31. BRENDA

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Brenda estava de costas sobre o seu carro, os braços cruzados e um dos pés apoiados no pneu perto da porta do motorista

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Brenda estava de costas sobre o seu carro, os braços cruzados e um dos pés apoiados no pneu perto da porta do motorista. Ela emanava uma energia poderosa, como se fosse alguma entidade sobre-humana. Uma super-heroína de calça de malha, tênis esportivo e um icônico rabo-de-cavalo no topo da cabeça.

Pela primeira vez em muito tempo, ela se sentia assim. Feroz. Capaz. Como se nada, nem ninguém, pudesse ficar em seu caminho. Pode até ser que isso tenha a ver com o fogo – Brenda, como todos os heróis, tinha que tirar seu poder de algum lugar.

Mas era mais que isso, ela sabia enquanto sentia o sangue pulsando em suas veias, as batidas de seu coração em suas têmporas, um arrepio subindo-lhe à espinha quando se lembrava da decisão que havia tomado na noite anterior.

Pela primeira vez em muito tempo, ela tinha um propósito.

Enquanto esperava, quase podia ouvir o tagarelar incessante de Alana em sua cabeça, reproduzindo palavra por palavra a conversa que tiveram, que começou no início da noite e durou até as primeiras horas do dia seguinte. Deus, era como se Alana estivesse tentando compensar o ano inteiro em que não se falaram em apenas um dia.

Você tem que dar um jeito de continuar a perseguir as suas paixões, ela tinha dito enquanto tomava um gole do terceiro café gelado em sequência; se Brenda consumisse aquela quantidade absurda de cafeína, provavelmente teria um colapso. Alana parecia bem, excesso pelo disparo de quatrocentas e doze palavras por segundo. Credo, eu pareço uma daquelas orientadoras do Colégio. Mas é verdade. Você tem um dom, Brenda, algo que eu nunca vi em ninguém. Não é só porque seu joelho não permite que você seja uma atleta, que você deve desistir de ginástica.

"Eu não posso praticar ginástica com o joelho estourado, Alana", Brenda revirou os olhos, odiando ter que explicar o óbvio. De alguma forma, a vergonha e derrota que costumava sentir quando esse assunto vinha à tona com outras pessoas, não aparecia quando ela conversava com a amiga.

Talvez porque Alana não a olhava como se fosse uma coitada. Um caso de caridade. Alana nunca veria Brenda dessa forma, não importava o quanto ela insistisse em sentir pena de si mesma.

Brenda, você tem que dar um jeito de conseguir fazer o que você ama, mesmo que seja de uma maneira diferente à que você está acostumada.

Ainda que Alana não soubesse o que estava sugerindo, Brenda estava bem ciente de que tinha uma alternativa. Ela poderia ganhar um Campeonato Nacional e realizar seu maior sonho... aliás, ela poderia ganhar campeonatos para o resto da vida, e ser a maior colecionadora de troféus de Ginástica Olímpica de que se tem notícias.

Só não poderia fazer isso como atleta, sem um joelho digno de uma aterrissagem. Porém, o que ela podia fazer era usar todo seu conhecimento adquirido em anos e anos de obsessão por uma coisa – aquele troféu – e ajudar outra pessoa a vencer.

Menina MalvadaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora