Melodia do Amor

By mariliaestevao

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Seis amigos, adolescentes, enfrentando as situações da vida pela primeira vez. Romance, festas, decepções, co... More

Apresentação
Prólogo
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Epílogo

Capítulo 05

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By mariliaestevao

Acordo com meu celular tocando e quando vejo que é uma ligação do Edu, decido ignorar, ainda não tenho cabeça para conversar com ele, a minha noite foi agitada, dormi pouco, mas o pouco que dormi foi um verdadeiro flashback de tudo que aconteceu. As imagens ficavam passando diante dos meus olhos em um loop sem fim e quando eu acordava, meus pensamentos não me deixavam em paz.

Pensei em tudo que minha mãe me disse, refleti sobre minhas próprias conclusões, mas a verdade é que ainda não consigo entender o que estou sentindo, é um misto de arrependimento e felicidade, ao mesmo tempo em que as lembranças dos beijos do Edu me deixam com um sorriso bobo no rosto, meu subconsciente me recrimina por agir assim, me questiona sobre o porquê de ter tomado uma atitude como essa se somos tão amigos.

— Bom dia, posso entrar? – meu pai abre a porta do quarto, mas não entra.

— Bom dia pai, pode sim. – sento na cama.

— Está melhor? – senta ao meu lado com olhar preocupado.

— Sim. – respondo sem entender o porquê da pergunta.

— Sua mãe disse que você estava com dor de cabeça e que eram problemas de mulher. – fala sem graça.

— É pai, homens têm lá suas vantagens. Mas já estou melhor. – sorrio com a cara que ele faz.

— É tão estranho pensar que você já cresceu.

— Já faz um tempo que eu cresci pai. Mas eu ainda aceito os mimos de quando era pequena. – deito a cabeça em seu colo.

— E não vai ter vergonha dos seus amigos caso eu faça isso em público?

— Não. – então ele beija meu rosto.

— Bom saber. Agora preciso ir trabalhar, sua mãe está preparando o seu café. – levanta e bagunça o meu cabelo.

— Bom trabalho pai, vou me arrumar e já vou até a cozinha. – ele fecha a porta e eu vou até o guarda roupa me arrumar para a aula.

Pego uma saia jeans de pregas que chega até acima do joelho e coloco uma saia de tule por baixo para dar volume, uma regata branca e uma jaqueta também jeans, combinando com a saia, coloco uma bota de cano curto e salto baixo de couro preta e me olho no espelho.

A imagem que reflete é algo que eu gosto, mas nunca usei assim, todas juntas e confesso que não é muito parecido com o que costumo usar na escola. Mas ao mesmo tempo, sinto uma necessidade estranha de ser diferente do que eu sempre fui e por isso, decido ir assim mesmo hoje.

Passo as mãos pelos cachos com um toque de creme para domar o volume e começo a fazer uma maquiagem simples quando o toque do meu celular tira a minha atenção do espelho, olho no visor e vejo a foto de Eduardo, meu estômago gela e um arrepio percorre a minha espinha, mas não é o mesmo que se sente com um mau presságio, na verdade é bom, mas trato de ignorar a chamada e também a sensação que tive.

“Não foi isso que decidi, então, foco Roberta!”

Termino de me arrumar e pego minha mochila indo para a cozinha encontrar minha mãe, que já colocou a mesa
e está sentada lendo o jornal online em seu tablet, já vestida para o trabalho.

— Bom dia mãe.

— Bom dia. - ela levanta os olhos do aparelho e me encara de cima a baixo.

— Gostou? - viro o corpo para ambos os lados mostrando a roupa.

— Sim, mas não é nada parecido com o que você usa. - sua expressão é de curiosidade.

— Eu sei, a intenção é mudar mesmo. - concluo sentando à sua frente.

— E porque a mudança? - ela coloca café em minha xícara.

— Não sei, só vesti e gostei de estar diferente. - dou de ombros.

— Entendi e, me diz uma coisa, essa mudança é por você ou por conta do que aconteceu?

— Não sei, acho que as duas coisas. - coloco um pão de queijo na boca.

— Filha, cuidado pra não se perder no meio dessas mudanças todas e, além disso, a roupa não vai fazer nada mudar.

— Eu sei mãe, é só uma roupa, relaxa. - quando termino a frase meu celular toca novamente e eu o ignoro.

— Não vai atender?

— Ainda não estou preparada pra essa conversa.

— E vai fugir dele o dia todo, mesmo estando na mesma sala? Acho difícil.

— Não, só quero ter o caminho até a escola livre desse assunto, porque sei que lá isso vai ser inevitável.

— Certo, faça como achar melhor, mas, ainda sobre isso, precisamos agendar uma consulta médica.

— Mãe?!

— Eu sei que vocês não fizeram nada, mas uma hora vai acontecer, e nada melhor que uma opinião médica sobre esse assunto, além disso, você vai poder tirar suas duvidas, se informar melhor e conversar com alguém além de mim.

— Mãe, eu sempre quero poder conversar sobre isso ou qualquer outra coisa com você e não com um estranho.

— Eu sei filha e fico feliz por você ter esse pensamento, mas não custa nada. – me olha séria.

— Tudo bem, pode agendar, eu vou, mas te quero lá comigo.

— Claro. - seu sorriso é amplo.

Terminamos o café em silêncio depois disso, mamãe focada em seu tablet e eu, tentando organizar a bagunça que ainda persiste em se formar em minha mente. A decisão que tomei a respeito do Eduardo é a única parte dessa bagunça que se mantém fixa e intacta na minha consciência, o restante fica passando e se embolando bem diante dos meus olhos.

— Vamos? - minha mãe chama a minha atenção enquanto olho o Facebook esperando por ela na sala.

— Vamos, só estou compartilhando esse vídeo. - falo andando atrás dela enquanto ainda olho para a tela do celular.

— Acho que as duas ligações evitadas não foram suficientes. - ela para com a mão na porta e eu quase bato nela.

— O que foi mãe? - pergunto quando ela abre caminho e meus olhos seguem o destino da rua.

Paraliso, analisando cada detalhe dele, ainda distraído, olhando para o celular, recostado em seu carro. O cabelo molhado e bem penteado, as roupas casuais, porém impecáveis que definem seu estilo despojado e único complementado por seus inseparáveis fones de ouvido.

Seus olhos saem da tela do aparelho vindo em minha direção e se encontram com os meus, fazendo a sensação de arrepio na espinha voltar, agora mais intenso, quase tirando a minha respiração.

— Acredito que não é um bom momento ir até lá cumprimentar. - mamãe fala fechando a porta e me tirando do transe.

— Não faça isso, por favor. - falo baixo e a olho de canto.

— Então, boa aula. - beija meu rosto e se despede.

Caminho em direção ao carro com os olhos fixos em Eduardo, que continua parado no mesmo lugar, me encarando de volta e a cada passo, sinto as pulsações do meu coração aumentarem, só não posso deixar que
isso atrapalhe tudo que tenho a dizer.

— Bom dia. - seus olhos me estudam.

— Bom dia. - respondo desviando o olhar.

— Está melhor?

— Estou bem. - o encaro sem entender o real motivo da pergunta.

— Seu pai comentou que você não se sentiu bem ontem. - ele responde a minha pergunta não feita.

— Você está aqui desde que meu pai saiu?

— Não queria correr o risco de você fugir de mim de novo.

— As chamadas não atendidas deram uma ideia não é. - ele concorda com humor.

— Gostei do visual. - me avalia de cima a baixo.

— Obrigado. - fico sem jeito.

— Mas não foi só a roupa que mudou. - seu semblante é de preocupação.

— Nada mudou, continuamos amigos, como sempre fomos.

— Você quer dizer que vai simplesmente passar uma borracha em tudo que aconteceu?

— Não, não é tão simples assim. Até porque eu me lembro de tudo que aconteceu a cada maldito momento que fecho meus olhos...

— Eu também não consigo parar de pensar... - ele me interrompe segurando a minha mão, mas o corto.

— Não Edu, aquilo tudo foi um erro e não vai mais se repetir. - tiro minha mão da dele.

— O que? - seus olhos me fitam com tristeza.

— Exatamente, sempre fomos e sempre seremos amigos e é assim que tem que ser, se você não quiser, então acho melhor a gente se afastar. - concluo e saio andando.

— Roberta espera! - ele vem atrás de mim depois de alguns passos. — Me deixa pelo menos te dar uma carona, afinal amigos fazem isso e eu quero continuar sendo seu amigo. - olho para sua mão que segura o meu braço e solto o ar pesadamente.

— Está bem, mas me prometa que não vamos mais tocar no assunto.

— Como você quiser. - ele solta meu braço e caminha para o carro, abrindo a porta do passageiro, esperando que eu entre.

— Obrigado. - passo por ele entrando no carro.

Durante o caminho até a escola, ele não diz nada e eu também não puxo assunto, a nossa conversa anterior em um redemoinho ainda está perturbando minha cabeça e me fazendo sentir sufocada. Eu estou convicta da decisão que tomei isso não é o problema, mas algo nos olhos dele quando eu disse é que está me deixando assim, culpada.

Enquanto ele estaciona o carro avisto nossos amigos reunidos debaixo da mesma árvore que sempre ficamos antes do início da aula. Fábio é o primeiro a nos ver e quando desço do carro, todos nos olham com a mesma expressão de diversão, exceto Babi, que tem uma carranca estranha direcionada a Eduardo.

Ele por sua vez parece não notar nada e como de costume vem até o meu lado e passa o braço por meu ombro nos encaminhando até onde nossos amigos estão. Caminho sem olhar para nada em especial, é como se meus olhos fossem entregar o meu segredo para quem olhar fixamente para eles.

— Bom dia pessoal. - Edu cumprimenta a todos como de costume.

— Visual novo? - Fábio me encara e posso ver preocupação em seus olhos.

— Eu gostei. - Fran diz vindo em minha direção me abraçar.

— Nada em especial, apenas vesti e gostei. - dou de ombros sem emoção.

— Eu prefiro o estilo original. - Babi passa o braço no meu e me puxa para longe de todos.

— O que foi? - a encaro sem entender o motivo do seu gesto.

— Quero perguntar algo que eles não podem ouvir. - seus olhos estão iluminados.

— Tudo bem, o que quer saber? - receio o rumo da conversa.

— O Edu te disse alguma coisa?

— Sobre? - fico tensa.

— Pelo visto não, aquela música que vocês tocaram ontem, ele fez pra mim. - seu sorriso é instantâneo.

— Sério?!

— É, eu não sei se deveria, mas como vocês são tão amigos e nós duas também, acredito que ele não vá se importar, mas nós estamos mais próximos, se é que você me entende. - ela sorri sem jeito e olha pra Edu.

— Vocês ficaram?! - minha pulsação acelera e tento controlar a respiração.

— Já, mas faz tempo e parece que ele quer repetir a dose. - sorri animada.

— Nossa. - engulo a bile que sobe a minha garganta.

— É, mas não conte pra ninguém, não quero que ele fique chateado comigo.

— Claro. - concordo olhando para Edu que conversa sorridente com Fábio e Fran.

O sinal toca indicando o início da aula e caminhamos para a sala de aula, todos conversando sobre algo que não consigo prestar atenção, pois minha mente continua na frase que Babi confidenciou. A aula é de literatura e cada um tem o seu livro para ler e comentar, então abro em qualquer página e finjo ler enquanto minha mente continua revivendo os últimos dias.

O intervalo chega e sou a última a sair da sala, encontrando Fábio do lado de fora com os braços cruzados me esperando, seus olhos me estudam por um instante e então ele respira triste, me abraçando em seguida.

— Vem comigo. - me puxa para o lado oposto de onde todos vão e eu apenas sigo sem questionar.

Caminhamos pelo corredor da biblioteca e entramos com a desculpa de pegar um livro para a próxima aula.
Sentamos em uma mesa mais ao fundo e ele me olha com pesar.

— Porque me trouxe aqui?

— Porque você precisa.

— Do que está falando?

— Você não prestou atenção em nenhuma aula, nem mesmo a de literatura que sempre gostou. Está estranha desde que chegou e pela sua expressão essa cabecinha aqui está em um turbilhão, acertei? - toca minha testa e sorri de leve.

— Quem é você e o que fez com o Fábio? - brinco e ele ri me fazendo rir junto.

— Não precisa dizer nada, só queria dizer que estou aqui se precisar de um amigo. - pega minha mão.

— Obrigado e realmente, não quero falar sobre isso.

— Tudo bem. Com fome? - levanta.

— Não muito. - dou de ombros.

— Então não sai daqui, já volto. - sai me deixando sozinha.

Fábio foi até a cantina e pegou refrigerante e dois lanches naturais, voltando em seguida. Ficamos todo o intervalo na biblioteca e conversamos sobre música, ele me contou sobre alguns esportes que gosta e tentou me explicar a matéria de química que perdi por estar com a cabeça em outro mundo na aula de hoje.

Entramos na sala rindo e todos os olhos se viraram para nós, incluindo o professor de inglês que nos olhou sério, mas depois brincou que não sabe ser o cara chato que dá esporro nos alunos. Ele é o professor preferido da grande maioria das turmas e já decidimos que será nosso padrinho de formatura quando concluirmos o colegial.

Ao final do dia ligo para minha mãe e combino de esperá-la na biblioteca, por conta de um livro que quero procurar para ler, mas o real motivo é evitar Edu e também a Babi, depois do que ela me disse, meu cérebro está sugerindo coisas que realmente não quero acreditar que seja verdade.

"Ele não faria isso, faria?"

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