Segredos de Vlad(PAUSADO)

By FadinhaBel

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Das catacumbas de um castelo romeno, um incomum caixão é enviado para a Grã-Bretanha, resultando no livrament... More

Apresentação
Designs do Livro
Prólogo: Pássaros e Morcegos
Dedicatória
Só mais uma Manhã: A História de Três Irmãos
Só mais uma Noite, a História de Três Ladrões
Olhos de Anjo e Sangue Puro
Olhos do Mal e o Sangue do Pecado
Fugir da Cela
Fugir de Mim: Entra em cena David Harker
Pequena Luz
Escuridão Prolongada
Novo lar, o Destino sombrio de uma pequena Dama
Novo Lar, um estranho Refúgio para o Príncipe das Trevas
Paz de Espírito
Inconfortável
Sonhos Matinais e Fragmentos Resgatados
Luxo, Ira e Mistério
O Primeiro Teste
Segredos, Reflexo e Visão
Onde vivem as Crianças Cativas
Mais um dia Miserável na Vida de Hank Seward
O Segredo do Ponto Cego
O Número Sete
Pedaços de Verdades
O Segredo da Irmandade
A Morte dos Pássaros Negros
A volta do Anjo da Masmorra
Assuntos Interligados entre o Vampiro e o Detetive
A Sopa de Frango
Ajudinha lindus

O Jovem Guerreiro

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By FadinhaBel

Século XV

     A noite que se passou foi a última em que o pequeno conde sentiu os cabelos tocarem suas bochechas; de manhã bem cedo, lâminas malignas cortaram-lhe os cabelos, os fios lisos se tornaram inalpapáveis e o menino se sentiu nú. Juntamente com os outros meninos, ele foi mandado para a área de treinamento, passariam a manhã inteira treinando, mesmo com os machucados do dia anterior, foram ordens ordensdo do homem de olhos verdes que os aguardava de mãos entrelaçadas a frente numa boa postura.

   Como se fossem formigas, os meninos de vinte em vinte se alternaram em perfeita sincronia, formando dez filas por todo o estabelecimento. Vlad a princípio se atrapalhou por não saber onde se posicionar, tentou endireitar-se em uma fila aleatória, mas um dos meninos deu-lhe uma cotovelada para fora da fila em toda sua má índole, e agora sem saber onde ficar, Vlad começou a sentir que estava fazendo tudo errado, que ele era errado, que o mundo caía sobre ele e que os olhos verdes do agá já centrados nele o puniriam por sua falta de simetria; então, em meio ao pânico o garoti sentiu braços envolverem-no e em sequência, o hálito fétido de Auper.

– Imbecil, não fique parado aí!

   O jovem búlgaro literalmente arrasta o menino para a sua fila. Ao assumirem seus lugares, o jovem desfere um rápido e discreto tapa em sua nuca.

– Quietos! – Onan asseverou-se a distância, e por instinto os meninos enrigeceram mais do que o comum enquanto os olhos extarrecedores se esbugalhavam de medo.

   A sola dos sapatos do agá eram as únicas a ressoarem, o homem perambulava por entre os vãos de cada fila, as esmeraldas pareciam enxergar o pavor regado dia após dia em cada coração; aquele homem, embora o pequeno Vlad lutasse em aceitar, podia peovocar o pavor em qualquer um que o encarasse.

– Durmiram bem? – ele expele com mesquinhez, a hipocrisia nas palavras era um verdadeiro incômodo para todos.

– Sim senhor! – os garotos respondem numa só forte voz.

– Ele sabe o que acontece à noite? – o conde cochicha para o rapaz logo atrás.

– Tenho minhas dúvidas – ele responde.

– Que bom! Parecem cheios de energia! – o agá sorri de peito estufado, as palmas se tocam próximas ao rosto, dando ao oficial um aspecto de autoridade. – Aproximem-se para pegar suas espadas de treinamento.

   Haviam diversos cestos próximos a Onan, espadas de estatura comum e mediana residiam em cada um, obviamente fabricadas para a árdua escravidão dos pobres prisioneiros de guerra, que teriam de fazer esforço o resto da manhã com as costas marcadas impiedosamente.

– Certo, milorde, vamos pegar nossas espadas, é o melhor que fazemos – sibila novamente próximo ao rosto do pequeno conde, com ar de zombor, guiando-o aos cestos.

– Francamente, o que você comeu hoje?

– O mesmo que você, hálito de dragão.

   Chegando até os cestos, o mancebo empunha uma das espadas com grande facilidade, o conde se admirou bastante com o ato do jovem, uma vez que o material usado para forjar tal arma devia ser pesado, ficou ainda mais surpreso ao se certificar da espessura da espada ao carregar uma com bastante esforço, provocando um riso zombador do jovem ao seu lado.

– Não pegue essas, tolo! Pegue as menores! – aponta para um dos cestos com espadas para os mais novos.

   A espada escolhida pelo conde era de um material mais leve para gente do seu tamanho, o que o fez se sentir mais fraco e traquino do que se achava, sentiu uma pontada de inveja no peito ao vislumbrar Auper fazer pequenas acrobacias com sua espada, girando a mesma modesta e suavemente, transmitindo a impressão de que tal era feita de papel. O mancebo era observado de alto a baixo pelo menino, seu corpo, embora fosse decorado de cicatrizes, era  robusto e de boa forma, o fez desejar um dia, ser um homem do mesmo porte.

– O que tanto olha em mim, valáquio? – a voz do jovem era entoada provocativa.

   Enquanto buscava uma resposta, o garoto percebeu a aproximação adulta vinda por trás, logo após sentiu o peso de uma mão severa em seu ombro. Mesmo sem ousar olhar para trás, ele tinha a pura certeza que era Onan.

– Eu disse quietos – pronunciou causando grande intimidação.

   O homem de olhos verdes rodeou o garoto de maneira suave, reparou em cada detalhe de sua expressão, o olhar congelado, centrado e vazio, traços que delatavam seu horror e o homem se regozijava com isso. Acabada sua intimidaçãfalouo para com o pequeno, o oficial dispõe sua impertinente visão sobre o jovem búlgaro, tudo o que lhe era desprezível e insuportável voltava-se com fervorosidade ao rapaz, e este mesmo, igualmente imóvel, no entanto,  uma calma específica  anormal se exibia sutil por toda fronte do jovem guerreiro, como se o estivesse confrontando sem medo.

– Auper – falou o homem – Será impressão ou se tornou amigo do garoto?

– É impressão – respondeu, para a perplexidade mútua do menino à sua frente. – Sabe que não sou amigo de ninguém.

– Sim, é verdade... – continuou com leviandade. – Mas tinha que escolher justamente um membro da prole de Dracul para não ser o seu amigo?

– Quê isso Onan? Não somos todos uma família? Não devemos cuidar uns dos outros? – parcialmente afrontosa, a voz de Auper soou tão calma quanto, e sua atitude serviu de incentivo ao sorriso doentio do terrível agá.

– É como disse – respondeu ele. – Mas de maneira alguma pense que pode me dar lições – e no segundo seguinte, o pequeno conde presenciou a cruel mão do oficial castigar implacável a face serena, porém sofrida do adolescente.

   A violência da bofetada resultou num som extremamente feio, o corpo de Auper cambaleou para o lado, seus pés lutaram para se equilibrar. O jovem não caiu, não ousaria, se esforçava para se manter firme e forte, mesmo estando parcialmente exausto graças aos muitos machucados por baixo das ataduras em seu tronco. Certamente havia algo no jovem Auper que o diferenciava, e era pra melhor.

   Tamanha agressão conquistou o foco de todos da área de treinamento. Meninos e soldados encararam a cena imóveis e com o forte pressentimento de que a fúria de Onan não acabaria por ali; já Auper, sendo este o alvo do ódio daquele homem, apenas olhou-o novamente com a mesma serenidade de antes, seu semblante, mesmo que ardente e marcado com o formato perfeito de uma mão e os olhos vermelhos segurando as lágrimas, os lábios meramente trêmulos insistiram num simplório sorriso, pouco antes de tentar abrí-los para falar.

– Até que foi um tapa bem misericordioso.

– Que audácia – Onan retribuiu-lhe um sorriso mais aberto, porém estava longe de ser um sorriso de alegria, tolerância é a descrição mais aproximada, talvez, afinal o homem achava a afronta do rapaz um tanto memorável. – Tem sido muito desagradável nos últimos dias, espero que não fique tão intusiasmado, ser transferido para a ala dos soldados não quer dizer que irá treinar menos, ou que não me verá mais.

   O agá delicadamente traçou os dedos sobre a evidência de crueldade no rosto do jovem, ao espalmar propositalmente a marca vermelha, o rapaz torceu os lábios em sinal de dor, mas não desviou o olhar, nunca o faria, tampouco daria essa satisfação ao homem e, o homem em toda a sua experiência, há tempos entendia isso, e por essa sua experiência, era incrivelmente sagaz e astuto.

– Mas deve estar ciente do que mudará pra você, então por que não testamos isso agora? – o fitou com esperteza e perspicácia que, lançada sobre o rapaz, eram totalmente refurtivas. – Cuide do seu novo não-amigo, vamos ver como se sai.

   Onan o abandonou — para regozijo do jovem – e se foi para cuidar de assuntos com outros soldados na área, mas não sem antes de atacar o pequeno conde com o desprezo fulminando em suas íris. Já istante, ele brada a todos que retornassem ao trabalho e rapidamente todos retomam seus afazeres e o som das espadas se chocando reconquistou o seu Império no ambiente. Apenas o menino e o adolescente ermaneceram imóveis o meioda dança de espadas.

– Ei, valáquio – o conde reparou no jovem Auper, seu rosto marcado e sua expressão insanamente calma, apesar da óbvia dor. – Temos muito o ue conversar. – sua espada logo tomou a posição inicial de combate. – Em posição, acompanhe-me.

   O menino imitou o movimento, juntos em posição de ataque, o mancebo traçava vagaroso um círculo imaginário, fazendo o garoto recuar, como bem-queria.

– Vamos começar com o básico. A primeira lição, milorde, quando tiver diante  seu oponente, o que acontece ao derredor não merece sua atenção.

– Podemos pular essa parte, aprendi essas coisas na minha terra.

– Posso imaginar – fixa o olhar sobre   conde, seu corpo enrigecido fazia movimentos duros  fechados, cada deslocamento sobre  círculo invisível envolvendo ambos. – Mas acontece, milorde, que aqui não é a sua terra – disse com despeito. – Você não está em seu castelo de luxo, onde inúmeros tutores são pagos para serem pacientes e bajuladores.

   Se os olhos docemente brincalhões de Auper eram provocativos demais para a ocasião, as palavras afiadas eram muito mais desconcertantes e, de tamanha forma, surtiu efeito sobre Vlad.

– Eles não me bajulavam, bajulavam o meu pai! – defendendo-se prontamente, o garoto acrescentou no timbre o sentimento da indignação.

– Isso o incomoda tanto? – as palavras soaram com graça. – Então está na hora de aprender a próxima lição.

   A locomoção do jovem continuava parecer pesada, toda rigidez em seus movimentos lhe dava um parecer tão superficial, além de mau lutador. Por este parecer o conde acreditou que o jovem era melhor em suas provocações do que em combate; no entanto, mais rápido do que seus olhos podiam acompanhar, o búlgaro avançou sobre ele praticamente com a velocidade de um coiote, a ponta reluzente de sua espada foi a última coisa que o conde percebeu chegar perto; um momento Auper estava longe o bastante, confrontando-o como uma rocha, no outro, o imobilizava com uma mão enquanto a outra lhe ameaçava a goela com o fio da espada.

– A segunda lição – disse o rapaz. – Não deixe que seu oponente o distraia.

   A destreza e técnica do rapaz houvera sido tão e que o valáquio só retomou o ar quando o búlgaro esatou-se de seu corpo. Ele o virou, ficaram cara-a-cara, o garoto ainda estava em choque com o momento passado, seus olhos tomados por admiração videnciavam para quem quisesse ver. Anteriormente o corpo do jovem búlgaro era o endurecido, agora era o do conde, parecia uma estátua, congelado pelo susto, mais inda assim atento. Era lho no olho.

– Me desculpa, Vlad – disse o mancebo com uma voz tão sseriada que chegou a ser terna, por assim dizer.

   Uma mão do jovem pousou leve em seu antebraço, e foi como se Vlad estivesse vivenciando algo familiar, mas foi muito curto o momento, acabou quando a palma de Auper se tornou arredia e então começou a hesitar nas palavras. De repente o semblante revelou um pesar incompreensível e a respiração se tornou os suspiros de alguém que transmite uma terrível notícia.

– Me desculpe pelo que vou fazer agora.

   E enfim sua mão esbofeteou a parte lateral da cabeça do menino.

   Embora a dor do golpe fosse ditamente incômoda, o zumbido agudo e constante, além de novidade, foi uma experiência deveras desagradável. O simples fato da mão erguida contra ele ser a de Auper foi extremamente frustrante, lhe desencadeou cólera. Vlad nunca houvera se sentido tão traído como naquele dia.

   Quando o zumbido cessou e o garoto não se sentiu mais uma barata tonta, o brado do maledicente de olhos verdes ressoou e, quando menos percebeu, já estava bem perto.

– O que aconteceu aqui? Por que bateu nele?

– Ele ainda não sabe ter concentração em combate, se deixa provocar facilmente – justificou o jovem.

   O homem deixa um sorriso de canto escapar.

– Compreendo – ele diz. – Já testemunhei as perdas de controle dele, mas o nosso método de ensino é eficiente. Viu como funcionou? Como foi efetivo? Está se saindo bem, para o seu primeiro dia.

– Não fique tão satisfeito, apenas fiz o que me ensinaram fazer. O que você ensinou.

– Mantenha-se assim, dará um bom soldado um dia – disse o homem no mais chegado de um elogio, e com seu sorriso nocivo se foi de perto deles.

   Vlad continuava a fitar Auper com o mais terrível de seus descontentamentos; não fazia idéia do que acontecia, mas ao seu parecer a provável interpretação para a conversa entre o búlgaro e o oficial entregava vácuos escuros, bons motivos para não mais confiar em Auper como antes; ele era misterioso demais. No fundo o menino sentia que todos no castelo eram malfeitores, e não se deixaria ser enganado novamente.

– Não me olhe desse jeito! Eu pedi desculpas, não pedi? – Auper ressaltou equivocado, mas se sentiu desapontado ao ver que o desprezo do menino não passava. – Vamos apenas voltar a treinar – falou mais complacente e o menino quieto o obedeceu em sequência.

   E pelo resto do dia ele não trocou uma palavra com o jovem.

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