Smashed Dreams

By perriecocaina

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- Voce disse que não havia ninguém ali. - Isso não significa que eu não tenha o visto. Em uma casa aba... More

Prólogo
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AVISO
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By perriecocaina

- Ouvi dizer que este lugar era meio... assombrado.

Ao contornar um enorme carvalho envelhecido, ergui minha lanterna... e avistei a casa. Todos ou outros continuaram a caminhar em meio os arbustos que atingiam os joelhos, mas algo me detinha ali, totalmente inerte, enquanto o veludo daquela vegetação roçava em meu rosto.

Rodeado por árvores antigas e suntuosas, e praticamente encoberto pelos vinhedos, era grande e compacto, com colunas imponentes e largos alpendres. O lugar já tinha sido branco, mesmo à noite eu podia perceber isso. Mas, agora, estava sujo e degradado. Decadente.

Solitário.

Era uma palavra estranha, mas enfim.

Solitário.

A antiga residência, com janelas escuras e laterais deterioradas, parecia estar...

Àespera.

Uma brisa morna soprou vindo do rio, envolvi-me com meus braços, enquanto os contemplava - Eleanor, a estupidamente bela cherleader; sua melhor amiga, chata, metida e nojenta Amber, a irmã menor de Eleanor, Bethany; e os meninos: Harry, o zagueiro - e meu colega no laboratório de química; Drew, que raramente dizia mais que duas palavras de uma vez; e Zayn, coberto de tatuagens - iam em direção a uma janela quebrada.

Não estavam tão longe de mim, mas pareciam caminhar em outro mundo, um outro universo.

Já subindo os degraus que levavam ao alpendre, Eleanor, voltou-se para mim.
Ela que havia me convidado. - Qual é o problema, Louis? Você não está com medo, está?

Senti-me sufocado. Não estava com medo. A palavra não era essa.

Apenas... inquieto...

À espera.

- Apenas absorvendo tudo isso. - falei, esforçando-me para que minhas pernas se movessem.

Ao pisar, tinha a sensação de coisas sendo esmagadas. Não queria saber o que eram.

Antes de virar-se, Amber passou pela janela. - No ano passado -disse ela com os olhos brilhando - dois veteranos vieram aqui...

-Amber! - Eleanor lançou um olhar sobre a amiga de cale essa boca - O que esta tentando fazer? Com que Louis desista?

Sem dúvidas, sim. Eu era novo, afinal. No primeiro dia na escola, quando o professor disse Louis Tomlinson, todos voltaram o olhar pra mim, é claro o aluno novo. Ser do Colorado me fazia um forasteiro, mas ao menos eu parecia pertencer ao lugar. Com cabelos castanhos médios, bem baguncadinho, olhos azuis, pele bronzeada que como minha avó costumava a dizer ''pele cor de bronze'', baixinho, com uma calça preta skinny bem apertada, uma camiseta cinza e vans pretos, eu poderia ser confundido como irmão da Bethany - irmã mais nova de Eleanor.

Mas mesmo assim, ser novato no primeiro ano no ensino médio, era um pé no saco.

- Desistir? - Amber falou. - De jeito nenhum. - E, assim , ela desapareceu na escuridão, átras da janela deteriorada.

Dois dos meninos - Drew e Zayn - a seguiram. Eleanor aguardou que eu chegasse aos grandes arbustos que obscureciam a sacada antes de tomar a mão de Harry e arrastá-lo em direção a escuridão. Bethany, olhou-me de modo tenso, mas acompanhou-os.

- você vem?

Reconheci a voz de Amber. E evitei pisar nos cacos de vidro, aproximei-me da alta janela e ergui a lanterna, olhando para o interior da casa. Estavam todos ali, á espera.

E de novo a expressão. À espera.

E, com isso, deu-se um nó na minha garganta.

Ou talvez fossse pelo que tinha átras deles, pequenos feixes organizados encostados á parede no canto oposto. Cinzas.

- É claro - falei em meio a um sopro de ar quente. Antes de chegar a Nova Orleans, não fazia ideia que o ar podia ser tão denso. Respirar era difícil, meu cabelo, então! Eu tinha cabelos lisos no Colorado. Aqui ficavam crespos, revirados. Minha tia sempre dizia que eu iria me acostumar, mas acho que ela so falava por falar.

Ela sempre age assim, falando que vou me acostumar às coisas. Mas eu vi, naquele olhar de preocupação.

- O que está esperando, então? - Em meio aos seus cachos perfeitos cor de café, o sorriso de Amber mais parecia um zombar. - Quer que Harry, segure sua mão Louis? Seria muito gay não acha? Assim como você. - Houveram risadinhas por todo lado, eu apenas ignorei.

Eleanor fechou os olhos; desde que soubera que seu namorado e eu éramos da mesma turma de Química, era a milésima vez que ela colocava suas garras para fora. Só porque tínhamos tarefas extraclasse... Ela e tao insegura ao ponto de ter ciúmes de mim? Ah não ser qur Harry curta homens também.

Mas isso é outra história.
Ela se acomodou perto dele, ficando entre mim e ele. Mesmo assim, em meio a jogos de sombras, os olhos dele foram de encontro aos meus, obrigando-me a baixar o olhar em direção a um pacote vazio de fast-food, preso sob uma pedra.

Sabia muito bem que ele era comprometido.

Também sabia que nao queria entrar naquela casa. No meu íntimo, tudo clamava para que eu permanecesse exatamente onde eu estava. Passei as mãos nos meu jeans escuros apertados, que ainda não podia acreditar que tia Sara havia comprado pra mim, e apoiei o pé na janela.

(Se alguém me dissesse, durante meu aniversário em abril,que seis meses mais tarde eu estaria invadindo uma mansão deserta em garden district, NovaOrleans, no meio da noite com um pessoal que eu mal conhecia, teria pensado que estaria a efeito de drogas pesadas.)

O frio atingiu-me em cheio. Devo ter cambaleado, porque Harry veio em meu socorro. O calor de suas mãos praticamente derretia o manto invisível gelado que, subitamente, tomara conta do meu corpo.

Não, eu disse a mim mesmo. Não! Não agora.

Não aqui.

NÃO NA FRENTE DESSAS PESSOAS.

Da última vez que tive essa sensação do manto de gelo...

Interrompi o pensamento, sabendo que não poderia ficar ali parado feito um idiota em transe. Mais ninguém escutara os rumores. Mais ninguém ali, sentirá frio como se estivesse em um congelador. Minha lanterna revelou o brilho de suor sobre a testa de Harry. Todos usavam regatas - a de Eleanor estava colada ao peito. Ninguém tinha tremores.

Somente eu.

E somente meu interior.

Meio como aquela velha casa.

Com um sorriso amarelo, afastei-me do calor das mãos de Harry, e novamente friccionei as mãos no jeans. Não me incomodava olhar pra Eleanor, sabia que estaria com aquela expressão de ferocidade, característica dela.

- Caramba - engasguei ao respirar pela primeira vez ali dentro. Lama, fumaça, uísque rançoso e algo mais, algo realmente asqueroso. - Mas quanto tempo tem esse lugar?

- Muito tempo - disse Harry - Guerra da Secessão, acho eu.

- Uau! - giravamos nossas lanternas pelo quarto escuro, o que criava um efeito estroboscópico. Não conseguia enxergar mais que o pulsar da luz. O assoalho. A escuridão. Garrafas de água vazias. Escuridão. Paredes descascadas.
Escuridão.

Quando consegui captar mais detalhes, aquilo se foi.

Evitando que minhas mãos tremessem, fingi distração e levei a lanterna em direção à parede oposta, e vi uma tatuagem. Bem, não uma tatuagem, era mais pra um grafite, laboriosamente pintado sobre a imagem apagada de um barco no rio.

O coração era de cor preta. Uma cruz vermelha sobrepunha-se, um estilo sinuoso e ousado, e uma grade que sobressaía, como as que se viam nas pessoas.

Na verdade, eu tinha quase certeza de que já vira aquilo.

- Antes do furacão Katrina - Disse Amber, andando para surgir no círculo de luz -, dava para ver o sangue.

Sangue? Dentro de mim, o meu fluía gelado.

- Ainda se vê, sua lerda - falou Eleanor - Esse lugar não foi alagado.

- Ai meu deus... - Essa era Bethany. Virei-me e a vi mirando um dos cantos dos cantos do fundo. Estava pálida de verdade, e se agarrara a Harry. Os olhos dele se entritaran, as covinhas desapareceram. - O que... que é isso?

Com minha lanterna, segui sua linha de visão para encontrar um pequeno monte de gravetos empilhados.

Só que não eram gravetos.

- Ossos - Amber susurrou.

Engoli em seco, e Bethany deixou escapar um abafado grunhido. - Eu acho que não...

- Ninguém está te obrigando - Eleanor enfatizou antes que sua irmã terminasse - Se quer ir embora...

- Um animal, provavelmente - a voz de Harry era de uma calma absoluta. - Eles gostam de ficar sozinhos pra morrer.

Bethany, uma versão mais baixa e menos sexy de Eleanor, levantou o olhar como se desejasse nada além de que ele estivesse certo. Era evidente o quanto ela se agarrara a cada palavra que ele dissera. Seu sorriso era caloroso, e ele deu um tapinha carinhoso nas costas dela.

Eu não tinha dúvidas de aquilo a derretera.

À nossa volta, a escuridão pulsava, e, a cada sopro quente de vento, a velha casa gemia. O lugar era enorme. Não fazia ideia de quantos quartos haveria, ou quem (ou o quê) mais poderia habitar aquilo.

À espera.

O medo de me mexer era forte. Sair. A imobilidade parecia... inadequada.

Tudo parecia sem sentido.

... dava para ver o sangue...

- Eu achei que tudo tivesse sido inundado - disse, caminhando em direção ao amplo corredor que passava pelo meio da casa.

Eu era uma criança na época, mas minhas lembranças do furacão eram nítidas. Minha avó ficara grudada à cobertura televisiva, os olhos preocupados, as mãos apertadas. Nunca a vira daquele jeito, e aquilo me deixou apavorado.

Foi somente quando vovó morreu que entendi por quê.

Ela nunca foi de falar do passado, e sempre dissera: "Louis, não tem sentido olhar pra trás". Mas eu nunca dera muita atenção àquilo. Talvez por não ter tanto o que olhar. Meus pais faleceram quando eu era pequeno - eu não tinha sequer uma foto deles, não possuía irmãos ou irmãs. Nunca tinha ido a outro lugar além da montanha do Colorado onde vovó me criará, e muito menos vira o oceano.

A vovó fazia tudo parecer simples.

Nunca, nem mesmo com as consequências do Katrina, ela chegou mencionar que eu era nascido em Nova Orleans e que ela viverá ali durante 51 anos, até os meus pais morrerem.

Ainda não sei o que ela deixou pra trás. Tia Sara, a caçula da vovó, disse que a sua mãe precisará recomeçar.

Acho que faz sentido. Era por isso, afinal, que eu estava em Nova Orleans. É claro, ser órfão é não ter um único parente vivo, além de uma tia que eu mal conhecera, era determinante.

Eu não havia sido preparado para a mudança, radical da minha vida. E, mesmo que a vovó tivesse assistido continuamente às notícias do Katrina, não estava preparada para tamanha destruição como a que tomava conta da cidade.

Aos 16 anos, estou começando a perceber que há algumas feridas que nunca se curam.

A velha casa também tinha sua cumplicidade.

- ... o Garden District e o French District estão em uma área elevada - Harry, dizia. Sua voz era cálida, rouca, enebriante, e a ela eu desejava me ater, mas sabia que aquilo seria catastrófico.

- As estradas ficaram como rios - explicou -, mas a maioria das casas se mantiveram em pé.

Pelo facho de luz da lanterna de Drew, o sorriso de Eleanor brilhava ao levar seus dedos pela tatuagem. - e é por isso que o sangue ainda está aqui.

Estavam a ponto de perguntar. "Que sangue?"

Eleanor desviou olhar em direção a um monte de milhos no chão... ? tentando escutar os ruídos abafados do trânsito da cidade à noite, sirenes e a buzina de um rebocador, música. Risos.
Choro.

Em Nova Orleans, se você se esforçasse, sempre era possível ouvir alguma coisa.

Eu ouvia, ao menos.

O burburinho ameaça encobrir tudo. Ainda com frio, apontei a lanterna em direção ao vidro quebrado, mas vi apenas as sombras fugazes das enormes árvores a distância.

Podia jurar que alguém nos observava.

- Ninguém sabe ao certo - Eleanor falou, e eu podia perceber a dramaticidade intencional em sua voz.

- Mas dizem, que quando a lua esta cheia... - como naquela noite. Duvidava que fosse uma coincidência.

- As paredes começaram a sangrar - completou Amber.

- E aí, pode se ouvir uma menina chorar em um dos quartos acima.

- E o uísque fedorento...

Meu coração palpitava forte, mesmo que fosse óbvio o que elas estavam tentando fazer. Eram como péssimos aspirantes e atores, lendo o roteiro de um filme de terror de baixo orçamento. E, embora não tivesse passado muito tempo com gente da minha idade, eu não era nenhum idiota.

Eleanor e Amber, eram amigas inseparáveis. Harry e Drew eram primos. Todos eles cresceram juntos. E eu era o garoto recém-chegado.

Aquilo, pelo visto, fazia de mim um alvo fácil.

Mas o frio era real. A escuridão, sepulcral. O cheiro repgnante.

Ainda assim, engoli e repirei fundo e direcionei a lanterna para o meu rosto. - Eu quero ver.

N/A obrigado por tudo!
Me chamem no fc @perriecocaina
ou no ask @perriecocaina também.
  amo vocês, belly.

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