Capítulo II

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- Você vai continuar ai parada com essa cara de abobalhada ou vai nos deixar entrar? - Disse Cassidy rudemente, das gêmeas, ela era a que mais havia herdado o humor negro e a frieza de Miranda. O tom da menina fez com que Andy saltasse e as deixasse entrar.

- O que vocês duas estão fazendo aqui? A mãe de vocês sabe? Claro que não... Que ideia! Céus, ela deve estar furiosa! - A morena estava começando a entrar em pânico, já eram quase 23h e as gêmeas estavam longe de Miranda, que devia, a essa altura, estar colocando o exército atrás dela e se as encontrasse ali, com certeza acusaria Andy de sequestro sem pestanejar. Era certo, ela mofaria na cadeia para sempre.

-Quer por favor parar com isso? Caroline, explica pra ela porque eu não tenho um pingo de paciência.

- Andy... Digo, Andrea... Por favor, acalme-se. - A voz de Carol era mais doce e seu olhar não parecia nada com o da mãe, na verdade, lembrava muito a própria Andy. - Vamos te explicar tudo, mas primeiro você precisa se acalmar. - Era tão estranho, a última vez que teve contato com as gêmeas, teve a impressão de que as duas eram igualmente perversas, no entanto, agora era nítido que Cassidy provavelmente manipulava sua irmã. Tudo bem que antes elas deviam ter uns 12 e agora, estavam bem crescidinhas beirando os 15, mas mesmo assim. Ao ouvir Carol falando, seus nervos acalmaram e ela ficou em silêncio esperando uma resposta. - O que aconteceu foi que... Bem, viemos para Boston com a mamãe para acompanha-la em um dos trabalhos dela e hoje, depois de sairmos para jantar, ela havia prometido que assistiria à um filme conosco. Porém ela se aborreceu tanto no restaurante, que esqueceu disso e voltou a trabalhar. E foi ai que decidimos sair e... Não percebemos o quão longe estávamos... - O rosto de repente entristecido da adolescente apertou o coração de Andy. Notando que a irmã não terminaria, Cassidy continuou após um revirar de olhos.

- Pra completar, dois marginais nos assaltaram e ficamos sem nossos telefones e dinheiro. Continuamos andando na esperança de encontrar um telefone público e foi ai que vimos o restaurante sendo fechado e o cozinheiro... - Levou um beliscão de sua irmã. - Digo, Nate, é Nate, né? Então, o vimos saindo de lá e como sabíamos que ele é seu namorado, o seguimos.

- A ideia foi minha... Eu achei que só você poderia nos ajudar a voltar para o hotel... Além do mais, não conhecemos ou confiamos em mais ninguém aqui. - A cabeça de Andrea estava girando. Primeiro: como as gêmeas sabiam que Nate era seu namorado? Segundo: Elas nunca iam em viagens com Miranda, NUNCA. Terceiro: Elas confiavam em Andy? COMO ASSIM CONFIAVAM EM ANDY? Havia alguma coisa errada ali.

- Um momento, como vocês... - Foi interrompida.

- Andrea, mamãe vai nos matar! Claro, isso se ela já percebeu que saímos... - Cassidy falou a última parte baixo.

- E estamos com medo, Andy... Não conhecemos a cidade, está de noite, estamos sem documentos, sem dinheiro, sem dignidade... - Isso amoleceu o coração da morena, que decidiu adiar o interrogatório. Após um suspiro, ela assentiu e começou.

- Tudo bem, vou ajudar vocês... Podem me passar o número da sua mãe?

- É... Você lembra Cass? Ela mudou de número então não decorei ainda...

- Hum... Eu não lembro.

- O nome do hotel então?

- Por que não faz isso amanhã? Isso seria como uma lição pra ela! Esqueceu de nós. - Cassidy disse vingativa.

- Não é certo, Cassidy, ela deve estar preocupada. - Andy olhou para Carol.

- Ta bom... Estamos no Four Seasons. - Carol respondeu a contragosto. Assim que Andy achou o número do hotel na internet, pegou o telefone e esperou.

- Alô? Boa noite... Eu gostaria de falar com uma hóspede... Miranda Priestly. - A gargalhada da mulher no outro lado da linha foi audível pelas meninas. Andy apelou. - Tudo bem, eu duvido que você achará graça quando a própria Miranda descobrir que você não deixou que eu desse notícias das filhas dela para ela. Ela vai adorar saber, vai sim. - A atendente tragou e as meninas riram. - Tudo bem, eu espero. A... Alô?

- Quem está falando? - Andy fechou os olhos ao ouvir a voz pesada com sotaque carregado.

- Ah... Sou eu, Andrea. - Silencio. - Suas filhas estão... Estão comigo... Por favor, não me entenda mal, elas apareceram aqui... Foram assaltadas e vieram me pedir ajuda. Miranda? - Ela olhou para as meninas que faziam gestos de súplica. Andy sabia que as meninas levariam uma bronca pesada e com certeza respingaria nela também. Talvez fosse melhor que elas ficassem essa noite, afinal, elas haviam tido estresses demais por um dia.

- Mande seu endereço, mandarei um carro para busca-las. Isso é...

- Espera, elas estavam assustadas e cansadas... Acabaram adormecendo. Deixe-as aqui esta noite... Amanhã eu mesma as levo até ai. - Os olhos das meninas brilharam em ansiedade pela resposta de sua mãe. Miranda ponderou um pouco, mas por fim cedeu. Estava furiosa, mas se preocupava com suas filhas e entendia que não deve ter sido uma noite fácil para elas.

- As quero aqui amanhã às 8h. Isso é tudo. - Desligou e Andy pôde aliviar a tensão soltando um longo suspiro.

- E então? - Cassidy perguntou.

- O que ela disse? - Seguiu a outra gêmea.

- Quer vocês duas lá amanhã às 8h em ponto.

- Isso! Obrigada, Andy! - Carol abraçou a morena, que surpreendeu-se, mas retribuiu.

- Andy, que demora... O que está acontecendo aqui? - Nate disse ao presenciar a cena em sua sala. - O que essas garotas estão fazendo aqui?

- Veja bem como se refere à nós, cozinheiro. - Cassidy armou-se para encarar o homem em sua frente.

- O que você disse? - Ele alterou a voz e ela deu um sorriso de tubarão.

- Não insulte a minha inteligência me fazendo repetir. E abaixe essa voz, já que não tem educação, tenha ao menos senso. - Cassidy soou tão como Miranda, que até Andy arrepiou-se. Nate encolheu-se e virou para Andrea.

- Você pode explicar o que está acontecendo?

- Meninas, o banheiro fica no final do corredor... Tem toalhas dentro do armário e eu já pego umas camisolas que minhas sobrinhas esqueceram pra emprestar a vocês, tudo bem? - As duas assentiram e foram em direção ao banheiro. Andrea explicou toda a história para seu noivo que parecia que ia explodir.

- Você só pode estar louca! Elas não podem ficar! Isso é problema, Andy, vamos levá-las para o hotel agora mesmo! É loucura!

- Isso não vai acontecer, Nate, eu já conversei com Miranda...

- Conversou com Miranda? Você tomou uma decisão sem perguntar se eu estava de acordo, ligou pra aquela mulher e falou com ela sem me dizer também! Parece que a minha opinião não é muito importante para você. Na verdade, a minha opinião só não é importante quando tem a ver com ela! - Andy estava sendo compreensiva, mas Nate estava passando dos limites.

- Você está fazendo uma tempestade num copo d'água sem motivo algum! Elas têm 15 anos e foram assaltadas! A sorte é que elas viram você, se não onde elas ficariam? Na rua! Pensa um pouco, cara! Não tem a ver com Miranda! Se fosse qualquer outro adolescente, eu agiria da mesma forma! Nunca iria conseguir dormir tranquila se eu as colocasse pra fora ou as levasse para a ira da mãe uma hora dessas! - Andy estava alterada.

- Andrea, o negócio é o seguinte: Ou elas ficam, ou eu. A escolha é toda sua.

- O que? Eu não estou acreditando nisso. Deixa de ser infantil!

- Escolha. - Andy não estava acreditando em seus ouvidos, Nate estava pedindo para ela escolher? Era isso? Ela estava em choque, nunca pensou que seu noivo teria esse tipo de atitude por algo que ela considerava tão simples. Gostava de Nate, mas não cairia em seu joguinho, era infantil demais. Levantou-se, foi até a porta, abriu e o encarou. - Pode ir. - Um Nate incrédulo pegou sua mochila e saiu sem falar nada. Andrea apenas fechou a porta, suspirou e foi verificar as meninas. Estavam muito nervosos, depois conversariam sobre aquilo.


Guerra é GuerraWhere stories live. Discover now