POV. Keven Cooper
Estava na sala de aula, concentrado fazendo o trabalho quando começo a prestar a atenção na conversa do Noah com a Aria.
- Eu não sei Aria, você que conversa com ele quase todo dia. - Diz Noah.
- Ele deve estar muito mal, tenho certeza que ele não ficaria longe do celular por nada. - Diz Aria. - Nem pra aula ele veio Noah...
- Vocês estão falando de quem? - Pergunta Tyler curioso.
- Do Alec. - Diz Aria.
Percebo o olhar confuso do Tyler e Noah se pronuncia:
- Ontem ele vomitou aqui na escola e ficamos sabendo que ele foi pro hospital, mas ele não veio hoje de novo.
- Ele perdeu aula de novo, esse trabalho vale nota e novamente ele está perdendo ponto. - Falo.
- Ele só está se prejudicando. - fala Mark.
- Gente ele tá mal, não é como se ele não quisesse vir.
Olho para Tyler e o vejo distraído, era quase como se ele estivesse perdido no seu próprio mundo.
- Vamos terminar o trabalho gente. - Chamo a atenção de todos menos a do Tyler.
Voltamos a focar no nosso trabalho e na hora de cada um decorar a sua parte encaro o Tyler.
- Tyler. - O chamo. - Tyler. - Falo mais alto.
Vejo o Noah cutucar ele, em seguida vejo o seu olhar irritado para o Noah.
- Presta a atenção, o Kev está falando com você. - Avisa o Noah.
- Pode falar. - Diz Tyler.
- Preciso que você decore a sua parte do trabalho, não quero fazer feio lá na frente. - O alerto.
- Pode deixar, eu vou decorar. - Diz ele confiante.
Depois de todos decorarem as suas respectivas partes, na hora da apresentação todos falaram muito bem, menos o Tyler. Era como se ele não tivesse decorado nada e muito pior parecia que as palavras que saíam da sua boca estavam todas erradas pois, ele gaguejou, pronunciou errado, foi literalmente um fracasso. Depois de nos sentarmos percebo o olhar irritado de todos para ele.
- Que foi? - Pergunta ele sem entender.
- A gente vai tirar nota baixa por sua culpa. - Sou o primeiro a falar.
- Era só você ter decorado a sua parte cara, você não é burro eu tenho certeza que consegue ler uma frase e decorar. - Diz Noah.
O vejo nos encarar sem reação e em seguida ficar em silêncio.
Como que ele conseguiu chegar no 3º ano desse jeito?
Ouço o barulho do sino nos avisando do intervalo e me levanto mas fico esperando todos do meu grupo saírem para o intervalo. Vejo o Tyler se levantando rapidamente e ser o primeiro a sair da sala e em seguida ser seguido pelos brutamontes do time de lacrosse.
- Vamos tirar nota baixa por culpa dele. - diz Mark.
- Não podemos crucificá-lo. - diz Aria com dó.
- Por que não? - pergunta Mark.
- Porque ele brigou com o melhor amigo dele, as coisas estão difíceis pra ele gente. - explica Aria.
- Entendo que as coisas estejam difíceis Aria, mas nós somos um grupo e qualquer atitude ou decisão dele pode nos prejudicar ou nos beneficiar. - falo um pouco irritado.
- Ele faz da minha vida um inferno todos os dias quase Aria, eu tenho muitos problemas mas ainda sim ele me enche o saco aqui na escola. Ninguém nunca se importou com isso, ele nunca teve dó de mim, por quê eu devo ter dó dele? - pergunta Mark.
- Só espero que a forma que ele apresentou não abaixe a nota de todo mundo. - fala Noah.
- Eu também espero. - admito.
Observo a Aria mexendo no celular e suspiro.
- Alec te respondeu? - pergunto.
- Não, ele nem ficou online hoje. - Diz ela desanimada.
- Amanhã ele vem pra aula, tenho certeza. - fala Noah tentando animar a irmã.
- Ele não pode perder tantas aulas assim, ele vai se prejudicar e muito. - fala Mark.
- Espero que ele melhore logo. - fala Aria. - Vamos sair daqui logo, estou morrendo de fome.
- Eu também. - falo sorrindo ao saber que eu iria comer.
POV. Tyler McConaughey
Estava sentado com os caras do time na cadeira do refeitório quando sinto algo bater no meu rosto, passo a mão no mesmo e encaro o Tom.
- Quem jogou? - pergunto. - Brincadeira idiota. - falo irritado.
- Se acalma cara, você anda muito estressado precisa se desestressar. - fala Tom.
Ouço o que ele diz e arqueio a sobrancelha rapidamente e respiro fundo.
- Estou bem como estou. - Minto.
- Não está nada. - fala Tom se levantando da sua cadeira. - Vamos ali comigo, preciso conversar com você.
Me levanto e vou andando com ele, olho ao redor e percebo que estávamos indo para o jardim.
- Por que estamos indo no jardim cara? Não dava pra conversar no refeitório não? - pergunto entediado.
- Eu queria mais privacidade por isso vim aqui com você. - fala ele.
Arqueio a sobrancelha sem entender e o vejo sentar de baixo de uma árvore e suspiro.
- Pelo menos tem sombra. - Falo e me sento na grama de frente para ele. - O que você quer falar? - pergunto curioso.
- O que tá acontecendo entre você e o Alec? Amanhã é a final, vocês precisam estar em sintonia.
- Eu não quero falar sobre isso. - Cruzo os braços.
- Eu sou seu amigo, você pode confiar em mim Ty. - Diz ele quase me convencendo.
- O que eu falar aqui vai ficar aqui? - pergunto.
- Sim, você pode confiar em mim.
Encaro o Tom e respiro fundo.
Eu falo ou não falo? Se eu contar tudo o que aconteceu ele vai achar que eu sou gay e eu não sou gay, eu gosto de mulher, pego mulher e não foi uma mamada que me faria mudar isso, mas ainda sim é muito estranho tudo isso que aconteceu, principalmente pela forma que o Alec agiu depois disso...
- Vou confiar em você então Tom.
Olho para a frente e em seguida para os lados para descartar a ideia de alguém estar por perto e acabar nos escutando.
- É sobre o Alec e isso tem que ficar aqui certo, enfim... Eu acho que o Alec cansou de sentir prazer na frente.
- Ué não entendi... como assim? - Pergunta ele confuso.
- Acho que o Alec cansou de sentir prazer na frente e está querendo experimentar o prazer atrás. - O olho de uma forma que ele consiga entender.
Olho para o rosto do Tom e o vejo surpreso.
- Você ta falando que o Alec virou viado? - pergunta Tom muito surpreso.
Ouvir isso de outra pessoa faz ser muito mais real do que apenas a voz da minha cabeça falando.
- Eu não sei Tom, sei que as coisas estão muito estranhas ultimamente, agora aconteceu isso de ele inventar que me bateu e eu realmente não sei sabe...
O vejo confuso de novo e me olhar.
- Tyler, mas não foi o Alec que espalhou que te bateu. - Diz Tom convicto.
Sinto meu coração se acelerar e o olho confuso.
- Como assim? Do que você tá falando? Claro que foi ele que espalhou isso, só tinha nós dois na porta da enfermaria. - falo sem acreditar que não havia sido o Alec.
- Quem espalhou foi a Ashley, eu vi ela comentando com quase todo mundo. - fala ele me olhando com uma expressão séria.
- Você tem certeza disso? - pergunto desesperado.
- Tenho!
Me levanto do gramado e me sinto atordoado.
- Não conta pra ninguém sobre o Alec.
Saio de perto do Tom e vou andando até o banheiro masculino, entro no mesmo abro a porta da cabine e me sento na tampa do vaso, encosto na parede e respiro fundo.
Eu não acredito que eu não consegui pensar nisso antes, nunca que o Alec espalharia isso pela escola, ele nunca faz fofoca e é impossível a primeira fofoca dele ter sido sobre mim e pior sobre ele ter me batido... Eu não consigo acreditar que eu caí no papo da Ashley, e agora eu contei isso pro Tom porque estava um pouco irritado com o Alec mas agora nada disso faz mais sentido... Ele não veio hoje pra aula porque provavelmente ficou mal por causa de ontem... eu estraguei tudo.
Dou um soco na parede do banheiro e me levanto, vou até a pia, abro a torneira e jogo bastante água no meu rosto, encaro o meu reflexo no espelho e balanço a cabeça negativamente.
Tyler McConaughey, se eu tivesse que te falar algo seria uma unica coisa só: Você é um péssimo amigo. Melhor acrescentar mais uma coisa: Eu tenho nojo de você.
Saio do banheiro e vou em direção a sala de aula, me sento no meu lugar e fico prestando a atenção em tudo, mas menos na aula.
POV. Aria Caviccioli
Após terminar as aulas, pego o meu celular e vejo uma mensagem do Alec, entro na mesma rapidamente e começo a ler.
Oi Aria, bom dia! Estou um pouco melhor, ontem tive que ir no hospital mas hoje acordei melhor, tô me sentindo meio febril mas estou legal, fica tranquila.
Após ler a mensagem dele, olho para o Noah e volto a encarar a tela do meu celular.
Alec, eu posso passar na sua casa? Mesmo que você não queira conversar... Eu te passo a matéria, você está perdendo muita matéria e ponto pra nota também.
- Ele te respondeu? - Pergunta Noah.
- Sim, acho que vou na casa dele. - Encaro o meu irmão.
- Quer companhia? - Pergunta meu irmão.
- Não, pode ficar tranquilo, acho melhor ir apenas eu. - Acaricio o seu rosto e beijo a sua bochecha. - Na verdade preciso ver se ele deixou eu ir na casa dele. - Falo rindo.
Sinto o meu celular vibrar e vejo a sua mensagem.
Tudo bem, se quiser vir pode vir.
- Noah, eu vou lá na casa dele então tá? - Falo beijando a sua bochecha.
- Se for voltar tarde me avisa, que eu vou me encontrar com você na metade do caminho. - Meu irmão me avisa.
- Tá bom. - Falo já na porta da sala de aula.
Ajeito a minha mochila nas minhas costas, começo a andar calmamente até a saída da escola. Pego o meu celular e entro em um aplicativo pedindo um uber para chegar mais rápido na casa do Alec.
Após meu uber chegar, passo o endereço do Alec. Olho para a janela e vejo a paisagem.
Depois do uber parar com o carro na frente da casa do Alec, entrego o dinheiro para o mesmo, desço do carro e caminho até a porta da casa, bato na mesma e fico na espera de alguém me atender.
- Oi Aria. - Diz Tony sorrindo. - Pode entrar.
- Oi Tony, tudo bem com o senhor? - Falo entrando.
- Tudo sim, me chame de você não de senhor. -diz ele rindo. - Não sou tão velho assim.
- Sim s... - falo. -Tony...
- O Alec está no quarto dele, pode ir lá se quiser. - diz ele se sentando no sofá.
- Tá bom, vou lá. Obrigada. - falo e vou em direção ao quarto do Alec.
Dou duas batidinhas na porta dele e abro.
- Alec? - Pergunto ao entrar.
- Oi, você chegou rápido. - diz ele deitado na cama.
- Eu pedi um uber. - falo e me aproximo dele e dou um beijo em seu rosto.
- Como você está? - pergunta o loiro.
- Eu que deveria perguntar isso de novo. - Falo me sentando em sua cama.
- To com um pouco de febre apenas. - diz ele dando de ombros.
- Mas o que você tem?
- Segundo o médico foi apenas uma crise de ansiedade, também não estou entendendo essa febre. - explica ele.
- Talvez seja febre emocional, o Tyler não te mandou mensagem?
- Não. - responde ele seco.
- Não quer falar sobre isso?
- Melhor não... Não vai resolver mesmo. - diz ele chateado.
- Vou te passar a matéria então. - falo pegando o meu caderno.
Folheio até a matéria de hoje e entrego pra ele.
- Só copiar.
- Não vou copiar, mais fácil fazer assim. - diz ele pegando o seu celular e tirando foto.
- Que menino inteligente. - falo rindo.
- Às vezes eu sou. - diz ele sendo modesto.
- Quer fazer o que agora então? - pergunto.
- Que tal jogarmos algo? O notebook do meu pai tá aqui, a gente pode jogar um jogo de fps que eu jogo. - fala ele.
- Por mim pode ser. - falo tranquila.
- Vou lá buscar o notebook do meu pai então. - diz ele se levantando da cama dele e indo buscar o notebook.
Jogos de fps e rpg pra mim nunca foram algo difícil, muito pelo contrário sempre fui muito boa, então qualquer jogo de fps que ele colocar eu vou continuar tranquila.
O vejo entrar no quarto com o notebook do pai dele, vejo ele estender o mesmo pra mim e pego.
- Vamos jogar esse aqui. - diz ele pegando o notebook dele e me mostrando o ícone do jogo.
Sorrio de lado e o encaro.
- Eu já jogo esse jogo. - falo sorrindo.
- Sério? Qual seu nick? - pergunta ele.
- Knock out. - falo o observando.
Vejo o seu semblante mudar e em seguida ele olho pra mim e balança a cabeça negativamente.
- Você é o knock out? Você não tá falando sério... - diz ele surpreso.
- Sou. - falo tímida. - por favor não passe essa conta pra ninguém.
- Você tá falando sério? Você é o cara que pegou invicto no campeonato? Que carregou o seu clã nas batalhas que tem de clã contra clã? Você carregou o clã nas costas e pegou em 1º lugar no ranking, você tá falando sério que é você? - pergunta ele muito surpreso.
- Sim. - falo simples.
- Aria... por que não me disse antes?
- Porque eu não gosto de ficar falando, normalmente quando os meninos sabem que tem garotas jogando eles acham que as garotas devem ser horríveis, que eles são melhores e na verdade não é assim que funciona. Eu sou muito boa Alec, mas se for pra toda vez que eu começar a jogar e entrar em call com alguém e eles ficarem dando em cima de mim, eu prefiro me esconder atrás de um nick e quando for entrar em call o Noah falar no meu lugar. - explico.
- Sim, você tem razão... mas cara minha melhor amiga é o famoso knock out... quer dizer a famosa. - fala ele rindo.
- Qual o seu nick?
- Não é nada como o seu, meu nick é the freak. - responde ele.
- Você também carregou o seu clã, só não aguentou contra o clã do outdated. - falo. - eles jogam muito bem e o seu clã é um pouco inferior. - falo e sorrio. - desculpa.
- Não, tudo bem. - diz sorrindo. - meu clã realmente é inferior, só eu jogo bem ali e olha que eu sou modesto, não sei nem como pegamos em 15º no ranking. - fala sendo sincero.
- Sim, realmente foi uma surpresa. - falo. - Estou querendo entrar no campeonato de duplas, se você quiser...
- Você tá falando sério? - pergunta Alec.
- Sim, nós somos amigos e você também joga bem. - falo rindo. - sei que não vai me arrastar.
- Por mim tudo bem. - diz ele aceitando.
- Vamos treinar juntos então, precisamos conhecer o jogo do outro.
- O seu eu já conheço. - diz ele. - eu sou seu fã, já vi você traçando várias estratégias e eu muitas vezes acabo te imitando. - admite ele.
- Precisamos de novas estratégias então, não quero fazer a mesma coisa, fica muito manjado. - falo o olhando.
- Tudo bem, como quiser. - fala sorrindo. - obrigado por vir, eu já me sinto muito melhor.
- Não precisa agradecer. - falo fazendo carinho no seu cabelo.
Pego o notebook do pai dele e logo na minha conta, entro em um servidor e envio convite pra ele que logo aceita.
- Vou começar a dar aula. - falo rindo.
- Vai mesmo. - diz ele rindo também.
Depois de passar a tarde inteira jogando com ele. Me deito em sua cama e alongo as minhas mãos.
- Não perdemos nenhuma partida Alec. - falo surpresa.
- Eu não sou tão ruim assim, e tendo você não fica difícil também. - diz ele se deitando ao meu lado.
- Você tem razão. - falo convencida. - Alec, posso te perguntar uma coisa? Não é relacionado ao jogo.
- Pode sim. - diz ele me olhando.
- Você está nervoso com o jogo de amanhã?
- Nervoso não, mas não me sinto confortável. - diz ele e suspira em seguida. - Ele vai estar lá, nós somos co-capitães e eu não sei como vai ser... - fala se sentando na cama. - Amanhã eu tenho quase certeza que vai ser o pior jogo da minha vida, não vai ter aquela conexão e muito menos o entrosamento que ele e eu temos... Eu to muito desconfortável com esse jogo.
- Mas por que você não falta? É muito mais simples do que fazer algo que você não quer. - Me sento de frente pra ele na cama, vendo ele fazer o mesmo, sua expressão parecia desanimada, bem diferente da que tinha a pouco tempo atrás, quando ainda falávamos de outras coisas.
- Eu tenho minhas responsabilidades com o time, não é como se tipo: A hoje eu não quero jogar. E não jogo, eu não posso fazer isso... Se eu sou capitão é porque sou o melhor do time e eu tenho que dar o exemplo, entende?
- Mesmo que esse exemplo seja com o Tyler ao seu lado?
O vejo me olhar e passar a mão em seu cabelo, em seguida o vejo sorrir sem graça e dar de ombros.
- Talvez?
Balanço a cabeça negativamente e me aproximo dele e me sento ao seu lado, em seguida encosto minha cabeça em seu ombro e respiro fundo.
- Sobre a briga de vocês lá na sala, quer conversar? - pergunto.
- Aria, eu juro pela vida do meu pai, eu não bati nele, eu empurrei ele apenas... Nunca espalharia uma fofoca dessas pra escola toda. - diz ele com voz amargurada.
- Quem você acha que espalhou?
- Eu não sei, nem quero saber também, eu descobrir isso não vai mudar nada. - diz ele encostando a cabeça na minha. - Ele acreditou em uma mentira, mas o pior não foi isso, o que mais me machucou foi ver que tipo mesmo ele me conhecendo a anos ele acreditou na possibilidade de eu fazer isso entende?
Balanço a cabeça concordando com ele e permaneço em silêncio.
- Eu nunca imaginei que uma amizade forte como a nossa terminaria dessa forma, por algo que ele quis e por uma mentira que ele acreditou. - fala com a voz embargada.
Ajeito a minha postura e o abraço de lado, em seguida percebo ele vir com a cabeça em direção das minhas coxas e sorrio, coloco as mãos em seus cabelos e começo a fazer carinho no mesmo.