Capítulo 17 – Uma Decisão Digna da Realeza!
Jimin se sentia exausto, os dias estavam se arrastando e a cada dia se sentia mais perto de desmoronar. Tudo era cansativo e doloroso, até mesmo acompanhar Taehyung nas provas do casamento era uma verdadeira tortura.
Assistir Miles se esforçando tanto em uma guerra injusta, fugir dos olhares desesperados e angustiados de Jungkook e ter que responder repetidamente que "sim, está tudo bem", estava o levando a beira de um possível colapso.
Depois de um jantar longo demais, se esgueirou por uma das passagens pesadas de pedras para tentar chegar o mais rápido possível ao seu quarto sem ser visto, mas parou no mesmo lugar ao escutar uma voz conhecida.
— Eu sabia que ele diria não. — O visconde murmurou com um tom chateado.
— Sinto muito, milorde. Pensei que ele aceitaria. — O valete do visconde respondeu solidário enquanto ajudava a preparar o quarto para a noite. — Vocês passaram dois anos esperando por uma brecha.
— Não é o momento certo. Com tudo o que o senhor Park está passando, não podemos virar as costas para ele nesse momento. Jimin é importante pra gente e eu falei sério quando disse que ele sempre teria minha proteção.
Jimin sentiu seu coração disparado, tentando entender do que se tratava o assunto que parecia magoar tanto o visconde e onde se encaixava naquela preocupação.
— Eu não entendo. O senhor Park é um bom jovem. Ele torce por vocês. Porque isso seria um problema para ele? — Jimin sentiu seu estômago revirando, mas se manteve quieto, atento na conversa.
— Se Jin e eu nos casássemos, teríamos que voltar à sociedade. Teríamos que ficar aqui, arrumar um casarão em Thule, frequentar os bailes, a coroação e tudo o que é responsabilidade de um visconde. — comentou, esfregando o rosto, exausto com toda aquela situação. — Kisley é longe de tudo e no reino vizinho. Era para ser uma casa de férias e não uma moradia permanente. Não poderíamos mais ficar lá. Tenho adaptado minha rotina nos últimos anos para poder tratar de todos os assuntos sem precisar sair de Kisley, mas assim que me casar, teríamos que voltar para a capital.
Jimin ouvia o próprio batimento nos ouvidos, e se perguntou como pode ser tão estupido de não perceber aquilo antes. De não enxergar o verdadeiro motivo pelo qual Jin e Namjoon estavam adiando tanto aquele casamento, quando era óbvio para todos que se amavam.
— Eu estive justificando minha ausência pelo luto de meu pai, mas isso não poderá durar para sempre e não posso deixar Jimin ficar sozinho em Kisley, não com tantos alfas trabalhando nas terras. Seria um escândalo, questionariam a honra dele e então Jimin se veria à margem da sociedade. Não posso permitir isso. E também não posso trazê-lo para cá, não posso obrigá-lo a viver aqui, vendo de perto o homem que ele ama com outro.
— Jimin é jovem, atraente e agora tem um dote. Ele pode se casar até o final da temporada. — O valete comentou com calma. — E além do mais, pelo que a criadagem diz, existem muitos alfas de olho nele, depois que o príncipe saiu da temporada.
— Não vou forçá-lo a se casar. — Namjoon rosnou, repreendendo a ideia. — Jimin já sofreu muito, ele não precisa disso. SeokJin está certo. Sempre esteve. Não podemos fazer isso com ele. Daremos um jeito no futuro, mesmo que isso signifique que Jin e eu nunca tenhamos um casamento de verdade.
Jimin sentiu os olhos ardendo e sem querer ouvir mais nada, seguiu o caminho escuro e úmido que daria em seu quarto. Seu peito estava apertado, a percepção de que mesmo sem perceber, continuava atrapalhando a vida das pessoas que amava, era como uma faca cravada em seu coração.
Precisava dar um jeito, precisava liberar aquelas pessoas. Não podia continuar assim. Aquilo parecia nunca ter fim.
E antes que pudesse sair totalmente da passagem escondida, notou que não estava sozinho. A mulher parada em frente a sua porta, encarando o menino saindo da passagem, carregava um olhar preocupado e aflito, que aumentou ao ver o olhar no rosto do filho.
— Jimin... — Ao escutar a voz da mãe, lágrimas escorreram e não pensou duas vezes antes de abraçar a mulher, que sempre o deu colo e o acolheu em momentos difíceis. — Vamos entrar. — Pediu enquanto guiava o filho para dentro do quarto. — O que foi, meu amor? O que aconteceu?
Mirla sabia sobre Jungkook e como Jimin estava com o coração quebrado nos últimos dias, e se culpou por não ter como ajudar o filho naquele momento, mas aquele choro, aquele choro era de uma ferida recente e a ideia de algo ter acontecido apenas a torturava ainda mais.
— Eu não aguento mais. — Chorou agarrado a ela, como quando era criança e se machucava, mas dessa vez, biscoitos e leite quente não resolveria o problema.
— Ji, se acalma, eu não estou entendendo. — Pediu, tentando limpar as lágrimas do filho.
— Eu só... não entendo. — Resmungou entre o choro. — Não importa o quanto eu tente ou quanto eu me esforço, eu continuo sendo um fardo para vocês e...
— Jimin. — Ela o parou. — Você nunca foi um fardo, meu filho. — Ela afirmou, limpando mais uma lágrima, forçando o ômega encarar seus olhos. — Você é o nosso milagre. — Jimin fungou, com os olhos inundados sem acreditar nas palavras da mãe, mas Mirla continuou. — Quando você chegou, eu mal tinha forças para levantar de manhã. Eu tinha perdido meu alfa, Yoongi estava de luto pelo pai e eu não sabia o que fazer sem ele, então você chegou e de repente Yoongi e eu tínhamos um motivo para continuar, um de verdade.
— Isso não é verdade... — Murmurou baixo e triste, mas a mulher sorriu carregada de ternura.
— Yoongi estava tão triste que falava todos os dias de largar os estudos, Jungkook e Taehyung tentavam o convencer o tempo todo de que aquela era uma ideia terrível. Então você chegou e Yoongi queria ser um exemplo, queria saber responder todas as suas perguntas e que você se orgulhasse dele. — Ela sorriu novamente. — Eu acordava todos os dias animada com o que faríamos, com o que eu poderia lhe ensinar ou no que você precisaria de mim. Até mesmo Taehyung, Hoseok e Jungkook que eram isolados, ficaram felizes com sua chegada. Tudo mudou para melhor depois disso. Todos viram em você um novo começo, Jimin. Como pode pensar que é um fardo para alguém?
— Eu... — Jimin fungou. — Eu amo vocês mais do que tudo. — Seus olhos quase transbordavam, mas Jimin tentava ao seu máximo segurar aquele choro. — Vocês são a minha família, eu amo vocês, mas eu sinto que tá tudo errado. Que não importa o que eu faça... — Se calou, sentindo dificuldade para respirar. — Às vezes eu penso sobre tudo, sobre eles e... e me pergunto... — Seu olhar ficou opaco e Mirla sentiu o peito apertado. — Porque eles não podiam me amar?
— Eles eram pessoas terríveis, Jimin. — Afirmou. Nunca haviam falado sobre aquilo abertamente, Mirla preferia fingir que aqueles monstros não haviam existido na vida de seu filho, porque doía pensar em tudo o que Jimin deveria ter vivido com eles e não queria que seu menino revivesse aquilo. — Você chegou aqui cheio de roxos e feridas. Eles eram violentos e cruéis, e você passou meses tendo pesadelos, acordava chorando e assustado, com medo deles.
— Às vezes ainda acontece. — Admitiu baixo. — Ainda me lembro dos rostos e da voz, e eu sei que não deveria, mas... ainda dói. E dói mais ainda quando vejo que não tem um lugar aqui pra mim.
— Ji... — Mirla iria o repreender, afirmar que sempre existiria um lugar para seu filho ao seu lado, mas Jimin a interrompeu.
— Irei me casar até o final dessa temporada. — Afirmou, assustando a mulher.
— O que? Como assim? Com quem? Eu pensei que...
— Ainda não sei. — Interrompeu novamente, sem saber explicar o porquê, mas consciente de que aquela era a única saída para não atrapalhar mais ninguém. — Mas aceitarei o primeiro que pedir. E caso ninguém peça, irei procurar trabalho em Katar. Serei governanta ou um valete. Qualquer coisa que me garanta independência. — Jimin conseguia sentir que Mirla não aprovava sua ideia, mas ela não disse uma palavra contra, apenas sorriu de forma terna e afirmou.
— Se é o que deseja, irei com você. — Sussurrou antes de puxá-lo para um abraço forte e caloroso, e o manteve no conforto de seus braços durante toda aquela noite.
Na manhã seguinte, evitou a mesa do café, mas desceu para o chá, já que era uma refeição que a maioria fazia em suas próprias salas. E não ficou surpreso ao ser interceptado por Lorde Kim.
— Onde esteve? Não vejo você há um tempo. A modista me entregou sua roupa para essa noite e já está preparando sua roupa para o casamento do seu irmão. — Jimin concordou com a cabeça, sem real vontade e apenas segurou o olhar de SeokJin, que tomava um gole de seu chá branco com leite.
— Quero me casar. — Jin se engasgou, e encarou o ômega com um olhar assustado.
— Você quer? — Perguntou desconfiado.
— Quero. — Mentiu.
— Porque? Quer dizer... Não tem problema nenhum em querer isso, mas... até ontem... — Jimin o interrompeu.
— Andei pensando em algumas coisas. — Começou a dizer enquanto desviava o olhar para a própria xícara, não poderia dizer que havia escutado atrás das paredes e sabia sobre o pedido de casamento que o visconde havia feito ao lorde, que recusará pelo bem de Jimin. — Em breve todos irão seguir seus caminhos, Jun será rei, Yoon será o conselheiro, Taehy e Hoseok assumirão a responsabilidade das terras de Feking e o senhor e o visconde, deveriam dar o próximo passo também. — SeokJin travou ao escutar o mais novo, e observou como Jimin suspirou. — Eu sou muito grato a todos vocês, mas... eu também deveria ter o meu próprio caminho.
— É claro que deveria, Ji. — Seok afirmou, sem saber como reagir. — Mas não precisa ter pressa, podemos ver isso com calma e acharmos alguém bom. Posso até enviar uma carta para os reis de Reynes, para participarmos da temporada de lá se quiser. — Fez uma pausa, tentando ler a expressão de Jimin e continuou sem sucesso. — A temporada já está quase no fim e você passou a maior parte do tempo no canto do salão.
— Certo. — Concordou, aflito e após pensar por um tempo, achou melhor dizer de uma vez, arrancando o curativo de uma vez. — Na verdade, eu não tenho planos de voltar para Reynes.
— O que?
— Eu vou aproveitar o resto da temporada e caso não tenha sido pedido até o casamento do Yoon, irei para Katar.
— Katar? Fazer o que lá? Nem ao menos conhece alguém além de Noah. — Lorde Kim questionou chocado com aquela decisão. — Volte conosco para Kisley e decidiremos com calma.
— Seok... — Jimin o interrompeu, segurando suas mãos. — Por favor. — Jin olhou em seus olhos e teve que engolir as lágrimas que queriam brotar.
— Não precisa fazer isso, Jimin. Não por nós.
— Preciso. — O mais novo afirmou, vendo uma lágrima escorrer pelo rosto do lorde. — Vocês merecem ser felizes mais do que tudo. E já chega de empecilhos. Já chega de espera e de desvios. É a vez de vocês.
— Mas você...
— Eu vou ficar bem. — Afirmou. — Vou seguir meu caminho e voltarei para visitá-los sempre que sentirem saudades.
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