Vinte e sete - Jax

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Por um segundo eu achei que a carruagem não fosse conseguir entrar no reino de Tão Tão Distante

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Por um segundo eu achei que a carruagem não fosse conseguir entrar no reino de Tão Tão Distante. Achei que o mensageiro de Quentin tivesse mentido, que fosse haver uma exército nos esperando na entrada, que fôssemos morrer ali mesmo.

Mas aparentemente ele estava falando a verdade.

Percebi que o envelope com os convites brilhou ligeiramente quando passamos pela fronteira. Troquei um olhar com Tobias, que estava claramente com as mesmas preocupações que eu. Ele parecia estar segurando a respiração, porque se desmontou todo no banco quando conseguimos entrar em Tão Tão Distante.

– Você também achou que era uma armadilha – disse.

Ele concordou com a cabeça.

– Teria sido uma forma bastante estúpida de morrer e eu faria o favor de te lembrar disso todos os dias no além, Trent.

Eu sorri. Ele não tinha mudado em nada.

Um pouco mais aliviado por termos conseguido entrar, relaxei no banco e olhei a paisagem lá fora. Agora a floresta tinha ficado para trás e o reino se espalhava a minha frente.

Tanta coisa tinha mudado.

Seria injusto dizer que os Augustini tinham feito um trabalho ruim, porque as ruas pareciam limpas e as pessoas que andavam pareciam pelo menos saudáveis. Havia mais casas agora – menores, simples, de madeira – mas que pareciam aconchegantes. Havia fumaça saindo das chaminés e alguns animais andavam pela rua.

Lá em cima, no topo da montanha mais alta de Tão Tão Distante, estava o castelo. As janelas estavam brilhando de diversas cores, havia uma movimentação nos portões. Espiei Tobias. Ele estava puxando a gola da camisa e suando consideravelmente.

– Faz... muito tempo que eu não venho aqui – disse ele, um nó se formando na garganta. Seus olhos estavam meio... molhados. – Eu sei que é estúpido, mas... senti muito falta daqui.

Bati na perna dele com a minha.

– Eu sei.

– Mas o que é mais estúpido ainda – ele continuou. – É que eu gosto das Terras Não-Clamadas. Se ao menos eu pudesse...

E ele apontou para si mesmo como um todo, provavelmente se referindo à sua condição temporária de humano.

– Ei – chamei. Ele levantou os olhos. – Nós vamos dar um jeito nisso, ok?

Ele deu uma fungada e eu suspirei. Levei a mão ao peito. Eu podia sentir meu coração batendo, lento e contínuo. Ainda assim, a maldição...

Tobias me encarou e eu voltei a mão para a minha perna.

Não devia estar pensando na maldição. Primeiro, precisava ir atrás de Alice e de Sebastian.

***

– Convites, por favor – um guarda pediu quando Mustafa chegou aos portões do castelo. Estendi o envelope. O homem enfiou a cabeça dentro da carruagem, olhou para mim e para Tobias, depois acenou para que continuássemos. Então a carruagem voltou a andar e, pouco tempo depois, parou. De forma definitiva, daquela vez.

Coração de vidro [FINALIZADA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora