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Às vezes eu me arrependo, de verdade, de ter a boca grande. Aquela foi, sem dúvida, umas das piores besteiras que eu já havia dito. Eleanor nos levou em meio ás sombras da cozinha até porta trancada. Abriu-a com um golpe e um ar estagnado, revelando uma escada secreta.

- Era esta que os criados usavam - disse ela, tomando a dianteira.

- Os escravos, você quis dizer - Amber corrigiu, empacada ao pé da escada, enquanto nós subíamos.

- O sangue é deles - Amber nao conseguia se conter - Um vodu esquisito.

Seu grito horrorizado paralisou-me.

- Amber - Eleanor gitou, enquanto apontávamos as lanternas pata trás. Vimos os dois imediatamente, Zayn pressionando Amber contra a parede suja de grafite, a mão dele tapando sua boca. Seus olhos arregalados. Furiosos.

- Imbecil - Eleanor resmungou.

Mas Zayn apenas riu .- Peguei vocês.

- Solte ela agora - Não foi Harry quem falou, como eu imaginaria, mas Drew. Três palavras reunidas.

Há uma primeira vez para tudo.

Zayn contorceu os lábios ao se afastar de Amber. Ela esquivou-se dele, saltando vários degraus. Ao mesmo tempo, olhava-o como se ele fosse uma dessas baratas repugnantes que são características da Louisiana.

Ao que parece, ela superou o fato da noite em que ficaram juntos, bem mais que ele.

- Acho que é hora de você ir - Eleanor sibilou, apontando a lanterna contra seu rosto. - Niguém queria você aqui, para começo de conversa.

Ela contorceu os lábios. - Quem está assustado agora?

Seus olhos se entreabriram. - Harry. Mande. Ele. Embora.

Harry colocou-se entre eles como um árbitro, e, nesse momento, eu me senti constrangido por ele. Quer dizer, colocá-lo nessa posição, levando o a escolher entre sua namorada e seu melhor amigo.

- Eu queria ele aqui. - As palavras de Harry supreenderam-me tanto como a todo mundo. Recuei, mas não pude evitar de ver como brilhavam seu olhos verdes. - Se ele for, também vou.

As paredes se estreitaram. Eleanor, porém, não se movimentou. Ninguém se moveu. Nem sei se respiravam.

Eleanor foi quem fez a primeira joga a, após um longo e acalorado momento, olhando à frente de Drew em direção à melhor amiga. Encontraram os olhares. Pareciam se entender.

- Tudo bem - Amber disse, mesmo que fosse óbvio que mentia.

O horrível rumor aumentou, e as paredes não paravam de nos observar. Se alguém ficasse trancado ali...

Eu sentia necessidade de mover-me. - Então vamos, falei. Ficar parado ali fazia com que eu me sentisse um pateta.

- Quer que eu vá na frente? - Zayn perguntou, e é lógico , alfinetando Eleanor. - É que eu me sentiria contente de mostrar a você aonde ir.

- Ah, cala a porra da boca. - disse e voltou a subir.

Com as lanternas direcionadas, seguimos, em frente, Harry e Bethany atrás de Eleanor, Amber e Drew atrás deles, Zayn e eu. Ele nada dizia, mas eu podia jurar que percebi um ar de respeito em seu rápido olhar. Ou gratidão, talvez.

No andar superior, portas se alinhavam lado a lado ao longo de um corredor super comprido, todas fechadas como em um hotel. Só que ali havia sido uma casa. Ainda era, na verdade. Só que vazia.

Excluindo a presença que murmuravam como sangue invisível correndo por artérias invisíveis...

Compenetrada, Eleanor abriu a segunda porta a esquerda, e desapareceu em seu interior.

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