No quarto, Alina terminava de arrumar suas coisas para poderem viajar quando a manhã chegasse. Uma última blusa foi dobrada e colocada dentro da mala antes de ela ser esquecida ao lado da cama e a garota se sentar sozinha no enorme e confortável colchão.
Uma batida suave na porta chamou sua atenção e ela se levantou para abri-la. Era Pepper.
- Oi, como estão as coisas por aqui? - a loira perguntou.
- Muito bem. Eu já terminei de arrumar minhas coisas senhora Stark.
- Ótimo, quer ir comer agora?
- Sim, acho que sim. - ela sorriu fraco.
A garota ainda não sabia muito bem com Pepper. A mulher, que era sua chefe, agora tinha também um novo título, era esposa do seu pai... isso fazia dela sua madrasta? Provavelmente. Mas ela ainda não havia dito nada.
- Alina, podemos conversar um pouquinho? - a mulher pediu, sentindo o desconforto da jovem.
- Claro, senhora Stark.
Pepper tinha um sorriso no rosto, de alguém que está feliz em finalmenete não ter mais um segredo. Ela segurou a mão de Alina e as duas se sentaram na beirada da cama.
- Eu entendo que tudo que está acontecendo é um pouco demais para você. Mas quero que saiba que eu estou aqui, pro que você precisar, okay?
- Obrigada senhora Stark. - a garota sorriu.
- Eu sei que nós tinhamos uma boa relação até hoje na empresa. E você confiou em mim o suficiente pra pedir conselhos pessoais, e eu tenho que admitir que fiquei feliz por isso... - Pepper sorriu de forma bonita - Só não quero perder isso com você, pelo contrário, somos mais próximas do que imaginavamos.
Alina olhou para ela como se quisesse garantir que ela estava falando mesmo sério, garantir que toda a gentileza de Pepper era real.
- Peter estava tão certo, você é mesmo a pessoa mais paciente da terra. - a jovem falou. Pepper riu confusamente.
- Por que acha isso?
- Você acabou de descobrir que seu marido tem uma filha adolescente, e está aqui tentando fazer eu me sentir bem com essa situação.
- E porque eu não estaria?
- Eu não sei. Nunca cheguei nessa parte antes.
- Que parte?
- Onde as pessoas se peocupam comigo, ao invés de me culparem pelos problemas.
- Alina...
- Desculpe. - a garota deu uma risada, balançando a cabeça. - As vezes meus comentários vão um pouco longe demais, eu esqueço o quão mórbidos podem soar. Eu estava apenas fazendo uma piada. - explicou.
- Bom, você é exatamente como seu pai. - Pepper falou. - Eu vivo com dois Stark's o tempo todo, não vai ser difícil viver com três. Mas só pra saber, estou contando com você pra ser a outra parte responsável.
- Pode deixar. - ela concordou. - E eu também tenho que te agradecer, e pedir desculpas... - ela riu sem graça - Sabe, pelos trabalhos que eu te dei, com a coisa das agulhas, e a visita da Beatrice.
A loira notou quando a garota não usou a palavra mãe para se referir a mulher, mas achou melhor não comentar nada sobre isso. Imaginou que todas as coisas que Alina havia descoberto recentemente abriram algumas feridas.
- Você não tem que me pedir desculpas por nada, foram acasos e acidentes. - falou - E eu não deixaria você sozinha, sabendo que precisava de ajuda. - ela tocou o ombro da garota e sorriu pra ela. - Posso te dar um abraço agora?
- Pode sim. - a garota mesmo se aproximou para abraçar a loira.
- E Alina...
- Sim?
- Você pode me chamar só de Pepper ok? Por favor. Senhora Stark é formal de mais.
A garota riu, pensando em como Tony e Pepper eram realmente parecidos em algumas coisas.
As duas mulheres desceram as escadas para poderem ir comer.
- Finalmente desceram, achei que a comida ia esfriar. - Tony disse brincando.
Ele tinha uma forma na mão e a colocava sobre a mesa.
- Foi você quem cozinhou? - Alina perguntou, um tanto surpresa.
- Exatamente.
- Eu não sabia que você cozinhava.
- Não é tão difícil. - se gabou.
- Ele demorou a aprender. - Pepper contou. - Levou mais ou menos cinco anos e uma mudança pra uma casa no meio da floresta pra fazer ele conseguir.
- Mas o que importa é que eu consegui, ok.
- Tudo bem. - a esposa riu - Você é um bom cozinheiro agora.
Morgan, Copper e Natasha chegaram minutos após Tony pedir ao Jarvis para anunciar que deveriam ir comer. Mas Copper e Natasha logo saíram para planejar coisas do trabalho, que deveriam fazer pela manhã.
- Alina, precisamos resolver uma coisa. - Tony falou enquanto a menina se levantava da cadeira para por o prato na pia.
- O que é?
- Seu destino quando chegarmos em casa.
- Como?
- Quero que venha morar comigo.
O prato bateu na pia com um pouco a mais de força que o habitual. Alina sabia que alguma hora falariam sobre isso, mas não sabia que seria tão rápido.
- Quer que eu more com vocês? - repetiu o que já havia sido dito.
- Sim, claro. Você é minha filha. - falou - É claro que eu não vou te obrigar a isso, nem te forçar a nada. Eu sei que você tem a sua vida e suas decisões, mas eu gostaria muito que aceitasse.
Pepper riu fraco. Tony tinha a séria mania de tentar organizar as coisas as bagunçando ainda mais.
- O que estamos dizendo Alina... - a loira falou - É que queremos você junto com a gente, como família. Você passou muito tempo longe do seu pai, e agora seria bom pra vocês dois poderem se reaproximar. Mas entendemos que você precisa pensar sobre isso.
- Eu... Eu entendo porque querem isso. Só é meio bagunçado eu acho, mas não de um jeito ruim. - ela começou a se embolar. - É só que...
- Que?
- É que, eu não acho certo deixar a minha avó sozinha. Ela cuidou de mim a vida inteira. E desde que o meu avó morreu eu sou tudo que ela tem, e ela é tudo que... - a garota se interrompeu ao olhar para a expressão um tanto culpada de Tony - Ela era tudo que eu tinha.
- Alina, você não vai abandonar sua avó, de forma nenhuma. Vocês estarão sempre presentes na vida uma da outra. Afinal ela é sua familia. - Pepper disse - Mas até onde eu sei, ela também ficaria feliz em te ver com seu pai.
- Acho que sim. - a garota encarou o chão por alguns segundos - Eu posso falar com ela primeiro?
- Claro. - a loira respondeu. - Você tem todo o tempo que precisar.
- Mas só se prometer que não vai sumir e me deixar. - Morgan desceu da cadeira e foi correndo até Alina para pedir colo.
- Eu não vou sumir nunca. - ela sorriu pegando a garota no colo. - Eu prometi, lembra?
- Tudo bem então.
☆
Quando o despertador tocou, Alina abriu os olhos sentindo um vento frio bater em sua pele. Uma fraca lubrina caia tornando o vento mais úmido.
Alina colocou uma roupa quente, pegou sua mala e desceu até o andar de baixo, onde Pepper e Tony debatiam sobre algo.
- Bom dia. - ela disse baixo, chamando atenção dos dois.
- Bom dia querida. - Pepper deixou a conversa de lado para sorrir pra ela.
- Dormiu bem? - Tony perguntou se aproximando para abraça-la rapidamente.
- Dormi sim. - ela concordou. - Onde está Morgan?
- Ainda no quarto, eu chamei mas tenho certeza que ela voltou a dormir. - Tony revirou os olhos.
- Eu vou buscar ela então. - Alina se prontificou e rapidamente voltou a subir as escadas.
- Tony, podemos ir? - Natasha perguntou chegando na sala assim que Alina sumiu de vista.
- Sim, vamos em alguns minutos. Alina só foi tirar Morgan da cama.
- Ok.
Copper também chegou, com sua mochila nas costas e um livro em mãos.
- E como vai a missão de vocês? - o herói perguntou.
- Por enquanto, apenas observação. Mas esperamos que nossas suspeitas estejam erradas. - Natasha suspirou.
- E se não estiverem? - Tony quis saber.
- Então teremos um grupo de criminosos armados com acesso a senhas importantes e ameaçando a segurança nacional.
Tony descruzou os braços, ajeitou a postura e suspirou.
- Nesse caso, vamos torcer pra que suas suspeitas estejam realmente erradas. Inacreditável, acabamos de literalmente voltar dos mortos pra proteger esse planeta e agora aparece essa... ameaçar a segurança nacional. - o bilionário reclamou.
- Seja o que for, está por conta da Shield. - Nat falou. - Só estamos fazendo o trabalho de bastidor. Todos concordam que Os Vingadores cumpriram sua missão.
- Sério? E está aceitando ficar de fora tão bem assim?
- Eu estou cansada Tony. E além do mais, Steve tem sido três vezes mais preocupado do que ele normalmente é. Achei melhor desacelerar e não matar aquele senhor do coração.
- Faz sentido.
Passos voltaram a ser ouvidos na escada e as quatro pessoas na sala viram Morgan descer as escadas seguida de Alina. A menina também usava uma roupa quente, devida a temperatura baixa do dia.
- Ótimo, todos prontos, então podemos ir. - Tony bateu as mãos.
Eles pegaram suas coisas e seguiram para fora da casa, em direção ao pátio onde estava o jato. Quando entraram, Tony foi falar com o piloto enquanto os outros se instalavam nas mesas e cabines.
- Esse avião parece muito mais vazio agora. - comentou a garota.
- Tem muitas pessoas a menos. - Copper falou - Saudade de alguém?
- Peter. - deu de ombros e se sentou.
- Você pode conversar comigo, e talvez eu possa te ajudar também. - ele se sentou de frente para ela.
- Não sei exatamente com o que preciso de ajuda. Nem sei se realmente preciso.
- Confusão é normal quando se acaba de descobrir coisas tão importantes.
- É, acho que sim. - deu de ombros.
- Pra ser sincero, acho que você está lidando muito bem com isso.
- Você quer dizer, sair correndo, se trancar acidentalmente em um armário de limpeza e desmaiar em um vestido de princesa?
- Okay, vamos concordar, foi um começo difícil. - eles riram. - Mas você está levando a situação bem agora.
- Talvez. Estou tentando.
- Acho que eu sei do que você precisa de verdade. - Copper comentou e Alina o olhou procurando respostas - Deles. - o garoto apontou para a familia que estava sentada algumas mesas a frente, perto da porta da cabine. - Eu tenho certeza que Tony te quer lá, mas está te dando espaço, embora eu ache que se sentar la e conversar com eles, ter um momento familiar, vai te fazer bem.
- Talvez você tenha razão. - concordou ela, olhando paras os três que sorriam de algo entre si.
- Eu vou procurar minha tia e trabalhar. - ele se levantou - E você, vá ficar com sua familia. - piscou pra ela.
Alina assistiu Copper sair pela porta e ir para a outra cabine. Depois, se levantou e seguiu até a mesa onde seu pai estava.
Vendo a garota se aproximar, Tony se sentou mais perto da ja ela deixando um espaço para ela se sentar ao seu lado. Pepper e Morgan estavam de frente para eles, com os braços apoiados sobre a mesa.
- Nós chegaremos em Nova York provavelmente em baixo de chuva. - o homem explicou - Se isso acontecer, fica com a gente até ser seguro te levar pra casa da sua avó, tudo bem?
Alina apenas acenou concordando.
- Está frio. - ela comentou - Vocês também estão sentindo?
- Sim. - a loira respondeu - Melhor aumentar o nível do aquecedor.
A mulher mexeu em um pequeno controle que ficava na mesa e o ar se tornou mais quentinho dentro do avião.
- Alina, agora que somos irmãs você vai ter que fazer uma coisa pra mim. - Morgan disse.
- E o que é? - Perguntou com curiosidade.
- Me levar ao parque pra brincar.
- Tudo bem então. - a mais velha riu - Só se eu puder brincar também.
- Claro que você pode, é só não quebrar os brinquedos. - a pequena explicou de forma séria - Nem jogar lixo no chão, ou fazer muito barulho.
- Regras anotadas senhorita. - Alina brincou fazendo o sinal do exército.
- Então podemos ir ao parque.
- Podem sim. - Pepper entrou no assunto - Mas vamos deixar isso pra outra hora certo? Por enquanto temos algumas coisas pra resolver né meu amor? - olhou pra Morgan.
- Sim. - ela concordou. - Mamãe, posso assistir TV?
- Pode sim.
Morgan desceu do colo da mulher e pegou o controle da televisão para poder liga-la. Se sentou sozinha no banco da última mesa vazia, na verdade, se deitou la.
Alina, Pepper e Tony ficaram conversando por algum tempo, até que todos eles se renderam a assistir desenhos com a Morgan.
Muitos episódios de pica-pau depois, Tony percebeu que Morgan havia dormido no colo de Pepper. Mas não só ela. Alina estava em um sono profundo, e tinha a cabeça deitada sobre o ombro dele. O cabelo dela tampava quase todo seu rosto, mas ainda podiam ouvir sua respiração leve.
- Acho que elas desmaiaram ao mesmo tempo. - Pepper comentou sorrindo. - Vamos chegar em pouco tempo, vai acorda-la? - indicou a garota dormindo em seu ombro.
- Agora não. Daqui a pouco, quando formos pousar eu a chamo.
- Tudo bem. - A esposa se apoiou sobre o outro ombro dele enquanto segurava Morgan. - Algum dia pensou que sua vida se tornaria essa?
- Quer dizer, ao lado da mulher da minha vida e de duas filhas incríveis? - devolveu sua pergunta.
- Quero dizer, casado, e com todas essas responsabilidades. - ela riu.
- Antes de conhecer você, provavelmente não. - Respondeu com sinceridade. - Mas depois, bom, isso aqui é a realização do meu sonho.
A loira sorriu antes de ter um selinho roubado do marido.
- Tony Stark, quem diria que você se tornaria um romântico pai de família.
- Ouvi dizer que minha assistente teve muito trabalho, mas ela conseguiu me transformar nessa pessoa. - ele brincou, fazendo ela rir.
O celular em cima da mesa apitou indicando que iriam pousar o avião. Pepper voltou a se sentar corretamente e acordou Morgan.
- Alina. - Tony chamou baixinho, mexendo em seus cabelos e os pondo de volta atrás da orelha para poder ver seu rosto. Ouviu ela resmungar e esconder mais o rosto enquanto segurava o braço dele, mas não abriu os olhos. - Querida, precisa acordar, vamos pousar o avião.
- Avião? - perguntou ainda acordando.
O homem riu fraco se dando conta de que ela ainda estava aérea.
- Sim, estamos em um avião.
Alina finalmente abriu os olhos e a primeira coisa que viu foi seu pai a olhando. Só então percebeu que havia dormido ali, e tomou um pequeno susto.
- Estamos chegando. - ele avisou - Mas você não precisa se levantar. - falou, quando ela fez menção a sair dali. Então Alina permaneceu ali, abraçando-o.
- Eu dormi por muito tempo?
- Mais ou menos, ainda estávamos vendo desenhos. Você e Morgan caíram no sono.
- A gente não caiu em lugar nenhum. - Morgan protestou.
O casal riu olhando a menina.
- Cair no sono quer dizer que vocês dormiram meu bem, não que caíram de verdade. - Pepper explicou.
- A tá, entendi. - ela concordou - É, então a gente caiu no sono mesmo. - pôs as mãos na cintura e fez um bico fofinho.
Alina riu fraco, com os olhos fechados.
- Ainda está chovendo? - ela quis saber.
- Aqui está fraco, mas estamos a uns dois quilômetros de Nova York, lá está chovendo bastante. - Tony respondeu - Sinto muito, não é muito segura te levar até a sua avó debaixo desse temporal. Os jornais estão recomendando que ninguém saia de casa.
- Tudo bem. - ela respondeu. - Não tem problema.
- Mas você pode ligar pra ela. - Pepper falou - Seria bom na verdade, avisar que tera que ficar com a gente.
- Ela já sabe de alguma coisa?
- Não contamos para ela o que aconteceu no fim de semana. Essa conversa é sua, quando achar melhor.
- Acho que vou ligar pra ela de uma vez, apenas para avisar sobre a chuva. E depois posso resolver o resto.
Alina se levantou devagar e pegou o seu celular sobre a mesa olhando as notificações.
- Vou na outra cabine, tudo bem?
- Claro. - Pepper respondeu.
A garota atravessou a porta que dividia as cabines e discou o número da avó.
- Alô. Oi minha neta.
- Oi vovó.
- Como está a viagem?
- Estamos chegando já, vamos pousar em alguns minutos. Está tudo bem.
- Que ótimo querida.
- Mas vovó, Tony disse que o tempo está muito ruim. Ele e a senhora Stark preferem que eu fique com eles até a tempestade passar.
- Eu imaginei que fosse dizer isso querida. - respondeu a senhora - Eles estão certos, está perigoso sair com esse tempo.
No fundo, Alina escutou, junto ao som da chuva, o barulho de pessoas correndo.
- Está tudo bem aí vovó? - perguntou curiosa. Moravam sozinhas, então de quem eram aqueles passos?
- Sim meu bem. - a senhora riu ao telefone - Eu estou na casa de Brenda.
Nesse caso estava explicado. Os passos apressados ao fundo com certeza eram dos netos.
- Não queria ficar em casa sozinha durante essa chuva sem nada pra fazer, decidi visitar uma amiga.
- Espero que esteja se divertindo.
- Demais querida. - a senhora voltou a rir - Não se preocupe ok, fique com eles até isso passar, depois você vem.
- Tudo bem. - concordou. - Um beijo vovó, amo a senhora.
- Te amo querida.
A ligação foi encerrada assim. Se Débora desconfiava que algo tinha acontecido, não tinha deixado transparecer.
Ela guardou o celular no bolso e voltou a cabine anterior, onde a irmã pulava em um dos bancos. Sem que a menina notasse sua presença, ela a pegou no colo fazendo a pequena tomar um susto.
Morgan gritou e começou a rir enquanto era girada no ar.
- Ok meninas, agora se sentem, estamos pousando. - a ordem veio de Pepper, e elas prontamente obedeceram.
Se sentaram ao lado de Tony e da loira, e ficaram quietas até o avião pousar. Quando finalmente estavam no chão, eles se levantaram para poderem sair. Natasha e Cooper reapareceram e foi só então que Alina notou que haviam sumido o vôo quase todo. Seja no que for que estavam trabalhando, devia ser sério.
Ela desceu as escadas e pegou sua mala com o homem de terno que apareceu para receber as ordens do senhor Stark.
- Obrigada. - agradeceu com a voz um tanto alta, por causa da chuva. Depois colocou uma alsa da mochila nos ombros e foi para perto de Pepper.
- Vamos lá! - Tony gritou de longe.
Ele estava apontando para o carro que os levaria pra casa. A menina segurou a mão de Morgan e as duas correram até o carro junto com a loira que estava ao lado delas.
Tony já estava na poltrona do motorista quando a esposa se sentou ao seu lado e Alina e Morgan entraram atrás.
- Bom meninas, eu dispensei o motorista. Ele não precisa se incomodar em nos levar debaixo desse temporal se eu posso dirigir certo? - piscou para elas - Vamos apenas torcer pra eu ainda saber como se faz isso.
- Como é? - Alina arregalou os olhos mas não deu tempo de falar muita coisa.
O homem pisou no acelerador e fez o carro andar em alta velocidade. Mas apesar da brincadeira, o bilionário sabia muito bem como guiar o veículo.
A chuva forte havia sido um pouco abafada pelos vidros mas ainda podia ser ouvida. Quando entraram na área da cidade perceberam que o tempo estava pior e as poucas pessoas na rua estavam indo para casa.
- Como o tempo pode mudar tanto assim em tão pouco tempo? - Alina perguntou.
- Acho que o clima não está muito contente com a gente. - O homem falou.
Com mais alguns minutos, o carro entrou um uma rua reservada e Alina avistou de longe a grande casa de tons bbrancos e cinzas. O portão se abriu e o carro entrou seguindo para a garagem.
- Chegamos. - Tony informou o fato.
Alina abriu a porta do carro e colocou os pés no chão da garagem. A porta ainda estava aberta, então ela podia ver a área verde e gramada que parecia brilhar por conta da água que caia. Uma árvore grande decorava o meio do local um pouco ao longe.
Não conseguia ver muita coisa dali, mas muros altos cercavam toda a casa.
A garota tirou os sapatos e andou um pouco sem se importar com a chuva. Pisou no gramado molhado e sentiu o frio em seus pés. Seu cabelo começou a molhar, sorriu. Foi quando sentiu alguém colocar a mão em seu braço.
- Vamos, você vai se molhar toda. - Pepper a puxou para a porta de entrada consigo, tirando ela da chuva.
Eles entraram na casa. Tony carregando Morgan e Pepper segurando a mão de Alina. A loira deixou a bolsa em cima de um balcão e tirou os sapatos molhados.
- Jarvis, feche toda a casa. - ela ordenou. - Portas e janelas trancadas.
- Sim senhora Stark. - a voz robótica respondeu.
O barulho da chuva se tornou bem mais fraco, embora ainda estivesse presente, e as cortinas foram fechadas impedindo a visão do céu fechado e da água caindo.
Foi quando Alina notou o quão confortavel aquele ambiente parecia. E por mais estranho que parecesse, a parte mais confortável disso era olhar as outras três pessoas com roupas um tanto molhadas e sorrisos no rosto exatamente como ela.
- Morgan, vamos tomar banho antes que você se resfrie. - Pepper disse para a menina. - Você papai, apontou para Tony - Leva a Morgan pro banheiro enquanto eu mostro pra Alina o quarto dela.
- Sim senhora. - o marido respondeu - Vamos lá baixinha.
Ele e Morgan sairam pelo corredor do cômodo onde estavam. Parecia uma espécie de recepção, com duas poltronas, e um pequeno balcão.
- Tony gosta de vir aqui olhar o céu e pensar. - Pepper diz vendo que ela analisava o local - Se abrirmos as cortinas, você pode ver tudo. - indicou a porta por onde haviam passado. - Vem comigo.
Alina seguiu a mulher pelo mesmo corredor onde os outros dois haviam passado. Um pouco a frente, entraram no que se parecia um grande salão de cor creme, dividido por várias colunas e telas de vidro que formavam a sala de jantar e a sala de estar. Alina olhou para o lado ainda na entrada e viu a continuação da casa, no que parecia ser uma cozinha, e outros comodos que ela não identificou. Entou na sala seguindo a loira.
A grande escadaria branca com listras pretas chamou a atenção da garota.
- Isso é um piano. - Pepper explicou sorrindo.
- Um piano? - ficou confusa.
- É, olha. - ela ficou em frente a escada - Jarvis, ligue o piano pra mim.
- Feito senhora Stark.
Ela subiu os degraus da escada e cada passo uma nota diferente soava no ar deixando Alina admirada.
- Isso é lindo! - falou - Como fizeram isso?
- Tony Stark. - foi a resposta.
- Que incrível.
- Vem, sobe. - chamou.
Ela passou pela escada ouvindo as notas a cada vez que tocava um degrau diferente. Quando chegou em cima, a loira voltou a caminhar e parou em frente a uma porta grande, depois a abriu.
- Esse aqui é o seu quarto. - falou.
A cama de casal ocupava o meio do quarto, enquanto. Um pouco pra lá dela, uma parede ia até o meio do quarto dividindo a área com o banheiro. Do lado de cá ficavam as portas do que deveria ser o guarda roupa.
- Tire essas roupas molhadas e vá tomar um banho, ok. - a loira mandou enquanto mexia em uma gaveta dentro do quarto. - As toalhas estão aqui. - mostrou.
- Tudo bem, obrigada.
- Depois que estiver quentinha e sem risco de passar mal de novo você desce pra gente poder comer. - sorriu.
- Ta bom.
- Vou deixar você então, antes que Morgan e Tony destruam o meu banheiro.
- Ok. - a garota riu.
Pepper foi e deixou Alina ali sozinha. Ela pegou a toalha que estava em cima da cama e caminhou até o banheiro. Mas antes de entrar, ela parou ao lado da cama, na cortina fechada, e abriu uma pequena fresta pra poder ver lá fora.
A chuva continuava forte e a claridade entrou no quarto. Um calafrio percorreu seu corpo, mas não era por causa do vento, ela estava só feliz em estar ali, no mesmo lugar que o seu pai.
Abaixou a cortina de volta e seguiu para o banheiro na intenção de toma um banho quente e tirar as roupas que estavam molhadas. Quando fechou a porta escutou o barulho incrivelmente alto do trovão e os galhos da árvore balançando com o vento forte.
Aquela seria uma longa noite.