Capítulo 9

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Na quarta, após a escola, levei Lucy até a fazenda, fiz o retorno e voltei para Agaton. Fazia planos de treinar a noite inteira no estúdio que Christer e Filippa dividiam no centro da cidade.

Steven estava ocupado trabalhando, Mikaela tinha ido à Malmö, e tínhamos o estúdio só para nós.

Levei meu violão e toquei para eles a primeira versão da canção que eu estava compondo, inspirada em Lucy. Se chamava The Girl e tinha uma letra que poderia ser cantada como dueto.

Filippa bateu palmas quando terminei de cantar. Seus olhos brilhavam.

— Está incrível. Quando pretende lançar? — Christer quis saber.

— Quero esperar um pouco, ver como as coisas vão acontecer até o próximo verão.

— Foi inspirada em alguém? — Filippa perguntou curiosa, enrolando uma mecha do cabelo encaracolado na ponta do dedo indicador. Ela, assim como Christer, tinha um tom de pele negra muito bonito.

Christer era mais brincalhão, tirava sarro de tudo. Filippa era romântica e muito atenciosa.

Dei de ombros, torcendo para meu rosto não ficar vermelho.

— Ainda não está pronta. Tem muita coisa que ainda quero trabalhar — falei mudando de assunto.

— As garotas da cidade vão enlouquecer quando você cantá-la — Christer comentou.

— Não sou eu quem vai cantar. Serão vocês — expliquei dando risada. — Até parece que eu teria coragem. Escrevi já imaginando como ela ficaria nas vozes de vocês.

— Ah, obrigada por pensar na gente! — Filippa veio me abraçar. Ela passou os braços em torno dos meus ombros e me apertou, enlacei sua cintura, mas o violão ficou entre nós. — Essa pessoa, para quem você compôs, vai ficar muito apaixonada. Seja lá quem for.

Notei que ela falou pessoa em vez de garota. Mais uma que também devia apostar que eu era gay.

— Ax, você está vibrando — ela disse me soltando.

— É meu celular.

O tirei do bolso e vi que minha mãe estava ligando. Precisei respirar fundo e atender. Uma ligação dela geralmente não significava boas notícias.

Coloquei o violão no chão e saí para a sala ao lado.

— Oi, mãe.

— Onde está? Preparei um jantar especial e você não está em casa.

— Estou no centro de Agaton ensaiando. Pensei em pedir alguma coisa e comer por aqui.

— Ensaiando para quê? Vem para cá, filho. Preciso aproveitar. Só tenho mais alguns meses com você em casa.

— Mãe... — tentei argumentar, mas sabia que ela não levaria em consideração meu trabalho enquanto não tivéssemos uma conversa séria.

— Venha depressa! — ela exigiu antes de desligar.

Voltei a sala onde meus amigos estavam e, sem nenhuma animação, expliquei que tinha um assunto para resolver. Saí do prédio onde ficava o estúdio, peguei o carro no estacionamento e segui na direção sudoeste, onde peguei a estrada Nytt Fält, que recebera aquele nome graças às terras que foram desmatadas para o cultivo de cereais. Sete quilômetros depois, eu estava chegando em casa.

Minha mãe me viu entrar. Esperou que eu subisse para guardar meus instrumentos.

— Até esse cachorro sente sua falta — ela disse do sofá, passando o pé na barriga de Theodoro. — Vocês costumavam correr toda as tardes, depois da escola.

Nem Todos Os Príncipes Usam Coroa (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now