Alvorecer | taekook

By tkvante

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Quando Jeongguk teve a ideia de se passar por Heejin, sua irmã, e partir para a grande seleção que ocorreria... More

Prólogo + Avisos
Dois
Três
Quatro
Cinco
Seis
Sete
Oito
Nove
Dez
Onze
Doze
Treze
Quatorze
Quinze
Dezesseis
Dezessete
Dezoito
Dezenove
Epílogo
Agradecimentos

Um

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By tkvante

Os capitulos são betados pela @AkashaKorhinny 


*********

[2338 words]

Gemi ao encarar a extensa escadaria que ligava a pequena estrada de cascalho ao topo do monte. O palácio em tons áureos e escarlate destacava-se em meio à flora; um grande horto estendia-se defronte à residência, era tudo tão bem cuidado que me causava tormento. O cenário era sedutor, outrora, aquela região devia ter sido o paraíso particular de algum deus. Eu não poderia negar, a família Kim sabia exibir-se.

Alinhei meramente meu traje, sentia-me incomodado. O hanbok usado por mim consistia em uma blusa branca com detalhes azuis, as linhas finas deixavam-no com um ar delicado; a saia longa apertava um pouco minha fina cintura. Mechas de denso negrume caiam sob minha face, causando-me certo desconforto. E chegava a ser contraditório o fato de eu estar usando uma peruca, já que sempre odiei cabelos longos.

Soltei um pesado suspiro, segurando minha mala vigorosamente junto ao meu corpo. Pus-me a subir os degraus lentamente, um por um, lembrando-me de tudo o que deixei para trás (temporariamente). Ao entardecer, eu estaria bem longe da família real.

Não consigo recordar da última vez em que tomei uma decisão tão complicada. Coloquei em risco o respeito e autoridade do meu pai. Eu deveria estar sentindo cada célula do meu corpo revirar-se em culpa e desgosto. Mas por que não meu sentia assim? Eu estava ali por conta própria. Eu escolhi me sacrificar no lugar da minha irmã, mesmo sabendo que eu podia ser condenado à morte. Eu estava ali porque pela primeira vez sentia que era o certo a se fazer.

Heejin era nova e ingênua demais para se tornar uma imperatriz consorte. Nenhum ser humano seria capaz de compreender a exorbitância de qualidades que minha irmã possuía. Meu maior medo seria perdê-la para a parte ruim do mundo. Temia que usassem sua bondade para fins nada honrados. Resumindo: vir no lugar de Heejin foi uma tentativa de evitar que ela se tornasse a futura imperatriz. Convenhamos, no fundo eu sabia que as chances de a escolherem eram bem grandes.

O vento gelado desprendeu-me dos pensamentos. A entrada principal do palácio já não estava tão longe, e tudo parecia mais deslumbrante.

Era começo da primavera. As cerejeiras enunciavam o desabrochar de suas flores delicadas e pequenas, bem parecidas com as desenhadas em meu leque, que antes estava preso ao hanbok. O objeto era de suma importância, visto que eu precisava esconder meu rosto o máximo que conseguisse.

Por mais que minha irmã esteja no meio de sua adolescência — com seus quinze anos —, já parece uma jovem mulher adulta. Sem dúvidas foi isso que atraiu a atenção dos olheiros do império para ela, e, sem pestanejar, eles a mandaram comparecer à cerimônia de escolha da nova imperatriz.

Era de se esperar que os familiares acompanhassem as garotas escolhidas até o palácio, mas fui sozinho. Vi algumas dando risadinhas para os parentes que as conduziam e outras que se debulhavam em lágrimas enquanto eram levadas à força até porta de entrada do pátio principal.

Ajeitei o meu "cabelo" — que insistia em cair na minha cara —, alisei o hanbok suavemente e fechei e abri o leque branco com detalhes róseos e azuis claros, deixando-o bem abaixo dos olhos e adentrei no palácio.

Alguns servos nos guiavam até o salão principal, onde acontecia a cerimônia. O caminho não era tão longo, visto que o palácio era gigantesco. Sua decoração interna era exorbitante, assim como o lado de fora. Os detalhes sempre em ouro e carmesim pareciam tão delicados quanto um cristal.

Uma fila começou a se formar assim que adentramos no salão. Um sacerdote ia de garota em garota, anotando seus dados no papel. Ao terminar a apresentação, as escolhidas seriam enviadas para o pátio outra vez, onde esperariam o final da cerimônia.

Enquanto minha vez não chegava, passei os olhos pelo lugar. Reconheci alguns rostos, como o de Bae Joohyun. Que novidade. Não era surpresa para ninguém ela estar aqui, sua era beleza de tirar o fôlego, com certeza daria belos filhos ao imperador. Não tenho dúvidas de que iria conseguir passar. Pude notar também Kim Yerim, Lim Yoonah e Bang Minah. Assim como Bae, todas possuíam uma beleza única e atrativa. Será uma longa competição para elas até o fim da primavera.

A fila diminuiu, era minha vez. O sacerdote se aproximou e fez uma reverência, sendo retribuída por mim. Ele puxou um papel e molhou o pincel fininho na tinha preta.

— Nome completo e idade — disse sem me olhar, dando total atenção à folha. Não foi uma pergunta, mas sim uma ordem.

— Jeon Jeong- — Por mais que eu tenha dito em voz baixa, foi o suficiente para que ele me olhasse torto. Senti minhas bochechas queimarem, meu coração ficar sem controle e o leque tremer em minha mão. No momento em que troquei de lugar com a minha irmã, publicamente, deixei de ser Jeon Jeongguk. Para mim e minha família ainda sou o mesmo, mas, para a realeza, serei Heejin.

— Heejin. Jeon Heejin, tenho dezoito anos. Desculpe-me. — Olhou-me com um olhar de repreensão e murmurou baixinho um "que isso não se repita".

Suspirei aliviado. A ideia de não passar era predominante, obviamente, mas a de ser desmascarado e ser condenado à morte na frente dos superiores, também era.

— Você parece diferente... Sabe escrever o próprio nome? — O homem mais velho perguntou enquanto estendia o papel para mim.

— Sei sim, senhor. — Entregou o pincel ainda úmido de tinta para que eu assinasse meu nome sobre a linha perfeita do papel.

Levantei minimamente a manga do hanbok, evitando me expor muito. E não me arrependi de tal ato, minhas mãos não são nem um pouco femininas e delicadas, com certeza iria causar certo terror na família real. Assinei o nome de minha irmã e devolvi-lhe o pincel. Ele me lançou um olhar duvidoso depois de observar-me cobrir o braço com o tecido fino do hanbok e balançou a cabeça para o lado esquerdo como uma permissão para me apresentar aos superiores.

Senti minhas pernas tremerem ao absorver aquele ar de poder. Eram o imperador, a imperatriz e o filho, estando o último no meio dos pais. Por questão de respeito, teria que fazer uma reverência para cada um.

Ao cortejar o imperador, Kim Seuho, não recebi uma reação boa nem ruim vinda dele. Ele demostrava sinais de cansaço e velhice aos seus setenta e oito anos de idade. A imperatriz consorte, Kim Yunah, estava impecável, seus cabelos sedosos encontravam-se bem penteados e com joias bonitas posicionadas ao lado e no topo de sua cabeça; suas vestes em vermelho e dourado deixaram sua pele branquinha parecendo neve. Ela me deu um sorriso pequeno, mas o seu olhar era pesado e analisava cada respiração minha.

Quando fiz a reverência ao Kim mais novo, senti minha garganta secar. Seu olhar era como o de sua mãe, pesado, mas ao contrário dos olhos dela, os deles eram bonitos, lembravam-me as noites estreladas. Seus cabelos logos cobriam-lhe os ombros, mas que logo eram revelados com o bater forte do vento. A pele dele era em um tom mais escuro que de sua mãe, sinal de que ele passava o dia fora do seu quarto. Parecia incrivelmente macia. Macio também parecia seus lábios bem desenhados em tons de pêssegos.

Não! Porque eu estou concentrado nesse tipo de coisa? Qualquer besteirinha desse nível que eu fizer já irão dizer que estou me oferecendo.

Se bem que a ideia é sair o quanto antes possível para que eu possa voltar ao abraço confortante da minha família inteira. E uma garota jovem com uma personalidade na qual parece se jogar de braços abertos para um homem de classe alta, daria dor de cabeça para a imperatriz e faria com que seu filho fosse malvisto. Ainda o encarando, juntei toda a coragem que tinha naquele momento e pisquei para ele.

Ninguém pareceu notar minha perigosa investida. Então, depois de ser dispensado, sai andando o mais rápido possível. Não foi difícil achar o pátio, tive apenas que seguir para o lado oposto ao qual tinha vindo.

Eu estava ficando louco. Só pode...

Sentei-me em um dos bancos e passei a observar as garotas. Todas pareciam satisfeitas e orgulhosas de si mesmas, até aquelas que tentaram resistir. Depois de ver o futuro pretendente, o interesse parecia ter crescido.

Não podia culpá-las. Por um momento, eu quis poder lutar pela mão dele, mas a realidade bateu bem forte em minha face.

Duas garotas se aproximaram, pareciam discutir. Uma carranca estava estampada em suas faces, a qualquer momento iriam se atracar ali mesmo.

— Eu tenho certeza de que ele sorriu para mim! — a mais baixa proferiu, apontando diretamente na face da outra.

— Não, ele sorriu para mim. Pare com essas ilusões. — A outra riu em deboche.

Respirei fundo, decidindo procurar outro lugar para descansar. Nada me deixava mais furioso do que ver duas garotas discutirem por um cara que nem sequer as notou. Elas deveriam se manter unidas, mesmo numa situação como essa.

Estava pronto para sair dali de fininho, mas uma delas pareceu me notar.

— Ei, você! — Cutucou meu braço. — Qual seu nome?

O que custava me deixar ir embora?

— Heejin... — falei receoso.

— Você por acaso é filha dos Jeon? — indagou. Ambas me analisavam de cima à baixo, a procura de algum defeito.

— Sim.

— Que estranho... Está mais alta do que me lembro.

Uh, aquilo com certeza não foi um elogio. Para todos do vilarejo, mulheres muito altas não serviam de muita coisa. Alguns homens se sentiam inferiores por serem mais baixos do que o sexo considerado fraco. O que para mim não fazia sentido, era quase engraçado ver o quão frágeis os homens podiam ser.

— E desengonçada... — a outra comentou.

— Agradeço os elogios, de verdade, mas preciso de um tempo sozinha. Com licença — despedi-me rápido e rumei para um lugar mais afastado.

Mal podia esperar para sair dali e voltar para o conforto de minha casa.

— A de hanbok rosa é a Momo, e a de azul claro é Jihyo. Parecem ser pretenciosas, mas depois que as conhece, muda de opinião. — Uma morena parou ao meu lado.

— Muda para melhor? — perguntei confuso.

— Não, acaba vendo que elas são muito piores que garotas mimadas — concluiu.

Acabei rindo de suas palavras.

— A propósito, sou a Soojin. E você?

— Me chame de Heejin — falei gentil.

— Oh, certo. É bom fazer alguma amizade por aqui. Depois que as doze forem selecionadas, é bom ter alguém com quem contar — proferiu enquanto ajeitava o coque em seu cabelo sedoso.

— Está falando de aliadas? — perguntei sugestivo.

— Se quiser chamar assim... — Ela deu de ombros.

Soojin parecia ser uma boa pessoa. Seus cabelos eram de um marrom claro e e criava um lindo contraste com sua pele alva. Seus lábios eram atrativos e cheios. Eu podia afirmar que ela seria uma das doze escolhidas, não precisava nem pensar muito para isso. E ela também parecia confiante.

Não ficamos muito tempo parados ali, poucos minutos depois um dos servos anunciou que todas deveríamos voltar para o grande salão. Todas ficaram animadas e ansiosas com os resultados que iriam sair em poucos minutos. Mas eu não me sentia assim. Um arrepio tomou conta do meu corpo. Nunca fui muito supersticioso, mas aquilo não podia ser algo bom.

A família real continuava no mesmo lugar, sua pose era tão magnífica que chegava a ser assustadora. Os rostos estavam imponentes, como se nada pudesse abalá-los.

— Acredito que todas já sabem o que vem a seguir... — O mesmo homem que havia recolhido nossos nomes agora estava em uma espécie de palco. Sua voz reverberou por todo o lugar, causando eco. — Em nome da família real, agradeço a todas as damas que compareceram. É reconfortante saber que Baekje abriga tantas joias raras.

Assim que terminou de falar, a imperatriz assumiu seu lugar no centro do palco.

— Não gosto de rodeios, irei direto ao ponto: A partir de hoje, as escolhidas pertencerão ao meu filho, então não ousem almejar outro homem. Passarão por provas onde sua cortesia e polidez serão firmemente analisadas. Ao final de tudo, cada uma de vocês vai ser eliminada por Taehyung, até que reste apenas uma. Percebem a responsabilidade que tem aqui? — Fez uma pequena pausa e nos observou com atenção. — Agora veremos as doze sortudas.

O sacerdote entregou um pergaminho para a imperatriz. Suas mãos delicadas pegaram o papel, abrindo-o calmamente. Cada segundo que passava, meu coração batia mais rápido.

— Hirai Momo, Park Jihyo, Kim Dahyun, Kim Taeyeon, Park Choah, Lim Yoonah, Sandara Park, Seo Soojin, Bae Joohyun, Bang Minah, Kim Yerim e por último... Jeon Heejin.

Me assustei. Aquilo não podia ser verdade, tinha que ser um engano. Eu não tinha um plano "b" e nem ideia do que faria caso passasse, porque de fato no meio de tantas, eu não imaginei que seria escolhido. Mas o destino parecia estar brincando com a minha cara, e eu não sabia o que faria daqui para frente.

— Parabéns! — Soojin apareceu do meu lado, puxando-me para um abraço. — Você está bem? Nem parece que conseguiu ficar entre as doze.

— E- estou bem, e parabéns, eu sabia que iria passar. — Forcei um sorriso. Soojin estreitou os olhos, mas no final abriu um imenso sorriso.

— Agora vamos, eles vão nos dar quartos. Duvido que tenha escutado alguma coisa, parecia estar na lua — comentou, arrastando-me pela mão.

Na verdade, eu estou na merda mesmo, e estou afundando cada vez mais. A única coisa que posso fazer agora é não arrastar minha família junto.

Antes que saíssemos do grande salão, meu olhar esbarrou em Taehyung, que me encarava com uma face duvidosa. Ele parecia saber todos os meus segredos mais obscuros, e aquilo me dava medo.

A única coisa que eu poderia fazer agora era me sair mal em todas as provas, assim seria eliminado e nunca mais voltaria a pisar naquele palácio.

Daria tudo certo... Tinha que dar.

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Hm gostaram? por favor votem e comentem muito :)

Parte desse cap quem escreveu foi a Isabella (@nochutted) no twitter.

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