25. SILVIA

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oi garotas! esse capítulo ficou meio grande, então eu tive que dividir em três. então, em vez de 30 capítulos, vão ser 32! yay! ah, e só para atualizar, eu acabei desistindo de gravar o vídeo porque não tivemos muitas perguntas ): então nem animei de gravar. desculpa se alguém estava querendo muito ver!

espero que gostem do capítulo!

com amor, B

PERGUNTA: quais são as suas expectativas para o casamento da Silvia?

PERGUNTA: quais são as suas expectativas para o casamento da Silvia?

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Era um dia bonito para um casamento. O sol já estava escancarado no céu das nove da manhã, mas teve a decência de manter a temperatura a níveis suportáveis, em consideração a Silvia que passaria a maior parte daquele dia enfiada dentro de um espartilho e em um vestido de mangas longas. O ar carregava um aspecto de alvorada: novo dia, nova vida.

O dia em que sua vida vai começar de verdade, Silvia se lembrou de um filme ridículo que Alana a obrigou a assistir muitos anos atrás. Sobre casamentos. Em dado momento, a organizadora do evento dizia a um par de noivas que o casamento era o primeiro dia de suas vidas. Que até então, as duas estavam mortas, e que algumas pessoas morreriam mortas.

Era impressionante quanto uma descrição tão simplista poderia ser acurada. Silvia passou a maior parte de sua vida com a plena convicção de que morreria morta; agora, se sentia mesmo morta mesmo dentro daquelas roupas pinicantes, e mal podia esperar para se sentir viva ao sair delas.

Silvia podia ouvir os ruídos que indicavam que os convidados, aos poucos, chegavam e se acomodavam nos bancos de madeira rústica da igreja em que Silvia e Pedro decidiram se casar: uma pequena, porém moderna construção de tijolos envernizados e brilhantes que ficava na cidade do noivo, por insistência da família dele.

Silvia até preferia assim, ela pensou enquanto olhava para o seu reflexo no espelho da sala anexa ao átrio da igreja, onde se escondia e aguardava o início das cerimônias. Na sua igreja, a comunidade em que cresceu e muitas vezes encontrou conforto – ela se lembrava de gostar tanto de frequentar os encontros de jovens! – agora nada mais era do que uma lembrança da opressão que sofreu quando se deparou com a própria incapacidade de escolher a quem amar.

Era a desculpa perfeita para ter que frequentar cada vez menos a igreja em Aquino, desculpa à qual se agarrou como a tábua de salvação durante todo o noivado, ouvindo os rumores da progressista e alternativa comunidade vizinha, um pouco mais tolerante aos pecados dos fiéis. No fundo, ela sabia que o pessoal de sua igreja reservaria para si a convicção de que eles a tinham salvado, expurgado o demônio da homossexualidade de seu corpo.

Uma Alana impressionada – nunca tinha ido a um casamento de gente da própria idade antes – atravessou a porta para entrar na salinha reservada à noiva na entrada da igreja, interrompendo os pensamentos auto piedosos de Silvia (e seu revirar de olhos). Seus cabelos curtos e escuros estavam ondulados, cheios de laquê e arrumados em um penteado lateral, e ela vestia a cor das damas de honra: um vestido azul-turquesa, decote estilo bolero com um delicado tecido translúcido cobrindo-lhe os ombros.

Menina MalvadaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora