Capítulo 4

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Preciso agradecer a cada novo leitor!
Meu muito obrigada! Vou tentar não demorar nas postagens.

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Desci do carro sem agradecer pela carona e corri até a porta dos fundos arrastando minha mochila velha, passando pelo border collie preto e branco que corria em direção ao Toyota. O cachorro pertencia ao senhor Hansson, se chamava Theodoro e era tratado como um membro da família, recebendo muito mais carinho e cuidados do que eu recebia em casa. Não olhei para trás para vê-lo pular em Axel quando ele descesse do carro.

Tia Esther estava limpando o forno da cozinha dos Hansson.

— Chegou mais cedo — ela comentou ao me ver entrando apressada.

— Não vim de bicicleta, vim de carona — respondi com indiferença, torcendo para que ela não quisesse saber com quem. — O que preciso fazer?

Ela me passou a lista de afazeres e eu corri pela casa para executar o mais rápido possível.

Quando acabei minhas obrigações, meu estômago estava roncando, mas tentei ignorar isso. Despistei minha tia, subi até o andar de cima e bati na porta do quarto de Axel.

— Está aberta — ele resmungou lá de dentro.

Abri a porta e o vi sentado ao lado da escrivaninha, tocava violão e fazia anotações em um caderno. Havia um teclado elétrico sobre a escrivaninha. Ele estava usando os óculos de grau, e mechas do seu cabelo caíam sobre a testa. Theodoro estava tirando um cochilo em cima da cama de lençóis caros. Seu rabo, que lembrava um espanador, pendia para fora do colchão.

Pensei em dar meia volta, dizer que não queria atrapalhar, mas acabei entrando em seu quarto. Deixei a porta entreaberta por força do hábito de não ficar a sós com garotos em ambientes fechados. Me aproximei devagar, enquanto ele girava na cadeira para me encarar.

— Ainda está a fim de me ajudar a estudar? — perguntei com o melhor dos meus sorrisos.

— Claro. — Axel empurrou o teclado e o caderno para o lado, apoiou o violão no chão e levantou-se da cadeira. — Senta aqui.

Me sentei na cadeira giratória vermelha e Axel se sentou na sua cama. O cachorro nem se deu ao trabalho de se mexer.

— Por qual matéria quer começar? — ele quis saber.

— Tanto faz. Vou mal em todas — falei antes de pensar. Ele franziu o cenho, fazendo uma careta bonitinha.

— O segredo é ler, sempre revisar o que foi estudado, treinar seu cérebro para armazenar informações.

— Não tenho muito tempo para ler — confessei me balançando na cadeira.

— É nosso último ano. Você precisa se dedicar, colocar os estudos como prioridade.

Ri baixinho. Prioridade... Ele jamais entenderia que minha prioridade era sobreviver.

— Vamos revisar a matéria de Biologia, então — sugeri. Não queria admitir que não tinha ambições em melhorar minhas notas, que eu não iria para a faculdade, que só estava ali porque gostava da sua companhia.

Axel alcançou o livro de Biologia e se arrastou na cama até ficar com as costas apoiadas na cabeceira cinza acolchoada. Fiquei de pé, fui até sua cama e me sentei ao seu lado. Notei a tensão dominar seu corpo.

Me senti insegura por ter tomado aquela atitude, mesmo assim, como Axel não pediu que eu me levantasse, continuei ali. Peguei um travesseiro e o abracei com força para me livrar do desconforto.

Nem Todos Os Príncipes Usam Coroa (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now