Capítulo 12

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Rockhurst e Hermione quase não chegaram à hospedaria mais próxima.


Rockhurst tinha segurado a mão dela no momento em que Hermione fizera o oferecimento e a arrastara viela abaixo, tomado pelo desejo. A cada passo, ele parava, a tomava nos bra¬ços e a beijava de novo, faminto, as mãos deslizando por todo o corpo dela, explorando-a, despertando-a.


E por mais que cada pensamento lhe dizia que aquilo era errado, ele não conseguia se deter.


Arruíne-me...


Rockhurst sabia exatamente o que ela quisera dizer. Como é que ele perdera a cabeça àquele ponto? Ele, Thomas, o conde de Rockhurst, aquele que tinha sempre feito seu lema evitar as damas inocentes?


Ele, que era conhecido por suas amantes, sempre mulheres de beleza... e preço... incomparáveis... comportando-se como um homem sem escrúpulos? E agora... uma desconhecida dama de Mayfair virará seu mundo de pernas para o ar. Deveria largá-la no meio de Berkeley Square e seguir com sua vida, isso sim.


Em vez disso, ali estava ele, entrando como um louco naquela velha hospedaria e exigindo um quarto.


O dono, que o conhecia, tendo o conde lhe removido um demônio da adega, ficou mais do que feliz em poder retribuir o favor oferecendo-lhe o melhor de seus quartos e ainda querendo lhe servir um jantar soberbo, embora Rockhurst recusasse tal generosidade, pedindo tão-somente que lhe mostrasse o quarto o quanto antes.


O estalajadeiro balançou a cabeça, ignorando a excentricida¬de do conde, e deu ordens aos berros aos seus criados. Para um menino que acendesse o fogo da lareira, para uma das criadas que arranjasse água quente para um banho, e finalmente para a cozinheira que se mexesse e preparasse uma bandeja para milorde.


Rowan foi recebido com igual entusiasmo, sendo levado para perto do fogo e ganhando um enorme osso para seu deleite.


Na última olhada que o conde deu ao seu cão, ele estava feliz junto à lareira, desfrutando seu jantar.


- O quarto, meu bom homem, o quarto - Rockhurst insis¬tiu, indicando que o estalajadeiro subisse as escadas.


- Oh, sim, milorde. Naturalmente, milorde. Mas o quarto ainda não está pronto.


- Não faz mal. Assim mesmo me servirá - ele assegurou ao homem.


- Eles pensam que você está louco - Hermione murmurou no ouvido do conde, seguindo-o escada acima.


- E estou, mesmo.


- Perdão, milorde? - o estalajadeiro perguntou. - O senhor deseja alguma coisa?


- Nada, meu bom homem. Só preciso de um quarto.


- Para curar seus ferimentos? Quer que eu chame alguém? Um cirurgião, talvez? - o homem perguntou enquanto abria a porta para um enorme quarto, corria a acender as velas e ordenava ao menino para acender o fogo.


Rockhurst sacudiu a cabeça e começou a empurrar todos para fora do quarto, pegando ele mesmo o balde com água quen¬te e as roupas que a criada desdobrava para esticar na cama.


- Preciso apenas de algum descanso. Veja que ninguém me perturbe - ele disse ao estalajadeiro antes de fechar a porta diante da expressão surpresa de todos.


- Sombra? - ele chamou, colocando o balde ao lado da mesa e espirrando água para todos os lados.


- Sim - veio a voz sedutora.


Uma vela foi apagada, depois outra, deixando o quarto na penumbra, iluminado apenas pelo fogo na lareira.


Sombras para a minha Sombra, pensou Rockhurst, sorrindo.

Por trás das sombras - Elizabeth BoyleWhere stories live. Discover now