Dez - Alice

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Depois de três dias na hospedaria, eu estava começando a pegar o ritmo da coisa

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Depois de três dias na hospedaria, eu estava começando a pegar o ritmo da coisa. Acordava bem cedo, antes de o sol nascer, ia colher alguma fruta para o suco e a sobremesa daquele dia, e voltava para ajudar nos preparativos do café. Sebastian me cumprimentava de manhã e, quando eu estava voltando da floresta, ele já estava saindo. Jax simplesmente tinha decidido que não queria ver a minha cara e, por isso, de vez em quando, tudo o que eu via era sua silhueta deixando a hospedaria. E depois, de madrugada, eu o ouvia voltar e se fechar em seu quarto.

– Você até que está indo bem – Margot disse uma manhã, enquanto eu lavava os pratos do café. – Tem mãos delicadas, mas está aprendendo rápido.

Ela me lançou um sorriso gentil que eu tentei retribuir. É claro que no castelo eu nunca tinha precisado fazer nada, sempre havia mil e um empregados para atender a todos os meus desejos. Mas, mesmo assim, eu gostava de fazer coisas sem ajuda. Gostava de me desafiar, de correr e de aprender coisas novas. A etiqueta nunca foi muito o meu forte, e estar ali naquela hospedaria parecia certo. Eu estava gostando.

Minha única preocupação era com meus pais. Eu não sabia se Quentin já havia contado a eles que eu tinha fugido, mas esperava que ele fosse orgulhoso demais para admitir que tinha me deixado escapar bem debaixo do seu nariz. Se meus pais se envolvessem, tenho que certeza de que mandariam a cavalaria de Era Uma Vez inteira atrás de mim.

– O que você acha de acompanhar Sebastian hoje até o mercado local, querida? – Margot sugeriu conforme eu passava a louça para ela. – O movimento não está tão grande, posso me virar sozinha. Assim você conhece a vila também.

Assenti, concordando, porque seria bom dar uma volta para variar. Eu tinha passado todos os dias presa naquele lugar, ajudando Margot nas mais diversas tarefas e só saía dali para buscar amoras no bosque. Além do mais, talvez aquilo significasse que eu pudesse aprender sobre Jax, sem ter de perguntar para Sebastian. Ele geralmente abria um sorriso torto cada vez que eu tocava no nome do irmão, como se as coisas estivessem indo de acordo com algum plano maluco que eu desconhecia.

– Pronta? – ele perguntou depois do almoço, parecendo empolgado. De fato, Sebastian estava sempre feliz, sempre tentando me animar, e aquilo me incomodava um pouco. – Hora de te levar para um tour pelas Terras Não-Clamadas.

– Tour? – repeti. – Tem tanta coisa assim aqui para ver?

Ele ergueu as sobrancelhas, fazendo um gesto para a porta.

– Você não faz ideia.

Deixei que ele me conduzisse para fora, debaixo do sol forte, até a carroça que quase tinha me atropelado naquele dia. Parecia até engraçado andar nela depois de tudo.

– Quem estava dirigindo naquele dia, você ou o Jax? – perguntei, enquanto Sebastian me ajudava a subir. Ele deu a volta quando eu já estava no alto, afagou o cavalo e subiu ao meu lado com uma graciosidade bastante impressionante para um camponês.

Coração de vidro [FINALIZADA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora