Escolhas Perigosas - degustaç...

By adrianaramosbrasil

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Tudo o que Hannah é hoje, ela sequer cogitou ser um dia e odiava isso. Ela era sonhadora, apaixonada, determ... More

Prólogo
Informação
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Untitled 10
Capítulo 11
Capítulo 13
Lançamento
Retirada

Capítulo 12

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By adrianaramosbrasil

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Hannah 

Ergo os braços alongando o corpo antes mesmo de abrir os olhos. Sei que a porta que dá acesso à varanda do quarto está aberta, pois sinto a claridade em minhas pálpebras fechadas, foi isso o que me fez acordar, provavelmente mais cedo do que eu gostaria. Relutante, abro os olhos e constato que Vicente não está mais na cama, levanto-me e vou a procura dele. O encontro em pé na varanda olhando fixamente para a imensidão do mar azul. O sol ainda está baixo indicando que acabara de nascer. Vestindo uma calça de linho branco com elástico na cintura, ele segura firme na grade de madeira, tão firme que seus dedos estão brancos com a força imposta. Abraço-o pela cintura e ele se assusta com minha presença, mas depois relaxa completamente.

— Levantou-se cedo — digo com a voz rouca pelo sono e recebo seu beijo de leve em meus lábios, enquanto ele me aperta em seus braços de forma carinhosa e protetora.

— Eu gosto de ver o sol nascer e daqui é simplesmente fantástico.

— Com certeza, mas depois de semanas estressantes eu pensei que descansar, dormir até não aguentar mais seria o natural, não acordar de madrugada para ver o sol nascer.

— Já para mim, assistir esse espetáculo é o que me faz descansar a mente. E você, por que não está dormindo?

Fico calada diante de suas palavras, pois senti que alguma coisa estava errada. Na verdade, venho percebendo isso há algum tempo, entretanto estou evitando pensar sobre o assunto. Ele mal dormiu durante a noite, e quando fizemos amor parecia que seria a última vez. Minha garganta se aperta com esse pensamento. Ergo minha cabeça e encaro seu rosto.

— Está acontecendo alguma coisa? Você parece preocupado — disparo.

Talvez eu devesse deixar de lado e acreditar no que ele diz, pois ficar colocando caraminholas na cabeça não é a melhor opção. Estamos em um lugar exclusivo, feito para casais em lua de mel ou apenas para viagens românticas a dois, para aqueles que querem privacidade durante a estadia. Nosso bangalô tem vista para a Praia do Morro do Pico que é realmente uma vista deslumbrante e dá vontade de ficar o tempo todo admirando tanta beleza.

— Impressão sua, está tudo bem. — Beija minha testa. — Amanhã eu prometo que te chamo para assistir comigo. É perfeito, você vai adorar. — Puxo um longo suspiro de resignação.

— Não subestime minha inteligência, Vicente. Mesmo que eu não o conhecesse bem, ainda assim eu notaria que tem alguma coisa errada.

— Desencana, meu amor, não é nada mesmo. — Segura meu queixo delicadamente, passa o nariz no meu como um beijo de esquimó.

— Você me diria se alguma coisa estivesse errada, não é?

— Hannah, está imaginando coisas. Não há nada demais, só algumas coisas do trabalho que às vezes me estressa. O que acha de pedir o café no quarto? Hoje marcamos mergulho, lembra?

Prefiro ignorar a mudança brusca de assunto. Não quero pressionar e parecer uma louca cheia de neuras. Mas, às vezes, eu queria que o Vicente não fosse tão fechado em algumas coisas. Ele não é um homem de muitos amigos, mas eu não posso julgar isso, também não tenho muitos, mas os poucos que tenho são verdadeiros.

— Sim, vamos pedir e comer aqui mesmo — digo passando a mão em seus braços fortes. Olho para frente e percebo que o sol subiu mais um pouco, penso que isso mostra porque é chamado de astro rei. As ondas quebram furiosas sobre as rochas lá embaixo ao passo que do outro lado a água aparenta estar calma, quase uma piscina.

— Esse lugar é lindo — afirmo maravilhada.

— É sim, um dos mais lindos que já vi. Por isso é chamado de paraíso.

— Você deve ter viajado muito, não é? — pergunto.

— Não tanto quanto gostaria, o mundo ou até mesmo o Brasil tem lugares que planejo conhecer um dia.

— Para mim é o mais lindo do mundo, já que não viajei tanto.

— Tem algum lugar onde você gostaria de ir?

— Tem vários, o primeiro era esse, eu sonhava em conhecer Noronha, confesso que pensei que nunca viria. Está realizando um dos meus sonhos impossíveis. — Ele ri beijando o topo da minha cabeça.

— É um prazer poder te proporcionar isso, quero poder realizar todos os seus desejos, moça. — Faz um carinho no meu rosto e eu me derreto toda. — Isso prova que na vida o impossível não existe.

— Um dia quero conhecer a Grécia.

— Está aí um lugar que não conheço, já podemos marcar nossa próxima viagem.

— Sério? — exclamo animada.

— Seríssimo, vou adorar conhecer a Grécia com você. — Pulo em seus braços feito uma doida. — Vou pedir nosso café.

Ele me deixa olhando a vista e sorrindo feito uma boba. Volto para dentro do quarto e sigo direto para o chuveiro. Ainda é cedo, mas o calor já está de matar. Quando volto, Vicente está sentado na varanda falando ao telefone diante de uma mesa posta com café da manhã. Ele sorri enquanto me sento na cadeira de frente para ele.

— Ela está adorando mamãe... Sim, prometo trazer a senhora da próxima vez — diz revirando os olhos. — Não vai atrapalhar nada, a senhora é sempre uma companhia maravilhosa... é verdade... Vou desligar, a Hannah chegou para o café da manhã, depois nos falamos. Ti voglio bene anche mamma. — Ele sorri colocando o aparelho em cima da mesa. — Mama mandou um beijo para você.

— Obrigada. Estamos quase atrasados para o passeio — digo pegando um pedaço de bolo.

— Então se apresse, meu amor, estou doido para ver os golfinhos.

Gargalho de sua mentira descarada, pois tive que convencê-lo a ir comigo. Terminamos de comer e depois saímos para encontrar o guia que nos levará para o passeio. Foi a primeira vez que fiz mergulho, demorou um pouco com a aula até mergulharmos de fato. Confesso que fiquei com agonia daqueles peixes nadando ao meu redor, cheguei a pedir para terminar antes do tempo, o que fez Vicente rir muito de mim, pois depois de insistir tanto para fazer o passeio acabei morrendo de medo. Eu realmente pensei que fosse gostar, mas quase surtei ao ver um cardume diante dos meus olhos, parecia que iam me perseguir e se alimentar de cada parte do meu corpo, sem falar os golfinhos endiabrados que queriam brincar, mas meu cérebro entendeu outra coisa. Depois do mergulho desastroso, fomos almoçar em um restaurante no centro da cidade. Vicente do nada começava a rir quando lembrava do meu pavor aos golfinhos.

— Que bom que eu divirto você.

— Não fique chateada, o bom é que teremos material para mostrar para os nossos filhos no futuro. — Levanta a maldita câmera que estava na cabeça dele durante o mergulho e registrou tudo. Não reclamo e dessa vez fico feito boba por conta da sua última frase.

Ele quer ter filhos comigo.

— Eu moraria aqui, com toda certeza — digo de olhos fechados recebendo a brisa que sopra no meu rosto.

— E deixar a selva de pedra?

— Sem pestanejar.

— Sei, fala isso agora, mas depois iria se arrepender. — Ele coloca o chapéu na minha cabeça para me proteger do sol. — Vamos voltar para o hotel. Quero descansar um pouco.

— Vamos, você precisa mesmo depois de ter passado a noite acordado.

— Eu não... — Encaro seu rosto seriamente e ele se cala. — Vamos.

Chegamos e tomamos banho juntos, depois nos deitamos na cama enorme. Vicente logo dormiu e eu peguei um livro para ler. Saí do quarto e me deitei na daybed que fica debaixo de um gazebo cheio de trepadeiras e tecidos esvoaçantes.

— Que vida mais ou menos, Hannah.

Vicente dormiu praticamente o resto da tarde toda, depois de ler boa parte do livro, eu me deitei ao lado dele e dormi também. Acordamos com o telefone tocando no criado ao lado da cama. Vicente olha a tela e atende a chamada. Fecho os olhos e fico assim por um tempo.

— Oi... está certo. Pode ser... Amanhã cedo então. Até mais.

Ele se vira para me olhar e eu estou olhando fixamente para ele.

— Ei, acordei você. Desculpa.

— Não, eu já estava acordada. Com quem estava falando? — pergunto me sentando na cama.

— O Carlos precisa que eu o leve a uma reunião amanhã cedo.

— Achei que tivéssemos vindo para passear e não a trabalho.

— Ele é um homem importante, tem reuniões que não pode deixar de ir mesmo estando de férias.

— Tudo bem, vou ficar aqui toda solitária, tem problema não. — Faço beicinho. Ele gargalha.

— Tadinha gente, me deixa começar a compensar a falta que vou te fazer amanhã. — Se deita sobre mim e me beija carinhosamente. Logo o beijo se transforma em fogo puro e estamos gemendo de prazer nos braços um do outro.

***

Já passava das 10:00h quando decidi caminhar na praia. Vicente provavelmente chegaria depois do almoço. Ele saiu tão cedo que nem vi. É claro que eu não ficaria no quarto com um paraíso desses para explorar.

Avisto a futura primeira dama caminhando sozinha com os pés na água. A barra do seu vestido longo toca a água, porém ela parece não se importar. Ela para e fica olhando para o mar, eu me aproximo a fim de puxar assunto. Adoro conversar e não sou muito de ficar sozinha. Apesar de ter gostado muito dela, ainda não tivemos a oportunidade de conversar depois do dia do nosso encontro no coquetel.

— Sabrina, oi. — Ela se assusta e dá dois passos para trás tentando colocar os óculos de forma apressada. Por causa do susto, ela os deixa cair na água e tenta pegar, mas uma onda os joga para longe do alcance de suas mãos.

— Droga — resmunga.

— Nossa, sinto muito. Não quis te assustar. — Abaixo-me tentando pegar o objeto que está sendo jogado de um lado para o outro. Consigo pegar e quando vou para entregar a ela, imediatamente fico paralisada olhando seu rosto. O olho esquerdo dela está com uma enorme mancha roxa. Não consigo esconder a surpresa e o pavor em ver algo assim.

— Não deveria aproximar-se sorrateiramente de uma pessoa que está distraída. Pode ser perigoso — diz rispidamente sem lembrar em nada a pessoa agradável que sempre demonstrou ser nos nossos encontros anteriores.

— Eu... O que aconteceu com seu olho? — Sabrina toma o objeto da minha mão rispidamente e coloca depressa sobre os olhos impedindo meu olhar analítico.

— Acabei me batendo sem querer na ponta da cadeira na piscina quando mergulhei hoje pela manhã. — Franzo o cenho e olho uma enorme marca em seu braço que está parcialmente coberto pela manga do vestido. Ela arruma o tecido branco sobre o machucado cobrindo-o melhor.

— Presumo que a cadeira também tinha mãos fortes que apertaram os seus braços até deixar essas marcas neles depois de sua queda.

— Isso não é da sua conta — rebate.

— Meu Deus, ele bateu em você? — digo deixando minha indagação aparecer através do tom enojado da minha voz.

— Por favor, é melhor você esquecer isso. Esqueça que me viu nesta praia. — Então ela sai correndo em direção à trilha que dá direto no hotel.

Estarrecida. É a única palavra que me define no momento. Como uma mulher que parece ser tão poderosa, inspiração para as mulheres de uma nação, apanha do marido que supostamente é um exemplo, que aparentemente é carinhoso e respeitador? Como uma pessoa pode ser um cara perfeito e bater na esposa? Como uma mulher aceita uma relação assim? Indignada e com muitas perguntas que não querem calar, marcho atrás dela. Não que eu queira salvar o mundo, mas precisava entender essa mulher. Além do mais, eu gostei de verdade dela, e quando eu gosto, eu vou até as últimas consequências.

— Sabrina, espera — grito, mas ela não para. — Se não parar e me ouvir, vou contar para o mundo o que vi. Vou ligar para a polícia local e denunciá-lo por agressão. Vai ter milhares de repórteres na sua porta querendo saber mais sobre a vida da futura primeira dama que apanha do marido. — Ela estaca no chão sem se virar para mim.

— Por que não me deixa em paz? Isso não é da sua conta — sussurra com voz embargada.

— Venha, vamos entrar. — Pego seu braço e a arrasto até o meu quarto que está mais próximo do que o dela que fica em uma parte ainda mais exclusiva do hotel.

Fecho a aporta atrás de mim.

— Já está quase na hora do almoço, vou pedir algo pra gente comer enquanto conversamos.

— Não pretendo ficar aqui todo esse tempo. E nem posso.

— A gente pode ouvir o barulho do helicóptero chegando. Não se preocupe.

Eu pego o telefone e faço o pedido. Encontro Sabrina sentada na beira da piscina com as pernas dentro da água. Sento-me ao lado dela que havia tirado o vestido e deixado as marcas bem visíveis, então pude ver quão machucada ela está, marcas de dedos nos braços e mais alguns hematomas. Meu coração se aperta e se enche de raiva de quem fez isso com ela.

— Não quero me intrometer na sua vida. Só quero entender como...

— Uma mulher como eu aceita esse tipo de coisa — completa, eu afirmo com a cabeça. — Julgar é muito fácil, não é?

— Juro que não estou julgando. Mas... Me ajuda a entender. Ele bate sempre em você? Existe algum motivo para...

— Isso é o que acontece quando não se tem opção. Eu amo meu marido...

— Para com isso. Não justifica amar e aceitar esse tipo de coisa.

Ficamos em silêncio até que ela começa a chorar copiosamente. Na primeira vez que a vi, notei que algo estava errado, não só pelo fato dela está chorando escondido em uma festa como aquela, mas a forma como ela mudou de atitude tão rapidamente.

— É muito mais complicado do que você possa intender.

— Só tenta... Vem cá. — Dou-lhe um abraço apertado e quando ela se acalma me afasto.

— Eu nem posso contar toda a história... nem conheço você, Hannah.

— Eu juro que não vou te julgar e prometo que não direi isso para ninguém. Será um segredo nosso.

— Nem mesmo para o Vicente?

— Eu prometo. — Ela olha dentro dos meus olhos tentando encontrar a verdade neles.

— Eu era uma garota muito pobre quando conheci o Carlos, vim de uma família de 6 irmãos. Comecei a trabalhar muito cedo para ajudar minha mãe, trabalhava duro e ganhava pouco. Um dia me chamaram para trabalhar em uma festa como modelo. Eu tinha 17 anos e estava quase largando os estudos. — Ela balança os pés na água enquanto fala. — Eu só precisava ficar em pé e sorrir, dizer boa noite e pronto. Foi naquele dia que conheci o Carlos. Me apaixonei pelo seu jeito respeitador, gentil e carinhoso. Carlos me ajudou a entrar na faculdade, brigou com a família dele por mim, ajudou toda a minha família, e ele só tinha 25 anos. Era de família rica e influente. Namoramos um ano e nos casamos.

— Tão nova.

— Pois é, eu tinha acabado de fazer 18 anos. Eu era nova e idiota, não enxergava que o excesso de cuidados que ele tinha comigo era na verdade um modo de dominação. Quando enxerguei isso já era tarde. Eu já era a boneca, o fantoche dele. Quando tentei me libertar um pouco vieram as humilhações e o primeiro tapa. Eu era apaixonada demais e sempre arrumava uma desculpa. Ele estava nervoso, ele é um bom marido, ele me tirou da miséria e me deu o mundo, ele cuida da minha família e minha mãe tem um câncer raro e precisa de cuidados, a culpa é minha... Enfim, então coisas piores vieram. Coisas que é melhor você não saber.

— Sabrina, eu nem sei o que dizer. Sei que não devo me meter na sua vida, só...

— Eu sei que a sua intenção é a melhor, posso ver que é uma boa garota. Mas olha, eu estou no buraco que não tem como ser retirada. No entanto você, Hannah, ainda há tempo de não ir pelo mesmo caminho sem volta. Você ainda está na borda, pode recuar e não cair nesse abismo sem fim . — Ela diz olhando-me de forma suplicante.

— Do que está falando? Meu namorado é o melhor...

— Assim como era o Carlinhos. Hannah, eu posso ver muito dele no Vicente. Um homem jovem, rico e cheio de poder. Saia enquanto é tempo. — Seu conselho parece mais uma súplica.

— Você está completamente enganada. Vicente jamais levantaria a mão para mim...

— Pode ser que não. Entretanto, Hannah, existem muitas formas de machucar uma pessoa, não apenas fisicamente... — O barulho do helicóptero a faz levantar- se rapidamente. — Eu preciso ir — diz e percebo um certo desespero em sua voz. Ela sai correndo enquanto veste a roupa de forma desajeitada.

Espero alguns minutos, o helicóptero não se aproxima e segue para outra direção. O almoço chega e mando entregar no quarto dela. Acabo nem comendo direito, não tenho estômago depois do que vi. Fico muito tempo refletindo sobre o que falamos. Muito triste pela situação dela e muito reflexiva sobre o que ela disse acerca do Vicente.



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