Café com Leite

By FellipeBarreto1

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Trata-se de uma história trágica. O trágico amor, o primeiro amor, um amor proibido entre um menino rico, Alb... More

Capítulo 1 - Os Andradas
Capítulo 2 - O tempo
Capítulo 3 - O dia seguinte
Capítulo 4 - O telefonema
Capítulo 5 - A tentação
Capítulo 6 - A recepção
Capítulo 7 - O Almoço
Capítulo 8 - A revelação
Capítulo 9 - O passado antes de ser Coronel.
Capítulo 10 - No quarto
Capítulo 11 - A "bastardinha".
Capítulo 12 - O beijo
Capítulo 13 - A conversa entre irmãos
Capítulo 14 - O conselho e o Cadillac
Capítulo 15 - O impedimento e a consulta.
Capítulo 16 - A reunião e a cantoria.
Capítulo 17 - O perdão
Capítulo 18 - A "negociação".
Capítulo 19 - Pegos no flagra
Capítulo 20 - No palácio do Campos Elíseos.
Capítulo 21 - O telegrama de Lisboa e o Caderninho
Capítulo 22 - Aurora e Eustácio
Capítulo 23 - Eustácio busca consolação
Capítulo 24 - Os planos do coronel.
Capítulo 25 - Coronelzinho
Capítulo 26 - Namorados, enfim.
Capítulo 28 - A visita de Portugal
Capítulo 29 - Um aliado.
Capítulo 30 - O "jeitinho" brasileiro.
Capítulo 31 - 1927
Capítulo 32 - A verdade
Capítulo 33 - Num caixote
Capítulo 34 - Os States
Capítulo 35 - "Fuja! Fuja para bem longe!"
Capítulo 36 - Cartas e mais cartas
Capítulo 37 - O "grande" dia
Capítulo 38 - Dona Cândida

Capítulo 27 - O flagrante

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By FellipeBarreto1

Logo o coronel Andrada e Álvaro saíram do escritório e foram até suas famílias. Ao entrar na sala de música, os dois pararam por alguns segundos, observaram o que acontecia: Aurora e Eustácio tocavam alegres no piano, Betinho e Lídia, sorriam e conversavam, completamente entretidos um com o outro. Dona Teresa veio da cozinha e também parou ao lado deles e observou. O coronel gostou do que viu.

— Vejam só aquilo. — Ele disse baixinho e inclinou-se para mais perto do casal. — Nunca vi Alberto tão entretido assim com uma garota.

— Os dois formariam um lindo casal, não acha, coronel? — Disse dona Teresa.

— Sim, realmente um lindo... casal. — Respondeu o pai do garoto. — Bem, me desculpem, mas já está ficando tarde. Creio que seja melhor voltarmos para casa. — O coronel começou o ritual de despedida. — Que tal marcarmos um jantar na minha casa? Assim daremos mais uma oportunidade para sua Lídia e meu Alberto conversarem, que tal?

O senhor Álvaro ouviu e ficou meio ressabiado, não sabia nem se podia confiar em Eustácio com Aurora, quem diria em Alberto, um rapaz de pouca idade, com sua caçula? Mas dona Teresa ouviu e gostou, foi mais rápida que o marido.

— Mas é claro coronel! Vamos facilitar as coisas para eles, não é querido?

— Claro... Claro. Facilitaremos. — Respondeu Álvaro dando um aperto de mão no coronel. O coronel tinha um sorriso malicioso no rosto, continuou com aquele sorriso no rosto por todo o trajeto até o palacete.

— Meninos! Meninos! — Disse ele aos filhos. — Podem se despedir, já vamos para casa. — Eustácio e Betinho olharam atentos para o pai. O coronel voltou sua atenção aos pais das meninas. — Venham, vamos deixá-los sozinhos, assim podem se despedir de modo apropriado.

E lá se foram os pais, para a sala de estar. Eustácio que já estava muito bêbado, entorpecido de coragem, despediu-se como um namorado deve despedir-se de sua namorada. Deu um longo, demorado, beijo em Aurora, praticamente deixando-a sem fôlego. Alberto, que não dava nada por este jantar, acabou querendo ficar um pouco mais ali, a conversa com Lídia estava tão boa...

Ele olhou nos olhos da garota e começou a se despedir.

— Queria ficar conversando mais com você. — Ele desviou seu olhar dos dela depois disso e deu um sorriso tímido. — Foi um prazer conhecê-la. — Betinho disse isso e quando foi se levantar do pequeno sofá, Lídia o impediu, segurando-o pela mão.

— Digo o mesmo, Alberto. — Ela sentou mais perto do rapaz. Betinho podia sentir o perfume da garota, que perfume maravilhoso ela usava! — Sabe de uma coisa? Se você continuar conversando deste jeito com as garotas, vai acabar conseguindo uma namorada. — Alberto Andrada ficou vermelho feito um pimentão, de vergonha, por causa da timidez. Tentou responder, mas não conseguiu que as palavras saíssem de sua boca. Então, Lídia veio até seu rosto e lhe deu um beijo na bochecha. — Até logo Alberto.

Lídia falou e em seguida levantou-se e foi até a sala de estar. Betinho ficou alguns segundos sentado ali, levou sua mão até sua bochecha e acariciou onde ela havia lhe beijado. "Isso foi bom. Foi bom demais até", pensou ele.

— ALBERTO!? — Gritou o coronel. — Ao ouvir o chamado, o grito, de seu pai Betinho num pulo levantou daquele sofá e foi até eles. Houve uma despedida formal do senhor Álvaro e de dona Teresa, os Andradas saíram e entraram no carro que os aguardava lá fora. Antes do motorista engatar a primeira marcha, Tacinho acenou para Aurora despedindo-se, Betinho não resistiu e deu um aceno tímido de despedida para Lídia. O carro começou a andar. — Muito bem Eustácio! Seu pedido de namoro foi esplêndido! Parabéns meu garoto! — Disse o pai ao filho mais velho.

— Tudo nos conformes para meu ingresso na política, papai? — Perguntou Eustácio, meio tonto pela bebida e por causa do balanço do carro.

O coronel colocou um cigarro em sua boca e o acendeu, deu uma tragada e assistiu a fumaça azulada sair de sua boca. Sabia que seu filho deveria casar-se com Aurora, somente assim Álvaro daria a bênção para o garoto entrar no partido e conseguir o devido apoio para iniciar sua carreira.

— Acontece que, meu filho, Álvaro ainda está com o pé atrás apesar de seu pedido de namoro. — Ele falava sem ao menos olhar para seu filho, continuou prestando atenção na fumaça do cigarro. Eustácio ouvia atento o que o pai lhe dizia, como um fiel atento a tudo que o padre falava na missa. — Acredito que apenas depois do casamento com Aurora sua entrada na política será possível, essa é a condição de Álvaro. Todos os lados ganham com isso. Ele casa sua filha mais velha com um rapaz de família de nome e você, bem... você consegue facilmente um cargo como vereador ou deputado estadual. Mas, acredito que você amando Aurora do jeito que sei que ama, isso tudo não vai ser nenhum sacrifício algum...

Neste momento, Betinho olhou para Eustácio, pôde ver a pele de seu irmão ficar branca, tão branca que era quase possível ver as veias de seu corpo. Percebeu também o irmão mais velho começar a suar, suar e suar e por fim, viu o olhar de Tacinho se perder, ficar negro ao olhar para o nada. O carro parou no semáforo, sem ouvir mais o que seu pai lhe dizia, num movimento rápido e assustador, Tacinho botou sua cabeça para fora do carro e vomitou. Urrou enquanto fazia aquilo, sentia os movimento drástico de seu estômago se contorcendo em suas entranhas, a garganta ardendo, queimando e botando todo aquele álcool para fora.

— Ora! Estás bem Eustácio, meu filho? — Perguntou o pai.

O garoto sentou-se novamente no assento do automóvel, tirou um paninho que carregava consigo dentro do terno e limpou a boca. Ainda estava pálido, tão pálido como se estivesse morto, Betinho ainda notava aquilo. Respirou fundo e respondeu ao pai.

— Estou ótimo papai. Apenas bebi demais durante o jantar... — Eustácio falou ainda limpando sua boca, mas logo foi interrompido.

— Durante e antes o jantar, meu filho. A bebida é um veneno de gosto amargo, mas prazeroso. — O coronel sabia do que estava falando. Ele já foi jovem um dia, já bebeu demais e já sentiu os efeitos negativos dela. — Mas enfim, como eu ia dizendo. Namore por mais alguns meses, em seguida, peça a garota em casamento e vamos casá-los o mais rápido possível!

Betinho continuou observando seu irmão. Mesmo depois de vomitar, continuava pálido, parecia que mais alguma coisa além da bebida estava lhe fazendo mal.

Mas o quê?

— Certamente papai, mas podemos falar sobre isso amanhã? Minha cabeça está doendo.

O coronel não disse nada, mas concordou com o filho. Não gostou nada de ter de ficar calado, estava ansioso, queria botar essa etapa do plano em prática o quanto antes. Ficou calado com os braços cruzados o resto do trajeto, não demorou muito para que chegassem ao palacete. Entraram, Eustácio jogou-se no sofá afrouxando a gravata, Betinho queria que todos fossem logo dormir para poder se encontrar com Laurinha e ter um tempinho a sós com a garota. Mas seu pai também estava muito contente pelo desempenho de seu caçula com Lídia, tinha de falar isso aos quatro cantos do mundo.

— E você rapaz? Você se saiu muito bem conversando com Lídia, aquela pequena revolucionária. — Neste momento, Laura surge vindo da cozinha, por de trás do coronel — Devo concordar com Dona Teresa, vocês dois formam um belo casal. Quero ver vocês namorando o quanto antes, meu filho!

Laura veio até eles, sua presença surpreendeu o coronel. A garota tentava conter a raiva que sentia após ouvir o que o coronel havia dito. Seu Betinho estava criando caso com outra garota? Realmente, o conto de fadas era destinado a acontecer apenas nas páginas dos livros.

— Minha querida, o que faz acordada? Já é tarde para uma mocinha como você estar acordada. — Disse ele tirando mais um cigarro de sua cigarreira.

— Estou sem sono. Achei prudente ver se desejam alguma coisa? — Ela olhou para Eustácio, viu o quão pálido estava e completou. — Talvez um copo d'água? — Betinho tentava decifrar o olhar da garota, talvez ela não tenha ouvido direito, não é? Mas ela em nenhum momento olhou para Betinho. O coronel também olhou para Eustácio, fez uma pequena careta ao ver o estado de seu filho.

— Sim querida. Traga água, muita água. Talvez seja melhor trazer uma jarra.

Dito isso a garota foi até a cozinha.

— Vou ver se ela precisa de ajuda. — Disse Betinho e foi também até lá. O coronel achou graça. "Um verdadeiro gentleman esse meu filho", pensou sentando ao lado de Eustácio e fumando mais um cigarro, certo de que aquele não era o último cigarro do dia.

Enquanto a fumaça azulada saía dos pulmões do coronel, lá na cozinha a coisa estava quente. Laurinha abria e fechava as portas dos armários com força enquanto procurava uma jarra.

— Laura? Por favor, fique calma. Não é nada do que meu pai disse. — Betinho dizia enquanto seguia a menina pela cozinha. Ela finalmente achou a jarra de vidro, estava com pressa e também pegou três copos. — Deixe-me lhe ajudar. — O garoto tentou segurar os copos.

— Não precisa. — Laura disse isso e puxou o corpo para longe de Betinho, dois copos caíram no chão fazendo imenso barulho. — Viu só o que você fez eu fazer?! — Disse nervosa, colocando com cuidado a jarra de vidro sobre o balcão e agachando-se para pegar os cacos. Betinho fez o mesmo e a ajudou a catar os cacos. O coronel foi até eles e falou alto, questionando os dois.

— Mas o que está acontecendo! Que barulho foi esse!? — Ao ouvir o pai, Betinho ficou de pé e acabou machucando a mão com o vidro. — O que você fez Alberto? Deixe a menina fazer seu trabalho e vá cuidar deste corte. Peço desculpas pelo garoto, Laurinha. — A garota de joelho no chão, deu um sorriso gentil, forçado claro.

O coronel deu as costas e voltou para a sala. Não queria mais água, precisava de um copo de uísque para acalmar e foi isso que fez, foi até o bar e encheu seu copo e o ergueu mostrando ao filho Eustácio, oferecendo. Este fez sinal com os dedos "só um pouquinho", o coronel sorriu, sabia que o garoto acordaria com uma ressaca das bravas no dia seguinte.

Enquanto isso na cozinha, Betinho novamente ficou de joelhos e tentou ajudar Laurinha. Ela foi direta.

— Não ouviu seu pai? Deixe eu fazer meu trabalho. Mais tarde vou até seu quarto, vamos ter uma bela de uma conversa, Alberto Andrada. Isso eu te garanto. — Betinho obedeceu, se afastou e saiu lentamente da cozinha deixando-a sozinha.

O coronel e Eustácio bebiam, um pouco alegres sentados no sofá na sala, Betinho veio até eles e sentou ao seu lado. Tacinho ofereceu o copo meio, talvez meio vazio, ao irmão, mas Betinho foi drástico, negou a bebida e continuou sentado ali ao lado de seu família.

— Que o casamento com Aurora venha logo em boa hora, Eustácio, meu filho! — Falou o coronel erguendo o copo, fazendo um brinde. Ele foi feito, Tacinho riu, riu mais pelo efeito da bebida do que ele em sim.

— Sim, papai. Que esse casamento venha logo em boa hora. — Falou o filho mais velho, bebendo logo todo uísque que havia naquelo copo. Laurinha interrompeu aquele momento em família, trouxe enfim a taça com água e os copos com gelo, deixou na mesinha de centro, despediu-se e disse que iria voltar para cama... O coronel acenou a cabeça, despedindo-se da moça, mas antes de partir, Laurinha deu um olhar raivoso para Betinho. O garoto sabia muito bem que não deveria dormir, sabia que deveria esperar sua amada para uma conversa ou talvez o pior aconteceria. Mas afinal, o pior não está nem mesmo prestes a acontecer ainda nesta história...

— Vou para cama. Não bebo mais como antes. — Disse o coronel depois de tomar um longo gole do copo d'água. — O senhor trate de beber muita água e você, Alberto, trate de ir logo para cama, me entendeu? — Falou o coronel por fim, apagando o cigarro no cinzeiro, levantando-se do sofá e enfim subindo a escadaria do palacete, deixando seus dois filhos sozinhos na sala de estar. Ao ver o pai subindo o último degrau, Betinho não hesitou, pegou o copo vazio deixado pelo coronel e o ergueu pedindo para que o irmão o enchesse, seu pedido não foi negado. Cambaleante foi Eustácio carregando o copo vazio do irmão caçula até o bar, o encheu de uísque, apenas uísque, não havia gelo nem nada, apenas uísque.

— Tome. — Falou ele. Entregando o copo ao irmão.

Betinho tomou um gole e sentiu a bebida descendo quente, rasgando sua garganta.

— Preciso disso. — Falou Betinho ao irmão após tomar o primeiro gole.

— Para quê? Tens algum problema? — O irmão mais velho perguntou em seguida.

— Para enfrentar os pesadelos que virão com a noite, talvez. Ou apenas, para enfrentar os sonhos com o futuro que há de vir ainda.

Tacinho, sentado do lado do irmão ergueu o copo e novamente houve o brinde.

— Aos pesadelos e, talvez, ao futuro que há de vir. — O brinde foi feito. Betinho tomou o resto da bebida num gole, sentiu a boca salivar, sentiu a tontura, a vontade de vomitar, mas foi mais forte do que ela.

— Vou deitar. — Disse a Tacinho. O irmão nada disse, apenas ergueu o copo ainda cheio e continuou ali, sentado, bebendo, tirou um cigarro do maço e prosseguiu bebendo. Betinho subiu a escadaria, mas antes do primeiro degrau olhou ao irmão, pensou que veria a figura de um homem feliz por ter pedido finalmente ao pai da garota que amava em namoro, mas não. Viu a figura triste, a figura triste como se alguém acabasse de descobrir um doença incurável, algo terrível... Enfim, subiu as escadas e foi até seu quarto, do lado esquerdo do corredor na penúltima porta, entrou nele e colocou seu pijama. Ficou ali deitado esperando pela chegada de Laura.

Quando Laura saiu de seu quarto, vestindo sua camisola, foi até a cozinha e em seguida até a sala de jantar. Antes de ir até a sala de estar, ouviu a voz de Eustácio, o garoto estava bebendo sozinho, sentado no sofá com a garrafa de uísque na mão enchendo seu copo.

— Casar... Querem que eu case com ela! — Ele soluçou e continuou. — Casar! Pense só nisso... — Soluçou novamente. — Casamento, marido e mulher... Como se eu pudesse esquecer... esquecer aquilo. Como se pudesse esquecer... — Soluçou novamente. — Esquecer Manoel. — O garoto estava tão bêbado que não percebeu a vinda de Laurinha, a garota foi esperta, passou de mansinho pela sala e tratou de subir rapidamente pela escadaria do palacete. Eustácio viu sim o vulto passando de um lado para o outro, mas pensou que fosse algo fantasmagórico, talvez o fantasma de sua mãe a caminho do quarto de seu pai. Mas o garoto estava tão embriagado que nem ligou para isso, estava completamente entretido com a bebida em seu copo e o cigarro em sua mão.

Laura entrou no quarto de Betinho tão rápida quanto um disparo.

— Mas que diabos foi aquilo? — Perguntou ela parada depois da porta. — Forma uma bom, um belo, casal com a irmã daquela... daquela... loira dissimulada?! — Disse ela e por fim bateu o pé firmemente no piso.

— Não foi nada, querida. Foi apenas conversa. Jamais trocaria você por Lídia e...

— Não fala o nome dela não! — Entoou Laura raivosa contra Betinho. O garoto estava de pijama deitado sobre a cama tentando se defender. — Eu rogo uma praga, desejo que vocês dois jamais consigam conceber um filho para essa família, Alberto Andrada, e tenho dito! Não fala o nome dessa rampeira perto de mim não. — Assim que Laura disse um trovão soou perto dali, a casa tremeu por completo, logo uma tempestade começou a cair. — Estavas mentindo para mim, não é? Digas, na verdade deves ter muitas namoradas, deves ser um namorador por completo, assim como seu irmão deve ser, não é?

— Não! — Disse Betinho, levantando-se da cama e indo até ela. — Jamais trocaria você por mulher alguma...

— Trocaria se seu pai dissesse que fosse prudente. Se ele mandasse, você trocaria. Não é?

— Jamais! — Betinho foi até ela, pegou sua mão e a encarou. — A amo com todo meu coração, Laura. Com todo meu coração. — Foi chegando cada vez mais perto, próximo dos lábios de sua amada, até que o beijo fosse inevitável. Betinho sabia como ludibriar a pobre garota, mas Betinho sabia, sabia que sentia uma atração por Lídia, mas nada importava agora, estava com Laura e apenas ela importava. Por fim veio o beijo, um longo beijo cheio de amor, de sentimento, sentimento verdadeiro. Era sua primeira amada. — Durma comigo, vamos? — Perguntou ele cheio de malícia. — Durma comigo, vamos passar a noite juntos...

— O que vão pensar, Betinho?

— Não me importa o que os outros vão pensar, apenas deite-se comigo, Laurinha. — Disse Betinho apaixonado, falou puxando a garota pela mão, Laura não tinha como negar. Estava hipnotizada pelo seu amante, estava indo para a cama com Betinho, ao que tudo indicava dormiriam juntos, ou então finalmente aconteceria o impensável, o profundo ato entre um homem e uma mulher, mas não...

Eustácio subiu lentamente a escadaria, segurando firmemente no corrimão, enquanto Betinho trazia Laura até sua cama, Tacinho olhava atento os degraus com medo de cair. Logo chegou ao segundo andar, olhou de um lado ao outro do corredor, tentando se lembrar para qual deveria ir e concluiu: esquerdo! Caminhou fazendo zigue-zague, enquanto isso Betinho estava aos beijos com Laurinha, a menina já estava sobre seu colo, as mãos do garoto deslizavam livres por debaixo da camisola. Eustácio parou diante das duas portas, um desses quartos devia ser o dele, o último ou penúltimo... mas qual? Ele não pensou, não tinha tempo para isso, queria apenas deitar em sua cama e dormir. Abriu a porta. O irmão mais velho entrou e para surpresa de Betinho que tinha Laura sobre seu colo e estava aos beijos e carícias com ela, Eustácio hesitou. Hesitou sim por um momento, viu a figura de Betinho e Laura aos beijo feito dois amantes e então, houve a conclusão do engano.

— Perdão, quarto errado. Me perdoe. — Disse ele fechando a porta e foi na direção de seu quarto. Betinho nem notou, continuou beijando lentamente o pescoço da menina, mas Laurinha viu.

— Pare! Pare! Eustácio nos viu! — Laura disse, saindo do colo de Betinho e arrumando a camisola completamente preocupada. Betinho ainda estava entorpecido pelo sentimento, pela adrenalina que Laurinha conseguia despertar dentro de si como homem. — Tacinho nos viu juntos, não viu? Ele nos viu juntos, Betinho! O que faremos?! — Ao ouvir Laura perguntar isso, Betinho veio a si, sim seu irmão havia flagrado-o com Laurinha, o que se seriam deles se Eustácio contassem ao pai, ao coronel? Estariam perdidos! Mas de nada adiantaria ficarem juntos ali, agora, no quarto de Betinho. Alberto Andrada pediu para que Laura ficasse calma, ele saiu no corredor para ver se havia alguém, não havia ninguém...

— Vá para seu quarto, amanhã tratarei de falar com ele.

Laura hesitou por alguns segundos. Talvez este fosse o momento correto para que os dois, Alberto e Laura pudessem fugir e viver uma vida juntos. Mas não era isso que Betinho queria, ele apressou a garota, pedindo para que ela saísse logo de seu quarto, mas antes de partir, antes de passar pela porta, houve enfim o último beijo dos dois amantes.

Ela saiu correndo, desceu a escadaria e foi até seu quarto na ala dos funcionários da casa. Betinho demorou até conseguir sair diante da porta, não acreditava no que havia acontecido, desejava que tudo tivesse apenas sido um sonho, que nada daquilo tivesse acontecido. Mas o garoto sabia, era realidade, era verdade, seu irmão havia flagrado-o, não tinha certeza de nada, o garoto foi até sua cama e deitou, mas não conseguiu pregar os olhos. Muitos menos Laurinha, a garota também estava preocupada, talvez aquele tivesse sido seu último encontro com Betinho, talvez nunca pudessem ter um encontro como aquele. Enquanto Betinho e Laurinha ficaram acordados, preocupados com o que tinha acontecido, Eustácio dormia feito um anjo em sua cama.

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