irar-se,  e  punir  imediatamente cada  insulto  dirigido  à  sua  divina  majestade,  a  raça  humana  há  muito  teria deixado  de  existir.  Cômodo  não  poderia  ter  pensado  em  alguém  mais  cruel  e miserável  que  Vitélio  para  executar-lhe  as  ordens.  Ele  fez  Júlio  ser  levado  dali acorrentado,  e  o  lançou  na  prisão,  possivelmente  a  Marmetina.
   Após  alguns  dias  de  confinamento    privado  de  alimentação  e  de  todo conforto  físico  Júlio  foi  trazido  perante  Vitélio,  no  mesmo  templo.  Por  ordens dele,  veio  nu  e  acorrentado.  Quando  o  mártir  de  Cristo  chegou  diante  da  banca do  juiz,  sob  a  estátua  que  Cômodo  erigira,  Vitélio  perguntou-lhe:
   —  Ainda  persistes  em  tua  loucura?  Não  obedecerás  agora  as  ordens  do imperador,  e  sacrificarás  a  Júpiter  e  a  seu  filho  Hércules?
   —  Nunca!  —  respondeu  Júlio.  —  Tu  e  teu  príncipe  perecereis  igualmente.
   —  E  quem  te  salvará,   e  nos   fará   perecer?   —   indagou   Vitélio, sarcasticamente?
   —Jesus  Cristo  —  declarou  Júlio,  apontando  solenemente  um  dedo  ao  céu, e  acrescentando  depois  de  uma  pausa:  —  Ele,  que  condena  à  ruína  eterna  a  ti  e ao  teu  soberano  insensato.
   Vitélio  mandou  que  o  levassem  a  Petra  Scelerata,  e  o  chicoteassem.  O  corpo do  mártir  estava  exausto,  e  enquanto  os  executores  o  açoitavam  brutalmente  com pesados  azorragues,  ele  expirou.  O  vil  juiz,  querendo  desafogar  sobre  os  restos inanimados  a  ira  e  a  vingança  que  a  morte  prematura  da  vítima  deixara insatisfeitas,  ordenou  que  o  corpo  de  Júlio  fosse  jogado  diante  da  estátua  do  sol, quase  sob  os  arcos  do  Coliseu,  para  que  os  cães  o  devorassem,  e  o  povo  lhe  visse a  infâmia.
   O  que  pode  esperar  a  plebe  desamparada,  quando  um  julgamento  tão terrível  cai  sobre  os  próprios  senadores?
   Guardas  foram  destacados  para  vigiar  o  corpo,  a  fim  de  que  ninguém  o removesse,  e  uma  nota  foi  fixada  na  parede  do  Coliseu,  anunciando  que  ele morrera  por  não  sacrificar  ao  grande  deus  que  acabara  de  chegar  para  viver  entre eles.  Até  parece  que  anjos  velavam  sobre  o  cadáver  do  servo  de  Deus:  nenhum insulto  foi  proferido;  o  povo  estremecia,  e  seguia  adiante.  Milhares  lamentaram  a sorte  do  destemido  homem  que  tivera  a  coragem  de  opor-se  aos  absurdos  do cruel  imperador.  Desprezo  e  ódio  ao  deus-tirano,  que  se  gloriava  no  sangue  de vítimas  humanas,  foi  o  resultado  obtido  pela  maldade  de  Vitélio.
   Na   noite   seguinte,   enquanto   os   guardas   dormiam,   Eusébio   e   seus companheiros  deslizaram  furtivamente  sob  as  arcadas  do  Coliseu,  e  levando  o corpo  do  mártir,  sepultaram-no  nas  catacumbas  de  Calepódio,  na  Via  Aurélia. Hoje,  parte  de  seus  restos  mortais  encontram-se  na  Igreja  de  Santo  Inácio,  em Roma.

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