Dias Depois...
Dulce desceu as escadas ajeitando a boina sobre a cabeça.
Poncho: Abandonou as blusas de frio?!
Dulce: Anahí me deu esse bracelete pra disfarçar e as minhas pulseiras também ajudam. - mostrou os pulsos.
Poncho: Anahí quem te deu?! - tocou o bracelete preto preso do pulso direito dela.
Dulce: Sim... Se ninguém ficar reparando tudo bem. - deu de ombros. - Já vou que Ucker deve ta me esperando.
Poncho: Ucker te venceu pelo cansaço? - sorriu.
Dulce: Sim... Ele insistiu e acabei topando. - sorriu sem jeito.
Poncho: Esta gostando dele?
Dulce: Isso não vem ao caso, ele é só um amigo. - respondeu séria.
Poncho: Ah ta, me interrogar vc pode, mas eu não posso te fazer uma simples pergunta né? - cruzou os braços sorrindo.
Dulce: Ta bom... Quando vc decidir o que sente pela Any, eu te respondo o que sinto pelo Ucker ok? - sorriu com ironia deu as costas.
Poncho: Bem vinda de volta Dulce. - sorriu, pois, há muito tempo ela não agia com ele dessa forma.
Dulce: Valeu! - sorriu e saiu fechando a porta.
Satisfeito e cheio de bom humor Poncho sorriu e subiu pro quarto, encontrou Flávia no notebook trabalhando.
- Dulce esta cada vez mais parecida a como era antes, esse lugar ta realmente fazendo bem à ela.
Flávia: Sinceramente amor, eu discordo. - o olhou.
Poncho: Por quê?
Flávia: Ela só esta bem assim porque estão todos em volta dela, enchendo-a de mimos, era o que ela queria, despertar pena nos outros.
Poncho: Não, isso não é verdade. - ficou sério.
Flávia: Poncho, pensa comigo... Você é o irmão mais velho, o atual orgulho dos seus pais, Dulce tinha que dar um jeito de chamar a atenção pra ela.
Poncho: Mas cometer suicídio pra isso? Não, vc ta exagerando, não gosto quando fala da minha irmã assim.
Flávia: Ta bom, mas basta olhar pra cobrinha com quem Dulce anda andando.
Poncho: Olha aqui eu entendo porque vc não gosta da Anahí, mas vc não a conhece pra ofendê-la assim, é graças à ela principalmente que a Dulce esta mais animada, Anahí não fica julgando a minha irmã como vc, alguma coisa séria aconteceu e vou descobrir o que. - respondeu sério e deu as costas.
Flávia revirou os olhos suspirando e voltou a trabalhar.
Um tempo depois Ucker desceu do carro e Dulce estranhou ao ver a reserva fechada.
- Achei que estaria cheia.
Ucker: Hoje fecha às quatro, preferi assim porque fica mais tranquilo pra gente passear.
Dulce: Mas aqui é grande, não tem risco da gente se perder?
Ucker: Não, eu já trabalhei aqui no colegial, conheço isso aqui muito bem. - sorriu.
Dulce: Então ta. - assentiu sorrindo.
Os dois entraram e começaram a andar pelo parque.
- Aqui é enorme.
Ucker: Mas é fascinante... Eu era guia do pessoal e tem gente que trabalhou comigo que ta aqui até hoje. - sorriu.
Dulce: Legal! - sorriu e o seguiu.
Começaram a passear e Ucker mostrou os animais que ficavam soltos. Dulce se encantou pelos macaquinhos e até alimentou alguns. Tudo estava indo muito bem.
- Sabe obrigado por ter vindo. - sorriu.
Dulce: Imagina! - sorriu sem jeito.
Ucker sorriu a olhando e a puxou pela mão fazendo-a parar de andar. Dulce o encarou sem entender nada.
- Você é linda sabia?
Dulce: Obrigada! - sorriu sem jeito.
Ucker se aproximou e erguendo seu rosto entre as mãos a beijou de surpresa.
Marichello entrou no quarto de Anahí e parou a encarando.
- O que ta fazendo deitada?
Any: To com dor de cabeça. - resmungou.
Marichello: Sabe eu não vejo a hora das suas aulas voltarem.
Any revirou os olhos e se levantou.
- Concordo, porque ficar com vc é insuportável. - desceu as escadas.
Ray: O que ta havendo entre vcs duas?
Any: Ela que provocou. - apontou Marichello que descia logo atrás.
Ray: Queria por que não deixou a Anahí quieta.
Any: Por que a vida dela é me infernizar, porque ela olha pra minha cara, lembra do meu pai e do que fez pra ele.
Marichello: E o que foi que eu fiz hein Anahí? - disparou furiosa.
Any: A senhora sabe. - rebateu furiosa e saiu batendo a porta.
Ray: Qual o problema de vcs duas?
Marichello: Nenhum. - resmungou e deu as costas.
Poncho abriu a porta de casa e se surpreendeu ao dar de cara com Ucker.
- O que ta fazendo aqui?
Ucker: Cara... A Dulce sumiu! - respondeu apavorado.
Poncho: Como assim sumiu?
Ucker: A gente tava na reserva e... Poncho, eu juro que não fiz por mal, eu só queria dar um beijo nela.
Poncho: Você beijou a Dulce?
Ucker: Sim, mas ela se assustou e saiu correndo, eu tentei ir atrás dela, mas a perdi de vista e não consegui achá-la.
Poncho: Esta dizendo que a minha irmã se perdeu dentro da reserva?
Ucker: Imagino que sim... Eu chamei os guardas e vou voltar lá pra procurá-la, mas precisava te avisar antes.
Poncho: Tudo bem cara, vamos pra lá, fica calmo.
Ucker: Não ta bravo comigo?
Poncho: Claro que não relaxa, a gente vai achar a Dulce. - respondeu pegando as chaves.
Flávia: O que foi? Onde estão indo?
Poncho: Dulce se perdeu na reserva.
Flávia: Espera ai, como assim, eu vou com vcs. - respondeu e desceu atrás deles.
Ao chegarem na reserva Poncho desceu do carro e viu os amigos.
Ucker: Eu liguei pra eles, pra nos ajudarem.
Any: Eu e o pessoal já viemos pra cá várias vezes, conhecemos bem a reserva.
Poncho: Valeu. - sorriu e deu as costas.
Flávia se aproximou e cruzou os braços.
- Quero falar com vc Anahí, vem comigo. - se afastou do grupo.
Any deu de ombros e a seguiu despreocupada.
Ao se afastarem Flávia a encarou e foi direto ao ponto.
- Quero que vc se afaste do Alfonso.
Any: A, ta só porque vc quer. - desdenhou cruzando os braços.
Flávia: Eu to falando sério, vc não é boa pra ele, nem pra Dulce.
Any: E vc se preocupa com a Dulce? Eu ouvi quando encheu o ouvido do Poncho contra ela.
Flávia: Na boa Anahí não se mete com eles. - ameaçou.
Any: Ta me ameaçando queridinha... Bom vou te dar um aviso, não tenho medo de vc... E vou lutar pelo Poncho. - devolveu.
Flávia: Fica longe do meu namorado. - esbravejou perdendo a paciência.
Any: Seu namorado por pouco tempo... Você nem sequer gosta dele.
Flávia: Como vc pode ter tanta certeza? - sorriu com ironia.
Any: Basta olhar pra vcs pra ver que não existe amor, só conveniência, vcs nem sequer combinam... Por acaso Poncho sabe que vc o engana? Que transa com outro homem? Isso se for um só né? - rebateu com ironia.
Flávia: Cala sua boca! - foi pra cima dela puxando-a pelos cabelos.
Anahí revidou e as duas teriam caído no chão se Poncho não tivesse se metido entre elas.
- O que ta acontecendo aqui?
Flávia: Ela quem começou.
Any: Ah seja mulher e assuma o que vc fez, vc veio me ameaçar, mandando eu ficar longe do Poncho e da Dulce.
Poncho: Você falou isso pra ela?
Any: Ela falou e eu quero ver o recibo da compra comprovando que vc e a Dulce são propriedades dela.
Flávia: Eu já to cheia das suas provocações, fica longe do meu namorado.
Any: Só se ele mandar e ainda assim é bem capaz deu desobedecer, agora da licença que meu tempo pra vc já acabou. - deu as costas e foi falar com os seguranças da reserva.
Flávia: Eu quero essa garota longe.
Poncho: Vamos procurar a Dulce ok? Depois conversamos sobre isso. - respondeu e lhe deu as costas.
Flávia: Isso não fica assim Anahí, vc vai me pagar caro. - esbravejou.
Miguel foi pra cozinha falando ao telefone com Annabelle.
- Bom eu não sei aonde aqueles dois se meteram.
Annabelle: Como assim não sabe?!
Miguel: Dulce saiu mais cedo com as amigas e Poncho agora pouco com o Christopher.
Annabelle: Espera ai, vc disse que Dulce saiu com as amigas, que amigas?
Miguel: Amigas do Poncho que ela acabou fazendo amizade... Sabe já estou notando alguma mudança.
Annabelle: Hum e ela já te disse porque quis se matar?
Miguel: Não, ainda não, mas acho que falta pouco pra sabermos.
Annabelle: Que bom... Assim que isso se resolver as coisas voltam a ser como antes.
Miguel: O que quer dizer?
Annabelle: Que Dulce e Poncho vão voltar pra casa.
Miguel: Annabelle aqui também é a casa deles. - respondeu sério.
Annabelle: Sim, mas eles já se acostumaram com o México.
Miguel: Pois os dois estão adorando passar esse tempo aqui... Nada impede a Dulce de continuar a faculdade aqui e de Alfonso começar a trabalhar comigo, esqueceu que aqui é uma cidade turística que não para de crescer?
Annabelle: Vamos ver o que eles escolhem então... Bom, mande eles me ligarem quando chegar.
Miguel: Esta bem Annabelle, boa noite. - respondeu suspirando e desligou.
Poncho encontrou os amigos saindo do portão lateral da reserva.
- A encontraram?
Christian: Nada!
Ucker: Não a encontram em lugar nenhum.
Poncho: Ela tem que ta aqui dentro.
Derrick: Mas onde Poncho, já reviramos tudo.
Maite: Tem que ter algum lugar que esquecemos de procurar. - respondeu tentando manter a calma.
Angelique: Espera ai gente, cadê a Any? - olhou pra trás procurando-a.
Derrick: Pronto mais uma que vai se perder.
Ucker: Não, a Any sabe andar aqui, conhece a floresta tão bem quanto eu.
Chris: Já procuramos por mais da metade da área, é melhor esperarmos aqui e vermos se os guias a encontram.
Poncho: Tomara que ela esteja bem. - suspirou.
Flávia: Sua irmã vai ficar bem, fica tranquilo, querido. - respondeu o abraçando.
Anahí segurou no galho com força e respirou fundo tomando fôlego.
- Olha Dulce, se vc conseguiu escalar isso aqui, vou te dar os parabéns. - suspirou.
Ignorando os arranhões Anahí continuou escalando. Há alguns dias quando levara Dulce ao Acuarius e depois ficara a sós com ela, Dulce havia admirado o por do sol e confessado que às vezes, de uns tempos pra cá gostava de ficar admirando-o enquanto pensava ou quando queria ficar sozinha. O rádio que trazia na cintura ainda transmitia a busca e alguma coisa lhe dizia que Dulce estava sobre as pedras admirando o fim do entardecer. Quando escalou a última pedra e chegou ao topo teve suas suspeitas confirmadas.
- Sabia que ia te encontrar aqui! - sorriu ofegante e aliviada.
Dulce: Any! - se levantou indo até ela e a abraçou.
Anahí retribuiu ao abraço e quando a soltou viu que Dulce parecia fisicamente bem. Estava com alguns arranhões nos braços e mãos e a boca um pouco pálida, mas pelo menos não estava desmaiada ou morta, como Anahí temia.
- Como sabia que eu estava aqui?
Any: No dia que fomos ao Acuarius e depois vimos o por do sol, vc me disse que era um bom lugar pra pensar e ficar sozinha, imaginei que perdida aqui vc iria querer chegar ao topo, ver o por do sol e se comunicar com a gente.
Dulce: Eu acabei de tentar, mas o celular não pegou.
Any: Eu sei... Você deu um susto e tanto na gente, Ucker e Poncho são os mais preocupados.
Dulce: Você soube o que houve?
Any: Sim, Ucker nos ligou pra pedir ajuda e nos contou. - assentiu.
Dulce: Nos ligou, de quem ta falando?
Any: Todo mundo... Além dos guias do parque todos nossos amigos vieram te procurar, pra sua sorte conhecemos bem a área.
Dulce: Deu pra perceber. - sorriu. - To muito encrencada?
Any: Não, mas o que aconteceu? Por que vc fugiu Dulce? Ucker disse que foi só um beijo... Ele fez alguma coisa?
Dulce: Não... Foi só um beijo mesmo... Eu que me assustei.
Any: Mas por que se assustou, ele tentou alguma coisa?
Dulce: Não e eu nem sei se ele ia tentar... Eu simplesmente o empurrei e corri sem rumo, ai me enfiei no meio dessas árvores e comecei a escalar umas pedras, até vir parar aqui. - deu de ombros e mostrou as mãos raladas.
Any: Tudo bem não precisa dizer mais nada... É melhor voltarmos agora ta?
Dulce: Ok! - assentiu.
Lá embaixo um guia se aproximou de Alfonso.
- Acabamos de receber uma transmissão da senhorita Anahí, ela encontrou a Dulce e elas estão vindo pra cá.
Angelique: Sabia que ela ia achar a Dulce. - sorriu comemorando e encarou Flávia de propósito.
Poncho: Graças à Deus! - suspirou aliviado.
Flávia estava séria e revirou os olhos, não estava descontente só por Anahí ter encontrado Dulce, mas também pela garota ter aparecido.
Anahí e Dulce apoiaram as mãos nas árvores pra descer as últimas pedras e assim voltar à trilha.
Dulce: Tem certeza que é por aqui?
Any: Tenho! - assentiu sorrindo.
As duas continuaram descendo, Anahí pisou em falso e virou o pé escorregando, caindo no chão de terra.
Dulce: Any vc ta bem? - se aproximou preocupada.
Any: To, mas... Acho que eu torci meu pé. - fez um careta.
Dulce: E agora?
Any: E agora que a gente continua, a saída é aqui perto.
Dulce: Mas e vc?
Any: Relaxa, da pra chegar... Só me ajuda a ficar de pé.
Dulce a puxou segurando seu braço e Any se apoiou na árvore pra ficar de pé.
Poncho encarou a hora no celular vendo que passava das nove.
- Cadê essas duas?
Chris: Calma Poncho, o parque é grande elas podem estar longe da saída.
- Gente aqui!
Poncho: Dulce! - exclamou ao vê-la se aproximando.
Os guias se aproximaram e Poncho foi logo atrás.
Dulce: Eu to bem, ajudem ela.
Poncho: Dulce o que deu em vc?
Dulce: Podemos conversar sobre isso depois? - o olhou sem jeito.
Poncho: Você ta bem? - encarou Any.
Any: Uhum, acho que foi só uma torçãozinha básica. - sorriu.
- A ambulância esta esperando, vamos levar vcs duas pro hospital. - avisou o guia.
Dulce: Mas eu to bem.
Poncho: Dulce é melhor vc ir, nem que for pra voltar depois.
Ucker: Ele tem razão.
Dulce: Ta bom então. - respondeu sem jeito.
Marichello sentou no sofá ao telefone.
- Sim... Piano de cauda, modelo antigo, mas esta em excelentes condições.
Ray cruzou os braços observando e ouvindo a conversa.
- O valor da venda? Podemos acertar depois... Amanhã de manhã, ótimo, eu espero a sua visita. - sorriu e desligou.
Ray: O que esta fazendo?
Marichello: Vou vender o piano de cauda que era do meu marido.
Ray: Não pode fazer isso, Anahí vai ficar furiosa.
Marichello: Anahí não manda nada... Ela não faz o que quer? Então eu vou fazer também.