Quantos desejos você já realizou? Quantos sonhos se tornaram realidade? Eu procurava por um sentimento, por uma sensação que fizesse meu coração bater mais forte. Queria sentir de novo a alegria de segurar em um pincel e desenhar as mais lindas paisagens, queria olhar para alguém e sentir um carinho especial. Queria ser amada novamente e eu consegui tudo isso.
Eu Solana Malta consegui vencer o luto, a dor de perder alguém, os tormentos que os traumas me traziam e muitas dores. Pode parecer difícil, horrível, você pode pensar que o sofrimento vai consumir a sua alma. Mas acredite, tudo passa, nada é para sempre. Não deixe uma mágoa, um rancor ou um trauma lhe afastar da felicidade que a vida pode trazer. Liberte o seu coração, liberte a sua mente. Sabe esse pensamento negativo que pode dominar a sua cabeça? NÃO É VERDADE!
Você merece ser feliz, todos nós merecemos. Só precisamos acreditar na bondade, no amor e nas amizades. Acreditar na honestidade e na nossa força de fazer o bem. E dom de perdoar!
─ Pai…
O Senhor Sérgio, como todos os chamam estava passando as últimas instruções para os funcionários. Simon, arrumava os últimos arranjos de flores para levar até os feirantes.
─ Sim, filha!
─ Eu só queria dizer que eu te amo, te amo muito mesmo!
Ele não soube como reagir a minha declaração, mas eu tomei a iniciativa, o abraçando com força.
─ Me perdoe por ignorar as suas ligações.
Meu pai retribuiu o abraço, suspirando aliviado.
─ Eu também te amo minha flor mais linda. Obrigado por tudo, Sol. Obrigado por simplesmente existir.
─ Vamos ficar bem, todos nós!
─ O aniversário do Simon está chegando, vamos comemorar essa reconciliação entre pai e filha em grande estilo. ─ soltei uma risada.
─ Simon me pediu em casamento. ─ conto um pouco receosa com sua reação, mas meu pai relaxou com a revelação.
─ Quero que você seja feliz, quero que conquiste todos os seus sonhos, filha. E sempre terá meu apoio.
─ Obrigada pai!
Beija o topo da minha cabeça.
─ Precisamos ir, não pretendo demorar.
─ Está certo, não esqueça de trazer meu xampu.
─ Simon; ─ gritou meu pai. ─ Não esqueça o xampu da sua noiva.
─ Nossa, Solana já contou a novidade?
─ Conhece o ritmo dessa fazenda, as novidades aqui voam longe.
Simon gargalhou.
─ Vou fazê-la feliz, Sérgio.
─ Não duvido disso!
Simon aproximou-se.
─ Volto para casa com o seu xampu e com nossas alianças.
Fico na ponta dos pés para alcançar os seus lábios e depositar um beijo estalado.
─ Não demore lenhador, não consigo ficar longe de você.
─ Sim senhora, futura esposa!
Simon entrou na picape, meu pai acenou antes de dar vida ao motor e dirigir até a cidade.
─ Sol; ─ chamou Morgan. ─ Eles já foram?
─ Sim, mas não irão demorar.
─ Ótimo, Violet e Bruna estavam te procurando. Acho que estão próximas do viveiro.
─ Obrigada Morgan, vou procurá-las.
Segui até o viveiro, que lembrava um pequeno cogumelo. Cercado por telas, o seu charme estava no telhado arredondado e as telhas avermelhadas pintadas com bolinhas brancas. O jardim próximo do pequeno viveiro, esbanjava a delicadeza das violetas lilás e azuis. Bancos e redes presas em um galho de uma goiabeira. O chão com um gramado perfeito, um lugar ótimo para descansar ouvindo o canto dos canários e mandarins. Violet e Bruna discutiam fervorosamente, o que aconteceu agora?
─ Eles são novos, precisam de alimentação por uma seringa; ─ esbraveja Bruna, segurando na cintura. ─ São filhotes, não vão sobreviver.
─ Precisamos achar o ninho, então!
─ Olá, posso saber o motivo da discussão? ─ Pergunto ao me aproximar.
─ A sua irmã quer colocar dois filhotes de pássaros que caiu do ninho, dentro do viveiro. Eles não sabem se alimentar sozinhos. Precisam da mãe.
─ Violet, como você encontrou esses pássaros?
Ela protegeu os filhotes com as mãos, formando uma concha ao redor deles.
─ Encontrei próximos do planície, Bruna insiste em me dizer que eles não irão sobreviver.
─ Eu sou veterinária…
─ Correção; ─ minha voz sobrepôs. ─ Você ainda não é veterinária. Se a Violet quer cuidar do bichinho, qual é o problema?
Bruna revirou os olhos.
─ Eu não gosto de interferir na natureza. Ela tem um ciclo, e devemos respeitá-la.
─ Eu concordo com você, mas Violet só quer ajudar. Você é veterinária, pode auxiliá-la.
─ Por favor, Bruninha. ─ Choramingou Violet, lembrando uma criança. ─ Quando eles estiverem prontos, podemos soltá-los na natureza novamente.
─ Está certo, precisamos de palhas para formar um ninho e preparar uma papinha com trigo, aveia e farinha de milho.
─ Que maravilhoso, eles precisam de um nome. Que tal? Agustinho e Floribella?
Eu e Bruna trocamos olhares.
─ Vih, sem exageros. Não se apague muito, você precisa devolvê-lo para a natureza.
─ Mas tem um viveiro inteiro com pássaros na fazenda. Hipócrita! ─ disparou Violet.
─ Pense como quiser. Entretanto, se você soltar esses pássaros na natureza. Todos morreram em uma semana. De fome e de sede, ou se tornaram lanchinho.
─ Que horror!
─ É a mais pura verdade.
─ Bom, já que as duas entraram em um acordo. Quero saber o que as duas estavam fazendo na divisa dos Luizianas? ─ Questiono.
Violet empalideceu, Bruna disfarçou arrancando uma flor do jardim. Afastando-se máximo que pode.
─ Eu só estava conversando com Taylan Resker, ele é um amigo.
─ Um amigo?
Ela aquiesceu, com o olhar baixo.
─ Simon me contou que ele está noivo. Não acho certo esses encontros escondidos.
─ E você é a senhora certinha; ─ Bruna interferiu. ─ Taylan está sendo obrigado a se casar com aquela Turca mimada, assim como você.
─ Eu mimada? Você não me conhece Bruna, pare de esbravejar suas opiniões em cima de achismos.
─ Achismos? As duas sempre tiveram de tudo.
─ O quê?
─ Bruna, está exagerando. Eu e a Solana, não tivemos uma adolescência de luxo como você pensa. ─ Explica Violet.
─ Jura? Então, como podem me explicar a fortuna depositada em uma conta de banco destinada para as duas. Eu estava ajudando com a contabilidade do Sérgio e acabei descobrindo que as duas são extremamente ricas.
Ah meu Deus, eu acho que vou esbofetear essa garota.
─ Sim, temos uma conta bancária alta. No entanto, só estávamos autorizadas a movimentar o dinheiro quando atingissemos a maioridade.
─ E a Vanessa? ─ Indagou incrédula.
─ Nossa mãe estava proibida de movimentar nosso dinheiro. Não sei o porquê nosso pai tomou tal atitude. Mas, infelizmente não tivemos uma vida luxuosa como você pensa. Minha mãe batalhou muito nos últimos anos. Bruna, a vida não é tão simples como pode imaginar. ─ encerra Violet, caminhando até o viveiro para acomodar os filhotes de pássaros.
─ Eu sinto muito, eu-eu não sabia. ─ Diz Bruna com um leve rubor nas bochechas.
─ Agora sabe, chegou o momento de parar com essas discussões infantis. Já somos adultas, moramos na mesma fazenda e toda vez que nos encontrar será assim? Uma troca de ataques totalmente inútil?
Eu consegui seguir em frente, perdoar meu pai, enterrar o rancor junto com meus traumas. E libertar meu coração para amar e ser feliz. Viver nessa inimizade com essa garota está sendo cansativo. Não tenho mais espaço para tais sentimentos na minha vida. Aqui só paira energias boas, não quero e não vou voltar a ser a Solana de antes. Não depois de tudo que estou vivendo com o Simon, depois que de tudo que presenciei nesse lugar. Chega, já basta!
Bruna não me respondeu, apenas afirmou com a cabeça em concordância. Para mim foi o bastante.
─ Violet, quero levá-la em um lugar. Bruna, você também! ─ Digo, dando meia volta.
Quero mostrar a vista dos campos de girassóis do topo da colina, acho que um banho de cachoeira fará bem para nós três.