Nem Todos Os Príncipes Usam C...

By Silmarazafia

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OS CAPÍTULOS INICIAIS COMEÇARAM A SEREM RETIRADOS DIA 06/07 Este livro é um Spin Off independente da série "N... More

Música Tema
Elenco
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10

Capítulo 7

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By Silmarazafia

No primeiro dia de aula, a busquei em sua casa como combinado. Tinha passado o resto da noite ensaiando uma maneira de dizer o quanto a achava maravilhosa, até pesquisei cenas de declarações de amor em séries.

Pedir em namoro era antiquado, mas eu achava certo fazer desse jeito. Queria que Lucy soubesse que sempre gostei dela, e que podia contar comigo para o que fosse. Precisava desesperadamente saber como era sua vida dentro daquelas quatro paredes da casa pequena e simples. Como seu tio a tratava, por que ela ajudava Esther Peter nos trabalhos domésticos e o que havia acontecido com seus pais.

Virei a esquina da sua rua quarenta minutos antes do sinal bater na escola. A vi sentada na calçada. Usava botas curtas, exibindo as panturrilhas grossas. Lucy não era magra como Mikaela, Filippa ou a maioria das garotas que eu conhecia. Era uma graça, toda linda e curvilínea.

Parei o carro e me estiquei para abrir a porta do carona. Só quando ela entrou no carro me dei conta de que tinha colocado o caderno e o celular sobre o banco. Na pressa para tirar dali, deixei o aparelho cair próximo aos meus pés. Me estiquei para alcançá-lo, parecendo um idiota, e com isso perdi toda a coragem de falar as coisas que havia pensado.

Seu cabelo castanho estava preso em uma trança que caía sobre o ombro. Como uma garota podia ser tão adorável?

Ela colocou a mochila entre as pernas e puxou a barra do vestido até cobrir os joelhos, parecia quase tão tímida quanto eu. Quando descemos do carro no estacionamento da Agaton Gymnasieskola, imaginei como ela reagiria se entrelaçássemos nossos dedos, mas me contentei em apoiar a mão nas suas costas enquanto caminhávamos.

Foi quase o melhor dia que eu já tinha passado na escola. Mesmo que eu não tivesse dito tudo que planejei, mesmo que as pessoas me olhassem mais que de costume, tê-la comigo já era o suficiente.

Sentamos juntos durante as aulas. Dava para ver as cabeças se virando para nos olhar sempre que trocávamos algumas palavras. Me perguntei se era tão estranho assim eu estar com uma garota. Talvez não fosse só meu pai que pensasse que eu era gay. Mesmo que fosse isso, não era educado da parte deles estarem tão curiosos.

No almoço, escolhemos uma mesa afastada. Tudo parecia perfeito, até que duas garotas se aproximaram sem serem convidadas.

— Está saindo com Lucy, Axel? Desse jeito vai estar em um caixão antes da formatura — uma delas falou, fazendo Lucy ficar vermelha.

— Tal mãe, tal filha — a outra disse.

Lucy empurrou a cadeira e saiu correndo.

Sem pensar duas vezes, peguei nossas mochilas e fui atrás dela.

Demorei a encontrá-la porque não sabia bem onde procurar. Comecei pelo pátio, com medo que ela tivesse ido se esconder no banheiro feminino, onde eu não poderia entrar. Acabei lhe achando escondida atrás das arquibancadas do ginásio.

Foi a primeira vez que a senti nos meus braços. O jeito como ela chorava, o rosto contra o meu peito, falando como não era justo tudo o que falavam dela... fez meus problemas e minhas crises de ansiedade se tornarem muito distantes.

Eu estava diante de alguém com a qual a vida não estava sendo justa, ainda assim não revidava. Precisava falar algo que animasse, mas não sabia o quê.

A curiosidade de saber porque ela morava com seus tios só aumentava. Me sentia cada vez mais babaca por não ter me aproximado antes. Sabia que algo tinha acontecido entre seus pais, e isso estava afetando muito sua vida, mas ela não queria falar a respeito, e eu não poderia insistir.

👑👑👑

Lucy entrou no meu quarto com aquele sorriso sem graça. Eu queria agir naturalmente, mas não conseguia controlar os batimentos.

— Ainda está a fim de me ajudar a estudar? — ela quis saber.

— Claro. — Fechei o caderno, onde estava começando a compor uma música inspirada nela. Não queria que ela visse ainda. Não tinha certeza se a deixaria ouvir nem quando estivesse pronta. — Senta aqui.

Levantei da cadeira giratória e fui até a cama, onde nosso cachorro cochilava.

Quando ela se sentou e seu vestido florido subiu de leve, revelando metade da coxa, meu coração quase explodiu. Encarei a pele macia por um segundo, engolindo a saliva, e me perguntando como seria tocá-la, sabendo que aquela visão me perseguiria depois.

— Por qual matéria quer começar? — perguntei por entre os dentes.

Lucy não percebeu. Começou a se balançar lentamente enquanto falava. O quarto parecia ter ficado pequeno demais, sufocante.

— Tanto faz. Vou mal em todas.

Mal conseguia escutá-la.

— O segredo é ler, sempre revisar o que foi estudado, treinar seu cérebro para armazenar informações — falei num tom robótico.

— Não tenho muito tempo para ler — ela disse sem saber o quanto ficava maravilhosa assim, jogada na cadeira, movimentando as pernas mais desejáveis que eu já tinha visto.

— É nosso último ano. Você precisa se dedicar, colocar os estudos como prioridade.

— Vamos revisar a matéria de Biologia, então — ela sugeriu.

Me arrastei até me apoiar na cabeceira, abri o livro e comecei a procurar o assunto que precisávamos revisar. Então ela levantou-se e veio se acomodar ao meu lado, na cama.

Senti um arrepio na espinha, um comichão lá dentro. Ela estava tão empenhada em me provar que não conseguiria aprender que não se deu conta de que seu vestido estava escorregando pelas coxas, quase chegando ao seu quadril.

Me concentrei no livro que, por muita, muita, muita sorte mesmo, estava sobre meu colo, escondendo o desejo que sentia por ela. Comecei a ler, explicando vagamente, tentando me concentrar, esperando que a ereção passasse.

Perguntei se Lucy estava conseguindo entender e ela me pediu para repetir a última parte. Acabei mudando de assunto. Falei um pouco sobre mim, mas evitando encará-la, por medo que meu coração parasse. No nervosismo, acabei falando que meu pai achava que eu era gay. Lucy pareceu não se importar. Não consegui me decidir se isso era algo bom ou ruim.

Ela não ligava para o fato do meu pai ter imaginado que eu era gay ou não se importava se eu realmente fosse?

— Mas eu não sou — tratei de esclarecer. Não queria que ela me visse só como amigo.

Senti que o fogo tinha abrandado. Enquanto ela continuava falando, tirei o livro do colo e me virei na sua direção, a olhando com uma coragem que não imaginava que tinha.

Será que ela não conseguia perceber o quanto eu gostava dela?

Se eu tivesse bebido um pouco, poderia falar sem rodeios. Mesmo assim, beijá-la não parecia tão difícil agora. Ela estava tão perto que podia sentir seu cheiro doce.

Mas Esther Peter entrou no quarto e começou a insultar Lucy como se estivéssemos trepando como animais.

— Só estávamos estudando — falei me levantando da cama. — Não estávamos fazendo nada demais.

— Nada demais! — a mulher grunhiu na minha direção.

— Não se meta — Lucy implorou. — Pelo amor de Deus, não se meta!

Fiquei parado enquanto Esther Peter a levava do quarto. Theodoro saltou da calma e as seguiu. Eu sabia que elas iriam para a cidade. Corri para o banheiro, tirei as roupas e tomei o banho mais eficiente e rápido da história, vestindo uma roupa limpa, escovando os dentes e descendo as escadas em menos de cinco minutos, enquanto aproveitava e ligava para Lucy.

As alcancei no ponto de ônibus e ofereci carona. A tia orgulhosa não queria aceitar, mas sua sobrinha entrou no carro sem cerimônia.

O clima estava pesado. Elas ficaram em um silêncio que só foi quebrado pelo ronco do estômago de Lucy.

Me doeu saber que ela provavelmente não tinha comido nada desde o almoço na escola, só para fazer o trabalho depressa e poder estudar.

— Vamos sair e comer alguma coisa?  — convidei quando chegamos à sua casa. — Sei que está com fome. Você escolhe o lugar.

— Não posso — ela respondeu com melancolia.

Tentei insistir, dizendo que ela poderia escolher o que queria comer, mas Lucy me disse que preparava o jantar todas as noites, porque a tia chegava cansada.

E quanto a Lucy? Estudar e trabalhar não era muito mais cansativo?

— O que seus tios fazem com você?

Lucy não respondeu, mas sei que a pergunta a abalou.

👑👑👑

Meu pai estava em uma reunião com outros fazendeiros de Agaton e não podia conversar comigo naquela noite, por isso procurei Steven.

— Passei um tempo com Lucy — contei sem rodeios.

Steven arqueou as sobrancelhas. Sua cabeça careca brilhava com a luz amarelada do seu escritório. Ele prestava serviços de edição de vídeos para alguns músicos da região, e mexia no computador enquanto falávamos.

— Sério? E como foi?

— Ofereci carona para a escola e ela aceitou. Passei o dia inteiro com ela.

— Conseguiu? Depois de tanto tempo. Por que a cara de poucos amigos? Ela não é como você pensava?

— Não é isso. Lucy é muito melhor do que eu imaginava, mas acho que seus tios a maltratam.

— Tipo... batem nela? — Steven girou a cadeira até ficar de frente para mim. — Isso é muito grave, cara.

— Não sei se eles chegam a bater nela. Mas não a tratam bem. Ela tem que ajudar a tia quando chega da escola, depois precisa fazer o jantar todas as noites. Ela não deveria descansar e estudar?

— Você acha que eles a exploram?

— Talvez. Esther Peter não a trata nada bem, e Lucy parece ter medo do tio. Não estou falando de ter respeito, estou falando de ter medo.

— Isso não parece normal. Mas se eles agredissem, você não acha que um vizinho já teria chamado a polícia?

— Não sei — falei e fiz uma pausa. Pensar naquilo, saber que eu não tinha certeza de nada, me deixava de estômago embrulhado. — Mudando de assunto, se eu gravasse uns vídeos dela, você editaria para mim?

— Claro. Qual a ideia?

— Ainda estou pensando a respeito. Acho que ficaria legal se exibisse como um vídeoclipe em uma música que estou remixando.

— Um remix novo?

— É.

— Vai dar tempo de preparar para a próxima apresentação no sábado?

— Está quase pronto — garanti.

— E o que vai usar para gravar os vídeos dela?

Tirei o celular do bolso e balancei.

— Isso.

— Não prefere pegar minha câmera emprestada?

— Primeiro vou falar com Lucy, saber se ela vai me deixar filmá-la.

— Ela é muito linda. Digo, pelas fotos que você me mostrou. Vai ficar legal, seja lá o que esteja planejando. Compôs mais alguma coisa?

— Estou trabalhando nisso também.

— E quanto a sua mãe. Já contou a ela que não vai ser o médico da família? — ele perguntou dando risada, já que não era o dele que estava na reta.

— Ainda não. Estou procurando o momento certo.

👑👑👑

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Não sei se alguém aqui participa de Divulgação Premiada. Se alguém se interessar em participar da DP de Nem todos os príncipes, entra em contato comigo. 😘

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