Menina Malvada

By BrunaCeotto

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Mini-sequência oficial de "Não Confie Nas Boas Meninas". Uma mais profunda, sombria e excitante análise sobre... More

MENINA MALVADA
01. ALANA
02. BRENDA
03. SILVIA
04. THALES
05. CRISTINA
06. MIKA
07. ALANA
08. SILVIA
09. ANA JÚLIA
10. MIKA
11. ALANA
12. THALES
14. TAINÁ
15. SILVIA
16. BRENDA
17. ALANA
18. TOMÁS
19. MIKA
20. SILVIA
21. BENJAMIN
22. THALES
23. BRENDA
24. ALANA
25. SILVIA
26. ALANA
27. BRENDA
28. SILVIA
29. ALANA
30. MIKA
31. BRENDA
32. ALANA
AGRADECIMENTOS
bônus » Q & A

13. BRENDA

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By BrunaCeotto

Olá garotas! Feliz ano novo! Espero que o 2019 de vocês seja incrível!

Vamos começar esse ano do jeito que vocês gostam: com capítulo da Brenda.

Com amor, B

"Ok, ele não me atendeu", Brenda jogou o cabelo comprido por cima do ombro. "Você está de prova que eu tentei ser boazinha."

"Ah, tentou", Mika desdenhou, nem um pouco acostumada com os conceitos de boazinha em que a outra estava se pautando. "Como você explica esse maçarico na sua mão?"

Brenda deu uma olhada para o maçarico culinário em sua mão. Um presente de Silvia, nos velhos tempos. Na outra, uma lata de líquido inflamável ainda não utilizada, aliás, há muitos anos sem ter sua utilização sequer cogitada. Brenda a estava guardando para uma ocasião especial.

E nenhuma ocasião era mais especial do que ameaçar uma antiga inimiga que, mesmo depois de tanto tempo, insistia em aparecer na sua vida.

"Não me atenta, Vogelmann. A sua sorte é que, das pessoas envolvidas nessa treta, você é a que menos me irrita."

Na verdade, era a pessoa de quem Brenda mais tinha pena. Mika era uma vítima. Da situação, de si mesma. Embora tivesse cometido o ato insano de dormir com seu namorado, isso não chegava realmente a perturbar Brenda. O problema, como um todo, era maior do que um ego ferido por um par de chifres.

"De qualquer forma", Brenda comentou enquanto batia à porta podre do velho apartamento de uma certa professora com os nós dos dedos. "Tem gente que só entende uma língua. Isso é só garantia."

Um clique indicou que a porta se abria, e a ex-professora Cristina apareceu no batente. Ela não parecia surpresa enquanto levava os olhos de Brenda a Mika. Era óbvio que, em algum momento, ela se tornaria a vilã daquela narrativa. Era o que sempre acontecia quando se metia com a Belucci.

"Olá, Cretina", Brenda cumprimentou, ajustando a boca do maçarico na lata de fluido inflamável. Mika desviou o olhar, nem um pouco confortável com o sistema de garantias de Brenda (mas sem ver problema nenhum em utilizá-lo em seu favor). "Eu não estou de bom humor, então vou direto ao ponto. O que você fez com a filha do meu namorado?"

Um sorriso sarcástico iluminava o rosto bonito de Cristina.

"Até onde eu sei, você não tem mais namorado".

"Até onde eu sei, isso é problema meu", ela murmurou entredentes, pressionando a válvula do maçarico enquanto uma chama azul se projetava, contida. "Cadê a filha do Thales?"

"Eu não sei do que você está falando".

"Certamente você se esqueceu com quem está falando".

"Vogelmann queria se livrar da pirralha", Cristina deu de ombros por saber que a verdade estava do seu lado, e não havia nada que aquela duplinha inusitada pudesse fazer para mudar isso. "Eu me livrei. Muito me impressiona ela aparecer na minha porta usando você, de todas as pessoas, como carrasco."

Brenda revirou os olhos. Se quisesse ter um diálogo espirituoso, ficaria em casa assistindo série.

Ela queria respostas.

"Eu vou queimar a sua cara se você não começar a falar agora."

"É engraçado ouvir você falar assim. Como se ainda fosse a mesma garota de quatro anos atrás". Brenda baixou o maçarico instintivamente, a chama desaparecendo. "As pessoas falam, Brenda. Você não é a mesma."

"Correto", um erguer de sobrancelhas precedeu a empunhada do maçarico, dessa vez apontado diretamente para o meio do rosto de Cristina. Se uma mulher daquela idade não conseguia discernir uma conversa séria de uma ameaça vazia, isso não era problema dela. "Eu não tenho sido a mesma, mas até aí eu não tinha uma desgraçada merecendo ser queimada até o último fio de cabelo com uma informação que me interessa. Eu posso voltar a ser quem eu era, é só uma questão de achar a filha da puta certa."

Os olhos de Cristina se arregalaram por uma fração de segundo. Aquela se parecia o bastante com a garotinha insolente para quem tinha dado aula quatro anos atrás. A mesma garotinha que a custara seu disfarce como professora do Colégio para Garotas.

Nos olhos de Brenda estava aquela faísca que fazia seus olhos escuros parecerem vermelhos. Não havia saída. O segredo nem era de Cristina, e se a própria Mika não fazia questão de guardá-lo, não era ela quem tomaria um jato de fogo na cara para protegê-lo. Por isso, afastou a porta e indicou o interior do apartamento com o olhar. Brenda hesitou, e deu a Mika o sinal de que poderiam entrar, enfiando o maçarico no bolso traseiro dos jeans.

"Eu sabia que era só uma questão de tempo até você descobrir. Eu só não podia imaginar que a Vogelmann seria estúpida o suficiente para te contar", Cristina confessou, enquanto abria uma cerveja. Depois, apontou-a na direção das garotas. Não é porque as detestava que seria uma péssima anfitriã em sua casa.

Ambas recusaram com um breve aceno.

"Você quem disse para ela não contar nada a Thales?", Brenda perguntou, sua voz parecendo bem mais amena. A ameaça tinha a função de abrir a porta. Agora, precisava conseguir de Cristina as informações que pretendia.

"Óbvio. Principalmente depois de ela chegar na porta da minha casa, aos prantos, sem saber que dia era, e desesperada para fazer um aborto". Brenda sentiu um arrepio se perder em sua nuca. Algo sobre o modo como Cristina dizia uma palavra tão pesada a fez pensar no tipo de vida que aquela mulher tinha levado. Certamente não era das melhores, se mulheres passando por algo como aquilo era um assunto a ser tratado com naturalidade. "Na minha experiência, incluir um homem nessa equação só piora as coisas. Homens não costumam ser muito sensíveis quando o assunto é gravidez indesejada."

Não mesmo, Brenda concordou para si mesma. Podia ser uma garotinha mimada e cheia de privilégios, mas, ao contrário de Mika, não era nenhuma idiota.

"Você pode ser um pedaço de merda, mas fez a coisa certa não deixando a Mika abortar. Não era justo que ela passasse por isso sozinha", a garota admitiu, mesmo com o gosto amargo que vinha à boca por elogiar Cristina.

"Uau. Empatia", Cristina levou a mão ao peito, fingindo estar consternada. "Não quero me precipitar, mas essa é a coisa mais sensata que já ouvi sair da sua boca."

"Não sei o porquê da surpresa. A única babaca que não se importa com o futuro de garotas adolescentes, ou potencialmente arruinar suas vidas com drogas presente nessa espelunca é você."

"Eu nunca forcei Mika a usar", Cristina se defendeu. "Ela que sempre vinha pateticamente implorando por mais."

"Eu não estava falando dela."

O rosto de Cristina se iluminou em compreensão. É óbvio que Belucci não estava defendendo a garota que dormiu com seu namorado e ainda deu um jeito de engravidar. Babacas como ela só se importavam com o seu tipo, com aqueles igualmente privilegiados.

"Oh. A ex gorda. Engraçado você mencioná-la."

"Nem começa", Brenda bateu os longos cílios, irritada. Se nem ela própria guardava mágoa dos acontecidos no Ensino Médio, era de se esperar que uma mulher feita tivesse a dignidade de fazer o mesmo. "Eu não me arrependo de nada do que fiz com você."

"E o que foi que eu fiz? Hein? Além de estar supostamente no caminho da sua coleguinha paranoica que achou que eu tinha um caso com o meu próprio irmão?"

Quando ela dizia daquela forma, parecia mesmo muito idiota.

"Em defesa da minha coleguinha paranoica, nem você nem seu próprio irmão fizeram questão de comentar esse detalhe com ela", Brenda defendeu Alana instintivamente, ainda que a ex-amiga não estivesse merecendo.

"Brenda...", Mika arriscou antes de ser bruscamente interrompida. Sua presença naquela conversa era meramente coadjuvante, então ela devia era fazer o favor de ficar quieta.

"E isso é justificativa para você acabar com a minha vida? Eu nem te fiz nada!", Cristina exclamou, inconformada.

"Claro que não", rebateu Brenda ironicamente. A capacidade da Cretina de se fazer de vítima ainda era algo que a impressionava. Nem parecia que estava diante da maior traficante de drogas de Aquino, agora que Tomás sumira do mapa. "A Tainá comprou drogas e quase se matou sozinha, certo?"

Os ombros de Cristina, antes empinados e na defensiva, murcharam. Ela parecia preocupada, mas certamente não culpada.

Por que ela não se sentia culpada?

Cristina apenas perdera o emprego no Colégio e, quem sabe, alguns clientes que faziam questão de que sua identidade fosse oculta. Tainá, por outro lado, vivera coisas muito piores com a reabilitação. E só Deus sabe o que fazem na reabilitação de pessoas em um lugar tão atrasado como Aquino.

Contudo, e apesar de tudo isso, aquela mulher não parecia carregar nenhum peso na consciência. Era quase como... como se ela tivesse consertado aquele erro. Como se tivesse compensado Tainá por ter roubado sua adolescência.

"Cretina", Brenda chamou, se aproximando lentamente e apertando os olhos. "O que você não está me contando?"

"Eu nunca vou deixar você chegar perto daquela garota de novo."

"E por que eu chegaria?", Brenda sorriu maliciosamente, como gato que comeu o canário. Ela finalmente pegou a Cretina no pulo. Tainá era a chave para todo aquele mistério. Para encontrar a filha de Mika e Thales. Era o que sua consciência dizia, e ela não sabia ao certo o porquê, mas sua intuição não costumava deixá-la na mão. "Por que eu iria atrás da Tainá? Eu me livrei daquela vagabunda chantagista anos atrás."

"Ao contrário de você, eu não aprecio arruinar a vida das pessoas simplesmente por arruinar. Eu me senti mal pela garota, que só queria ser ginasta e teria conseguido se não fosse por você", Cristina lançou um olhar feio para os joelhos de Brenda. "Mas parece que o karma já deu um jeito nisso."

"Não existe isso de karma."

"Engraçado você, de todas as pessoas, não acreditar em karma."

Mika soltou uma risadinha, repreendida por um olhar ameaçador de Brenda.

Mas era inegável. Não é como se sua vida estivesse um mar de rosas. Estava mais para mar de espinhos. Não que karma tivesse algo a ver com isso.

"Você está desviando do assunto. O que a Tainá tem a ver com a sua consciência limpa? E mais importante, o que ela tem a ver comigo?"

Cristina engoliu em seco. Lançou um olhar curto para o maçarico na mão de Brenda. Não duvidava nada que a garota fosse mesmo usá-lo, caso fosse necessário. Não valia a pena guardar aquele segredo. Mesmo que isso significasse deixar Tainá e, possivelmente, a filha de Mika nas mãos de uma lunática.

Mas Brenda não parecia mais uma lunática. Esbarrando nas paredes com aquele maçarico na mão, que antes a doida empunhava com orgulho. Agora, o fogo parecia apenas ser força da circunstância para Belucci.

Ou era o que ela pensava.

"Não estou te reconhecendo, Belucci. Acho que isso é uma coisa boa."

"Eu recomendo que você não minta para mim, Cretina. Eu já estou sóbria há algum tempo", ela ameaçou, riscando o maçarico, a chama azul espiando para fora de novo. "Mas para antigos desafetos eu posso abrir uma exceção."

"Você não vai gostar do que está se metendo", a Cretina advertiu, mordendo o lábio em hesitação.

"Tenta."

"Você vai querer se sentar para essa".

Brenda exalou. Já era a segunda vez em menos de vinte e quatro horas que alguém sugeria que el se sentasse para receber uma notícia. O que poderia ser pior que descobrir que Thales e Mika tinham uma filha perdida no mundo, e que pelo visto Tainá Alvarenga era a chave para saber a verdade?

Ela estava prestes a descobrir.

twitter: brunaceotto

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