Eu já estou limpo e alimentado, sim ainda no castelo de Lusoc já que o meu ruiu em chamas, mas não consigo relaxar, desde que saí daqui naquela manhã achando que ela duvidava de minhas intenções e da índole de meu pai não tenho tido sossego, Will me atormenta a todo instante que não é como eu pensei que eu deveria conversar com ela, mas eu não tenho certeza mais de nada.
Ao chegar aqui hoje chamo um dos guardas que mandei investigar a veracidade dos fatos para mim em troca de muitas moedas de ouro e descubro que a tia dela não aprova a nossa união diz o guarda que ela acha que não daria certo pois não sou um homem de Deus e teme que eu seja como meu pai. Mas o que esse povo tem contra meu pai? Só tem um jeito de descobrir.
- Pai posso falar com o senhor? - digo entrando no quarto.
- Tenho poucos minutos pois Glauco está chegando com os conselheiros para uma reunião, mas fale.
- O que na verdade houve entre você e a rainha Eloísa?
- O que você sabe. - ele diz mas percebo que ficou estranho.
- Pai quando pediu ela em casamento ela já era casada?
- Não, claro que não.
- Então porque eles não confiam em você?
- Está bem, vou te contar. Eu a fiz uma proposta quando era noiva de Noah, pedi que casasse comigo e em troca eu descobriria o paradeiro da sobrinha dela. Na época eu não sabia que fosse Beatriz. Então depois ela entendeu que eu já sabia e quis me aproveitar da situação.
- Agora eu consigo entender tudo. Obrigada pai era só isso. - falo saindo do quarto.
Ao sair do quarto dele vejo a criada de Beatriz e a chamo.
- Por favor, pode me dar uma informação?
- Pode dizer alteza. - ela faz uma reverencia.
- Sua senhora comentou algo sobre mim com a senhorita?
- O que pensa que sou? Pombo correio? Acha que vou dizer que Beatriz sofreu, chorou, se descabelou, pensando que você a abandonou? Pensa que direi que ela o ama fervorosamente mas está decidida a lhe esquecer pois você a destratou e a iludiu vindo se declarando e indo embora na surdina para rir da cara da pobre coitada depois? Que não teve a coragem de se despedir dela e acabar dignamente só porque foi questionado se a ama realmente? Por favor alteza me esqueça não venha fazer perguntas a mim pois sou um tumulo.
- Oh me perdoe esqueça que lhe dirigi a palavra. - saio rindo com a serva pois debulhou tudo e ainda diz que não vai dizer.
Ao descer as escadas encontro Will e pergunto por sua saúde.
- Estou melhor, cara eu queria mesmo falar com você, estive conversando com Beatriz e ela é inocente, não sabe de nada que você me contou.
- Como tem tanta certeza? - eu pergunto a ele e o mesmo me puxa para debaixo da escada.
- A própria me contou. Acredito que foi tudo armação para separar vocês.
- Armação? Duvido muito meu caro, acabei de ouvir da sua serva que ela sabia e acredito que venha dela a verdade.
- Fred amigo, seja coerente faça as pazes com ela pois você a ama.
- Não Will eu não vou ser coerente. O que me pede é que me humilhe a ela, aliás eu acredito que é o que ela quer também, mas não vou fazer, eu já me rebaixei demais vindo aqui da outra vez e olha o que deu.
- Meu amigo eu lhe asseguro ela é inocente na história, se quer ficar com raiva ao menos fique da pessoa certa.
- Eu pensei que fosse meu amigo Will, mas pelo que vi se enfeitiçou por essa interesseira também e está agindo exatamente como ela quer.
- Não fale besteira, ela serve a Deus homem.
- Mas foi criada com minha vó que era bruxa, pode muito bem ter aprendido a arte de deixar todo mundo caído as pés.
- Você que sabe amigo, eu não vou insistir. - ele diz me deixando só. - Agora saiba que está perdendo muito com isso. - diz ao chegar longe.
Vou para a frente do palácio e me emociono ao olhar para o lugar onde nos reconciliamos naquela noite. Will era um bom amigo e me conhecia a muitos anos, mas estava agora totalmente equivocado com relação a essa mulher. Percebo que a reunião já começou e me dirijo até a porta e consigo ouvir tudo de onde estou só não vejo as pessoas.
- E qual vem a ser a saída? - ouço ela falar.
- Unificar os reinos tornando em um e reunir o exercito em torno de prender o seu tio que é o cabeça dessa organização. - estão louco? penso.
- Meu tio? - ela fala e parece surpresa.
- Um filho bastardo que seu avô teve e que não conseguiu assumir o trono. - a tia dela diz.
- E esses reinos seriam unificados como? - ela volta a inquirir do conselheiro eu acho.
- Com a união dos dois maiores reinos que são Vianna e Lusoc. Todos os outros assinariam passando o reino para vocês e seria transformado tudo em Lusoviana. - diz o mesmo homem e eu me engasgo no lugar.
- Deixa eu ver se entendi. Querem que eu me case com o rei de Vianna? E receber de presente de casamento os reinos de vocês? Isso soa legal nos ouvidos de vocês? Porque nos meus parece que estão loucos. - ela ficou com raiva? Então é porque não me ama mesmo.
- Eu disse pai que não seria uma boa ideia, não pode existir união amigável entre eu e essa pessoa aí. - Entro falando roubando a atenção de todos para mim inclusive ela.
Vejo ela me olhar da cabeça aos pés e percebo que ficou incomodada com minha presença. Ela está linda sentada no trono mesmo vestida com roupa de camponesa.
- Mas vocês dois se se s-se. - a tia dela começa a tentar falar olhando de mim para ela.
- Se amam? É isso que a senhora pensou? Não eu não amo sua sobrinha, a mulher que eu amei morreu. - mentira ela está na minha frente e acho que vai chorar.
- Mas filho por favor vocês são adultos e precisam pensar no povo e não em vocês só.
- Eu prometo que pensarei no assunto, por hora a reunião está adiada para amanhã de manhã, quando darei o veredito de minha decisão. - fala rápido e sai quase correndo.
Começo ouvir agitação de vozes vindo de todos que falam ao mesmo tempo e também vou me retirando quando uma mão segura meu braço e viro para olhar quem é.
- Victor. - digo surpreso por ter vindo falar comigo.
- Precisa pensar que não precisa amar ela ou ela amar você, são soberanos e devem agir como tal.
- Não fui eu quem desconfiou dos sentimentos e da dignidade foi?
- Isso são águas passadas.
- Para mim ainda está correndo muita água.
- Vem comigo Frederich precisamos ter uma conversa. - meu pai nos interrompe.
Sigo ele calado até uma sala que acho que é de chá não sei ao certo.
- Senta aí. - ele diz com cara de poucos amigos.
- Pai se for sobre eu me casar eu quero di...
- Eu vou falar primeiro. - ele me interrompe. - Nunca fui um pai que exigisse isso ou aquilo de você, sempre tentei ser compreensivo e te apoiar nas suas decisões, mas agora eu não posso ficar ao seu lado filho. Existem milhares de famílias sem um teto para morar, por causa dessa maldita guerra e acredite que você e Beatriz não sabem o quanto o povo tem esperança que façam algo.
- Mas pai eu não quero casar com uma mulher que eu odeio e que me odeia.
- Ódio? Está louco? Todos vêem que se amam, mas são muito teimosos e cabeça dura para assumir os erros não?
- Desculpa pai mas não dá para lhe obedecer, eu renuncio o trono.
- Frederich Dumont caia na real, não há o que renunciar, estamos falidos não temos onde cair morto. Só a unificação irá salvar as famílias que dependem de nós. Pense. - e com isso ele sai me deixando só.
Esmurro a mesa com raiva e viro uma cadeira, porque tudo tem que ser tão difícil?
- Quebrando os móveis não resolverá seus problemas. - viro e vejo Glauco me olhando.
- Eu sei, vai me dar sermão também? - digo sentando cansado.
- Não só vim lhe dizer que quando pensamos que não tem jeito Deus abre uma porta onde não tem porta e janela onde não há paredes.
- Eu sempre ouvia Estrela falar de Deus mas confesso que me afastei Dele, acho que ele não está interessado em mim, entende?
- Deus nos ama incondicionalmente.
- Glauco eu não quero casar com ela. Aliás não sabendo que ela não confia em mim e que me acha usurpador.
- Nem tudo que reluz é ouro Fred. - diz isso e sai me deixando sem respostas.
O que será que ele quis dizer com isso? Resolvo me ajoelhar e falar com Deus.