Por trás das sombras - Elizab...

By mariafernandadsn

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Esse livro não é de minha autoria, mas é o meu preferido, então resolvi postar aqui para vocês se apaixonarem... More

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Epílogo
Vamos conversar
Vamos conversar

Capítulo 13

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By mariafernandadsn

O que há de errado com você, Minny? - lady Walbrook perguntou pela milésima vez. - Está agitada. Tente ficar parada, calma como uma Diana ou uma Vênus. Siga o meu exemplo.


A condessa ergueu-se e fez uma pose, como se estivesse em uma de suas produções dramáticas.


Hermione forçou um sorriso. Oh, Deus! A noite estava para chegar, e ela se encontrava no meio de um salão repleto de gente.


Havia conseguido enganar a mãe por quase outra semana inteira, dando-lhe ora uma desculpa, ora outra. Naquela noite, porém, a condessa nem quisera ouvir a filha. Ela compareceria ao baile dos Abington e ponto final.


A única coisa pela qual Hermione podia agradecer era que estavam se aproximando do meio do verão, e os dias agora eram mais longos.


Ainda assim, seria o fim de tudo se ela simplesmente desa¬parecesse no ar, diante dos olhos da sociedade em peso.


Oh, ela cumprira a promessa que fizera a Quince e evitara Rockhurst. E isso não tinha sido nada fácil.


Furtivamente, deu uma olhadela em direção à janela, embo¬ra nem precisasse ter feito isso. Podia sentir o sol sumindo no horizonte. Restavam apenas alguns minutos.


- Você viu Rockhurst? - a mãe perguntou a uma matrona sentada a seu lado, abanando o leque enquanto apontava para o salão, esquecendo-se da pretendida pose de estátua. - Ora, parece que o homem endoideceu.


- Acho que sim, mesmo - concordou a matrona, observan¬do o conde com seu binóculo de ópera. - Aposto o meu melhor vestido de seda que ele finalmente se apaixonou.


- O conde está apaixonado? - A mãe de Hermione mor¬deu o lábio. - Ora, isso é terrível! Eu tinha tantas esperanças para a minha querida Minny... Bem, preciso falar com ele de qualquer modo, porque meus ensaios vão começar na próxima semana, e não posso deixá-lo se esquecer de sua promessa de...


Hermione tapou os ouvidos para não ouvir mais conversas sobre o conde.


Rockhurst na casa dela? A seu lado? Se já não conseguia nem mesmo ficar alguns poucos momentos no mesmo ambiente que ele, sem quase sufocar de desejo...


Sentiu a respiração lhe faltar enquanto o observava andan¬do pelo salão, observando cada uma das debutantes, esperando que a música recomeçasse. Sabia pelos comentários da mãe que ele havia convidado para dançar um número incontável de jovens, implorado para ser apresentado a algumas delas, e então as largara e seguira para outra reunião social.


Assim, enquanto as jovens ruborizavam e lançavam olha¬res ternos na direção do conde, tentando de qualquer maneira lhe chamar a atenção, Hermione olhava para o lado oposto. Não precisava vê-lo, não queria vê-lo.


Ela estivera na cama dele. Dentro daqueles braços longos e fortes. Rockhurst estivera dentro dela, havia-a possuído, tanto gentil como brutalmente, deixando-a sem fôlego.


Hermione rangeu os dentes e tentou pensar em outra coisa.


Como no beijo dele... ou naquelas mãos em seu corpo.


Oh, Deus, aquilo não podia continuar! Observou-o agita¬do, os olhos estudando cada uma das moças alinhadas junto às paredes como se fosse um lobo escolhendo uma ovelhinha.


E quando ele não estava com o olhar preso às damas, obser¬vava o horizonte...


Esperando o sol se pôr.


Sim, ela tinha prometido a Quince que não se encontraria mais com o conde, porque terminara ficando com uma dúvida em seu coração.


Ele poderia estar apenas visando o anel que ela usava?


Olhou para o conde mais uma vez e, de repente, a dúvida parecia não importar mais.


Ela o queria. E pela primeira vez em toda a semana, o anel pareceu despertar.


Logo. Logo estaremos juntos.


Mas não até que eu encontre um modo de escapar de mamãe, ela pensou, dando primeiro uma olhada para a janela, e então outra para a condessa.


Se ao menos pudesse desaparecer sem despertar atenção... Poderia abordá-lo e lhe murmurar um convite sedutor.


Venha comigo, Rockhurst. Faça amor comigo esta noite. Eu te amo como a nenhum outro, não quero nenhum outro homem.


E ele a seguiria, isso era tão certo quanto o fato de que o sol estava se pondo no horizonte, Ele a seguiria até o jardim, onde a abraçaria e a beijaria apaixonadamente. Entregue ao convite dela. Passando a noite inteira fazendo amor com ela.


Com ela. A Sombra dele. A mulher que ele amava.


Mas em seus pensamentos, ouviu uma voz não muito dife¬rente da voz de Lavinia Burke: Ele pode amar a Sombra dele, mas você? Lady Hermione Marlowe? Isso é piada...


As convicções de Hermione balançaram. O que aconteceria se ela caminhasse até lorde Rockhurst e fizesse o mesmo con¬vite, mas sendo ela mesma, a sem-graça e esquisita Hermione Marlowe?


Mordeu os lábios. Oh, céus, ela tinha apenas mais um minu¬to ou dois!


- Minny! - a mãe sussurrou. - O que está acontecendo com você? Está pálida!


- Não me sinto bem - Hermione disse, e era a pura ver¬dade. Nunca se sentia bem no momento de sua transformação. - Está muito abafado aqui dentro.


Seus joelhos tremiam. Nem ousava olhar para os sapatos, com medo que já tivessem sumido de vista.


- Oh, céus, menina! Não desmaie aqui dentro. Vai dar um espetáculo desagradável. Se não se sente bem, então saia para o jardim e respire bem fundo.


A mãe apontou para a porta, e Hermione não precisou de outra ordem. Saiu apressada, passando pelas matronas, pelas jovens bonitas e pelos cavalheiros galantes até se ver diante das portas francesas que levavam ao jardim.


Elas já estavam abertas para deixar entrar ar no salão. Hermione se viu no jardim e em meio à neblina.


Rockhurst percebeu uma jovem apressada junto às portas que davam para o jardim, e seu coração disparou. Olhou acima do ombro da jovem. Lá fora, a noite já estava chegando.


Sombra.


Tinha de ser. E apesar de que àquela distância ele não podia notar nada de particular na jovem, ele sabia bem.


Porque, em minutos, ela se tornara de visível a invisível. E ainda assim continuava uma desconhecida.


Mas não se ele pudesse alcançá-la.


Na semana anterior, nada mais fizera do que procurá-la, em todos os musicais entediantes, festas, bailes, e até passara uma noite inteira no Almack's, sempre esperando por aquele momen¬to em que os dedos dela tocariam no braço dele e a escutaria lhe murmurar um convite que lhes tomaria uma noite inteira de exploração.


Ele tinha ignorado seus deveres, suas obrigações, e temido acabar enlouquecendo de desejo.


Ignorando as exclamações escandalizadas e os olhares cheios de censura por ele estar abrindo caminho sem a menor ceri¬mônia, Rockhurst acabou chegando perto da porta quando lhe bloquearam o caminho.


- Rockhurst! Uma palavra com você. Quero lhe falar sobre o modo como tratou a srta. Burke! Quero que saiba...


Battersby. Rockhurst suspirou fundo e tentou passar por ele, mas o homem parecia ser tão obstinado quanto tolo.


- Srta. Quem? - ele perguntou, o olhar fixo no jardim. Tinha poucos minutos, talvez apenas um ou dois.


- Srta. Burke! Você foi muito atencioso com ela na semana passada durante a festa de lorde Belling, mas a deixou na hora do jantar. Ora, eu quero que saiba que precisei assumir o seu lugar e escoltá-la eu mesmo! Tive de agir como um cavalheiro.


- E qual foi o problema? Pensei que gostasse da moça...


- Gostar? Eu a adoro! E vê-la passar aquela vergonha...


- Battersby, não tenho tempo para isso. Eu deixei o cami¬nho livre para você. Quem sabe agora possa até pedir-lhe a mão em casamento. Deveria estar me agradecendo em vez de se sentir ofendido. - Rockhurst se inclinou e ficou cara a cara com o homem. - Porque eu odiaria ter de reagir a esta ofensa lhe metendo um tiro no peito antes de você ter a chance de fazer a ela o seu pedido.


Battersby piscou sem parar, confuso.


- Oh, eu não havia pensado desse jeito. Absolutamente. Como você está certo, Rockhurst. Sempre esteve. - Ele sor¬riu. - Deveria ter percebido que você queria me favorecer. Sempre disposto a me ajudar a cortejar a jovem.


Ele pegou Battersby pelos ombros e o empurrou em direção à srta. Burke, não sabendo se estava fazendo um favor ao homem ou se seria melhor desafiá-lo para um duelo e terminar logo com a vida dele antes que a tal proposta de casamento fosse feita.


Sentiu o vento entrando no salão através das portas aber¬tas, trazendo consigo o perfume do jardim. Mas este parecia inteiramente deserto. Pelo menos não havia nenhuma mulher visível ali.


- Maldição! - ele praguejou em voz alta. Chegara tarde demais.


Uma risada soou, então.


- Você quase me identificou hoje, Rockhurst - ela disse, provocando-o. - Quase.


- Tenho outro modo de descobrir quem você é - volveu ele, tentando discernir exatamente onde ela estava parada.


- E como seria isso?


- Posso raptá-la de novo e mantê-la em minha cama.


- E seduzir-me a ponto de eu revelar a minha identidade? Você é bom... mas isso não tem funcionado até agora.


- Eu não precisaria seduzir você.


- Não? Rockhurst riu.


- Não. Bastaria eu mantê-la segura por tempo suficiente até que alguém começasse a procurar por uma jovem desapare¬cida. Então eu saberia exatamente quem você é.


- Você é um patife, sabe disso? Porque então eu já estaria arruinada.


- Mais do que já está? - Porque, de sua parte, ela já o arruinara para outra mulher. Jamais ele iria querer outra no lugar dela.


- Oh, sim, mas esse é o nosso segredo. E já pensou que minha ruína pode significar que eu serei banida para alguma parte remota da Escócia? - Hermione parou de falar, e então Rockhurst ouviu o som de seus sapatos no cascalho. - E se eu for banida, milorde, quem você vai namorar?


Espertinha! Ela sabia que o pegara.


- Pensa realmente que eu permitiria que fosse banida?


- Porque este é o seu reino?


- Pois assim o é - ele respondeu, sentindo o coração bater mais depressa, sabendo que ela se aproximava.


Nunca se sentira assim em relação a uma mulher. Ela o deixava excitado e, ao mesmo tempo, inseguro.


- Se eu fosse banida, não poderia ir a eventos sociais - ela observou, posicionando-se em frente ao conde.


Ele não precisava vê-la para saber que ela estava logo ali. Podia senti-la. Aspirar seu perfume.


- Não consegue mesmo ir a parte alguma do jeito que tem estado - ele a provocou. - Dada a sua vantagem atual.


- Não considera a invisibilidade como uma vantagem - ela exclamou, a mão agora sobre o colete dele e descansando sobre o peito. - Eu a considero uma prenda.


- Uma prenda? Ser invisível?


- Você consegue me ver, e considero isso um prêmio.


- Então seu desejo já se realizou?


- Não totalmente.


- Como assim?


- Você ainda não fez amor comigo esta noite.


- O sol acaba de se pôr - ele protestou.


- Então por que estamos perdendo tempo parados aqui?


Rockhurst não precisava de mais um convite, e sua boca encontrando a dela em um beijo voraz. Aquela dama misteriosa o deixava tão excitado, e no entanto, não havia nenhum lugar discreto para irem.


Aquele bastardo do Abington... Nem mesmo alguns arbustos mais fechados.


- Não há um portão neste jardim? - ela perguntou.


- Não. Somente um modo de entrar e sair.


Rockhurst começou a ir em direção às portas francesas, então se beijaram de novo, os corpos grudados, levando-o a se esquecer daquela maldita cama e querer simplesmente possuí-la ali, de pé, naquele exato lugar. Depois poderia levá-la para a sua cama, derramar champanhe em todo aquele corpo sedutor e então bebê-lo de sua pele macia.


E então...


Um latido furioso, depois um uivo de pavor, soou além da casa. Rockhurst imediatamente largou a mão de Hermione e ficou imóvel.


O som era assustador. Não havia como se enganar.


Rowan. Ganindo como se todas as forças do inferno o tives¬sem encurralado.


Porque era isso o que tinha acontecido de fato.


Hermione correu atrás de Rockhurst enquanto ele passava pelo salão repleto e saía da casa do barão.


Não tinha sido fácil para ela passar sem esbarrar em nin¬guém, mas finalmente alcançou o conde correndo em direção a uma viela.


- Rockhurst! - ela gritou. - Espere por mim.


Mas ele nem ouvia os gritos dela, continuando em frente em direção de onde estava o seu cão.


Os uivos de Rowan lhe esfriavam a espinha, porque ele se lembrava das últimas palavras de Dubhglas.


"Agora ele não terá escolha e terá de vir matá-lo pessoalmente. Então é como se eu o tivesse matado..."


Hermione procurou localizar a carruagem do conde e a viu com um cocheiro segurando as rédeas. Subiu imediatamen¬te nela, procurando primeiro pela Carpio, e depois pela besta. Pegou várias flechas e correu para a viela.


Dera apenas alguns poucos passos quando Quince lhe blo¬queou o caminho.


- Você não pode segui-lo. - A mulher a segurou pelo braço. Hermione tentou se libertar, mas não conseguiu.


- Saia do meu caminho! - ela gritou, passando as armas para a mão livre. - Ele pode ser morto.


- Se ele for, certamente você será também. E então o anel cairá de suas mãos. Não posso deixar que isso aconteça, porque com aquele anel eles podem fazer coisas terríveis. Causar tragédias para este mundo e também para o meu.


Coisas horríveis estão acontecendo agora!, Hermione que¬ria gritar. As lágrimas inundaram seus olhos, porque ouvia os ganidos de dor de Rowan.


Cada um deles lhe partia o coração. Eles estavam torturando Rowan. E isso só podia significar...


Que haviam encurralado Rockhurst... ou pior.


Esse pensamento, essa horrível imagem em sua mente foi o suficiente para ela ter força suficiente para empurrar Quince e seguir seu caminho.


Quando dobrou a esquina, procurou freneticamente por algum sinal de Rockhurst, porque em seu caminho havia dez dergas, aqueles que Quince alertara que viriam. Um deles era ainda maior do que Dubhglas.


A terrível criatura se voltou para ela, como se pudesse sen¬tir sua chegada, mas ela percebeu que ele não podia vê-la, Isso não fez cessar o calafrio que percorria a sua espinha, porque ela viu Rowan levantado no ar, como se fosse um brinquedo de criança.


E atrás dele, havia outros três dergas com Rockhurst.


O conde já estava ensangüentado, mas lutava assim mesmo, sem esmorecer.


Hermione segurou a espada embaixo do braço enquanto armava a besta para poder usá-la.


- Deixem o cão! - o conde dizia.


Ela viu com horror quando Rowan foi levantado mais alto. Oh, céus, o monstro não ia...


Salve Rowan, salve Rowan, ela murmurou, erguendo a besta para atirar, mas era tarde demais.


O derga lançara o cão longe. Com um barulho horrível, Rowan atingiu a parede e caiu mole no chão.


Hermione não conseguia respirar. O enorme cão, as patas largas, os músculos todos que sempre pareciam tão cheios de vida, subitamente estava tão diferente...


Tão imóvel.


Hermione correu para o lado de Rowan e ajoelhou-se, dese¬jando de todo o coração estar enganada. Mas esse desejo não lhe seria atendido.


Rowan, o mais belo e valente cão que um Paratus linha pos¬suído, estava morto. Ela sabia disso com uma certeza que lhe dilacerava o coração.


Rockhurst também sabia. Ele se libertara e correra para o lado de Rowan, perto de onde ela estava ajoelhada.


Ele tremia, de raiva e de dor.


Mas ainda eram dez contra um. Assim ela tirou a espada, até aquele momento invisível junto a ela, e a fez aparecer.


Rockhurst nem sequer piscou, não olhou para ela, nem agradeceu.


O gentil Rockhurst que ela conhecia e amava havia desapa¬recido, o amante que tão ternamente possuíra seu corpo estava perdido, e o Paratus surgia, de espada na mão, e fazendo o que o protetor de Londres tinha sido ordenado a fazer nos últimos onze séculos.


Ele matou todos os dez.


Hermione afundou o rosto no corpo ainda quente de Rowan e ficou ali, enquanto o Paratus buscava sua vingança.


Foi somente quando a viela se tornou subitamente silencio¬sa que ela levantou o olhar.


O peito de Rockhurst subia e descia pesadamente, sua roupa estava em trapos, a espada tremia em sua mão.


Mas ele ainda não dera a luta por terminada, movendo a espa¬da nos espaços vazios, como se a sede por sangue não tivesse terminado.


- Um ainda está vivo - ele murmurava, o olhar vascu¬lhando a viela. - Posso sentir o seu cheiro. Sei que está aqui. Venha e morra!


Ao ouvir aquelas palavras insanas, Hermione temeu que a morte de Rowan tivesse mandado Rockhurst além do ponto de volta.


O que seria de Rockhurst sem Rowan a seu lado?


Quem o protegeria, quem o vigiaria, como Rowan tinha feito?


- Suponho que agora não haja ninguém a não ser eu - ela murmurou para o cão.


Lentamente ela se levantou, ainda tremendo depois do que acabara de assistir.


Oh, por que não tinha passado mais tempo aprendendo sobre o mundo, em vez de viver somente interessada em modas, fes¬tas e colunas de mexericos? O que ela sabia sobre essas coi¬sas? Sua irmã Cordelia havia partido para uma mudança, e tinha um vasto conhecimento dos clássicos. Até sua amiga Charlotte. A prática e sensível Charlotte, Ela saberia o que fazer.


Mas ela? Hermione Marlowe? Com aquele mau gosto para escolher suas roupas e alheia a tudo que não fossem fofocas?


Como é que as fadas do destino a haviam colocado naquela situação?


- Apareça! Ordeno que apareça! - Rockhurst esbravejou, ainda girando a espada em direção a demônios que somente ele podia ver.


Hermione cobriu a boca a tempo de não praguejar.


Aquele homem louco e em agonia, a quem ela amava, parecia ter se esquecido dela, continuando a dar golpes contra os inimi¬gos. Ele precisava parar, precisava lhe entregar a espada antes que machucasse alguém, ou pior, a si mesmo.


Deu um passo em sua direção, e então parou quando ele deu um golpe na direção dela.


O que está fazendo, Hermione?, ela pensou em um raro momento de bom-senso. Ele vai acabar matando-a.


- Rockhurst - ela chamou. - Sou eu... - Lady Hermione. Ela apertou os lábios para não revelar sua identidade.


O homem já estava maluco de tanta dor, não havia necessi¬dade de ouvir agora a verdade sobre ela.


- Sou eu, a sua Sombra. Estou aqui. Exatamente aqui. - Ela mordeu os lábios e considerou o que poderia dizer para que ele voltasse da escuridão que parecia ter-lhe roubado a alma. - Rockhurst, volte. Rowan precisa de você. Ele precisa dos seus cuidados. Por favor, Rockhurst, tudo acabou agora.


Ele se voltou bruscamente, mas somente tarde demais ela pôde ver os olhos dele cheios daquela luz horrível, incapaz de ver que "quem restara" era ela.


Mas antes que pudesse reunir forças e fugir, ele veio em sua direção, a espada erguida no ar, com somente a morte em sua mente.


O grito de mulher pareceu varar a escuridão e alcançar o Paratus. Subitamente o poder que o envolvera foi sumindo e Rockhurst retornou.


Que diabos acontecera? Tentou respirar, sentindo os pul¬mões queimar. Então, bem devagar, sua visão clareou, e ele viu Rowan caído sobre as pedras.


Somente então ele se lembrou,


No mesmo instante a escuridão ameaçou dragá-lo novamen¬te, um ódio e urna fúria que ele jamais conhecera retornando.


Caiu de joelhos, firmando-se ao enterrar a espada no chão.


Um Paratus jamais faz mal algum.


Mal algum.


Oh, Deus, o que ele fizera?


Arregalou os olhos e olhou em volta. Foi então que viu um fio de sangue entre as pedras.


Sangue? Um derga não sangrava...


Mas humanos sim.


Sentiu uma opressão no peito.


- Sombra? - ele gritou, o olhar varrendo a viela. Sabia que não poderia vê-la, mas isso não o impediu de continuar vascu¬lhando.


Oh, Deus, ele a matara!


Com certeza havia lhe enfiado a espada, como no clã de Dubhglas.


Deu um passo à frente, encontrou mais gotas de sangue, e outras mais.


Ela estava se movendo. Ele não a tinha matado.


E então, de repente, ouviu a voz dela, trazida pelo vento.


Volte. Rowan precisa de você. Ele tem de ser cuidado. Por favor, Rockhurst, tudo acabou.


Ela estivera chamando por ele, tirando-o da escuridão. E o único pensamento dela tinha sido para Rowan.


Ele olhou novamente. Rowan... não. Não podia ser verdade. Caiu de joelhos e enterrou o rosto naquele corpo peludo, suas mãos tocando no amigo perdido e puxando-o para seus braços.


E então Rockhurst fez algo que não fazia havia cerca de vinte anos, desde a noite em que encontrara o pai morto e carre¬gara seu corpo ferido para casa.


O Paratus chorou.


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