Coração de vidro [FINALIZADA]

Per JulianaGiacobelli

21.1K 2.5K 444

Alice Chantin, princesa do reino de Era Uma Vez, estava destinada a se casar com seu príncipe encantando. ... Més

PARTE UM
Um - Alice
Dois - Alice
Três - Alice
Quatro - Alice
Cinco - Alice
PARTE DOIS
Seis - Alice
Sete - Alice
Oito - Alice
Nove - Alice
Dez - Alice
Onze - Alice
Doze - Alice
PARTE TRÊS
Treze - Alice
Catorze - Alice
Quinze - Evangeline
Dezesseis - Evangeline
Dezessete - Alice
Dezoito - Alice
Dezenove - Alice
Vinte - Alice
Vinte e um - Alice
Vinte e dois - Jax
Vinte e três - Jax
Vinte e quatro - Tobias
PARTE QUATRO
Vinte e cinco - Alice
Vinte e seis - Tobias
Vinte e sete - Jax
Vinte e oito - Alice
Vinte e nove - Tobias
Trinta - Tobias
Trinta e um - Alice
Trinta e dois - Jax
Trinta e três - Alice
Trinta e quatro - Tobias
Trinta e seis - Alice
Trinta e sete - Alice
Trinta e Oito - Alice
Epílogo
Agradecimentos

Trinta e cinco - Alice

103 17 0
Per JulianaGiacobelli

Eu não sabia se devia sair naquele instante ou se devia esperar. Rumpel não tinha dito nada específico, não tinha me dado nenhuma instrução.

Por alguns minutos, fiquei parada dentro do banheiro, porta fechada, respirando pesado, com um pouco de medo de ir verificar se a porta estava realmente destrancada. Se ela estivesse, então Rumpel tinham honrado sua parte do acordo; se não estivesse, então eu ficaria ali presa sem poder ajudar Jax de forma nenhuma. Enquanto eu não fosse verificar, qualquer uma das duas continuava possível e eu tinha medo de me decepcionar com qualquer que fosse o resultado.

Fiquei ali, sentada, até que a agonia de não saber venceu e eu caminhei até a porta. Alguma coisa dentro de mim se revirou quando a porta se abriu.

Caminhei pelo quarto, quase esperando ver Quentin deitado na cama, esperando por mim com um sorriso cruel no rosto. Ele não estava lá, é claro. Provavelmente estava ocupado demais fazendo o que quer que fosse com Jax e algo se apertou em minha garganta quando pensei naquilo.

Passei pelo quarto, minha mão na maçaneta da porta. Respirando fundo, girei-a e saí para o corredor.

Estava deserto e eu quase desejei que não estivesse, porque tudo estava acontecendo como Rumpelstiltskin tinha dito que ia acontecer. Enquanto eu caminhava pelo corredor, podia sentir meus batimentos reverberando por todo meu corpo. Eu não tinha ideia de onde estava indo, sabia que estava indo para o lugar certo.

Não sei por quanto tempo andei e não me lembro das curvas que fiz ou das escadas que subi e desci. Era como se eu estivesse em transe, sendo guiada por alguma mão invisível, me levando exatamente para onde eu precisava ir. Tudo o que sei é que cheguei a um lance de escadas de pedra em espiral, subindo e subindo para onde só poderia ser a torre do castelo. E foi quando eu ouvi vozes.

- O que nós fazemos com a fada, senhor? - disse uma das vozes.

- Essa não foi a fada que começou toda a confusão no salão?

Meu coração gelou com a resposta. Era Quentin.

– Sim, senhor – a primeira voz respondeu. – O senhor quer que eu a extermine?

Quentin riu, uma risada fria e desprovida de qualquer sentimento.

– Exterminar? Não, ainda não. Se ela quis tanto salvar os Trent a ponto de começar uma algazarra e vir até aqui, então vai assistir a execução dos dois.

Execução.

Engoli em seco, minha respiração começando a ficar mais rápida e entrecortada.

– Podem prendê-lo – disse Quentin. – Usem ferro.

A fada começou a gritar. Era um grito agudo, gutural, o tipo de grito que não se espera sair da boca de uma pessoa. O tipo de grito que não devia sair da boca de uma pessoa.

Me encolhi, tapando minha boca para disfarçar a respiração entrecortada, mesmo sabendo que dificilmente seria ouvida com os gritos que vinham de dentro da torre. Quentin cruzou os braços e ficou observando os guardas arrastarem a fada e seguraram-na contra a parede, enquanto outro prendia os braços e as pernas dela com algemas de ferro. Assim que ficou presa, ela simplesmente desabou no chão como um boneco de pano, gemendo e tremendo.

Engoli em seco, sentindo meu nariz arder com as lágrimas que queriam vir. Eu não sabia o que devia fazer, se devia entrar ali ou não. Era como estar paralisada, meu coração batendo rápido demais, minha respiração ofegante demais para que meu corpo pensasse em fazer qualquer outra coisa que não fosse ficar ali, observando petrificada tudo aquilo.

Os guardas passaram por Jax largado no chão, e vi que um deles bateu a bota propositalmente em seu rosto. Jax grunhiu e eu respirei fundo.

Vivo.

Por mais que estivesse machucado ele estava vivo e se ele estava vivo ainda não era tarde demais.

Quentin esperou os guardas voltarem para perto dele para caminhar lentamente para dentro da torre. Ele rodeou o corpo de Jax devagar, quase como se estivesse sentindo prazer em vê-lo daquele jeito. Eu aposto que estava.

– Então... – disse ele. – O que vamos fazer com você? Será que deveria ser uma morte rápida?

Eu estava prestes a correr, a me jogar no pescoço no Quentin para tentar estrangulá-lo de alguma forma, quando a fada começou a falar.

– Você não p-pode – disse ele, meio ofegante, a fala entrecortada. – Se você matar Trent... A m-maldição se... se desfaz.

Alguma coisa se revirou dentro do meu peito. Quentin parou, observando a fada. Eu não sabia se ela estava falando a verdade, se estava blefando, mas a fada continuou.

– Tem certeza que v-vai querer arriscar? – perguntou ele, tremendo. – S-se a maldição se desfizer, você não será reconhecido como rei. Todos se lembrarão de quem é o verdadeiro herdeiro do trono, todos –

– Cale a boca!

Quentin começou a andar mais rápido ao redor de Jax, grunhindo, as mãos enfiadas nos cabelos como se não soubesse o que fazer. Talvez ele fosse acreditar na fada. Talvez fosse disso que Rumpel estivesse falando.

Sorri, olhando para a fada. Ela – ou ele, eu não sabia dizer direito – estava respirando pesado, os lábios retraídos.

Nossos olhos se encontraram. Parei de respirar, temendo que alguma coisa fosse acontecer. Antes era como se eu fosse apenas uma observadora, mas agora, com ele me encarando daquele jeito, senti que era parte daquilo. Uma conspiradora.

A fada sorriu e eu sorri de volta.

E foi quando tudo deu errado.

Algum dos guardas deve ter visto que ela estava sorrindo e olhando para o corredor. Ele se virou e me viu. Foi como se meu coração tivesse parado.

Tentei me levantar e correr, mas o maldito foi mais rápido. Ele não precisou dar mais do que dez passos para me alcançar e me segurar, apertando meu braço com tanta força que eu gritei. Foi naquela hora que Quentin se virou e, junto com a surpresa, juro que vi fogo queimando nos olhos azuis dele.

– O que ela está fazendo aqui? – ele perguntou, marchando na minha direção. – Ela devia estar presa no quarto!

– Me solta! – gritei, sabendo que era inútil. Mas se ele ia me pegar, se nada ia dar certo mesmo, pelo menos ia fazer um espetáculo daquilo tudo, ia fazer com que todos vissem, com que todos entendessem como Quentin era um ser humano miserável.

Quentin estava possesso. Seus cabelos estavam todos desgrenhados, o corpo todo dele subia e descia com a respiração. Quando ele chegou perto de mim e me puxou pelo braço, achei por um segundo que fosse entrar em combustão.

– Não sei como você escapou, Alice – disse ele entredentes, me arrastando. – Mas se veio até aqui, vai ver seu querido Jax desaparecer para sempre.

Comecei a socá-lo, estapeá-lo, mas era como se Quentin fosse alguma coisa inanimada. Ele simplesmente continuou me arrastando, apertando meu braço com tanta força que quase deixei de sentir minha mão.

Assim que atravessamos a porta da torre, ele me jogou no chão e meus joelhos bateram contra a pedra tosca, rasgando a pele. Estavam sangrando, meus joelhos e as palmas das minhas mãos, os hematomas no meu braço começavam a aparecer.

Ainda assim Quentin tinha me soltado, e consegui correr até Jax e me jogar ao lado dele.

Seu rosto estava todo inchado, o nariz fora do lugar por causa do chute que tinha levado, o sangue tinha secado em sua barba. Minhas lágrimas vieram. Eu corri os dedos pelo rosto dele, com cuidado para não apertar nada, para não fazer nada doer mais.

– Jax... - sussurrei, perto, tão perto. Dava para sentir a respiração, tão fraca, que vinha da boca dele. – Jax, vai ficar tudo bem.

Eu não sabia se estava mentindo por ele ou por mim. Talvez por nós dois.

Fechei os olhos e encostei minha testa na dele, minha mão sobre seu peito. Havia um coração ali, batendo fraco. Batendo. Aquele poderia ser nosso último momento e eu quase fiquei feliz por Rumpelstiltskin aparecer logo. Talvez ele pudesse tirar a dor, talvez pudesse viver sem um buraco na minha alma.

Foi quando eu senti o rosto dele se mexer. Era um movimento fraco e incerto, mas inconfundível. Ele estava tentando dizer alguma coisa.

– Jax?

Os lábios dele tremiam, as pálpebras tentavam se abrir.

– Jax, shhhhh.... Está tudo bem. Vai ficar tudo bem.

Ele continuou tentando falar e, quando finalmente conseguiu, a voz era rouca e entrecortada.

– A-lice...

Mais lágrimas começaram a encher meus olhos e eu as tirei dali com raiva. Estava cansada de chorar, estava cansada de tudo dar sempre errado. Jax mexeu os braços, muito lentamente, e colocou as mãos sobre a minha.

– Alice, eu... – ele engoliu em seco, depois tossiu, sangue respingando em sua barba. Ele respirou fundo, as lábios retraídos, olhos fechados. Quando os abriu, Jax os abriu de uma vez e alguma coisa dentro de mim soube que talvez aquela fosse a última vez. – Me... perdoe por nós não termos tido tempo se a maldição podia ser quebrada. Diga... -

– Jax, não!

Eu não queria que ele falasse, não aquilo. As palavras dele se pareciam muito com algo final, algo definitivo, e talvez se ele não conseguisse dizer aquilo, então talvez não fosse acabar, não fosse...

Os dedos dele apertaram minha mão.

– Diga ao Sebastian e ao Tobias... à minha mãe e a todos... que eu sinto muito. Que... – ele engoliu em seco, mais uma lágrima se desprendendo de seus olhos. – Que eu amo todos vocês. Eu... Me desculpem.

Ele fechou os olhos, ar deixando seu peito.

– Jax? – chamei.

Não tive tempo de esperar por uma reação dele, porque naquele momento Quentin me puxou para longe, tomou uma espada das mãos de um guarda e a enterrou no peito de Jax.

Continua llegint

You'll Also Like

27.8K 3.3K 24
Charlotte Evans era mais uma garota típica e normal vivendo em sociedade num planeta chamado Terra. Uma jovem tímida, mas tagarela e criativa. U...
401 67 5
Ela é mestiça Ele é também Ela é Grã-Princesa da Corte Invernal Ele o Grão-Senhor da Corte Noturna Ela é estrela de gelo Ele é noite estrelada Do...
8K 1K 187
Quando recuperei minha consciência, percebi que me encontrava numa novel... Sendo mais específico, em "Abismo", uma obra de fantasia lançada há mais...
26.7K 3K 25
"E a filha das trevas nascerá, E o medo aos deuses trará. Com um só olhar, o ladrão irá se apaixonar. Com um só estralar, os deuses irão se prostrar...