Capítulo 8

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— Tenho certeza de que esse modelo vai emplacar — o representante tenta me convencer, suspiro fundo. — Está sendo um dos mais vendidos.

— Ok, se tem tanta certeza assim, quer me vender um produto que não considero tão vendável, então podemos chegar a um acordo.

— Lá vem você. — Ele sorri colocando a bota que parece mais acessório de um viajante espacial extraterrestre em cima da mesa.

— Podemos começar com uma quantidade baixa, você me garante que se não tiver uma boa aceitação, vai receber tudo de volta.

— Acho melhor escolher outro modelo. — Disparo na gargalhada.

Mesmo que fosse poucas peças para as lojas, no final seriam muitas, devido a quantidade de lojas espalhadas pelo país. Mesmo que cada estado e região tenham sua identidade e perfil de cliente diferenciados, ainda mais por conta do clima.

— Foi o que imaginei.

— Você é bem difícil, hem?

— Já deveria ter se acostumado.

— Difícil em todos os aspetos, já pensou na minha proposta?

Caio é um homem lindo, atraente, entretanto não costumo misturar trabalho com prazer. Nunca. Por isso não dei corda para suas investidas. Mas ele não desiste, as vezes ele me liga chamando para sair.

— Estou namorado Caio, e não é só isso. Estou muito apaixonada.

— Que pena. É recente?

— Vamos fazer um mês dia 8.

— Você quer dizer hoje?

— Minha nossa! Não acredito que esqueci.

— Não deve estar tão apaixonada assim, ou não esqueceria uma data importante como essa — seus olhos brilham de pura malícia.

— É verdade, eu não deveria ter esquecido, mas, para a minha defesa, essa semana está um caos, apesar disso eu lembrei de comprar o presente dele. Você tem razão, acho que podemos encerrar por hoje. — Pego as grades prontas para cada loja e começo a distribuição para as franquias. Ele não contesta, sabe que sempre tenho a última palavra.

Nunca trabalhei tão distraída antes. Agora faço tudo o mais rápido possível na intenção de tentar imaginar algo para hoje à noite. Pego meu celular e não tem nenhuma mensagem do Vicente.

O ser humano é incrível, não lembrei que hoje faríamos aniversário de namoro, entretanto fico chateada, até magoada com a perspectiva de Vicente ter esquecido. Entre a oficialização do nosso relacionamento e nossos encontros antes disso levou três meses. Quase um só conversando por mensagens e por telefone, mais um saindo juntos para jantar, ele me levava a lugares que não conhecia ainda na cidade, e só então oficializamos.

Saio quase correndo pela avenida que dá acesso à minha casa, fica bem próximo para evitar trânsito que nesta cidade é terrível. Então vejo um carro preto conhecido do outro lado da rua, o vidro desce e vários balões vermelhos saem voando, só não ganham o mundo por estarem presos a fitas da mesa cor. Ele deveria estar sufocado, dividindo espaço com os corações vermelhos metalizados, nada discretos. Vou até o carro e abro espaço entre as fitas para encontrar o rosto do Vicente.

— Feliz aniversário — ele diz e eu me debruço sobre a janela beijando sua boca. Me afasto dele e os balões voam e eu consigo segurar apenas dois. Fico olhando cada um ganhar uma direção diferente enquanto sobe cada vez mais alto.

— Por que você soltou? — pergunto assim que entro no carro.

— O coração mais importante está aqui — pega minha mão e coloca no centro do peito —, batendo por você e é todo seu.

Escolhas Perigosas - degustação Where stories live. Discover now