Kospi {yoonmin}

By zettaiwa

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Min Yoongi é um acionista milionário que possui um segredo o qual muitos querem descobrir qual é. Sua secretá... More

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By zettaiwa

Oieeee, vim postar hoje e avisar que não tem sábado porque vou ao show. :D 

Boa leitura!


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O telefone de Yoongi não parava de tocar, tanto o que ficava em cima de sua mesa quanto o seu pessoal, então a única solução viável que ele encontrou para se livrar daquele estresse foi arremessar ambos contra a parede.

Ele estalou a língua ao perceber que havia perdido o controle sem motivo algum, e que ainda teria que lidar com as encaradas preocupadas que Jungkook não conseguia disfarçar, não importava o quanto ele tentasse. Os pedaços dos aparelhos estavam espalhados pelo chão e o arrependimento surgiu na mesma hora, a vontade de se jogar em seu sofá aumentando aos poucos, andando de mãos dadas com sua vontade de dormir até que todos os seus problemas desaparecessem, ou pelo menos até que alguém limpasse aquela bagunça e o ajudasse a se esquecer daquela cena vergonhosa que ele havia acabado de fazer.

Era comum que tivesse dezenas de jornalistas querendo uma entrevista com ele, nem que fosse por um minuto para tentar arrancar algo sobre sua vida pessoal, mas depois da entrevista de Park Jimin, as ligações haviam triplicado e ele não aguentava mais pedir para que Jieun recusasse as ofertas. Ele não conseguia nem pensar naquele homem sem sentir seu sangue começar a borbulhar, não sabia como iria se controlar se um dos entrevistadores enxeridos insistisse em saber o que ele pensava do garoto. Yoongi não pensava nada. Tinha suas suspeitas sobre ele possuir um segredo assim como ele, mas nada além disso. Nada.

Taehyung apareceu em seu escritório naquele dia usando um terno largo demais para sua figura esguia, com óculos de lente amarelada e armação grossa deixando sua feição muito mais pesada do que o normal. Ele entrou sem pedir permissão para Jieun, ou sem avisar para Jungkook que estava entrando – às vezes parecia que ele era dono daquele lugar, e não Yoongi. Taehyung tinha um sorriso em seu rosto, mas ao ver o amigo sentado em sua cadeira olhando para cima e girando devagar, sua expressão virou uma de confusão e ele encarou o local onde Yoongi encarava. Nada de interessante acontecia no teto. Ele olhou para o lado, tentado de alguma forma conversar apenas com o olhar com Jungkook, mas o guarda-costas deu de ombros e decidiu que seus pés eram mais interessantes do que qualquer outra coisa no mundo.

Então ele se virou para trás, ao ponto de suas costas estalarem, e viu parte do porquê de Yoongi estar daquele jeito. Não que um telefone de fio e um celular de última geração estraçalhados no chão explicassem muita coisa, mas já podia explicar o clima pesado que ele tinha sentido no ambiente.

"Vejo que você se cansou do seu celular." Taehyung tentou dizer com um sorriso quadrado no rosto. Yoongi parou de girar, mas aquela afirmação não havia sido o suficiente para fazer com que ele olhasse em sua direção. "Deixa eu adivinhar, você tropeçou sem querer e por algum motivo o celular voou da sua mão e caiu na parede?"

"Eu o arremessei contra a parede." Yoongi olhou na direção de Taehyung com a expressão impossível de se ler. O homem mais novo fez uma careta. "Junto com o telefone fixo. Porque eu não parava de receber ligações."

"Dias de estresse são perfeitamente normais!"

"Taehyung, a cena foi ridícula." Yoongi suspirou e se levantou de sua cadeira, colocou as mãos no bolso e andou até onde o homem estava. A careta que se formou em seu rosto quando ele pisou em um pedaço de plástico do telefone foi impagável, mas Taehyung não ia rir em um momento como aquele. "Eu não sei o que me deu. Foi... lamentável, sério."

"Fala sério, você já fez pior." Taehyung colocou uma mão no ombro de Yoongi e apertou o local, arrancando uma risada nasalada do homem mais velho. "Eu ainda me lembro de quando você tinha dez anos e furou minha bola de futebol só porque achava minha cara engraçada quando eu chorava."

"Isso foi mais de vinte anos atrás e eu era uma criança, eu tinha uma desculpa para agir como um babaca." Yoongi balançou a cabeça e se desvencilhou do toque de Taehyung, andando até onde a maior parte dos restos dos telefones estava. Ele se agachou, pegou os pedaços maiores e caminhou de volta para sua mesa, jogando os objetos em sua lixeira que era pequena demais para acomodá-los. Taehyung assistiu a cada movimento com uma expressão de pena no rosto. "Eu acho que– Como anda seu livro?"

"Por que você acha que eu vim aqui?" Taehyung arqueou uma sobrancelha e fez Yoongi rir um pouco mais alto do que antes. O homem mais velho apontou em direção ao sofá com a cabeça, e Taehyung começou seu caminho até lá com pulos em seus passos. "Eu parei em uma cena em que a Yuri acha um ovo."

"Um ovo?" Yoongi questionou já se colocando em sua posição de sempre, vendo Taehyung tirar seus sapatos da Gucci para se acomodar em seu abraço.

"Não subestime o ovo, hyung." Taehyung levantou um dedo, e sentiu com suas costas como Yoongi havia rido baixo dele. "Ele é muito importante para a história."

Kim Taehyung era... único. Ele não era esquisito, estranho, ou qualquer outro adjetivo que poderia ter conotação ruim. Yoongi nunca havia conhecido alguém como ele, e levando a vida que levava, ele já havia conhecido muitas pessoas. Ele às vezes se perguntava como aquele garoto – homem, ele precisava se lembrar – era o irmão de seu melhor amigo, porque eles até poderiam ser parecidos na hora de mostrar que eram engraçados, mas de resto eles não tinham nada a ver. Taehyung tinha um jeito único de falar, um jeito incrivelmente seu de se expressar, e tudo nele parecia acalmar cada fibra no corpo de Yoongi. Parecia que ele sentia quando o homem mais velho precisava de uma distração daquele mundo que tanto o estressava.

E ele sabia. Taehyung sabia que de certa forma era essencial na vida de Yoongi para que ele não começasse a escalar as paredes de seu escritório de tão estressante que seu dia-a-dia podia ser, mas sabia que a relação deles não se tratava apenas daquilo. Era algo de anos que foi se fortalecendo com o passar do tempo, e mesmo que seus interesses e estilos de vida fossem distintos, eles ainda se completavam de uma maneira aconchegante. Taehyung gostava de receber carinho, Yoongi gostava de dar carinho. Taehyung gostava de falar para organizar melhor seus pensamentos, Yoongi gostava de ouvir. Taehyung conseguia fazer um assunto sobre pratos de plástico render por horas, e Yoongi precisava desesperadamente de uma distração.

Aqueles momentos raramente aconteciam no escritório de Yoongi porque ele gostava de manter o ambiente o mais profissional possível. Claro que, com amigos como os irmãos Kim, aquela tentativa morria antes que pudesse ser posta em prática, e ele até hoje se sentia incomodado apenas de saber que Taehyung havia deixado um travesseiro temático da Hello Kitty escondido em algum lugar de sua sala caso ele quisesse tirar uma soneca no sofá. Jungkook estava tão acostumado com a presença de ambos que nem arregalava mais os olhos de forma cômica quando eles faziam ou falavam algo absurdo, mas que para Yoongi não passava de algo normal com que ele conviveu durante sua vida inteira.

Foi quase uma hora depois que Taehyung pulou do sofá e calçou seus sapatos às pressas, mas dessa vez sem acertar as costelas de seu amigo. Ele até parou a caminho da porta e levou às mãos ao cabelo por ter tido uma ideia aparentemente genial, e Jungkook não teve nem tempo de sair da frente dele para dar espaço para Taehyung passar direito, ambos esbarrando seus ombros ao ponto de fazer o guarda-costas ficar com uma careta de desconforto no rosto. Yoongi, ainda sentado em seu sofá, soltou uma risada baixa e ficou olhando para suas mãos por uns instantes antes de se levantar e voltar para sua cadeira, estalando seus dedos ao ver a hora.

Aquele silêncio agoniante, os cliques que pareciam mais terremotos na ambientação, a expressão entediada de Yoongi que escondia a empolgação de estar fazendo mais milhões com um simples arrastar de seu mouse. Ele não precisou se preocupar em pedir para Jieun segurar suas ligações porque, bem, agora ele não tinha mais telefone para recebê-las, mas aquilo até o trouxe um certo alívio. Foram quinze minutos de respirações que quase não aconteciam de ambos os homens que estavam na sala, e o suspiro cansado que Yoongi soltou assim que deu cinco e quinze da tarde serviu para que Jungkook sentisse seus músculos relaxarem também.

Yoongi se levantou de sua cadeira e saiu de sua sala, falando cara-a-cara com Jieun pela primeira vez em semanas que ela poderia ir embora. Ou seriam meses? A moça sorriu e o agradeceu, desejando-o uma boa noite e dizendo em voz baixa que eles se veriam no dia seguinte. Além de eficiente, Jieun era simpática, e trazia da maneira dela um certo conforto para a vida de Yoongi. Sem contar que era bom ver um sorriso às vezes depois de passar tantas horas encarando a expressão dura que Jungkook insistia em manter em seu rosto mesmo quando não havia necessidade. Ele fechou a porta, espreguiçou-se e encarou a janela por alguns segundos antes de voltar a atenção para o guarda-costas.

"Você também, Jungkook." Yoongi deu dois tapinhas que ele esperava que fossem amigáveis no ombro do homem, tentando abrir um sorriso tão simpático quanto o de Jieun. "Vá para casa. Eu vou embora daqui a pouco, preciso comprar um celular novo, afinal de contas."

Da janela de seu escritório não era possível ver o pôr do sol, mas não porque ele se punha do lado oposto, e sim porque alguns dos outros prédios eram altos demais e atrapalhavam a visão. Às vezes, quando tinha sorte, Yoongi conseguia admirar os tons rosados e alaranjados do céu ao final do dia, o uísque pesando em sua língua e se misturando ao sabor forte dos charutos que ele fumava quando tinha vontade. Aqueles eram os únicos momentos de paz plena que ele conseguia encaixar em sua agenda lotada, e seria capaz de chorar feito uma criança se tirassem aquilo dele. A única coisa que ele exigia de todos era que tivesse alguns minutos para descansar sua mente, e muitos o achavam estranho por aquilo, mas Seokjin entendia que era necessário.

Quando acabou sua segunda dose, o charuto estava pela metade e o céu estava escuro, Yoongi se virou em sua cadeira e ligou seu computador de novo, perdendo exatos dez minutos procurando o site mais confiável que ele conseguiu achar para comprar um celular novo sem precisar ir a um shopping cheio de gente que poderia reconhecê-lo. Não que ele evitasse locais público num todo por ter um rosto relativamente conhecido, mas tinha dias que ele não estava disposto a lidar com sua pequena falta de privacidade. Tudo que ele queria era paz, ainda mais depois do dia que teve.

Seu apartamento estava silencioso como sempre quando ele colocou os pés no piso frio de mármore. As luzes estavam apagadas e tudo que iluminava sua sala eram os outros prédios com cômodos acesos à distância, e o pouco da lua que aparecia por trás das nuvens carregadas que cobriam o céu de Seul. Era solitário, mas aquele ambiente era reconfortante. Yoongi soltou um suspiro e afrouxou sua gravata, tirou seus sapatos e caminhou até seu sofá, jogando-se na superfície e encarando o teto por alguns segundos. Sua cabeça doía um pouco e ele já estava pensando em como o dia seguinte seria irritante, já que teria seus telefones de volta e os mesmos jornalistas insistentes voltariam a ligá-lo sem parar.

Às vezes nem mesmo as distrações de Taehyung o ajudavam quando sua cabeça estava a mil. Era raro, mas acontecia, e Yoongi queria entender exatamente o porquê de estar daquele jeito. Não achava que era por culpa dos jornalistas porque lidar com aquele tipo de gente já fazia parte de sua rotina, e apesar de ter literalmente destruído dois dos seus únicos meios de se comunicar com eles, já haviam o irritado muito mais antes com perguntas estúpidas e invasivas. Ele se lembrava bem do dia que recebeu uma moça em sua casa e foi obrigado a ouvir a pergunta de qual era seu sabor de camisinha favorito, seguido de uma piscadela e uma língua indiscreta que passeou pelos lábios cheios dela. Yoongi inventou que era virgem e se despediu da jornalista na mesma hora. A entrevista que ficou pela metade serviu apenas para surgir um boato de ele era religioso e estava esperando a pessoa ideal para se casar e 'torná-lo impuro'.

Seu subconsciente tentava sussurrar o exato motivo para ele estar com a cabeça a mil, mas Yoongi fingia que não ouvia, que de repente não conhecia seus próprios sentimentos e não sabia apontar exatamente qual era o problema dele. Grunhiu e ouviu o som ecoar pela sala, que apesar de não ser vazia, era tão grande que os móveis não ocupavam espaço suficiente. Seus olhos se fecharam na mesma hora para tentar afastar pensamentos perigosos, mas parecia que, com a escuridão sendo sua única visão, aquilo ficava ainda pior. Ele via um sorriso, via mãos repousadas com elegância sobre joelhos, via uma postura invejável que nunca teve em todos os seus trinta e três anos de vida. Via uma pele que poderia pertencer a um daqueles cantores populares que a Coreia beijava o chão por onde passavam, e principalmente ouvia uma voz suave que poderia até colocá-lo para dormir se estivesse sendo sussurrada em seu ouvido.

Um sussurro, um sorriso sacana, uma mão delicada subindo e descendo por todo seu corpo. Não, não. Yoongi não gostava de onde seus pensamentos estavam indo. Quando tinha sido a última vez que havia se tocado? Ele não sabia e não queria pensar naquilo, não agora, não quando olhos atentos e de aparência inocente se tornavam turvos e cheios de desejo em sua imaginação. Sua respiração começou a sair mais pesada de seus pulmões e ele se sentiu na obrigação de passar a língua pelos lábios, mexendo suas pernas para tentar afastá-las ao máximo. Uma de suas mãos ficou repousada em sua barriga, o outro braço jogado sobre seus olhos para ele conseguir se concentrar e ignorar o calor que subia aos poucos, estacionando em uma área muito, muito perigosa.

Yoongi não ouviu a voz daquele homem por tanto tempo para conseguir imaginar com tanta perfeição o que ele diria quando estivesse tentando provocá-lo. Yoongi não viu aquele rosto por mais do que cinco minutos, então como conseguia imaginá-lo com a expressão repleta de desejo, os lábios entreabertos e avermelhados o pedindo por mais, seja lá o que mais fosse? Ele soltou um palavrão e uniu suas pernas novamente, um suspiro pesado saindo de sua boca quando o pequeno estímulo fez com que seus membros tremessem. Yoongi grunhiu e tirou o braço de seus olhos, apressando-se para levar suas duas mãos até seu cinto, desafivelando-o com lentidão por conta de seus dedos trêmulos.

O ar frio de seu apartamento fez com que seus pelos se arrepiassem assim que suas coxas ficaram expostas, e Yoongi soltou outro suspiro, dessa vez mais lento que o outro, quase puxando para um gemido. As pontas de seus dedos viajaram até o elástico de sua cueca e adentraram o tecido, entrando em contato direto com seu pênis que já estava ficando rígido. Fechou os olhos, envolveu a mão na extensão e começou os movimentos de cima para baixo, sentindo como ele ganhava vida e ficava mais excitado aos poucos. Yoongi tentou pensar em qualquer outra coisa que não fosse naquele rosto que parecia ter sido esculpido por anjos, mas sua mente insistia em fazê-lo aparecer, e o pior de tudo era que as reações de seu corpo mostravam que ele estava gostando.

'Não seja tímido, hyung', ele ouvia em sua imaginação, uma risada sacana acompanhando o tom divertido de sua fala, e Yoongi soltou um gemido mais longo ao sentir uma onda de prazer percorrer seu corpo. A expressão no rosto imaginário era linda, os olhos fechados com delicadeza e os lábios entreabertos e tão convidativos que Yoongi parou por alguns momentos para se perguntar porque seu eu alternativo não se abaixou para beijá-los. Os gemidos, que mais soavam como música em sua cabeça, ficavam mais curtos e mais altos à medida que ele sentia mais prazer, e Yoongi o imitava na vida real, sua mão perfeitamente parada enquanto ele empurrava seu quadril para cima, buscando o alívio o mais rápido possível de tão excitado que já estava.

Ele não duraria muito mais do que aquilo. Sua imaginação estava fazendo um belo trabalho em deixá-lo excitado, e talvez o tempo que passou sem se tocar também estivesse se fazendo presente para acelerar aquele processo. Os mesmos lábios que antes estavam entreabertos e avermelhados agora estavam envoltos na extensão de Yoongi, um gemido satisfeito saindo do fundo da garganta do homem, e logo depois uma risadinha convencida ecoando quando ele parou para dar beijos suaves na glande brilhando por conta de sua saliva. As imagens passavam em sua cabeça como flashes. Um sorriso sacana, gemidos longos, toques ousados, variando até para outras coisas que nem o próprio Yoongi se lembrava que gostava durante o sexo.

'Hyung, por favor', a voz dizia lenta, manhosa, e Yoongi sentiu seu ápice chegando. Precisou movimentar seus quadris apenas mais três vezes para atingir seu orgasmo, um longo gemido saindo do fundo de sua garganta enquanto ele tentava prolongar a sensação com dedos trêmulos. Quando tudo passou e a imagem desapareceu de sua mente, ele sentiu como seu peito estava pesado e como suas roupas estavam começando a grudar em seu corpo, assim como alguns fios de cabelo grudavam em sua testa. Yoongi abriu os olhos com dificuldade e encarou a bagunça que havia feito, estalando a língua ao ver que tinha sujado sua camisa e seu terno, além de ter feito uma bagunça em suas coxas.

Yoongi respirou fundo e olhou para o teto, tentando controlar sua respiração enquanto aceitava o que tinha acabado de fazer. Por Deus, vinte minutos atrás ele estava convencido de que odiava Park Jimin, o que tinha acontecido desde então para que mudasse de ideia assim tão rápido? Ele soltou um grunhido alto e levou sua mão limpa ao rosto, esfregando os olhos por alguns segundos até que começasse a ver o universo atrás de suas pálpebras. Talvez fosse o cansaço, ou o estresse acumulado do dia o fazendo pensar em coisas que não devia. Talvez fosse só sua mente estúpida masculina que não conseguia funcionar de maneira correta toda vez que ele ficava excitado. Talvez fosse só ele aceitando o fato de que tinha achado Park Jimin bonito, apesar de ainda achá-lo muito suspeito, e principalmente muito irritante.

"Puta merda," Yoongi murmurou na sala vazia, soltando o ar lentamente. "Puta que me pariu."

Foi só alguns minutos depois que ele se levantou e foi até o banheiro para tomar um banho e ter seu tão merecido descanso, apesar de ainda ser cedo e de seu estômago estar roncando, pedindo para que ele no mínimo comprasse algo para comer antes de se deitar. Yoongi ignorou seu organismo e apenas se jogou em sua cama sem cerimônias, soltando um suspiro cansado, sentindo todo a exaustão do dia pesando em suas pálpebras e fazendo-as se fechar para que ele pegasse no sono em questão de segundos.

Yoongi nem sentia os dias passando. Infelizmente o serviço de correio da Coreia era extremamente rápido, e no dia seguinte ao seu showzinho ele já tinha um celular novo, assim como um telefone fixo que tinha o toque alto demais e sempre o assustava quando ele recebia uma ligação. Jieun ainda fazia seu melhor para evitar jornalistas insistentes que por algum motivo ainda não tinham desistido de conseguir uma entrevista com ele, e Jungkook até precisou usar força física para tirar um que se disfarçou para entrar no prédio e praticamente pulou no pescoço de Yoongi quando teve a primeira oportunidade.

Foi só depois de um tempo que seu telefone se acalmou. Yoongi até deu uma risada quando ouviu Jieun murmurando alguns palavrões, agradecendo aos céus por finalmente terem parado de 'encher a porra do meu saco'. A secretária arregalou os olhos quando percebeu que seu chefe tinha a ouvido, mas ele apenas balançou uma mão e disse que concordava com ela. Tudo que ele mais queria era que as ligações voltassem à sua quantidade normal por dia, e quando finalmente teve o que queria, sentiu como se não precisasse desesperadamente de uma distração para não sentir sua cabeça explodindo a cada segundo que se passasse.

"Você está roubando."

"Não estou."

"Está sim." Seokjin franziu o cenho e olhou para tabuleiro de xadrez, todas as peças de Yoongi em uma posição favorável para ele. Com um dedo acusatório, apontou para os pequenos objetos e fez um bico. "Olha isso. Desde quando você é bom assim no xadrez? Eu sempre ganho!"

"Tem primeira vez para tudo." Yoongi deu de ombros e moveu uma peça dando o jogo como encerrado com um sorriso satisfeito no rosto. "Ganhei."

"Você roubou."

"Talvez um pouquinho."

"Yoongi!"

"Isso não interessa, hyung." Yoongi se levantou do sofá, o movimento de seu peso saindo fazendo com que algumas das peças restantes caíssem sobre o tabuleiro e rolassem para fora, batendo no chão e fazendo um barulho irritante. "Você não saiu de casa no seu dia de folga só para vir jogar xadrez comigo. O que houve?"

"Taehyung me contou que você arremessou seu telefone contra a parede alguns dias atrás, convenientemente depois de eu mandar você assistir à entrevista daquele garoto." Seokjin começou a catar as peças de xadrez para guardá-las, e somente seu tom de voz intimidador fez um calafrio percorrer pelo corpo de Yoongi apesar da postura do homem mais velho estar totalmente relaxada. "Depois o Jungkook me disse que você fica encarando a janela por horas quando vem para o escritório."

Com aquilo, Yoongi virou a cabeça de cenho franzido na direção de seu guarda-costas, que apenas arregalou os olhos e encarou a cadeira vazia de seu chefe, sua língua que antes passava por seus dentes tinha parado na bochecha e a deixava estufada de uma forma quase cômica.

"Até o Jungkook está preocupado com você, Yoongi." Seokjin suspirou e olhou para o guarda-costas, dando uma risadinha baixa ao ver a expressão no rosto dele. "Então, acho que sou eu que deveria estar te perguntando o que houve, não acha?"

A parte irritante de ter um amigo como Seokjin era que ele sabia de tudo. Tudo. Anos e anos de convivência, de noites mal dormidas por terem passado a madrugada inteira conversando, de desabafos que ninguém além deles entenderia, de segredos que nunca saíram dos quartos deles na época da infância e adolescência resultaram naquilo. Se Yoongi piscasse da maneira errada, Seokjin saberia, e estaria lá para pegar em seu ombro e perguntar se tinha algo acontecendo em sua vida com o olhar preocupado e a disposição para ajudá-lo que não parecia acabar nunca. A parte boa era que Yoongi sabia que aquela relação deles era especial e poucos davam a sorte de ter uma pessoa assim em suas vidas. E o melhor de tudo? Era mútuo. Antes mesmo de um fechar os olhos e cair para trás em um teste de confiança, o outro já estaria com os braços esticados para pegá-lo.

"Olha, aconteceu alguma coisa, sim." Yoongi assentiu e olhou para os lados, aquela sensação de que pessoas ao seu redor estavam apontando para ele e rindo de sua cara voltando, mas não o incomodando tanto. "Mas eu não quero falar disso. Pelo menos não agora, não hoje? Eu quero tentar pensar antes, sei lá."

"Tudo bem." Seokjin assentiu também e se levantou, caminhando até Yoongi e colocando uma mão em seu ombro, tentando reconfortá-lo da maneira que podia. "Quando quiser falar, eu vou ouvir. E se não quiser falar também, não tem problema. Só quero que você lembre que tem com quem contar caso precise."

"Eu jamais esqueceria." Yoongi sorriu, bateu de leve na mão de Seokjin que estava em seu ombro, e em um piscar de olhos o momento se encerrou.

Yoongi não ficou para trás depois de dispensar Jieun e Jungkook quando deu cinco e quinze. Ele bem queria se sentar em sua cadeira, assistir ao pôr do sol atrás dos prédios altos enquanto bebia uísque e fumava um charuto que um conhecido seu havia o dado de presente recentemente, mas sabia que não podia viver daquilo para sempre, então juntou suas coisas, desceu até o andar da garagem cantando uma música que um dia tocaria muito nas rádios, e andou até seu carro com passos rápidos. Yoongi sentia uma animação fora do normal para ele, e achava difícil até conter o sorriso que por algum motivo queria se instalar em seu rosto. Não sabia exatamente o que estava acontecendo, mas não contestaria felicidade sem motivo.

Uma coisa que ele detestava fazer era ir ao mercado. Tanto que sua geladeira sempre vivia vazia, seu estômago era lotado de comidas que ele comprava pronta por telefone, e ele não tinha muita paciência para cozinhar. Às vezes ele pedia para que a moça que ia limpar seu apartamento durante a semana fosse ao mercado por ele e comprasse o mínimo para a sobrevivência de um adulto, e com um olhar preocupado, ela fazia o que ele a pedia e por alguns dias as prateleiras que antes estavam vazias ficavam cheias. Até que ele usasse tudo – ou que Seokjin aparecesse e fizesse uma comida decente para ele mesmo – e precisasse fazer o mesmo pedido de novo.

Mas seu bom humor o levou ao mercado naquele dia. Algumas pessoas o encaravam com um pouco de reconhecimento em seus olhares, mas Yoongi se concentrava em tentar se lembrar como deveria levar suas bananas para casa de maneira que durassem. Ele se lembrava das vezes que sua mãe havia o ensinado a escolher os legumes certos, mas não se lembrava do que ela tinha dito exatamente, então resolveu ir pelo caminho mais seguro e comprou alimentos que ele sabia escolher. A mesma música que cantava antes continuava em sua cabeça, e ele se sentia bem de uma maneira geral. Contente com a vida sem motivo aparente depois de dias e dias de um estresse que não parecia ter fim.

Música clássica o ajudava a relaxar quando acompanhado de uma dose de um uísque caro, mas músicas agitadas ajudavam a levantar seu humor e o faziam dançar pela cozinha enquanto ele fingia que sabia o que estava misturando dentro de sua frigideira. Tudo bem que estava com fome e um prato de comida bem servido era muito melhor do que uma possível tentativa falha de fazer seu próprio jantar, mas mesmo se seu macarrão ficasse cozido demais, ou se sua carne saísse um pouco queimada, ele continuaria de bom humor. Yoongi não queria deixar nada o abalar naquela noite, sua mente o dando um descanso também.

O maior problema que Yoongi enfrentava quando ficava animado demais ou irritado demais era que ele não conseguia tomar nenhuma decisão boa quando estava em um dos extremos. Prova disso foi o 'arremesso de telefone à distância' que aconteceu em seu escritório alguns dias antes, quando sua irritação estava em níveis alarmantes e ele tentava fingir que não sabia o porquê. Taehyung costumava o dizer que não podia ser uma decisão ruim se ele estava feliz enquanto a tomava, mas Yoongi discordava, e seria capaz de fazer uma lista de coisas que fez enquanto estava animado demais, mas que se arrependeu profundamente logo depois.

Quando se sentou à mesa, acendendo algumas velas e colocando uma quantidade generosa de vinho em sua taça para acompanhar sua tentativa quase falha de fazer espaguete, seu celular reservado apenas para o trabalho tocou, tirando-o de um transe que ele nem se deu conta de que havia entrado. Yoongi piscou os olhos algumas vezes e se levantou, caminhando até o balcão onde havia deixado suas coisas quando chegou em casa e vendo o número desconhecido na tela com curiosidade em sua expressão. Deslizou o dedo para o lado, levou o aparelho à orelha e então tomou uma decisão que com certeza se arrependeria mais cedo ou mais tarde.

A moça havia se apresentado como jornalista de uma revista muito, muito menor do que todas as outras que Yoongi costumava ter seu rosto estampado em uma capa. Forbes, The Economist, não era nada disso, era uma marca tão desconhecida que nem mesmo ele havia ouvido falar sobre antes. Ela parecia nervosa por ter falado diretamente com o Min Yoongi, e o homem até precisou segurar uma risada que quis sair por perceber aquilo. A conversa foi rápida, mas foi o suficiente para fazer o Yoongi do futuro querer xingar o do presente antes mesmo que ele pudesse chegar no dia seguinte.

Yoongi tinha uma entrevista marcada com a moça que gaguejava ao telefone, a primeira desde que Park Jimin tinha infernizado sua vida sem nem ao menos saber o que tinha feito. Enquanto comia seu macarrão em silêncio, Yoongi percebeu o peso da decisão que havia tomado, mas apenas suspirou e aceitou que não seria educado ligar na mesma hora para cancelar aquele compromisso. Talvez pedisse a Jieun para fazer aquilo? Mas ele havia marcado para o dia seguinte, seria indelicado desmarcar de última hora...

Ele passou uma mão pelo rosto e prendeu sua respiração, aceitando o fato de que teria que lidar com aquela entrevista. Talvez não fosse tão ruim. A jornalista estava tão nervosa ao telefone que parecia até uma novata, e a revista não era nenhuma das mundialmente conhecidas, e tudo correria bem. Tudo. Yoongi tentava se convencer daquilo enquanto sentia a felicidade de antes indo embora aos poucos, descontando a raiva que crescia nas garfadas que pegava do macarrão em seu prato.

Jieun entrou em sua sala acompanhada da garota no dia seguinte com uma expressão bem clara de confusão em seu rosto, e Yoongi teria a imitado se não tivesse se lembrado na hora do que tinha feito na noite anterior enquanto jantava. Com reconhecimento em seu olhar, ele se levantou de sua cadeira e andou até onde as duas se encontravam, a carranca treinada de Jungkook já em seu rosto e os olhos da jornalista arregalados por estar dentro do escritório de Min Yoongi. Ela era bem mais nova do que ele imaginou que seria, e estava bem mais deslumbrada do que qualquer outra pessoa já tinha ficado ao ver o local onde a mágica acontecia. Yoongi soltou uma risadinha e estendeu sua mão, abrindo o sorriso mais simpático que conseguia para deixar a menina o mais confortável possível.

Ela se curvou para frente uma porção de vezes e precisou ajeitar o cabelo quando parou, segurando o gravador em uma de suas mãos com força enquanto a outra segurava um pequeno caderno e uma caneta de aparência cara demais para um objeto tão simples. Yoongi apontou para a cadeira onde seus visitantes geralmente se sentavam e a menina abriu um sorriso largo, agradecendo pelo convite para se... sentar. Ele estava começando a ficar um pouco preocupado com a jornalista que claramente ainda não tinha atingido um nível adequado de profissionalismo, mas achava aquilo melhor do que os enxeridos mal-educados que sempre faziam perguntas demais e acabam com sua paciência em questão de segundos.

As perguntas não eram muito inovadoras, e ele até já tinha algumas respostas ensaiadas na ponta da língua para aquele tipo de situação. Como ele conseguiu construir sua fortuna, quando ele decidiu investir na bolsa, se ele tinha algum conselho para quem estava começando no mundo do mercado financeiro, blá blá blá. Yoongi não queria julgar a menina porque ela era claramente nova naquilo, e ele conseguia ver o brilho do suor nas palmas de suas mãos quando ela aproximava o gravador de seu rosto, também evitou rir quando ela gaguejava ou quando se enrolava para formular uma frase; sabia como era estar tenso diante de alguém importante, não riria dela por passar pela mesma coisa que ele já havia passado tantas vezes antes em sua vida.

"Senhor Min, a entrevista está perto de chegar ao fim, mas eu não podia deixar de fazer essa pergunta." A jornalista passou uma página em seu caderno e encarou as palavras que ela mesma havia anotado com certo receio em seu olhar, fazendo Yoongi arquear uma sobrancelha, curioso. "Recentemente, um nome no mundo do mercado financeiro vem crescendo de forma assustadora, lembrando muitos de como o senhor ingressou nessa máquina de dinheiro."

Ah, não, Yoongi pensou. Ah, não. Como eu não pensei que isso aconteceria?

"Ele mencionou seu nome em sua última entrevista para uma emissora de televisão associada à revista, e disse que adoraria conhecê-lo." A menina esticou um pouco seu braço para frente, mas manteve o gravador a uma distância que sua voz ainda poderia ser ouvida. Yoongi respirou fundo e se ajeitou em sua cadeira, preparando-se para o que sabia que estava prestes a ouvir. "O que o senhor tem a dizer sobre Park Jimin?"

O que Yoongi tinha a dizer sobre Park Jimin? Eram tantas coisas que ele nem sabia por onde começar. Por algum motivo, seu sangue borbulhava apenas com a menção do nome dele, e seus dedos formigavam com vontade de descontar a raiva em algo. Desde que tinha ouvido falar sobre ele pela primeira vez, sentiu o cheiro de algo estranho em volta de tudo que o dizia respeito, e desde então não tinha conseguido descansar sua mente por completo pensando em quem era aquele homem. Homem? Park Jimin era um garoto. Pessoas de vinte e três anos não podem ganhar dinheiro tão fácil e rápido no mercado financeiro sem um truque, ou um segredo parecido com o de Yoongi. Aquilo o perturbava imensamente, principalmente porque não tinha ideia do que aquele garoto usava para se dar bem.

"Park Jimin?" Yoongi começou e, com as pontas dos dedos, pegou um pedaço de papel que estava em cima de sua mesa e ele só tinha reparado agora. Inspirou profundamente e soltou o ar aos poucos, encarando um ponto qualquer em sua sala que não deixasse que a jornalista ficasse em seu campo de visão. Ele soltou uma risada sarcástica ao se lembrar da entrevista que tinha visto em sua televisão alguns dias antes, ajeitou-se em sua cadeira e, com um sorriso que ele esperava muito que aparentasse debochado, completou sua frase. "Eu adoraria conhecê-lo."

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