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- Ouvi dizer que este lugar era meio... assombrado.

Ao contornar um enorme carvalho envelhecido, ergui minha lanterna... e avistei a casa. Todos ou outros continuaram a caminhar em meio os arbustos que atingiam os joelhos, mas algo me detinha ali, totalmente inerte, enquanto o veludo daquela vegetação roçava em meu rosto.

Rodeado por árvores antigas e suntuosas, e praticamente encoberto pelos vinhedos, era grande e compacto, com colunas imponentes e largos alpendres. O lugar já tinha sido branco, mesmo à noite eu podia perceber isso. Mas, agora, estava sujo e degradado. Decadente.

Solitário.

Era uma palavra estranha, mas enfim.

Solitário.

A antiga residência, com janelas escuras e laterais deterioradas, parecia estar...

Àespera.

Uma brisa morna soprou vindo do rio, envolvi-me com meus braços, enquanto os contemplava - Eleanor, a estupidamente bela cherleader; sua melhor amiga, chata, metida e nojenta Amber, a irmã menor de Eleanor, Bethany; e os meninos: Harry, o zagueiro - e meu colega no laboratório de química; Drew, que raramente dizia mais que duas palavras de uma vez; e Zayn, coberto de tatuagens - iam em direção a uma janela quebrada.

Não estavam tão longe de mim, mas pareciam caminhar em outro mundo, um outro universo.

Já subindo os degraus que levavam ao alpendre, Eleanor, voltou-se para mim.
Ela que havia me convidado. - Qual é o problema, Louis? Você não está com medo, está?

Senti-me sufocado. Não estava com medo. A palavra não era essa.

Apenas... inquieto...

À espera.

- Apenas absorvendo tudo isso. - falei, esforçando-me para que minhas pernas se movessem.

Ao pisar, tinha a sensação de coisas sendo esmagadas. Não queria saber o que eram.

Antes de virar-se, Amber passou pela janela. - No ano passado -disse ela com os olhos brilhando - dois veteranos vieram aqui...

-Amber! - Eleanor lançou um olhar sobre a amiga de cale essa boca - O que esta tentando fazer? Com que Louis desista?

Sem dúvidas, sim. Eu era novo, afinal. No primeiro dia na escola, quando o professor disse Louis Tomlinson, todos voltaram o olhar pra mim, é claro o aluno novo. Ser do Colorado me fazia um forasteiro, mas ao menos eu parecia pertencer ao lugar. Com cabelos castanhos médios, bem baguncadinho, olhos azuis, pele bronzeada que como minha avó costumava a dizer ''pele cor de bronze'', baixinho, com uma calça preta skinny bem apertada, uma camiseta cinza e vans pretos, eu poderia ser confundido como irmão da Bethany - irmã mais nova de Eleanor.

Mas mesmo assim, ser novato no primeiro ano no ensino médio, era um pé no saco.

- Desistir? - Amber falou. - De jeito nenhum. - E, assim , ela desapareceu na escuridão, átras da janela deteriorada.

Dois dos meninos - Drew e Zayn - a seguiram. Eleanor aguardou que eu chegasse aos grandes arbustos que obscureciam a sacada antes de tomar a mão de Harry e arrastá-lo em direção a escuridão. Bethany, olhou-me de modo tenso, mas acompanhou-os.

- você vem?

Reconheci a voz de Amber. E evitei pisar nos cacos de vidro, aproximei-me da alta janela e ergui a lanterna, olhando para o interior da casa. Estavam todos ali, á espera.

E de novo a expressão. À espera.

E, com isso, deu-se um nó na minha garganta.

Ou talvez fossse pelo que tinha átras deles, pequenos feixes organizados encostados á parede no canto oposto. Cinzas.

Smashed DreamsOù les histoires vivent. Découvrez maintenant