Guerra é Guerra

By 1bitchwriter

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"-Tenha uma coisa em mente: Miranda Priestly pode perder uma batalha, mas nunca a guerra." * Capa feita pela... More

Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III - parte 1
Capítulo III - parte 2
Capítulo III - parte 3
Capítulo IV
Aviso
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Nota
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XX
Capítulo XXI
• Aviso •
Capítulo XXII

Capítulo XII

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By 1bitchwriter

 - Como foi o seu dia hoje, mãe? -Cassidy perguntou alegremente antes de dar a primeira garfada em sua pizza. Miranda a olhou um pouco surpresa, pois ela jamais soava tão gentil sem querer algo em troca, então, para confirmar a sua teoria, alimentou o assunto.

- Foi demasiadamente estressante, querida. Sinto muito por não ter cumprido com minha palavra outra vez, mas foi realmente impossível sair da Runway mais cedo.

- E o que te estressou tanto por lá? -Caroline entrou no assunto, sempre gostava de ouvir as histórias sobre o trabalho de sua mãe.

- Absolutamente tudo... - A mais velha deu um longo suspiro. - Tenho a impressão de que estou cercada por idiotas. Não me lembrava do quão difícil era trabalhar dessa forma.

- Miranda, você sempre reclamou da sua equipe. - Andy disse fazendo as gêmeas rirem.

- Não faço reclamações, aponto atitudes inadequadas. E ainda que sempre tenho o feito, houve um tempo em que as coisas em Runway fluíam de forma mais leve... – A editora fixou os olhos na morena, que sustentou seu olhar de forma intensa.

- Você estava apaixonada, mãe. Por isso, quando Andrea trabalhava para você, tinha a impressão de que tudo estava certo, afinal, ela estava por perto para resolver tudo para você. - Cassidy disse entediada. - Falando nisso, o que vocês são, afinal? - Andrea ruborizou um pouco e encarou as gêmeas, que ansiavam por uma resposta.

- Bem, nós... É... Eu não... – Ao perceber a divagação de Andrea, Miranda resolveu se pronunciar.

- Tendo claro que Andrea encontra-se incapaz de formular qualquer frase coerente, permita-me sanar a sua curiosidade, Bobbsey. Eu e Andrea, de fato, temos sentimentos uma pela outra, isso já não é segredo para nós e muito menos para vocês, no entanto, ainda precisamos conversar... Muito... Sobre o que faremos com essa informação.

- É tão simples, é só vocês ficarem juntas e pronto. - Caroline sugeriu.

- Na verdade, querida, não é tão simples assim. Existem alguns atenuantes que precisam ser resolvidos e devidamente esclarecidos. Isso se quisermos começar algo. - Miranda olhou para Andrea, que parecia tocada com sua consideração, ela estava certa, tudo aquilo era mais complicado do que parecia. A editora sorriu, por dentro, satisfeita e voltou a olhar para suas filhas. - Mas não se preocupem com isso, meus amores, vocês serão as primeiras a saber, seja qual for a decisão que tomemos.

- Fico feliz por isso. Bem, o jantar estava ótimo, você realmente faz isso bem, mãe, mas eu vou me retirar, está tarde. Peço licença. - Cassidy disse já se levantando.

- Um minuto, mocinha. – Miranda semicerrou os olhos. - Quer me dizer alguma coisa? - A adolescente, que fazia seu caminho em direção a saída, congelou e olhou em direção à mãe.

- Hum... Não. – Virou-se em direção à saída outra vez.

- É melhor falar com ela agora, irmã. – Caroline intrometeu-se arrancando um clarão de sua gêmea.

- Muito obrigada mesmo por respeitar, Carol. Bem, eu estava esperando um momento mais apropriado, mais especificamente, um momento em que eu tivesse certeza do seu bom humor, mas tendo em conta que minha irmã parece ter decidido estragar isso, vou falar logo. – Ela sentou-se novamente e juntou as mãos sobre a mesa.

- Eu sabia. - Miranda a olhou atentamente.

- Mãe, vai ter uma festa...

- Não. Isso é tudo. – Miranda levantou-se e começou a tirar os pratos da mesa.

- Mas você nem me deixou terminar! -Cassidy levantou-se abruptamente e Miranda fez sinal para que ela continuasse, embora sua decisão já houvesse sido tomada.

- Deixa pra lá, você já tomou sua decisão mesmo. É sempre assim! Depois reclama se eu saio escondida. - Cass expeliu áspera e saiu da cozinha nervosa. A outra gêmea esperou que sua irmã batesse a porta, o que foi mais audível que o esperado, e aproximou-se de sua mãe com cautela. Andrea apenas observava a interação.

- Mãe, essa festa é muito importante para Cass e ela vem esperando por isso há um tempo. Ela até pensou que não conseguiria ir, já que não tínhamos planos para vir para Hamptons em vista, mas ai a ideia surgiu e... Enfim. É na casa dos Davenport, tem alguém especial esperando que ela vá. - Carol disse de forma receosa e amena.

- Davenport? Eu não os conheço. – Ela respondeu séria. - E que alguém importante?

- Eles moravam em Vegas, porque eram proprietários de alguns parques turísticos lá, mas desde que gerenciar hotéis em Hamptons se tornou um negócio mais rentável, eles decidiram vir para esse lado do país. Se mudaram para cá há alguns anos. - Carol explicou. - Eu não sei se Carol gostaria que eu contasse a você, mamãe, pode apenas confiar em mim? - A ruiva pediu.

- Quando será essa festa?

- Amanhã à noite.

- Hum... Eu vou pensar, mas vocês ainda estão de castigo pelo o que aprontaram em Boston, tenha em mente. - Miranda finalizou.

- Tudo bem, obrigada, mamãe. - A gêmea mais dócil foi até mãe, depositou um beijo em sua bochecha e foi em direção à saída. - Te vejo mais tarde, Andy?

- Eu não tenho certeza, docinho... Sua mãe e eu precisamos conversar um pouco... - Andy disse finalmente.

- Tudo bem, até amanhã, então. O jantar estava ótimo! - Carol abraçou a morena e foi para o quarto contar a novidade para a irmã.

- É sempre assim, tomo uma decisão em relação a Cassidy e Caroline intercede pela irmã. Ela faz isso desde pequenininha. - Miranda pontuou após um suspiro.

- Eu acho isso muito fofo. - Andy disse aproximando-se da outra mulher e massageando seus ombros.

- Eu acho adorável, mas me pergunto suas motivações...

- Não entendi.

- Me pergunto se Carol intercede pela irmã, pois apenas quer sua felicidade, ou existe algo mais... -Miranda se questionou com um certo pesar. Seu relacionamento com Cassidy sempre fora complicado por conta de suas semelhanças e por isso, muitas vezes, as discussões eram bastante acaloradas. Caroline, por outro lado, sempre fora extremamente dócil e pacífica e sempre usou seus argumentos afim de estabelecer um acordo que evitaria atritos mais energéticos entre sua mãe e irmã. No início, Miranda pensou que Carol agia dessa forma apenas porque não gostava de ver sua irmã triste ou sua mãe nervosa, mas quando, certa vez, Miranda foi dura demais em uma de suas brigas com a outra filha, acidentalmente, viu Caroline chorando copiosamente no canto de seu quarto. A cena partiu o coração da editora, mas jamais teve coragem para questionar sua filha, apenas entendeu que aquele tipo de situação estressava a ruiva além do normal.

- Isso é coisa de irmã gêmea, Miranda, não se preocupe tanto. - Andrea sorriu e a editora sorriu de volta.

- Acha que podemos ter aquela conversa agora?

- Eu acho que é um bom momento. – As duas mulheres terminaram de arrumar a cozinha e foram em direção ao que seria o escritório de Miranda.

- Essa casa é muito linda mesmo. – Andy disse admirada ao passar pelos cômodos e Miranda apenas sorriu agradecida. Ao chegarem no escritório, a editora pediu para que Andy se sentisse à vontade e preparou duas taças de vinho, uma para si e a outra para a morena e sentou-se ao seu lado em um sofá confortável ao fundo do cômodo.

- Você quer começar? – Miranda perguntou. Não era novidade para ninguém, incluindo Andrea, que quando o assunto era trabalho e negócios, Miranda Priestly era um verdadeiro tubarão, sabia o que queria, como queria e o que deveria ser feito para conseguir. Era direta, precisa e sabia bem como conduzir seus planos. No entanto, quando tratava-se de seu coração, a editora sentia-se exageradamente frágil e inapta para lidar com esse tipo questão. Até mesmo em relação à suas filhas, Miranda não aprendera como funcionava a maternidade e sentia-se secretamente frustrada por suas gêmeas terem quase 16 anos e ela ainda não compreendia como "ser uma mãe" funcionava. Amava suas filhas profundamente, isso não poderiam restar dúvidas, porém era apenas isso e não era suficiente, ter filhos envolvia muito mais que amor e, nesse aspecto, já estava conformada que havia fracassado. – Eu realmente preciso de uma luz. Não sei por onde começar. – Foi sincera, quase derrotada.

- Tudo bem, eu posso começar. – Disse Andy percebendo a agonia silenciosa da mulher em sua frente. – Miranda, eu te amo, é fácil para mim dizer isso porque está muito claro. Eu... Eu não vou saber especificar quando isso começou, mas posso te garantir que algo extraordinariamente profundo e intenso, algo imensurável... Incontrolável. Mas sendo bem honesta, Miranda... Eu tenho medo. – Neste momento Andy suspirou e Miranda fechou os olhos sentindo a dor que aquelas palavras haviam lhe causado. Ela sabia. – Você não tem empatia por seus funcionários, nem por seus amigos e as vezes até as suas filhas entram na lista... – Andy continuou de forma cautelosa. – É exigente demais com todos ao seu redor e tem um temperamento extremamente instável e... Isso, por vezes, me assusta. No entanto, foi assim que eu te conheci e foi assim que me apaixonei por você, porque além de tudo isso, eu enxerguei em você um modelo de mulher inteligente, corajosa e trabalhadora... Linda... Você me inspirou a ver o outro lado da indústria que tanto ama e me ajudou a crescer, a amadurecer. Antes de você ir no meu apartamento naquele dia, eu jurei que enterraria esse sentimento comigo novamente, porque era insano! Mas quando eu vi que talvez você pudesse corresponder, as coisas mudaram e aqui estou. – Ela suspirou novamente. – Eu tenho medo... Porque da mesma forma que você mostrou ser humana... Você pode mudar, ser cruel e me destruir... Você pode me afastar... – Miranda sentiu novamente, sabia exatamente do que ela falava. – E por último... Existe Nate. – A editora abriu os olhos imediatamente ao ouvir o nome que lhe causava tanto repúdio, encarou Andrea de forma curiosa, mas continuou em silêncio. – Eu sei que o detesta, mas eu... Não sei, sinto algo por ele. Foram muitos anos, Miranda e... Ainda que não seja exista o amor que existe entre nós duas... Eu me sinto segura com ele. – Andy jamais saberia onde tirou coragem de dizer tudo aquilo e, a julgar pela expressão no rosto da outra mulher, começara a se arrepender, especialmente da última parte. Ela podia ouvir as engrenagens girando rapidamente na cabeça nevada e sentia a outra mulher fumegar. – Miranda, eu...

- Não, Andrea, agora eu vou falar. – Miranda a interrompeu, estava nitidamente nervosa e não sabia como controlar aquele sentimento. Geralmente, a mulher era muito habilidosa em controlar suas emoções, em especial a raiva, mas quando se tratava de Nathaniel, seu controle era inexplicavelmente inexistente. Ela estava muito a par de que o rapaz era uma grande pedra em seu caminho, mas ainda não havia se dado conta do quão grande até Andrea dizer que se sente "segura com ele". – Certo. – Ela tentou, mais uma vez, controlar-se. – Você tem toda razão, Andrea. Eu sou a maior filha da puta de toda NY, mas foi assim que eu consegui me manter nessa indústria, fato. Eu não tenho compaixão dos meus funcionários, pois a imperfeição deles me irrita, fato. Eu não sei fazer nada além de Runway, fato. Eu sou uma mãe horrível, fui uma péssima esposa, porque eu não sei o que é ter uma família adequada, não sei lidar com isso, Andrea.  – Andy estava chocada. – Eu me apaixonei por você tão vergonhosamente que me assusta e quando eu me dei conta disso lá em Paris, me achei ridícula, pois quando eu pretendia te contar, descobri que estava nos braços de Christian Thompson, aquele farrista barato. O que eu pensei? Ela jamais olharia para a chefe desgraçada, quando se tem um homem bem mais novo como opção. Então, decidi afastar você para que tivesse seu romance em paz e eu pudesse incinerar de vez esse sentimento. Nigel deveria ter sabido muito antes sobre tudo. Eu iria explicar e oferecer uma posição melhor, mas feri-lo quebrando suas expectativas na frente de todo mundo pareceu a jogada perfeita para que você se sentisse enojada e depois... A cereja do bolo foi compará-la a mim, você tem a integridade intacta demais para acatar isso e aconteceu exatamente como eu previ. E então, três anos depois, minhas amáveis filhas armam aquele circo que nos uniu novamente e o sentimento que eu jurava haver esquecido parecia mais vivo do que nunca. E agora que eu finalmente tenho a chance de fazer as coisas de maneira certa, você me diz que também ama aquele cozinheiro machista? É isso?

- Miranda, eu... Espera um pouco. O que foi que você disse sobre Paris? 

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