FELLIPO BARONE
Eu definitivamente havia arriscado bem mais que o meu pescoço invadindo o território inimigo. Mas eu precisava vê-la. Essa é a droga de amar, você nunca raciocina direito e foi exatamente por isso que a invasão foi descoberta.
Lucca era um filho de uma cadela, mas não era burro.
O que talvez eles não esperassem é que estávamos muito mais atentos em seus passos e vi o momento exato em que levaram Lora para outro lugar.
Estava com celular em mãos, apenas esperando uma única ligação. Alguns dos nossos melhores soldados vieram junto e todo plano seguia como planejado.
Heitor ainda seria destituído totalmente da Nostra Onore, Lorenzo estava cuidado de tudo pessoalmente e sua irmã não se casaria com um líder russo. Nem nos sonhos mais loucos eu deixaria que isso acontecesse.
Lora era minha e nenhum outro colocaria a mão nela.
O som do celular me despertou de meus pensamentos e logo atendi a ligação.
— Conseguiram os seguir?
— Sim, chefe. Eles a levaram a uma cabana nas montanhas, estou enviando as coordenadas.
— Bom trabalho, serão muito bem recompensados.
— O que devemos fazer agora?
— Apenas observem, logo estaremos chegando.
Desligo a ligação.
E uma sensação de alívio me toma, ao menos ela estava bem.
Coloco à minha jaqueta e vou até Lorenzo, que já organizava os homens como um verdadeiro general. Não era a toa que ele era o chefe da porra toda, ele tinha nascido para isso.
— Saímos agora?
Lorenzo me olha firmemente.
— Sim. Estou louco para matar aquele maledetto, ninguém maltrata minha irmã e fica por isso mesmo.
Ele estava bravo, sua voz era cortante e eu realmente tinha pena de quem atravessasse em sua frente.
— E o plano, segue o mesmo?
— Totalmente. Você tira a Lora de lá em segurança, eu e o restante acabamos com aqueles filhos da puta.
Acenei em concordância.
— Não vai sobrar um pra contar história, eles mexeram com a família errada.- Lorenzo completa.
E em um último aviso chamou a atenção de todos ali.
— Iremos avançar com inteligência, estamos em maior número, basta sabermos levar a situação. Porque os russos são bem violentos quando querem, não vou admitir falhas. Estamos entendidos?
— Sim, chefe.- Um coral de vozes foram ouvidos.
Todos ali respeitavam Lorenzo, ele era muito mais que um líder, era parte da família de todos ali.
Em pouco tempo estávamos partindo com os carros em direção ao esconderijo de Lucca. Todos muito bem armados e preparados para um grande combate.
Era fato que Lucca não estaria tão desprotegido assim, nenhum líder de máfia faria tamanha burrice.
Os meus pensamentos estavam totalmente em Lora, eu esperava que Lucca não tivesse encostado nem em um fio de cabelo da minha pirralha.
Ele já era um homem morto, porém ele sofreria ainda mais em minhas mãos.
[...]
Em algum tempo estávamos de tocaia em frente a pequena cabana, mas estrategicamente localizada e com uma segurança de dar inveja a qualquer outro lugar. Eu estava certo, Lucca estava fortemente protegido, haviam homens nas montanhas com rifles em mãos, alguns faziam a vigia do lado de fora e alguns até se embrenharam na mata ao redor.
Nós havíamos conseguido avançar com muito esforço e cada passo estava sendo calculado, faltava pouco para invadirmos o local e tirar Lora sã e salva das mãos do Montanari maledetto.
Alguns dos nossos homens já subiam a montanha, prontos para atirar na cabeça dos atiradores inimigos, bastava um sinal e eles já não estariam entre os vivos.
Os minutos passavam quase que em câmera lenta, minha respiração estava mais forte do que de costume, estava ansioso para quebrar alguns pescoços. O sentimento de vingança me tomava, assim como preenchia cada um que estava presente, russos eram nossos inimigos.
E isso nunca mudaria.
— Chegou a hora, prontos?- Lorenzo perguntou, ainda com os olhos fixos na cabana.
Todos os homens por perto acenaram em um gesto de cabeça, o restante espalhado por cada ponto estratégico apenas deram seu ok e aí o cenário silencioso mudou totalmente.
Os atiradores nas montanhas caíam um por um, silenciados com a arma do inimigo, os outros percebiam o movimento e revidavam rapidamente, mas não era suficiente.
Havia resistência, russos eram durões e tinham uma pequena vantagem: mal sentiam o frio cortante. Uma verdadeira batalha estava acontecendo diante aos meus olhos, Lorenzo estava no meio e já atirava friamente em quem atravessasse o seu caminho.
Enquanto a mim seguia a espreita até a cabana, eu só pensava em Lora, queria a tirar daquele lugar. Estava quase na porta do lugar quando um cara realmente grande atrapalhou meu caminho e eu sabia que ele não sairia por nada.
Ele era o dobro do meu tamanho, infelizmente eu não era um cara muito alto, mas fazia muitos grandalhões pedirem clemência.
— Eu vou pedir apenas uma vez para sair do meu caminho.- Falei calmamente.
Ele riu, debochou de minha cara e de meu tamanho certamente.
Odiava russos e sua arrogância.
— Vai chutar minha canela?- Provocou.
Senti meu sangue ferver e a fúria tomar conta de meu corpo.
— Pelo contrário.- Foi a minha vez de sorrir.
Principalmente quando dei um chute certeiro que o desestabilizou, rapidamente peguei minha pistola, mas antes que pudesse atirar o russo a jogou longe.
Ele queria uma luta e eu daria isso a ele.
— Que vença o melhor!- O grandalhão falou por fim.
Depois disso, socos e chutes foram trocados, com nenhuma delicadeza. Fui jogado em cima de uma caixa de madeira que se partiu com o impacto, ainda tronxo levantei e com toda a força passei uma rasteira no homem.
Ele foi para trás e aproveitei uma ripa solta de madeira para dar em seu rosto. O golpe foi desestabilizador e foi a chance que tive para pegar minha arma, já saia algum sangue do meu nariz e eu sabia que ficaríamos ali por horas. Porém eu não tinha tempo o suficiente.
Então sem diversões.
— Adoraria continuar com isso, mas não infelizmente não poderei ficar por aqui.- Dizendo isso aperto o gatilho e acerto a testa do russo.
Um a menos.
Sem mais delongas, consigo alcançar o trinco da porta e para minha surpresa ela está aberta. O que me causa estranheza e a sensação de ser uma grande armadilha.
Com cuidado abro a porta e vejo no sofá Lora sentada apreensiva, quando me vê seus olhos se iluminam, porém suas boca está fechada com uma grossa fita e seus olhos marejados.
Entro na cabana sem pensar muito e sinto um golpe forte na cabeça, era a droga de uma armadilha.
Porém não tive forças para lutar, meus olhos se fecharam e a última coisa que vi foi a maldita escuridão.