Obrigada pelos 7k de leitura, isso me faz sentir tão bem. Estou fazendo certo, acho.
Senti que os comentários diminuíram no último capitulo, por favor, não deixem de reagir :(
Boa leitura!!!!!
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[1600 words]
Passamos a maior parte do caminho em silêncio. Eu me abraçava à cintura de Taehyung de maneira desajeitada, seu cheiro invadia minhas narinas. Estar tão perto dele deixava meu estômago agitado — e eu tinha certeza de que não era fome.
O príncipe puxou as rédeas, fazendo com que o cavalo parasse. Estávamos em um morro coberto de flores. Eram tantas, e de tantos tons e fragrâncias, que encantavam os sentidos e os trazia aos seus pés, rendidos. Era lindo. Não havia uma nuvem no céu e o sol sorria para nós. Dali, tínhamos uma vista completa do reino. Tudo naquele lugar era tão simples e tão pleno, tão distante de tudo e todos. Parecia que estávamos à sós em um mundo completamente diferente. Maravilhoso. Meu perigoso segredo era leve ali, não me oprimia, não interessava, não importava. Era libertador.
Assim que desci do animal, retirei meus sapatos, permitindo-me sentir a textura macia da grama. Taehyung fez o mesmo, lançando-me um sorriso quadrangular. Diferente de quando nos encontramos na cozinha, o futuro imperador parecia mais solto, quase como uma criança que dava seus primeiros passos. Esse era o Taehyung que todos deveriam conhecer. Suas mãos encontraram as minhas, e quando me dei conta, estávamos correndo pelo morro, como dois idiotas. Gargalhávamos e nos embrenhávamos no meio das flores, o vento batia forte contra nossas faces.
— Heejin. — Taehyung parou de repente, fazendo meu corpo se chocar contra o seu.
— Algum problema?
— Acha que vou conseguir?
— O quê?
— Cuidar de tudo isso. — Ele apontou para a capital, parecia pensativo agora. — E se eu falhar?
— Não vai falhar. — De algum modo, eu sentia uma confiança enorme ao dizer aquilo. O Kim era um homem bom, e era de um imperador como ele que Baekje estava precisando. — Só confie em si mesmo, você tem se preparado para isso desde que nasceu.
— E se eu não achar uma boa imperatriz? — continuou, os olhos voltados para o horizonte.
— Vai achar, muitas garotas lá dentro se encaixam perfeitamente nesse papel.
— Mas...
— Taehyung — toquei seu rosto com leveza toquei seu rosto com leveza, acariciando suas bochechas e atrai seu olhar para mim —, pare de falar besteiras. Aproveite o que você tem agora e não se preocupe. O que for de ser, será.
— Isso não me pareceu muito seguro. — Taehyung riu. O vento batia contra seus cabelos, fazendo-os voar. Simplesmente lindo.
— Você deveria sorrir mais — comentei, sentindo meu rosto esquentar. — Desculpe, falei sem pensar.
— Geralmente sou eu quem deixo as garotas desconcertadas. — O príncipe coçou a nuca. — Contudo, você... Heejin, você é diferente de todas as pessoas que eu já conheci, e foram muitas.
— Diferente como?
Taehyung demorou a responder, parecia travar uma batalha interna. Enfim, ele suspirou e desceu as mãos lentamente até minha cintura. Estremeci.
— Assim... — E tão rápido quanto um piscar de olhos, o príncipe colou seus lábios nos meus. Foi um simples selinho, mas me causou grande alvoroço. Foi como abrir a caixa de pandora, e, em um segundo, todas as respostas que eu parecia buscar apareceram. Eu estava apaixonado. Apaixonado por Kim Taehyung. Apaixonado por um homem. Entretanto, de alguma maneira, aquele sentimento me preenchia de uma maneira tão boa, que o fato de termos o mesmo sexo já não me importava mais. Aliás, deveria importar?
Levei minhas mãos até sua nuca com muito esforço. Apesar de assumir meus sentimentos para mim mesmo, eu ainda tinha muita vergonha, principalmente por ser o príncipe ali comigo. Não tinha a menor experiência, só com mulheres, então segui seus passos.
Logo nos afastamos, e o que pareceu levar minutos, durou apenas poucos segundos. Taehyung sorriu para mim, puxando-me para um abraço logo depois. Retribui.
— Heejin — chamou. — Vamos voltar.
— Vamos.
Chegamos ao palácio e entramos escondidos pelos fundos. Encontrei Bogum novamente na cozinha e acenei rapidamente. Taehyung ergueu uma sobrancelha, contudo ficou calado. Tivemos que nos separar no corredor principal, dei um breve aceno para ele e sai correndo para o quarto.
Precisava trocar de roupa e encontrar as outras garotas no jardim como se nada tivesse acontecido. E assim o fiz. Quando encontrei Soojin sentada em um dos bancos, fui ao seu encontro. Ela comia uma maçã. Surpreendi-me ao saber que as eliminadas dessa vez foram Park Choah, Lim Yoonah e Bae Joohyun. Agora só restavam seis escolhidas.
— Por onde andou? Não te vejo desde a última prova... — Soojin me lançou um olhar desconfiado.
— Fiquei no meu quarto. — Não era totalmente mentira, fiquei lá a maior parte do tempo.
— Nem você, nem o príncipe apareceram no café — comentou ela, mordendo mais um pedaço de sua maçã. — Quer me falar algo?
— Foi só coincidência.
— Quando quiser me contar, estarei aqui.
Sentia-me meio mal mentindo para Soojin daquele jeito, mas contar tudo não era uma opção, pelo menos por agora.
— Obrigada.
— Oh, quase me esqueci! Euha tem uma novidade.
— Sobre o que é?
— Ela não quis dizer, mas tenho certeza que é sobre o baile que Yerim comentou com a gente. A Seleção está quase na reta final, e acredito que Taehyung esteja quase decidido.
— Acha?
— Sim — Soojin deu de ombros. — Nos últimos dias, ele tem saído muito com todas nós.
Contrai os lábios, tudo aquilo iria acabar em breve. Os momentos que vivi no começo do dia pareciam muito distantes agora.
— Parece não gostar disso — Soojin comentou ao ver meu olhar perdido. — Ao meu ver, você é uma das finalistas, nem deveria se sentir tão insegura.
— Eu não posso... — murmurei.
Por mais longe que eu chegue, não posso vencer a Seleção... não posso me casar com Taehyung...
— Pode o que quiser enquanto for uma escolhida, e você é.
— Não isso...
Taehyung será imperador. Mesmo que por um milagre ele me aceitasse como eu sou, ainda não poderíamos ficar juntos, pois a pessoa que ele escolher deverá ser capaz de desempenhar o papel de imperatriz, e eu jamais vou poder... O que houve mais cedo não passou do fragmento de um sonho despedaçado...
— Como posso te aconselhar se nem sei direito o que te faz ser tão pessimista? — indagou Soojin, reavendo sua atenção.
— Eu queria te falar a verdade, mas não posso, não agora.
— Você não confia em mim?
— Achei que ia me dar um tempo para pensar. — Virei-me para frente, irritado.
— E eu vou. — Soojin suspirou. — Só queria poder resolver tudo isso. Mas quer saber? Esquece, vamos mudar de assunto. — Ela colocou um sorriso mínimo nos lábios. — Que tal irmos para a biblioteca?
— Parece ótimo.
Após o almoço, Euha pediu que fôssemos para o Grande Salão. Parecia ser algo sério, já que a família real estava presente também. No instante em que pus meus pés no salão, meus olhos encontraram os de Taehyung e quase esbarrei em Momo, perdido naquela imensidão que eram os orbes do príncipe. Ele riu e logo voltou a ficar sério, quando sua mãe o repreendeu.
— Prestem atenção, senhoritas! — Euha aumentou o tom da voz, chamando nossa atenção. — Como de praxe, durante todas as Seleções, um dos nossos reinos aliados promove um grande baile em homenagem ao futuro imperador. Durante essa edição, o reino de Sila ficou encarregado de nos receber. Iremos partir daqui a alguns dias, até lá, as atividades continuarão normalmente.
— Certamente devem se lembrar das medidas que tiraram nos primeiros dias... elas serão usadas para produção de seus vestidos. Espero que não tenham engordado — a imperatriz completou.
— Já foram todos encomendados, minha senhora — Euha disse orgulhosa. — Príncipe Kim, algo a comentar?
— Não — Taehyung respondeu sucinto.
— Certo, senhoritas, estão dispensadas. Qualquer dúvida, venham até mim.
Um burburinho logo se instalou pelo local, todas pareciam ansiosas para verem seus vestidos e poder participar de um baile real. Já eu não sabia muito o que pensar, talvez eu resolvesse ficar por Sila mesmo, virar um fazendeiro e mudar de nome.
Soojin falava algo sobre a imperatriz ser mal-encarada, contudo, eu só conseguia olhar na direção de Taehyung. Observei seu corpo esguio caminhar até Momo, que sustentava em seus lábios um sorriso convencido. Ele sussurrou algo rapidamente em seu ouvido e logo se afastou.
Fechei a cara.
— Heejin!
— Hmm.
— Não escutou metade do que eu disse, não é? — Minha amiga me deu um leve empurrão no ombro. — Pare de ser assim!
— Você é bem fortinha, né? — resmunguei, passando a mão no lugar.
— Como muito espinafre. — Ela piscou para mim.
Antes que eu pudesse responder, Soojin saiu me puxando para seu quarto, pois, segundo ela, precisava de ajuda para arrumar suas coisas. Não neguei, ia passar toda a tarde desocupado mesmo...
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