Capítulo 09

11.1K 1.2K 98
                                    

Um trauma, meu pai insistiu em dizer que eu estou com problemas, que preciso de ajuda para esquecer o passado. Eles não conseguem entender? Será que não enxergam? Não posso esquecer o que presenciei naquele dia. Não posso esquecer todos me dizendo adeus, esquecendo as dores, esquecendo ele e tudo que aconteceu.
Meu pai está repetindo há dois dias a mesma frase: Você precisa de um tratamento, precisa de ajuda.
Minha família acredita, que se eu desabafar com alguém, contar todos os meus medos e receios, eu posso melhorar. Eu posso sentir! O problema está sendo Simon Gustavo, o lenhador incrivelmente sexy que está insistindo e forçando uma amizade. Ele ficou minutos tentando iniciar uma conversa sobre a minha vida. Não pode ser interesse sexual, ele me parece muito tranquilo em relação à esse “assunto”, às vezes penso que ele realmente quer criar uma amizade.

─ Bom dia…

Falando no diabo, só pode ser brincadeira.

─ O que você quer? ─ preparo minhas muralhas, reforçando com meus espinhos.

─ Nossa, são dez horas da manhã e você está trancada em um quarto, admirando as paredes. Tem uma fazenda enorme lá fora. ─ sorriu. ─ Com plantações lindas, jardins bonitos, animais encantadores. E tem a cachoeira nos montes!

O rapaz esbanja uma animação, sempre com um aspecto descontraído.

─ Não quero! ─ digo com convicção.

─ Bom, você está perdendo o mundo lá fora e…

─ Gustavo. ─ grito, o bonito rapaz me encarou sério, seu sorriso maroto que engrandece a sua beleza, aos poucos foi se dissipando. ─ Eu não quero sair do meu quarto. Por favor, saia agora.

─ Por favor? ─ Apoia-se na minha cômoda. ─ Que progresso.

─ Já chega. ─ levanto-me, caminhando em direção a porta. ─ Saia agora, estrume de vaca.

Simon revirou os olhos.

─ Está certo, mas se você fosse ia bisbilhotar a cozinha. Tem um cheiro delicioso vindo dela!

Meu estômago só faltou gritar e implorar. Simon me lançou uma piscadela e saiu do meu quarto, me deixando frustrada. Esse homem consegue superar o meu pai com a sua insistência.
Esperei por 10 minutos para me certificar que não vou encontrar o caipira com olhos de avelã rondando a Mansão, desci para me alimentar.
A minha avó e a minha tia estão animadas na cozinha preparando pães.

─ Hmm! É… Bom dia!

─ Resolveu aparecer o nossa flor da manhã. ─ Diz a minha tia. ─ Sente-se, você precisa experimentar esses pãezinhos de girassol.

A minha tia me entregou um prato com alguns bolinhos abertos. Tem um cheiro extremamente maravilhoso. Simon tinha razão!

─ Um café forte para acompanhar. ─ minha avó pousou uma xícara na mesa. ─ Nana, querida, não exagere com as sementes de girassol. É só para dar um gostinho diferente na massa.

─ Semente de girassol? ─ questiono com a boca cheia.

─ Oh, você não conhece os benefícios da semente de girassol.

─ Elas são comestíveis?

Minha avó e minha tia caem na gargalhada.

─ É lógico, são deliciosas! Quer experimentar? ─ oferece, entregando-me um pequeno pote.

Eu assenti, pegando um punhado da semente descascada e colocando na boca. Hmmm, era diferente, o gosto suave e muito bom.

─ Delicioso. ─ Fui obrigada a admitir.

Girassol (Até 20 Agosto) Where stories live. Discover now