Evil Boy (Romance Gay)

Von lorde_underworld

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Gay | + 18 | Classificação indicativa. [CONCLUÍDA] Após ser abandonado em um orfanato junto do irmão, Ivi co... Mehr

0. Notas Iniciais
1. Bernardo - Parte I
3. Destino
4. Reflexo
5. Sem parar
6. Sangue quente
7. Dono do jogo
8. Retaliação
9. O que fizeram com ele?
10. Perdão
11. Novo ataque
12. Vingança
13. Pele de cordeiro
14. Limpeza
15. O fim
00. Série Underworld

2. Bernardo - Parte II

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Von lorde_underworld


A casa de Filipe ficava na área nobre do Kansas e parecia o que geralmente víamos dos subúrbios em filmes norte-americanos.

Havia um cheiro forte de lavanda que circulava pelo ar, o chão estava encerado e mesmo o espaço sendo enorme existia um calor acolhedor por todo o ambiente. Era difícil lidar com algo assim, poderia me acostumar em morar ali, mas tinha que lembrar que precisava de foco. Aquela não era a minha casa, era apenas o meu local de trabalho.

Mesmo assim, para Caleb era diferente. Meu irmão chegou pulando no sofá e correndo por todos os cantos para conhecer bem nosso novo lar. Ele parecia divertir-se, de forma que até cogitei me juntar a ele, mas ao invés disso peguei a mochila que ele abandonou e me virei para meu pai adotivo.

— Onde é o nosso quarto? – Questionei, sem muita animação.

— O seu quarto – consertou Filipe – É no andar de cima, ao lado do seu irmão.

Confesso que fiquei surpreso, e feliz, com aquela notícia. Jamais tive um quarto apenas meu e contive um sorriso.

Só então percebi que conter um sorriso era algo que Ivi faria. O Bernardo era diferente, ele tinha que sorrir e ser totalmente simpático com aquela pessoas.

Monitoramento, inclusão, confiança, abalo, queda e limpeza. Recitei aquilo mentalmente – os passos da minha vingança que faltavam.

Subi as escadas, abri a porta do meu novo quarto e me deparei com um lugar incrível, no estilo adolescente, com uma cama de solteiro, guarda-roupas, criado-mudo, espelho na parede, quadros e uma estante para livros.

O que mais me surpreendeu foram os presentes espalhados por todo o canto. Em cima da cama uma caixa de celular, revistas, livros, um violão, um rádio e o controle remoto da televisão acoplada à parede de frente da a cama. O computador estava instalado na mesa, mas ao lado do monitor havia um notebook e uma mochila com mais presentes.

Aquilo me deu a certeza de que havia escolhido a família certa. Por que não via nenhuma daquelas coisas com futilidade. Na verdade, tudo ali eram ferramentas que deveriam ser aproveitadas para o que viria.


DIAS DEPOIS

Me ajustei bem à casa de Filipe e Rebeca.

Ele era um homem que transbordava simpatia – de verdade. Sempre puxava assunto comigo e com o meu irmão, nos levava para sair diversas vezes e Caleb simplesmente o adorava. Filipe era novo, o suficiente para não ter idade para ser pai de um garoto de 16 anos como eu, mas havia algo nele que me fazia admirá-lo e ouvi-lo quando me dava conselhos.

Já Rebeca, ela cozinhava demais, queria sempre estar na cozinha preparando algo novo e na maioria das vezes se saía bem. Ela era um pouco mais velha que Filipe, era ruiva e, embora menos simpática, tentava fazer o melhor para nos agradar.

Filipe ia à academia todos os dias e me inscreveu para praticarmos algum esporte juntos. Rebeca fazia yoga, por isso não conseguia lidar com um garoto de 12 anos correndo por todos os lados. Mesmo assim ela era uma boa pessoa, nos mimava e parecia feliz por nos ter por perto. Demonstrava isso fazendo vários bolos e dando vários abraços.

Acho que foi esse tipo de tratamento que fez com que eu demorasse para sugerir o jantar com os amigos deles. Tinha um pouco de medo de perder tudo aquilo.

— Isso é a minha gravata? – Levei um susto quando vi Filipe na porta do meu quarto, me olhando brigar com o tecido em volta do pescoço.

— Ah, sim, desculpe. Rebeca disse que tudo bem eu pegar uma das suas. Se quiser posso tirar...

— Não! Quê isso, garoto, não tem problema nenhuma. A única coisa que estou dizendo é que... Não acha gravata um pouco demais? Você tem 16 anos, ninguém vai ligar caso se vista de preto, jeans surrado e casaco de couro.

— Não usam mais casaco de couro – decidi tentar uma piada. – E além disso, gosto de me vestir assim, é o meu jeito.

Ele pareceu gostar do que falei. Chegou perto de mim e tocou meu pescoço. Sua mão encostou na parte descoberta do meu peito e lembrei de Thomas no orfanato... A forma como ele me usou...

Afastei as lembranças da minha cabeça quando Filipe começou a ajeitar minha gravata.

— Sabe, fiz aquilo que você me pediu – ele falou – Sinceramente não acreditei que daria certo, mas conversei com alguns amigos e a bagunça que o orfanato fez com seus documentos facilitou as coisas.

— E o que houve? – Perguntei, ansioso.

— A partir de hoje, seu nome é mesmo Bernardo – ele disse, com um sorriso que trouxe o meu alívio. Isso era perfeito. – E, não sei se fiz demais, mas coloquei o meu sobrenome em você e no seu irmão. Bernardo Ramires soa bem para você?

Ele tinha colocado o nome dele em mim. Quer dizer... Isso era uma responsabilidade gigantesca.

Não esperava por algo assim, ainda mais porque jamais pretendi ficar muito tempo naquela casa. Estava prestes a agradecer quando notei o olhar dele. Havia algo que eu não sabia identificar...

— Obrigado – falei, gaguejando um pouco.

Seu olhar continuou o mesmo, fixo nos meus olhos. Filipe terminou de fazer o nó na gravata e tocou meu rosto. Fiquei paralisado e tive ódio de mim mesmo por ter confiado nele por tanto tempo.

— Não precisa me agradecer. Pelo menos não agora – ele disse. – Teremos o jantar com os meus amigos, para apresentar você e seu irmão, e quando a noite terminar venho aqui e você me agradece direito – ele sorriu. – Até mais, Ben.

O apelido não combinava comigo ou com meu nome, mas deixei por isso mesmo.

A verdade é que me sentia enganado, mas, sinceramente, não fazia diferença. O que mais eu poderia esperar? Precisava aceitar que eu não tinha escolhas, o meu futuro estava naquela casa e não poderia sair dela até que descobrisse quem matou a minha mãe. Se o preço era o meu corpo, não tinha problema. A única coisa preciosa para mim era meu irmão. Aí sim, se Filipe encostasse nele eu faria com que se afogasse no próprio sangue.

Revi minha roupa no espelho. Uma roupa social com manga comprida, sapatos também sociais, calça preta e uma gravata azul para combinar com os meus olhos. Eu estava perfeito e sabia que todos os olhares naquela festa seriam para mim. Afinal, era meu nascimento como Bernardo. Merecia os méritos por isso. Bastava trilhar aquele caminho e destruiria tudo ao meu redor.

Respirei fundo e me senti pronto.

— Senhoras e senhores – disse Rebeca hiper animada no final da escada – Conheçam os novos integrantes da família Ramires! Caleb e Bernardo!

Descemos a escada com aplausos. A casa estava lotada, vários rostos desconhecidos animados com a nossa presença. Nunca vi tantas gente feliz reunida na minha vida e todos paravam para conversar comigo.

Confesso que era difícil lidar com o contato, as brincadeiras e a atenção extra. Mas aos poucos me forcei a interagir e fui sendo o dono da conversa, com direito a risadas e fortes apertos de mãos, tudo para conquista-los. Caleb tinha a idade ao seu favor, todos o amavam e eu os conquistava com as palavras. Fui por todos os cantos e conversei com cada um deles até chegar em quem eu queria. Ali, parado perto do buffet com uma taça de vinho na mão e um tom de tédio: Lá estava Ryan Gordon, o meu tio e o primeiro suspeito de ter assassinado a minha mãe.

Acho que esse foi o único momento em que desmontei meu olhar de bonzinho. A repulsa que senti foi demais, queria chegar nele e rasgar sua pele. Queria matá-lo na frente de todos. Meu tio era um homem desprezível, logo se via isso. Arrogante, agora presidente da empresa multimilionário da qual eu tinha direito a uma parte — mas que jamais receberia nada por terem me jogado para escanteio junto do meu irmão.

Ryan jamais viu meu rosto, ou pelo menos acreditava nisso. Esse seria o momento de tirar a prova. Eu tinha crescido, mudei muito e mesmo que Caleb nem tanto... Aquele homem jamais foi até mim, nunca me viu.

Relembrei a primeira vez que o vi e a visão dele discutindo com minha mãe no portão de casa veio como se fosse algo recente. Ele a empurrou e ela ameaçou chamar a polícia para afastá-lo. Assisti tudo da janela do meu quarto e infelizmente, naquela época, eu era novo e covarde demais para fazer qualquer coisa.

— Ben! – Filipe apareceu do nada assim que me aproximei de Ryan. Ele me observou e não pude me manter firme perto dele depois do que falou no quarto, por isso baixei a cabeça – Que bom que estão os dois aqui – ele continuou – Ben, esse é o chefe da empresa onde trabalho, Ryan Gordan. Sr. Gordon, esse é meu filho, Bernardo.

Prendi a respiração. Era agora. Ele tinha me reconhecido ou não?

Ryan me observou por um momento e então eu estendi a minha mão.

— Prazer, Sr. Gordon – minha garganta queimou apenas por ter que dizer seu nome.

Ele hesitou, mas sorriu de um jeito educado.

— Prazer, garoto – ele fez o aperto de mão durar pouco – Ainda bem que escolheu filhos mais velhos, Filipe. Assim não tem desculpas para faltar ao trabalho.

Filipe riu, como se tudo não passasse de uma piada, mas tanto Ryan quanto eu sabíamos que não era.

Aquele era o meu tio, o homem detestável que sempre imaginei que fosse.

— E onde está o seu filho, senhor?

— Adolescentes, sabe como são. Pelo menos acho que agora saberá.

E dizendo isso ele me fitou pesado e voltou a circular. Filipe esperou ele estar bem distante antes de falar.

— Esse homem porco – reclamou – Fique afastado dele, okay?

A festa terminou rápido. Me diverti, confesso que não esperava que fosse desfrutar desse tempo, e quando tudo acabou Rebeca começou a arrumar a casa junto do pessoal do buffet.

Deixei Caleb no quarto dele, ajeitei suas coisas e o vesti com um pijama confortável. Quando voltei para meu quarto, tirei a roupa. Já me preparava para a dor que sentiria, como aconteceu quando o nojento do diretor do orfanato me pegou.

Para me deitar, vesti apenas uma blusa regata e uma bermuda sem nada por baixo para deixar minha pele bem à mostra. Depois me encolhi debaixo da coberta e fechei os olhos.

Deixei que algumas lágrimas escapassem, não pude evitar.

Monitoramento, inclusão, confiança, abalo, queda e limpeza. – repeti meu mantra – Um dia tudo isso vai acabar.

Limpei as lágrimas e me preparei. Quando a porta rangeu e a luz foi acesa, Filipe entrou.

— Bernardo – ele me chamou. – Te acordei?

Respondi que não. Então ele fechou a porta e mesmo no escuro tateou até encontrar o abajur e ligá-lo para sentar-se aos pés da minha cama.

— Falei que viria depois da festa e sou um homem e palavra. Só fiquei preocupado que já estivesse dormindo.

Ele apertou minha perna por cima da coberta e sorriu para mim.

Me sentei ereto e deixei meu corpo mais a mostra para ele, me desfazendo um pouco da coberta.

— Eu lembro, - falei com a voz fraca – disse que eu iria te agradecer direito.

Ele riu.

— Sim... Sabe, você agiu muito bem na festa. Agradou a todos e pareceu tão simpático... – seu tom de voz mudou um pouco quando disse aquilo. – Mesmo assim, só quero que saiba que não precisa fingir enquanto estivesse nessa casa. A única pessoa com quem deve se preocupar é você mesmo.

— Só quem quero agradar é você – menti, querendo ganhá-lo com as palavras.

Novamente ele prestou atenção em mim de um jeito diferente.

Aquela demorava me torturava.

— É engraçado, você tem olhos diferentes. Nunca tinha visto algo assim. São únicos!

— Obrigado.

— De quem você herdou?

— Meu avô – respondi, timidamente. – Minha mãe dizia que ele tinha olhos parecidos, mas nunca o conheci.

— São muito bonitos...

Queria que ele parasse de falar aquilo e começasse logo. Por isso revolvi tomar a dianteira.

— Então... Queria dizer, antes de mais nada, que agradeço muito o que você e a Rebeca estão fazendo por mim... e pelo meu irmão. Nunca tínhamos sido escolhidos por uma família que quisesse nós dois e estou gostando muito daqui. E eu quero continuar – falei, engolindo um pouco as palavras – Se me deixar ficar, posso te agradecer sempre que quiser...

Comecei a passar as mãos por cima de suas pernas, subindo. Assim que toquei no que buscava – que por incrível que pareça não estava duro – Filipe me afastou bruscamente.

— Ben, o que é isso? – ele perguntou, perplexo.

A voz dele me assustou.

— O que é isso? – ele perguntou, calmo, porém não escondendo a raiva.

Tive medo que ele fosse me agredir, por isso virei o rosto. Filipe viu aquilo e sua expressão mudou de indignação para horror.

— Desculpa, a gente faz do seu jeito – falei, rápido demais.

— Ben, o que... O q-que achou que eu fosse fazer?

Fiquei calado. Estava mais confuso do que nunca.

O que ele queria de mim? Por que não podia apenas apressar e coisas e ir embora logo? Eu estava sofrendo, cansado de ter que ser forte.

— Minha nossa! – Ele chegou perto e tocou meu ombro. Aquilo me fez fechar os olhos e por isso ele se afastou um passo. – Quando falei que viria aqui depois da festa, o que você pensou?

— Desculpa – repeti, meus olhos se enxiam de lágrimas. - Sou um idiota. IDIOTA! IDIOTA! IDIOTA! – Como não notei que Filipe não era igual ao Thomas? Por que eu tinha que ser tão estúpido?

— Ei, ei. Calma. Olha, quando eu disse aquilo, não quis dizer que ia te fazer mal – ele levou a mão à boca, perplexo.

— Me perdoa...

— Pare de se desculpar. Tem que responder minhas perguntas agora – ele voltou a se sentar ao meu lado e sua expressão era rígida – Ben, você é virgem?

Aquela pergunta me fez lembrar de Thomas e não estava forte o suficiente para mentir.

— Foi no orfanato? – Ele continuo.

Dessa vez assenti. No começo não queria dedurar Thomas, mas a ideia logo surgiu em minha mente e refleti sobre até que ponto aquela conversa podia chegar.

Talvez eu estivesse focado demais no que aconteceu com a minha mãe. E se antes da minha vingança de verdade eu pudesse praticar? Acabar com a vida de outras pessoas que mereciam, por exemplo.

— Ben, não quero que tenha medo. Sou seu pai agora, pode confiar em mim mais do que em qualquer outra pessoa. Mais até do que no seu irmão. Por isso me conte. Não tenha medo de me dizer. Alguém lá dentro te fez mal?

— Sim – respondi, e por dentro senti uma satisfação momentânea de prazer. – Foi Thomas Rel.

A sensação de poder se vingar de alguém que abusou de você é revigorante. Dali por diante, ficaria viciado em me vingar.

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