a heavenly way to die ร— jason...

By constantinw

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๐ฃ๐š๐ฌ๐จ๐ง ๐ญ๐จ๐๐ ร— ๐Ÿ๐ž๐ฆ๐š๐ฅ๐ž ๐จ๐œ; ๐๐œ ๐ฎ๐ง๐ข๐ฏ๐ž๐ซ๐ฌ๐ž ๐Ÿ๐š๐ง๐Ÿ๐ข๐œ๐ญ๐ข๐จ๐ง; ๐ฉ๐ญ-๐›๐ซ. Maddi... More

- epigraph
- notes
- i.
- ii.
- iii.
- iv.
- v
- vi.
- vii.
- viii.
- ix.
- x.
- xi.
- xiii.
- xiv.
- xv.
- xvi.

- xii.

583 66 11
By constantinw

gotham city, 00:07am
apartamento de
maddie oceans

               JASON TODD percebeu que o apartamento da policial Oceans estava igual à última vez em que esteve ali. Haviam algumas manchas de sangue no sofá, mas ainda nenhuma foto ou decoração que desse personalidade ao lugar; e também havia uma pequena bagunça na mesa de centro, fotos e arquivos de casos espalhados sobre o vidro, alguns cobertos pela caixa de pizza. Fora isso, tudo estava igual. Apenas Maddie estava diferente.

               Além de que agora ela vestia uma calça xadrez vermelha e um moletom preto ao invés de restos de um uniforme policial coberto de sangue, seu semblante não era o mesmo. Na noite em que se conheceram, Maddie parecia triste e perdida, apesar do que conseguiu realizar — salvando a vida de Jason. Agora ela estava mais confiante, atenta. Não parecia mais o tipo que se ajoelharia em frente a uma arma. Parecia o tipo que fazia as pessoas se ajoelharem.

               — Você foi rápida. — Ele comentou, se referindo aos arquivos dos casos que ela roubou.

               — Não foi difícil. Estavam trancados em uma gaveta.

               Ela se sentou no sofá, Jason fez o mesmo, ficando a alguns palmos de distância.

               — Tem experiência em arrombar fechaduras?

               — E você não? — Ela sorriu, abrindo a caixa da pizza. — Espero que goste de pepperoni.

               — Está brincando? É o meu favorito.

               — E o que quer pra beber?

               — O que você tem aí?

               — Bom, água e vinho de cereja.

               Maddie se retirou, foi à cozinha, voltou minutos depois com uma garrafa e duas canecas do Departamento de Polícia de Gotham, deixou tudo sobre a mesa e pegou a caixa, retirou uma fatia e estendeu para que Jason retirasse a sua. Ele o fez, e depois da primeira mordida, percebeu que ela estava encarando e parecia se segurar para não rir.

               — O que foi?

               — Nada. — Ela disse, dando uma mordida na fatia. — Não pensei que você fizesse essas coisas.

               — Tipo comer pizza?

               — É.

               — Do que você achou que eu me alimentava? Sangue dos meus inimigos?

               — Você que disse, não eu.

               Eles riram. Algo mudava quando eles se falavam. Jason tinha acabado de matar três criminosos e se livrou dos corpos jogando-os em diferentes rios da cidade. Mas ali estava ele, rindo e comendo pizza. Jason abriu a garrafa e serviu as duas canecas. Entregou uma a Maddie.

               — Eu estava pensando, — ela começou depois de beber um gole — tem algo muito injusto acontecendo aqui.

               — E o que é?

               — Você sabe o meu nome, o meu endereço, o meu número. E eu não sei nada sobre você. Só que seu sabor favorito de pizza é pepperone.

               Jason não se sentiu desconfortável com a pergunta indireta, o que era novo. Ele entendia que Maddie tinha passado por coisas que fragilizaram a sua confiança nos outros, e, além disso, ela era uma policial, era da sua natureza fazer questionamentos. Ele decidiu facilitar as coisas para ela:

               — Você tem direito a uma pergunta.

               — Espera, é sério? — Ela indagou, parecia não esperar que ele fosse ceder.

               — Essa é a sua pergunta?

               — Não!

               Maddie riu e ajeitou o cabelo atrás da orelha, parecendo pensar muito cautelosamente em como usar aquele passe livre que Jason tinha dado.

               — Como você começou a... você sabe, fazer o que faz?

               Ele ficou particularmente surpreso. Ela não perguntou o seu nome. Jason não sabia se isso o fazia sentir aliviado. Agora tinha um certo receio de dar a resposta errada. Não que existisse uma certa. Ele se ajeitou no sofá, tendo que pensar sobre coisas que evitava a todo custo.

               — Eu era um ladrão. 

               Ela se engasgou com o vinho, tossiu algumas vezes e recuperou a compostura, fazendo um sinal com a mão para que ele prosseguisse. 

               — Eu fugi de casa depois que minha mãe morreu de overdose, e aprendi a sobreviver. O que significa cometer alguns crimes.

               — E seu pai?

               — Morto. Na prisão.

               — Oh. — A voz de Maddie pareceu murchar, havia algo adorável na sua solidariedade contida. Jason continuou.

               — Uma noite, eu tentei roubar alguém que não deveria. Não um policial, mas algo assim. Ele me acolheu, e me ensinou quase tudo o que eu sei. E eu mudei de lado, virei um dos mocinhos.

               Jason tomou um pouco do vinho de cereja na caneca em sua mão. Ele costumava beber coisas bem mais fortes e amargas. Aquela era doce, mas caiu bem no momento.

               — Então, — ele suspirou, baixando a caneca, deixando-a apoiada em sua coxa — aconteceu uma coisa muito ruim. E ele acabou não sendo o que parecia.

               Jason tomava cuidado com as palavras. Não unicamente por não poder dar informações demais, mas também porque não queria dizer algo que assustasse Maddie, ou a fizesse repensar sobre tê-lo como companhia para comer pizzar e beber vinho de cereja.

               — E eu também mudei. Estou por conta própria desde então. — Ele finalizou, e bebeu o que restava na sua caneca.

               — Mais ou menos. — Maddie comentou, também entornando sua bebida.

               — Como assim mais ou menos?

               — Bom, eu te salvei.

               — Mas eu te salvei primeiro.

               — Mas eu te salvei de uma equipe de policiais. Você só me salvou de um cara.

               — Um cara com uma arma apontada pra sua cabeça.

               A discussão que se seguiu não foi séria. Pelo contrário, foi cheia de falsas expressões de raiva que eram rompidas por risadas que não podiam ser contidas. Jason ficou grato por não haver nenhum silêncio desconfortável entre os dois. Na verdade, até o silêncio era agradável com ela. Depois de um tempo rindo por algo idiota que ele disse, eles pararam, e por um tempo, o único som era o das suas respirações que desaceleravam gradativamente. Jason o interrompeu:

               — Maddie?

               — Sim?

               — Você não contaria pra ninguém, certo?

               — Sobre você?

               — É.

               — Claro que não. Eu conheço a primeira regra do clube da luta.

               Jason inclinou a cabeça com uma expressão confusa. Maddie suspirou como se tivesse levado um susto.

               — Você nunca assistiu O Clube da Luta?

               — Acho que não.

               — Meu Deus. — Ela se levantou e revirou as almofadas do sofá.

               — O que está fazendo?

               — Procurando o controle. Não acredito de deixei alguém que nunca assistiu o filme entrar na minha casa.

               Ela encontrou o que procurava e ligou a TV.

               — Nós vamos assistir? — Jason perguntou, achando a sua indignação divertida.

               — A não ser que tenha algo melhor pra fazer. — Maddie olhou para ele. — Você tem? — Apesar do tom inclinado à ironia, parecia uma pergunta sincera.

               Jason deu risada e balançou a cabeça, sinalizando que não. 

               — Ótimo. — Ela disse, colocando o filme, e voltando para seu lugar no sofá, ao lado de Jason, mas mais próxima que antes.

×

               MADDIE OCEANS acordou com o toque distante do seu celular, vindo de outro cômodo. Abriu os olhos devagar, e piscando várias vezes até identificar que estava na sala, deitada no sofá, e não na sua cama. Olhou para baixo, um cobertor protegeu seu corpo do frio durante a noite, mas ela não lembrava de tê-lo pego. Se lembrou de ter uma companhia especial na noite passada: o próprio Capuz Vermelho. Deu uma risada boba ao constatar que ele podia tanto caçar e matar criminosos quanto cobri-la quando ela dormia no sofá, dois lados de uma mesma moeda.

               Seu celular parou de tocar. Maddie levantou e andou até o quarto, esfregando os olhos. Havia três chamadas perdidas de um número desconhecido. Seus olhos se abriram mais quando ela percebeu que estava duas uma hora atrasada para o trabalho. Quase no mesmo segundo em que pegou o aparelho, ele começou a tocar novamente. Ela atendeu.

               — Maddie, onde diabos você tá? — Era Louis.

               Ela andava de um lado para o outro do quarto, escolhendo aleatoriamente a primeira roupa que suas mãos apressadas pudessem tocar.

               — Foi mal, eu perdi a hora.

               — Vem pra cá. Rápido. — Apesar da urgência na sua voz, ele tentava falar baixo.

               — O que aconteceu?

               — É melhor você vir.

               — Louis, fala.

               Ele pareceu respirar fundo, vozes agitadas na delegacia impediam de dizer com certeza.

               — Eles encontraram sangue do Capuz Vermelho. A perícia foi analisar, e talvez achem uma combinação no sistema, se ele tiver ficha criminal.

               — Puta merda. — Ela grunhiu, passando as mãos pelos próprios cabelos. Ele com certeza tinha uma ficha criminal. — Eu estou indo.

               Maddie não costumava chegar atrasada. Antes de tudo mudar, ela conseguia se arrumar, passar em uma cafeteria — saía de lá com dois cafés, um para ela e um para Mitch — e andar calmamente pelas ruas de Gotham, que não ficavam superlotadas naquele horário. Naquela manhã ela não parou para tomar café ou apreciar o caminho. Foi de carro, e como acordou tarde, as ruas já estavam cheias. Por um momento ela cogitou descer do carro e atirar no motorista da frente, que demorou cerca de vinte segundos para perceber que o semáforo tinha ficado verde.

               Por fim, ela chegou à delegacia. Ninguém notou a sua chegada porque todos estavam meio eufóricos e andando de um lado para outro. Exceto por Louis que andou até ela, esbarrando em alguns policiais no processo.

               Assim que ele esteve próximo o suficiente, ela o puxou pelo pulso até o armário onde realizava os encontros secretos com Mitch antes. Bateu a porta e perguntou:

               — Como?

               — Em um carro. Uma viatura da polícia.

               — Pensei que tivesse explodido. — Ela murmurou.

               — E explodiu, mas tem uma chance de... Espera, como você sabe?

               — Um dia eu te conto. Continua.

               — Tem uma pequena chance de conseguirem extrair o DNA.

               — Quão pequena?

               — Eu diria que 15%.

               — Droga. Não é pequena o suficiente.

               A sua voz revelou não apenas a sua frustração, mas também um quê de desespero. Ela escondeu o rosto entre as mãos por alguns segundos, queria gritar. Louis tocou seu ombro.

               — Como nós vamos resolver isso? — Ele perguntou.

               — Nós? — Maddie retirou as mãos do rosto para encará-lo com uma expressão confusa.

               — É. Isso é eu e você. No plural.

               — Louis, eu não posso te envolver nisso.

               — Já envolveu me contando a verdade.

               — Mas vamos parar por aqui. Você não é meu parceiro.

               — E quem é? O Capuz Vermelho?

               — Não. — Ela falou com certa determinação, por reflexo. — Eu não tenho um parceiro.

               Louis estava fazendo aquela cara de novo, de quando deduzia coisas. Maddie odiava quando ele deduzia coisas sobre ela, mas isso não o impedia:

               — Isso é sobre Mitch Aubry, não é?

               — Isso não tem nada a ver com Mitch Aubry.

               — Tem, sim. Você acha que porque ele era seu parceiro e te traiu, eu vou fazer o mesmo.

               — Louis, eu não tenho tempo pra brincar de detetive com você.

               Ela falou e puxou a porta, na intenção de sair, Louis fechou a porta novamente. Maddie o olhou irritada, mas a expressão no rosto do rapaz a fez acreditar que não foi por mal. 

               — Mitch está morto, muito morto. Eu não sou ele, eu sou Louis. Duquense. Da divisão de homicídios de Detroit. Você é Maddie Oceans, não o Superman. Não precisa lidar com tudo sozinha. Eu posso ajudar, e vou.

               Maddie entreabriu os lábios para xingá-lo ou gritar com ele, mas desistiu. Talvez ele estivesse certo, e talvez ela estivesse pensando que já o conhecia, mas na verdade estava projetando a imagem de Mitch sobre ele. Não estava sendo justa. 

                — Tudo bem. — Ela disse, depois de um longo suspiro de rendição.

               — Ótimo. Eu tenho um plano.

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