Capítulo 29

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Nas baladas, com ajuda da bebida alcoólica eu ficava muito comunicativa. Falava com Deus e o mundo, fazia amizade muito rápido na noite. Por esse motivo eu sempre estava acompanhada nas festas. Em uma noite em um clube noturno,  conheci uma mulher. Ela estava festejando a sua despedida de solteira. Era uma mulher jovem, acho que uns 30 anos no máximo. Muito bonita, sorridente e extrovertida. Nossa conversa iniciou graças a um briga, um casal fez um maior escândalo próximo do bar.

─ Que triste. ─ disse a mulher.

Eu estava um pouco alterada e questionei a mulher, querendo saber onde ela enxergava tamanha tristeza. Acho que existem lugares mais interessantes para um casal aproveitar a noite do que uma balada. A mulher sorriu para mim como se me conhece há anos.

─ Dizem que o pior estranho é aquele que você mais conhece e mais ama. Um casal sempre terá segredos.

No momento eu concordei com ela, achei suas palavras sábias. Hoje concordo em partes, devemos entregar nossa confiança e nosso amor para as pessoas certas. E como descobrir quais são as pessoas certas? Bem… Primeiramente a pessoa certa nunca vai te incentivar a usar drogas. Nunca vai te dizer palavras duras ou demonstrar que você não significa nada. Quando uma pessoa é doce, amável e gentil no começo do relacionamento e com o tempo manifesta outros comportamentos. Você precisa urgentemente se afastar, porque essa não é a pessoa certa para você.
Violet está relutante, ela não queria arrumar as suas malas e pela primeira vez presenciei uma discussão entre ela e a nossa mãe. Eu fiquei péssima, acho que é dessa forma que a Violet sentia-se, quando eu e mamãe brigávamos.

─ Vih, você vai para a fazenda. ─ Altera a voz.

Eu continuo arrumando a mala da minha irmã como meu pai me pediu.

─ Não vou, não vou viajar sem falar com o Alexandre!

─ Ele é um delinquente, está preso em uma clínica de reabilitação. Você acha mesmo que vai conseguir vê-lo tão fácil? ─ contrapôs.

─ Solana, me ajude…

Honestamente, eu não queria me envolver nessa discussão. Mas, Violeta precisa entender que o relacionamento entre ela e o Alexandre acabou.

─ Mãe, pode me deixar sozinha com a Vih.

Ela hesitou por um instante, no fim cedeu e saiu do quarto fechando a porta.

─ Sinto muito não posso te ajudar.

─ Solana, eu o amo. É meu namorado há meses. Foi com ele a minha primeira vez em quase tudo.

─ Vih, sente-se; ─ bato na beira da cama, minha irmã faz o que peço, sentando ao meu lado. Segurei nas mãos, fitando o seu perfil desanimado. ─ Sabe o que o Alexandre fez? ─ ela assentiu chateada. ─ Que bom que está ciente, Violeta. O que o seu namorado fez foi horrível, nunca devemos agir de tal maneira com quem amamos.

─ Eu só queria que nosso namoro continuasse como era antes.

─ E como era?

─ Alegre, éramos melhores amigos. ─ Lamuriou Violet.

─ Eu sinto muito mesmo, quando tudo começou a mudar?

─ Quando ele conheceu os calouros na Universidade, eles ficaram amigos. E começamos a sair em festas, baladas e lugares distantes.

─ Lugares distantes? Como assim?

─ Não sei, geralmente eram em pequenos sítios ou lugares afastados. Uma festa com vários DJs e rolava todos os tipos de drogas.

─ Raves? ─ digo num tom de indignação. ─ Violet, é loucura raves são perigosas. Eu mesma evitada esses lugares.

A minha irmã ergueu os ombros.

─ Alexandre ficava feliz. E a felicidade dele é o que importava.

Bufei irritada, levanto-me. O amor não pode modificar as pessoas, um amor saudável nunca vai mudar os nossos princípios.

─ Há quanto tempo estava se drogando?

Prendeu os lábios, recusando a me responder.

─ Vih, por favor…

─ Primeiro, quero saber o que significa essa cicatriz no seu braço?!

─ Oh, a cicatriz; ─ olhei para pequena mancha. ─ Eu surtei um dia na fazenda, a nossa avó teve a brilhante ideia de fazer um ateliê. Você sabe o que as tintas me fazem recordar. Peguei uma faca; ─ respirei fundo, não gosto de me lembrar desse dia. ─ Enfim, tirei os pontos algumas semanas atrás. Uma enfermeira foi até a fazenda!

─ Meu Deus, Sol, eu não acredito…

─ Tudo bem; ─ cortei rapidamente. ─ Violet, eu estou pintando novamente.

Minha irmã me encarou incrédula.

─ Você o que?

─ Isso mesmo, eu consigo desenhar sem ter crises e surtos. Acho que estou curada dos meus traumas, mas… ─ Hesito.

─ Mas o que? SOLANA, não aguento suspense.

─ Pensei que fosse deixar o sofrimento me consumir novamente quando soube que você estava em um hospital. Violeta, foi como…

─ Eu sei; ─ levantou-se para me abraçar fortemente. ─ Eu sei Summer.

─ Eu senti tanta a sua falta, eu te amo muito, muito mesmo.

Violet soluçou, deitando a cabeça no meu ombro.

─ Golpe baixo.

─ Volte comigo para a Fazenda, Violet aquele é o nosso lugar. Juntas, com a nossa família.

─ E deixar a minha Universidade e tudo que amo para trás? ─ Ergue a cabeça para me encarar, os olhos cheios de lágrimas.

─ É como me senti, era como se eu fosse descartável. Estava deixando tudo que amava aqui. Você e nossa mãe, agora não quero partir e deixá-las para trás, não quero sentir aquela sensação de abandono de novo.

─ Bom; ─ afasta-se, limpando as bochechas úmidas. ─ Posso continuar a estudar em Minas Gerais, existe alguma cidade por perto?

─ Sim, Uberlândia. É uma cidade tão bonita. Você vai amar.

─ Certo, agora me deixa terminar de arrumar essa mala. Você mal consegue dobrar uma blusinha direito.

─ Falta de prática, as lavadeiras das fazendas fazem tudo. Lavam, passam e dobram as roupas. Só deixam em cima da minha cama para guardar no lugar.

─ Hmm, nosso pai tem funcionários?

─ Vários, é uma fazenda gigantesca. Ah… Antes que me esqueça, o nosso pai tem uma namorada e uma enteada. Ela tem 20 anos, é uma megera. ─ Revelo, deixando Violet pensativa. Ela termina de guardar uma calça jeans e me lançou um olhar afiado.

─ Fazenda gigantesca, muitos funcionários, uma irmãzinha nova. Acho que vou gostar dessa viagem. ─ fecha a mala com força.

Meu coração estava pulando como um peixe fora d'água. Eu mal conseguia acreditar que convenci a Violet a voltar conosco. Essa viagem, será interessante. Estou imaginando o choque da Morgan, eu não desejo o mal dela. Só não consigo engolir o seu jeito falso. Bruna pode ser insuportável, mas ela não finge ser outra pessoa para me agradar. Bruna é uma garota forte, um pouco fofoqueira, que gosta de jogar baixo para conseguir o que quer. No entanto, vivemos em um mundo em que a maioria das pessoas são assim. Estamos cruzando com muitas Brunas no nosso dia a dia. Infelizmente!

Girassol (Até 20 Agosto) Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin