Capítulo 4

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Matá-la?


Hermione tentou respirar enquanto Melaphor olhava em sua direção. Ela gostaria de dizer tanto àquele homem horrível quanto ao conde que morrer não fazia parte de seu desejo.


Nem nada desse tipo.


Mas suspeitava que nenhum dos dois se sensibilizaria com sua sorte, já que pareciam inimigos declarados.


Bem, antes que qualquer morte ocorresse, ela pediria licença e sumiria dali.


Olhando para seus sapatos arruinados, com os joelhos tremendo sem parar, Hermione deu um passo e tropeçou na arma que o conde tivera em suas mãos, a besta.


Rockhurst se voltou ao ouvir o ruído, e ela ficou imóvel.


- Que tipo de truque é esse, Melaphor?


- O quê? Você não enxerga a moça? - Um sorriso maldoso surgiu nos lábios dele. - Ora, ora, não é que esta é uma agra¬dável surpresa? Venha aqui, doçura - ele chamou. - Fale com o Paratus. Mostre-se a ele.


Hermione sacudiu a cabeça. Seus olhares se encontraram, e ela sentiu uma espécie de letargia hipnótica invadindo suas veias, afastando-lhe os medos.


Venha para mim, a voz murmurou em seu ouvido. Não vou machucar você, criança.


Ela levantou o pé involuntariamente. Não conseguia des¬viar o olhar de Melaphor. A criatura a estava controlando como se ela fosse uma marionete.


- Venha para mim - ele disse. - Eu lhe mostrarei um reino que você jamais imaginou existir.


O pé de Hermione se moveu novamente, mas parou ao pisar na besta. Agora sentia dor.


- Acabe logo com esse jogo, Melaphor - disse Rockhurst. - Temos um assunto a resolver, e ele será resolvido.


- Oh, não até que eu tenha descoberto quem é sua charmo¬sa acompanhante.


Um arrepio percorreu a espinha de Hermione, mas ela não ousou levantar o olhar, mantendo-o fixo na arma.


O anel vibrava em seu dedo. Pegue a besta. Pegue-a.


Não que ela quisesse dar ouvidos ao mesmo anel que a colo¬cara naquela terrível situação. Não que estivesse acostumada a conversar com jóias,


Mas naquele momento decidiu que deveria escutar o anel. Pelo menos daquela vez.


Pegou a besta e a posicionou corretamente. Apesar de nunca ter atirado com uma arma daquelas, sabia usar um arco e fle¬cha. Parecia fácil. Já havia uma flecha pronta para ser atirada. Levantou a besta, sem apontar para um alvo em particular.


- Ora, ora, menina - murmurou Melaphor. - Você pode machucar alguém com isso.


Hermione estremeceu, mas continuou segurando a besta.


- Ela parece bastante capaz de lutar... não que eu me impor¬te com isso em uma mulher. - Melaphor sacudiu os cabelos para trás, e Hermione pôde ver que suas orelhas eram pontudas como as de um elfo. - Mais alguma coisa que temos em comum, não é, Paratus?


- Que diabos... - Rockhurst olhou para o espaço vazio onde sua arma caíra.


Qualquer coisa que você segure, ou use, será igualmente invisível, Quince tinha dito.


E era o que estava acontecendo com a arma do conde.


- Você não consegue mesmo ver a moça, não é? - Melaphor perguntou, fixando o olhar em Hermione. - Vamos, gatinha, apareça. O Paratus parece incapaz de desfrutar sua beleza. - Ele cheirou o ar. - Deveria ser capaz, já que você é humana, mas como conseguiu se tornar invisível para a sua raça?

Por trás das sombras - Elizabeth BoyleWhere stories live. Discover now