Na manhã seguinte Dulce desceu as escadas e se juntou à Poncho e Miguel na mesa.
- Bom dia filha!
Dulce: Bom dia! - sorriu.
Poncho: Dormiu bem na sua primeira noite aqui? - sorriu.
Dulce: Uhum... Poncho posso te pedir um favor?
Poncho: Claro!
Dulce: Pode me levar na casa da Anahí?... É que ontem ela foi super gentil comigo desde o momento em que cheguei e talvez a gente vadar uma volta depois pela cidade. - sorriu dando de ombros.
Miguel: Que ótimo, filha.
Poncho: Se quer dar uma volta eu posso te levar.
Dulce: Ah vc tem sua namorada, não quero ficar de vela... Você me leva na casa dela depois que acabarmos de comer?
Poncho: Ta! - assentiu.
Minutos depois Poncho desceu colocando a carteira no bolso.
- Pai, a Flávia ainda ta dormindo, vc avisa ela que eu e Dulce saímos? Eu não vou demorar e ela disse que tinha algumas coisas do trabalho pra resolver.
Miguel: Ok! - assentiu terminando de arrumar a cozinha.
Dulce: Tchau pai.
Miguel: Divirtam-se. - sorriu acenando.
Marichello abriu a porta de casa e sorriu ao ver Alfonso.
- Oi querido! - sorriu o abraçando.
Poncho: Como esta Marichello? - sorriu.
Marichello: Bem e essa moça bonita?
Poncho: É a Dulce, minha irmã, ela é a mãe da Any.
Dulce: Como esta senhora?
Marichello: Bem querida e vc como esta grande, bonita. - sorriu.
Dulce: Obrigada! - sorriu um tanto sem graça. - Any esta ai?
Marichello: Lá em cima, podem subir! - sorriu.
Dulce assentiu e subiram as escadas, chegaramao escritório e viram a porta aberta.
- Any?!
Any: Dulce, Poncho! - sorriu indo até eles e o abraçou com força.
Poncho: Oi! - sorriu e a olhou vestindo uma blusinha de alcinha e saia.
Any: Tudo bem Dulce?
Dulce: Sim! - assentiu.
Poncho: Bom fiquem ai conversando, eu já volto. - sorriu e desceu.
Any suspirou e Dulce encarou o escritório reparando no piano de cauda no centro da sala.
- Você toca?
Any: Sim... Foi meu pai quem me ensinou, ele era professor de piano e fazia apresentações também. - sorriu emocionada.
Dulce: Posso te pedir pra tocar alguma coisa? Eu acho lindo piano, mas... Não me vem nenhuma música na cabeça agora.
Any: Claro, eu toco... Vou tocar a primeira música que aprendi e acho que vc conhece. - sorriu e puxou uma cadeira.
Dulce sentou ao lado dela. Anahí ergueu a tampa do piano, tirou o protetor das teclas e respirou fundo. Seus dedos começaram a dedilhar sobre as notas e a música The Portrait do filme Titanic invadiu a sala.
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=DKScIzz7kYk
Dulce apoiou os cotovelos na perna e sorriu reconhecendo música e admirando Anahí tocar.
Poncho colocou o copo de suco na mesa reconhecendo a música.
- Ela ta tocando The Portrait?
Marichello: Parece que sim! - deu de ombros.
Poncho: Mas ela não toca essa música desde o enterro do pai... Com licença. - estranhou e subiu as escadas.
Concentrada e absorta em lembranças Anahí não reparou quando Poncho e Marichello entraram na sala. Seus dedos aumentavam e diminuíam o ritmo conforme a música pedia. Aos poucos ela chegou aos acordes final e em poucos minutos encerrou a música.
Dulce: Que lindo Any vc toca muito bem... Any vc ta bem? - a olhou vendo que estava com os olhos marejados.
Any: Me desculpa! - pediu se levantando do banco e saiu às pressas pra fora do quarto.
Dulce: O que aconteceu?
Poncho: Espera um minuto Dulce, eu já volto. - pediu e foi até o quarto de Anahí.
Ao chegar ao quarto Poncho viu Anahí deitada de bruços na cama chorando.
- Any?... Any, quer conversar? - sentou ao lado dela.
Any se levantou e o abraçou com força sem dizer nada, mas não era necessário.
Poncho: Você sente falta do seu pai né? - acariciou seus cabelos.
Any: Sim... Ele poderia estar vivo ainda se não fosse por culpa dela.
Poncho: Que culpa sua mãe teve Any? Eu não entendo porque vc a culpa desse jeito.
Anahí o abraçou com força não respondendo à pergunta.
Poncho: Não fica assim, eu gosto de ver vc rindo, até dando em cima de mim, mas não triste desse jeito.
Any: Fica aqui comigo Poncho.
Poncho: Eu fico claro. - sorriu com ternura.
Dulce: Por que ela ficou daquele jeito?
Marichello: Ela não te falou? - suspirou sentando na cadeira e Dulce negou com a cabeça. - Essa música Anahí aprendeu com o pai quando tinha uns 04 anos, foi ouvindo essa música que ela se apaixonou pelo piano, foi a primeira música que o pai a ensinou a tocar... E foi essa mesma música que a Anahí tocou no enterro dele há um ano e meio... Ela não tocava essa música desde o dia do enterro.
Dulce baixou a cabeça encarando o piano.
- E... Como foi que ele morreu?
Marichello: Assalto... Ele levou um tiro na cabeça... Não pudermos fazer nada pra salvá-lo.
Dulce: Mas prenderam o bandido?
Marichello: Não, chegamos e ele fugiu, nem conseguiu levar nada... A polícia acha que... O Fernando reagiu e por isso levou o tiro, procuraram esse assaltante, mas a única pessoa que o viu foi o Fernando, não conseguimos prendê-lo.
Dulce: Agora entendi porque a Any ficou daquele jeito, ela deve se lembrar do pai cada vez que toca essa música, por isso não a tocava há tanto tempo, só não entendi porque quis tocar hoje e pra mim.
Marichello: Também gostaria de saber, mas... Com o tempo as feridas se cicatrizam e a gente se recupera. - deu de ombros.
Dulce: Tem razão. - assentiu forçando um sorriso.
Poncho soltou Anahí e a encarou.
- Esta mais calma?
Any: Uhum! - assentiu enxugando o rosto.
Poncho: Por que vc tocou aquela música pra Dulce?
Any: Porque ela precisa de um voto de confiança, de alguém que não a julgue pelo que ela fez... Ontem na boate eu ouvi quando vc contou pra Flávia que eu e Ucker sabemos que a Dulce tentou suicídio e ouvi quando disse que ela e sua mãe concordam que a Dulce precisa de um médico, de tratamento psicológico, de remédios pra depressão, que isso é uma fase e que o que ela quer são todos os mimos pra ela... Você concorda?
Poncho: Não sei o que pensar, eu sei que algo muito forte aconteceu com a Dulce, só que ela não me conta.
Any: Ela não vai contar com vcs a julgando, achando que ela ta louca ou querendo chamar a atenção, ela precisa confiar em alguém pra conseguir contar o que houve, porque ela fez o que fez.
Poncho: E vc acha que pode ser essa pessoa?
Any: Sim... Ah essa altura ela sabe o que aquela música significa pra mim, eu quero que ela veja que confiei nela e que aos poucos confie em mim e me conte o que aconteceu, que ela saiba que eu não vou julgá-la, achá-la uma louca, irresponsável.
Poncho: E por que vc quer ajudá-la? Conhecendo vc algo me diz que tem haver com seu pai.
Any: Pode ser... Talvez eu não queira que vcs sofram a perda dela como eu sofro a do meu pai, eu quero poder salvar ela, do jeito que eu não consegui salvar meu pai. - respirou fundo e enxugou o rosto. - E eu juro que se ela me contar o que houve, vc vai ser o primeiro a saber, vc e seu pai são as melhores pessoas pra ajudá-la, de quem ela mais precisa... Mas vcs têm que parar de julgá-la, vcs por enquanto temque dar apoio à ela e não falar mal pelas costas.
Poncho: Eu acho que vc tem grandes chances de conseguir isso e se salvar a minha irmã eu vou ser eternamente grato à vc... Sabe vc amadureceu muito depois da morte do seu pai e agora to conseguindo ver isso claramente. - sorriu.
Any: Isso aumenta minhas chances com vc? - sorriu enxugando o rosto.
Poncho riu sem responder, em seguida enxugou o rosto dela e a abraçou confortando-a.
- Você é uma excelente pianista Any... E uma garota e tanto.
Any: Gracias! - sussurrou o abraçando com força.
Flávia desceu as escadas e encontrou Miguel no escritório.
- Que bom que acordou, já estava quase de saída.
Flávia: Cadê o Alfonso e a Dulce? - cruzou os braços.
Miguel: Eles saíram, mas devem estar chegando daqui a pouco. - sorriu.
Flávia: Saíram? Como assim? Pra onde foram?
Miguel: Só dar uma volta. - sorriu.
Flávia: Sem me avisarem?
Miguel: Você tava dormindo. - deu de ombros. - Bom tenho que ir pra empresa, fique a vontade. - sorriu.
Flávia: Ta! - assentiu contendo a raiva. - Ah Alfonso quando voltar me paga.
Anahí desceu as escadas com Poncho e encontraram Marichello e Dulce na sala.
- Dul, eu vou voltar pra casa quer ir comigo?
Dulce: Eu ainda queria dar uma volta... Any vc ta melhor.
Any: Uhum. - sorriu encarando Poncho. - E se quiser podemos ir juntas, Poncho quer ir com a gente?
Poncho: Não... Tenho que voltar pra casa, resolver umas coisas e deixei a Flávia sozinha. - Anahí revirou os olhos. - Mas vc pode ficar se quiser Dulce.
Dulce: Eu vou incomodar se ficar?
Any: Não... Mesmo por que a gente não vai ficar aqui em casa... Vou te levar pra conhecer a cidade, o Aquarius do meu padrasto Ray e o zoológico marinho onde eu trabalho, agora to de férias por causa da faculdade, mas voltando as aulas eu volto pra lá. - sorriu.
Dulce: Você trabalha num zoológico marinho?
Poncho: Any faz medicina veterinária.
Any: E adoro animais marinhos, vou te apresentar ao Jouco! - sorriu.
Dulce: Jouco? É um amigo seu? Que nome estranho!
Poncho e Any caíram na gargalhada e Dulce não entendeu.
Poncho: Jouco é uma morsa, o maior do local onde ela trabalha e ele é adestrado.
Dulce: Uau!... Adorei, fiquei curiosa agora.
Any: Poncho vem com a gente, depois vc vai pra casa, mas fica 05 minutos lá pelo menos.
Dulce: É Poncho, vamos. - sorriu o olhando.
Poncho: Ai ta bom, eu topo!
Any: Oba! - sorriu e o abraçou.