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Era uma hora estranha para falar com uma mulher de quem eu nem sequer me lembrava. Mas Nova Orleans havia sido sua cidade, e eu às vezes podia jurar que conseguia senti-la...
Estaria ela ali? Ela viria se eu a chamasse?

Levado por algo que não podia explicar, ignorei o aperto em meu peito e aproximei-me do altar dr colchões. Eram velhos e sujos... manchados.

Apoiando-me em um dos joelhos, inclinei-me para enxergar melhor, contando até dez antes de virar-me para Eleanor. - Duvido que você toque nisso.
Vovó não era muito de televisão ou cinema, mas tinha sido uma astuta jogadora de pôquer. Quando ela ainda era viva, me ensinara a blefar - e a urgência deles.
A admiração nos olhos de Eleanor caiu bem. Bela e popular, a filha maus velhas de dois médicos ricos, era uma dessas pessoas tão acostumadas a tomar direção que nunca ocorreu a ela que, às vezes, o jogo poderia virar. - Tocar?
Algo obscuro me conduzia. Desafiar Eleanor não era a maneira mais inteligente de ser aceito no grupo, mas fora ela quem começara aquele jogo. E, quando se começa um jogo, é preciso estar preparado para jogá-lo.
- O sangue - falei, enquanto os outros se colocaram ao nosso redor. - Duvido que você toque no sangue. Se, vai fazer uma sessão espírita...
Zayn riu. - Assim que se faz garoto. Ele disse - Encoste aí Els.
Talvez tenha sido o modo como eu disse "toque"... talvez o modo como disse "no sangue"... mas fagulhas saltaram dos olhos de Eleanor. Sabia queria mandar Harry expulsá-lo.
Em vez disso, olhou para melhor amiga do mundo, e abaixou a cabeça em direção aonde eu estava escorado.

- Se eu fizer isso - falou em silêncio. - O que você vai fazer?

Acho que era para que eu me assustasse, ou recuasse. E, se por um lado pequenas advertências me detivessem, não seria eu a recuar. - Aplaudir?
Alguém engasgou. Bethany?
Amber falou primeiro. - Verdade ou Desafio - respondeu antes que Eleanor pudesse se pronunciar. Perguntei-me se ela reparou na maneira como seus dedos se agarraram à cruz de prata pendurada em uma corrente em seu pescoço. - Se a Els aceitar seu desafio, você deve a ela.

O quarto ficou em completo silêncio. A ausência de ação dominava.
" Saiadaí". Era isso que o bom senso me dizia. Aquele era o território de Amber e Eleanor. Eu era um forasteiro, um recém chegado.
Não saberia como...

- Louis.

A voz de Harry, a tensão que pairava ali, me detiveram.

- Você não precisa fazer isso. - falou.

Mas eu fiz - Não tenho medo. - Aí, que mentira.

Eleanor agachou-se ao meu lado, sussurrando: - Talvez devesse ter. - Antes de se apoiar nos colchões. Tocou no meio da mancha cor de cobre. Manteve a mão ali, o facho da lanterna de sua irmã salientava contrastando entre o brilho das hnhas pintadas de preto da Eleanor e a pele branca de seus dedos.

- Contente agora? - perguntou.

Não era exatamente a palavra que eh teria escolhido. Meus olhos foram de encontro aos dela, mas nada falei. Não era preciso. Ambos sabíamos o jogo que estávamos jogando.

- Dê sua lanterna.

Meu coração disparou - eu não precisava olhar para meu punho para saber que meus dedos haviam embranquecido.Jogo, disse pra mim mesmo. Jogo, jogo, jogo !
Mas o rumor que ninguém mais ouvia disparou como um alto-falante em.meus ouvidos.

- Não está com medo, não é? - Amber perguntou.

- Já basta... - Harry interveio.

Mas eu o interrompi. - E se eu preferir a verdade?

Smashed DreamsOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz