O Azul do Meu Passado

By VicctoriaSilva

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Cada vez que acorda no meio da noite, Alberto vê o amor de sua vida ao seu lado. Daniel é lindo enquanto dorm... More

PRÓLOGO
Um
Dois
Três
Quatro
Cinco
Seis
Sete
Oito
Nove
Dez
Onze
Doze
Treze
Quinze
Dezesseis
Dezessete
Dezoito
Dezenove
Vinte
Vinte e um
Vinte e dois
Vinte e três
Vinte e quatro
Vinte e cinco
Capítulo vinte e seis
EPÍLOGO
AGRADECIMENTOS

Quatorze

73 16 36
By VicctoriaSilva

Daniel não parece em nada com o pai. Ele tem os olhos calmos e um sorriso leve, que traz paz e vontade de sorrir também. Eu não lembro da imagem da mãe dele e não tive a oportunidade de (re)conhece-la ainda, pois o Dani foi expulso de casa... ainda assim, acho que esses traços vieram dela. Afinal, do pai certamente não são.

Pensar nisso me leva a uma questão: será que eu me pareço mais com a minha mãe ou com o meu pai?

Não tive a oportunidade de conhecer nenhum deles, mas as fotos que a vó Beth tinha no porta-retratos encima do 'rack' na sala eram de uma bebê bem parecida comigo nos retratos de fraldas e eventualmente peladinho que também ficavam envolta da TV. Minha mãe tinha os cabelos cacheados, os olhos grandes e era uma neném fofinha, ou seja, com bochechas enormes - daquelas que dá vontade de morder. A pele era um pouco mais escura do que a minha e a pinta na barriga era no mesmo lugar que carrego uma marca de nascença.

Isso é tudo o que sei sobre a aparência dela. Também sei que amava livros e estudou circo e teatro durante a adolescência. Meu pai foi um amor que deveria ter acabado na coxia do teatro, mas se prolongou um pouco mais.

Quando eu nasci, ela foi embora. Não sei se acredito na versão do "sonho americano" e às vezes penso em procurá-la, mas não sei por onde começar. Meu pai fugiu bem antes e eu não sei exatamente nada sobre ele. Trabalhava no teatro, mas não sei se era ator ou tinha alguma outra função de bastidores. Talvez tenha sido melhor não conhece-lo, vai que ele era como Osmar... nunca se sabe do que estamos no livrando.

*

Quando Osmar voltou, percebi que não tinha me livrado de um problema. Mas sim, intensificado aquilo que já era ruim e me dava calafrios. As brincadeiras com Daniel acabaram. E com o passar dos dias, ele começou a infernizar a minha vó. Segundo ele, vovó não era uma boa tutora e eu deveria ser encaminhado ao conselho tutelar.

A razão era a mesma de antes: o fato de, para ele, eu ser uma "menininha".

Vovó era uma mulher simples. Estudou o que deu, saiu da casa dos pais já casada e se mudou para São Paulo com esperança de ter uma vida melhor. Na cidade grande cuidava da casa, que ela e vovô construíram no decorrer de anos e, para ajudar no orçamento, trabalhava lavando e passando roupas para fora. Com as economias, que juntou durante anos, comprou uma máquina de costurar e passou a ganhar alguns trocados fazendo barra de calças e pequenos ajustes.

Por conta da falta de instrução, vovó acreditou que Osmar falava a verdade. Não sobre eu ser uma garota, mas sobre a possibilidade de perder minha guarda. Num pico de estresse, ela teve o primeiro derrame e foi parar no hospital. 

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